Capitulo Nove: O Casamento



Este á o maior capítulo até agora. Eu gostei muito de escrevê-lo e espero que vocês gostem ainda mais de lê-lo. Comentem por favor. Mandem dicas e apontem onde devo melhorar e mudar. Gosto de receber críticas, pois elas nos ajudam a crescer em vários aspectos. Obrigado por lerem estas pobres linhas!!!!! Prometo demorar menos com o próximo capitulo.


 


 


Capitulo Nove: O casamento


 


Todas as pessoas que estavam na residência dos Weasleys entenderam perfeitamente quando Rony e Harry decidiram descansar. Os dois pediram desculpas pela falta de modos, mas se encontravam em um estado de cansaço avançado e possivelmente não resistiriam durante muitos minutos caso escolhessem conversar. Embora alguns formulassem sua própria versão dos acontecimentos, a maioria achava que mais uma vez, Harry provara ser um bruxo extraordinário e sem igual. Como sempre, ninguém acreditava que Rony pudesse ter uma parcela significativa nos acontecimentos e o ruivo preferia que continuasse assim. A fama não era uma coisa boa se obtida pelas razões erradas.


Os dias foram passando com certa tranquilidade, menos para Rony e Gina. A senhora Weasley não os deixava em paz um instante sequer. E com freqüência ela era achada chorando em algum lugar da casa. Ela implorava aos filhos que não lutassem quando a guerra chegasse e recebia apenas palavras de conforto vindo da filha. Rony apenas ficava calado, suportando sua dor, sozinho como sempre. A boa senhora não estava aceitando bem o destino dos filhos mais novos. Harry tentou conversar sobre isso com Hermione, mas a garota não parecia entrar no tópico referente a Rony em momento algum. Harry apenas suspirava, lamentando que a amiga fosse tão teimosa e guardasse tanta magoa embora as razões ele pudesse entender. O próprio Harry não conseguia ficar muito tempo perto de Gina nos últimos dias. Não por ressentimento ou magoa. Os motivos de Harry eram outros.


A busca pelas Horcruxes tinha que começar o mais rápido possível. E qualquer vinculo que Harry tivesse, devia ser deixado pra trás. A segurança de Gina era importante demais para ele. Por mais que doesse estar separado dela, esse era um mal necessário. Era um sofrimento que Harry tinha que impor a si mesmo. E pouco importava se existia outra profecia. Ele jamais colocaria a vida de Gina em perigo para vencer esta guerra. Mesmo que morresse tentando ele venceria Voldemort sem precisar recorrer aos poderes da garota.


Ao menos agora ele poderia contar com a ajuda verdadeira de Rony, já que o amigo não precisava mais esconder suas habilidades. Unindo as mentes de Rony e Hermione nessa jornada, com certeza eles seriam vencedores. Desde que os dois voltassem a se dar bem. Harry precisava resolver isso.


 


 


O dia do casamento se aproximava e todos na casa estavam inquietos. Tarefas eram delegadas a todos sem exceção. Até Harry, que mal se recuperara de seus ferimentos lançava feitiços em um ou outro enfeite. A senhora Weasley, apesar de não aceitar bem a verdade sobre seus filhos mais novos, parecia adorar a idéia de usar os talentos de Rony. O garoto nunca era visto sem estar realizando uma tarefa relacionada com a cerimônia. Depois que descobriu a facilidade com que Rony realizava feitiços dos mais diversos, Molly praticamente o encarregou de fazer toda a decoração, dando assim, tempo para ela organizar o bufê. Fleur quase sempre era vista ao lado de Rony acompanhada por Gui. A francesa, depois de descobrir as incríveis habilidades do futuro cunhado, parecia disposta a levá-lo ao limite de sua imaginação se isso a presenteasse com a mais bela das cerimônias.


Fred e Jorge há alguns dias estavam sem fazer brincadeiras com Rony. Depois de um infeliz incidente em que o mais novo dos rapazes Weasley transformou os gêmeos em gralhas vermelhas falantes quando os pegou tentando acertá-lo com uma bomba de bosta. Fred e Jorge ficaram por longos minutos pedindo desculpas com suas novas vozes esganiçadas antes de Rony decidir fazer o contra-feitiço. Harry riu durante dias das expressões carrancudas dos gêmeos sempre que passavam pelo irmão.


Hermione às vezes ficava olhando para Rony da janela do quarto que dividia com Gina e suspirava vez ou outra. Depois de refletir muito sobre tudo o que havia acontecido, ela acreditava que fora dura demais com o amigo, mas ainda achava que ele deveria pedir desculpas pelas mentiras. Gina não dizia nada, mas acreditava que Rony merecia o perdão da garota. No fim apenas o irmão foi taxado de mentiroso e ela era quase tratada como uma vitima das circunstancias. E Harry se recusava a conversar com ela. Gina não era ingênua a ponto de acreditar que tudo entre eles se resolveria com facilidade, mas ainda tinha esperanças em reatar seu relacionamento com o garoto que tanto amava. Esperanças que estavam morrendo aos poucos devido a distancia imposta por Harry.


 


 


E finalmente a manhã do casamento chegou. Os pais de Fleur e sua irmã mais nova Gabriele estavam devidamente instalados em um dos quartos magicamente aumentados da Toca. Gina não conseguiu esconder seus ciúmes ao constatar que depois de dois anos, Gabriele não era mais uma pequena garotinha frágil. Agora com 14 anos, a jovem era “um colírio para os olhos”, como tão enfaticamente disse Carlinhos antes de receber um beliscão da senhora Weasley.


Mas os temores de Gina logo desapareceram quando ela percebeu que os olhares de Gabriele não eram direcionados para Harry, mas sim para o homem parado ao lado dele. Do lugar onde estava ela percebeu a expressão triste de Hermione. Mas naquele momento ela não poderia ajudar, pois os dois não estavam se falando.


As mulheres estavam à beira de um ataque de nervos. Preparavam-se com uma antecedência incomum. Ainda no inicio da manhã a maioria estava trancada em seus quartos, embora a cerimônia estivesse programada para começar pouco depois do meio-dia. Os homens, não havendo necessidade para preparativos tão antecipados, entretinha-se em jogos ou conversas animadas, com exceção de Gui, que mais parecia estar em outro mundo, perdido em pensamentos complexos. Os irmãos, depois de algumas tentativas frustradas de prender-lha atenção, desistiram. O nervosismo impedia o mais velho dos filhos de Arthur Weasley de se concentrar em qualquer coisa que não fosse seu futuro – e perigosamente próximo – casamento. Fred e Jorge discutiam idéias para a loja. Carlinhos e seu pai argumentavam um com o outro sobre as invenções dos trouxas. O senhor Delacour apenas ria e participava da conversa com comentários recheados de entusiasmo. Apenas Harry e Rony não estavam ali.


 Harry, sentado na cama de Rony, praticava feitiços simples para não enferrujar os reflexos. Fazia isso para manter-se concentrado na sua missão. Por mais que aquele momento fosse importante para a família que ele aprendeu a amar como se fosse sua, o rapaz não podia dar-se ao luxo de relaxar. O destino do mundo mágico estava em jogo e ele tinha uma responsabilidade maior que a de qualquer outro. Rony estava sentado no parapeito da janela, observando a paisagem. Parecia alheio a tudo e ao mesmo tempo a calma que transmitia naquele momento fazia-o quase mesclar-se ao ambiente. Estava tão quieto que se Harry fechasse os olhos poderia jurar que não havia outra pessoa ali. No decorrer dos últimos dias, Rony vinha apresentando uma mudança radical em seu comportamento, pelo menos na área de maturidade. Ele ainda ria e fazia piadas como antes, mas deixara de lado os comentários maldosos e secos. Também desapareceram os traços de tolice e desatenção. Ele parecia agora alguém aliviado e livre. Essas eram características do verdadeiro Rony. Aquele que por muitos anos ficou escondido, esperando pela oportunidade de se revelar. O ruivo agora demonstrava tanta tranqüilidade que chegava a ser irritante em alguns momentos. Harry não pode deixar de notar mais essa semelhança entre ele e Dumbledore.


– Que tipo de coisas Dumbledore ensinou a você? – Harry não resistiu e perguntou.


Rony olhou pára o amigo e deu um pequeno sorriso antes de falar.


– Todo tipo de coisas. Conhecimentos históricos, lendas, mitos, segredos, códigos, poções, feitiços. Posso ensinar a você, se quiser.


– Sim eu quero – foi tudo o que Harry conseguiu dizer. Ainda não estava acostumado com a gama de conhecimentos que Rony possuía, mas a perspectiva de aprender com alguém que foi discípulo direto de Dumbledore era no mínimo, animadora – E quanto à Hermione?


– O que tem ela?


– Se ela desejar pode aprender também?


– Se ela desejar pode ter mais que apenas meu conhecimento Harry – E sorriu novamente.


– Não se preocupe Rony. Vocês vão se acertar – Harry queria poder dizer palavras de consolo melhores, mas tinha que admitir que ser conselheiro sentimental não era nem de longe seu melhor ofício.


– Você é péssimo nisso – disse Rony.


Espantado Harry o olhou sem entender totalmente o que ele queria dizer. Vendo a confusão no rosto do amigo, Rony foi rápido em explicar.


– Oclumência. Você não está se dedicando a isso tanto quanto deveria.


– Está lendo minha mente?


Rony suspirou.


– Não apenas a sua. Gina quer que eu esteja em constante contato com ela. É complicado explicar a ligação entre nós. Peço desculpas, mas às vezes isso acontece se eu não me concentrar o bastante... Alias, sei que você já ouviu esta frase antes, mas tenho que lembrá-lo que a mente não é um livro que possa ser lido.


– Não me canso de ficar espantado com as coisas que você pode fazer.


– Meu caro senhor Potter, você ficaria de cabelos arrepiados se soubesse de tudo o que posso fazer. Espere um pouco, seus cabelos já são arrepiados. Esqueça o que eu disse.


Harry revirou os olhos, mas sorria internamente. Em muitas coisas Rony fora totalmente sincero com ele e Hermione. Seu senso de humor e sua inquestionável amizade eram algumas delas.


 


O jardim da Toca parecia um cenário de fantasia. Belíssimos enfeites de flores e fitas ornamentavam o local. Arabescos prateados e floreios dourados. Flores brancas e amarelas desciam em cascatas por cada uma das doze colunas de mármore. Estatuas de mármore representando anjos e enamorados, todas entalhadas com esmero e precisão de detalhes. Precedendo a tenda da cerimônia, um caminho de pedras brancas ladeado por duas cercas vivas cheias de rosas também brancas. Por ali passaria Fleur acompanhada de seu pai.


Os convidados estavam chegando aos poucos. Alguns amigos de Hogwarts e amigos da família. Vários parentes e amigos de Fleur conversavam animadamente com os Weasleys. Os gêmeos não economizavam galanteios, mas a maioria absoluta de moças tinha olhos apenas para Harry que estava sentado sozinho em uma das fileiras de cadeiras reservadas para a família e amigos do noivo. Rony ainda não havia aparecido.


Harry esperava impaciente a chagada dos amigos. Tentava ao máximo ignorar as vozes finas e irritantes das jovens francesas paradas a alguns metros de distancia. Ele tinha certeza que era o assunto da conversa animada entre elas. Mesmo depois de tantos anos, Harry não estava acostumado a ser o centro das atenções. E o irritava mais ainda saber que aquelas garotas apenas estavam prestando atenção nele devido a sua fama. A grande parte delas nem mesmo se importava se ele era um homem bom e honrado. Ser uma celebridade parecia ser mais importante que ter dignidade.


Uma leve ânsia contorceu o estomago de Harry e ele teve medo de acabar vomitando ali. Não queria de forma alguma estragar o dia mais importante de Gui e Fleur. E manchar o elegante traje de gala preto que estava usando não seria agradável. A expressão de Harry era seria e compenetrada. O rapaz demonstrava a olhos vistos que não havia traços de imaturidade em seu ser. Harry não percebia que era justamente o seu porte maduro e serio que chamava a atenção das moças. Várias delas apontavam para ele e davam risinhos que o irritavam desde os tempos de pré-adolescência. Durante minutos ele suportou ficar no mesmo lugar apenas para não parecer rude, mas sua paciência estava chegando ao limite. Já estava pensando seriamente em se levantar e sair quando as risadas pararam. Harry olhou em volta e viu Rony se aproximando. Assim como ele, o ruivo vestia um smoking preto, que tornava seu porte muitíssimo elegante. Os cabelos um tanto compridos estavam penteados para trás e soltos. O nariz comprido de Rony ajudava a dar o tom altivo. Harry percebeu nesse momento que Rony, apesar de ser alto, passou todo esse tempo se encolhendo, diminuindo sua estatura real e tentando parecer atrapalhado. Vendo-o agora, era possível perceber que não havia gestos atrapalhados ou desnecessários quando se movia e em termos de altura ele ultrapassava o mais alto dos irmãos.


As moças não estavam mais olhando todas para Harry e isso era o alivio para o rapaz, mas Rony parecia não se importar com os olhares cobiçosos que lhe eram lançados. Parou em frente a Harry e com um sorriso falou:


– Teve que esperar muito?


– Não tanto quanto as suas novas fãs – respondeu Harry.


– Fãs? – Rony parecia genuinamente intrigado.


– Esqueça. Gina e Hermione ainda vão demorar muito para se aprontar?


– Acho que não mais que alguns segundos. Esse é o tempo que deve durar para as duas chegarem aqui – Rony disse e fez um gesto com a cabeça mostrando um pronto atrás de Harry.


Gina e Hermione vinham caminhando sobre as pedras do jardim. Uma mais bonita que a outra. Os cabelos de Gina, soltos e lisos, balançando como uma cortina vermelha e brilhante. O vestido era azul ciano de corte reto e simples com enfeites prateados em formas de pequenas flores campestres. Duas alças finas deixavam à mostra os ombros brancos e delicados da garota. Harry não pôde controlar um suspiro apaixonado. Gina sorriu ao avistar o ex-namorado, e ficou impressionada com o que viu. Harry estava mais alto e as roupas novas davam uma aparência mais adulta para ele. O mesmo podia ser dito de Rony. Gina olhou para o lado e não se surpreendeu ao ver a expressão incrédula de Hermione. A garota não parecia decidir se olhava pra o ruivo com total interesse ou se desviava o olhar definitivamente. Em vez disso, ela abaixava a cabeça e dava olhares que julgava furtivos e depois olhava em volta disfarçando.


Rony tentava não deixar a saliva escorrer pela abertura da boca. Hermione estava deslumbrante. Usava um vestido tom pastel que salientava suas curvas. Os cabelos estavam presos em um penteado complicado com algumas mechas estrategicamente soltas. O tom castanho-claro da cor estava realçado por um brilho inebriante que ele não soube definir. Ao vê-la daquela forma, Rony não conseguiu se controlar. Afastou-se de Harry, com passos firmes e decididos e parou apenas quando estava a menos de um metro da garota.


Hermione sentiu a respiração parar por alguns segundos. Diante dela estava o homem que a fizera sofrer tantas vezes que perdera a conta. Mas ainda assim era o mesmo homem que arriscava tudo para poder mantê-la em segurança e fora de perigo. Rony a olhava com uma ternura incomum e ela se sentiu quase feliz com isso.


– Hermione, – ele começou, com uma voz anormalmente calma – durante seis anos nós fomos amigos e enfrentamos muitas coisas juntos. Sei que minhas atitudes foram erradas, como disse antes, mas eu peço que pelo menos por um dia você esqueça as magoas que guarda em relação a mim. Eu não poderia suportar este dia sabendo que minha melhor amiga me odeia. Não este dia, que será por muito tempo, lembrado como o mais feliz da vida de meu irmão mais velho. Não quero macular essa lembrança com sentimentos negativos.


De onde estava Harry sorriu. Sempre era surpreendente quando Rony resolvia usar sua até então desconhecida habilidade com as palavras. Gina também sorria, mas em seu íntimo queria que os dois amigos se entendessem de forma mais profunda.


As palavras de Rony fizeram nascer uma gama de emoções que Hermione. Ela se lembrou do primeiro ano dos três em Hogwarts, quando impediram Voldemort de se apoderar da Pedra Filosofal. A coragem e lealdade mostradas por Rony naquela ocasião não poderiam ser falsas. Ninguém, por mais que fosse um exímio ator, poderia fingir emoções tão profundas.


Pressentindo que a garota acabaria se esvaindo em lagrimas, Rony a abraçou com ternura e disse:


– Palavras de perdão e palavras de arrependimento não são necessárias quando ambas as partes entendem-se mutuamente. Você e eu sabemos que nossos assuntos podem ser resolvidos sem precisar de palavras demais. E então Hermione, nós vamos deixar este impasse morrer sem que mais palavras sejam desperdiçadas?


– Não imaginei que “palavras” pudessem ser empregadas tantas vezes e de forma tão coerente em uma mesma frase – disse ela com lagrimas nos olhos – Sim Rony, acho que podemos passar uma borracha em tudo isso e recomeçar. Droga, eu borrei minha maquiagem!


Puxando a varinha do bolso interno do smoking, Rony fez um gesto elegante e o rosto borrado de Hermione voltou ao estado impecável de antes.


– Existe algum feitiço que você não saiba fazer?


Rony riu prazerosamente. Olhou para trás, onde Harry e Gina estavam parados esperando pelos dois.


– Existem muitas coisas que eu não consigo fazer Hermione. Mas todas as que sei fazer vou compartilhar com você, minha irmã e Harry.


 


 


As garotas francesas ficaram um pouco decepcionadas quando viram Harry e Rony voltando para a tenda de cerimônia, agora acompanhados por Gina e Hermione, mas algumas delas pareciam dispostas a conseguir um affair com algum dos dois. Gina percebeu os sorrisos maliciosos e lançou um olhar mortal para as garotas, mas elas não pareciam estar intimidadas. Os quatro jovens sentaram nas cadeiras designadas e esperaram conversando amenidades. Harry tentava não olhar para Gina durante muito mais tempo que o necessário, mas falhava miseravelmente.


Fred e Jorge apareceram alguns minutos depois. Ambos estavam com elegantes smokings, mas em cores berrantes. Amarelo elétrico para Fred e roxo berrante para Jorge. Ambos sorriam de forma prazerosa. Olharam para os quatro amigos e se aproximaram.


– Veja só Fred – começou Jorge – parece que o Roniquinho conseguiu convencer a nossa adorável monitora a sorrir para ele novamente.


– Os talentos do nosso irmão mais novo não se limitam a parecer um idiota na frente de garotas bonitas Jorge – Fred respondeu.


Rony olhou para eles com uma expressão calma e interessada, que fez Harry sentir um arrepio. Dumbledore tinha feito a mesma expressão no passado quando Umbridge o interrompeu. Qualquer um que olhasse para Rony pensaria que ele estava achando muito interessante cada uma das palavras ditas pelos gêmeos.


– Mas o Roniquinho não é desprovido de outros talentos também. Nunca vi outra pessoa correr tão rápido quanto ele, quando existe uma aranha por perto...


– Ou uma platéia o observando...


– Ou loiras segurando correntes com os dizeres...


– “Meu namorado”.


Mesmo com essas provocações, a expressão de Rony não se alterou. Ele sorria para os irmãos. Os gêmeos estranharam aquilo. Durante anos eles fizeram piadinhas com Rony, sempre esperando para ver as reações engraçadas que ele tinha. E agora ele estava parado como se aquilo todo fosse totalmente comum.


– Posso saber a razão desse sorriso bobo Rony? – quis saber Jorge.


Rony levantou da cadeira e esticou lentamente as dobras da calça. Olhou para Gina, que tentava a todo custo segurar o riso.


– Vocês estão conscientes que eu fingi esse tempo todo não é mesmo? Ou ainda não conseguiram assimilar que todas as vezes que eu fui pego em uma das suas armadilhas foi proposital. Desculpem estragar tantos anos de lembranças agradáveis, mas é melhor que vocês saibam que eu não pretendo ser mais o alvo de suas travessuras.


– Acho que isso não depende da sua vontade, irmãozinho – falou Fred.


– Imagino que você esteja falando isso, baseado na confiança de que sua bomba de tinta, depositada a pouco embaixo de minha cadeira, possa me fazer passar por momentos constrangedores – o sorriso de Rony aumentou ainda mais, enquanto o dos gêmeos morria lentamente.


– Co... Como você sabia? – disseram os dois ao mesmo tempo.


Foi Gina quem respondeu.


– Acredito que vocês dois devessem esconder melhor suas lembranças e pensamentos.


Harry riu abertamente das faces emburradas de Fred e Jorge. Os dois sempre obtinham êxito em todas as suas traquinagens, mas por duas vezes seguidas, Rony havia superado os dois. Os gêmeos foram saindo resmungando coisas sobre Rony ter ficado sem graça depois que parou de ser um idiota atrapalhado, mas não demonstravam muita raiva. Na verdade seus olhares mostravam um brilho estranho, como se finalmente tivessem encontrado um adversário à altura.


– Não acredito que isso vá acabar dessa forma – disse Hermione com uma expressão preocupada.


– E não vai – falou Gina – Fred e Jorge vão atormentar o Rony pelos próximos cinquenta anos, até que consigam superá-lo. Eles são assim mesmo: nunca desistem.


– Você não parece muito preocupado Rony – alfinetou Harry.


Rony apenas deu de ombros, ainda sorrindo.


– Eu me preocuparia mais com coisas mais importantes.


– Como o quê, por exemplo? – Hermione perguntou.


– Como, por exemplo, descobrir uma maneira de dar um tratamento educado para a pessoa que está se aproximando agora – Rony franziu o cenho, mas manteve a compostura.


 


 


Hermione não conseguiu esconder a surpresa. Vindo em sua direção, com passos incertos, Vítor Krum sorria. A garota não soube o que dizer, olhava para os amigos e especialmente para Rony. Eles tinham acabado de fazer as pazes e provavelmente voltariam a brigar em pouco tempo.


Krum parou em frente à Hermione e pegou em suas mãos delicadamente. Ele estava com os cabelos bem penteados e amarrados em um rabo de cavalo elegante. Seu traje era da mais fina costura, na cor preta assim como os de Harry e Rony. Krum beijou cada uma das pequenas mãos de Hermione e sorriu mais uma vez para ela.


Focê está muito bonita Hermiônini.


Rony bufou, mas não tomou outra atitude mais dramática. Krum olhou para ele levantando uma de suas sobrancelhas grossas. Parecia realmente interessando na pessoa que estava logo atrás de Hermione.


– Seus amigos? – perguntou fazendo um gesto de cabeça para Rony e Gina.


– Sim. Mas o Rony você já conhece, Vítor – Hermione falava rápido com uma pitada de nervosismo na voz, que não passou despercebida por Harry – e esta é a Gina, irmã do Rony.


Krum segurou a mão de Gina e a beijou, apesar do olhar surpreso, a ruiva não pareceu ser muito contraria ao gesto, embora tenha olhado discretamente para Harry e segurado o sorriso ao constatar a cara de poucos amigos do rapaz. Em seguida Krum estendeu a mão para Rony em um gesto de cortesia. Hermione segurou a respiração um segundo, temendo o que poderia acontecer. Pra surpresa dela, Rony apertou a mão estendida quase que imediatamente. E estava sorrindo.


– É um prazer revê-lo. Ainda guardo seu autografo com muito respeito. Você é meu jogador de quadribol profissional favorito.


 


 


Vítor Krum sorriu. O que não era muito comum, a não ser quando estava com Hermione. Diante dele estava o homem que por muito tempo considerou seu rival.


No ano do torneio Tribruxo, ele tentou um envolvimento mais profundo com a garota, mas suas tentativas eram repelidas pelos sentimentos que ela tinha em relação à outra pessoa. No inicio ele imaginou se tratar de Harry Potter, o garoto que sobreviveu. Afinal os dois eram amigos e qual garota não se sentiria atraída pelo Menino-que-sobreviveu? Krum fora tolo. Hermione não era esse tipo de garota e ele percebeu isso tempos depois. Durante o baile de inverno, os momentos que compartilharam foram mágicos, mas ela não estava com ele de forma completa. O beijo trocado, o único beijo que ele deu na mulher de seus sonhos não ocorrera como ele tanto desejara. Ela pediu desculpas e tentou fazê-lo entender. Durante dias ele observou o rapaz que era dono do coração de sua adorada.


Rony Weasley era alto demais, magro e atrapalhado. Agia como idiota e sempre parecia ter uma piada na hora certa. Krum o achou um tolo assim que pode tirar as primeiras conclusões. Mas logo depois percebeu que jamais poderia ganhar daquele garoto ruivo. Seu rival podia ter muitos defeitos, mas era o dono dos sorrisos mais sinceros que Hermione mostrava. E isso, Vítor jamais seria capaz de conseguir.


Diante dele estava um homem diferente. Os trejeitos atrapalhados não eram notados. A postura revelava maturidade. E claro a altura que chegava a intimidar em um primeiro momento. Definitivamente o garoto idiota de antes não existia mais. E Vitor teve finalmente a certeza de que suas chances de conquistar Hermione haviam acabado.


Outro que mudara drasticamente era Harry Potter. Antes ele não era muito mais que um garoto pequeno para a idade e magricela. Agora sua altura competia com a Krum e os olhos demonstravam uma confiança tão notável que era difícil não sentir embaraço. Era como se ele pudesse segurar o mundo com os braços. Aquele era o jovem em quem todo o mundo mágico depositava esperanças. Qualquer um que olhasse para Harry Potter naquele momento não se sentira decepcionado.


Vítor Krum estendeu a mão para Harry e a segurou amistosamente. Respeito era o que existia ali. O respeito de um bruxo para com o homem que carregava o peso do mundo nas costas e o respeito de um homem apaixonado para outro ao perceber que fora derrotado completamente. Poucas pessoas sabiam, mas Vítor Krum era muito perceptivo em relação ao mundo. Nos últimos anos havia desenvolvido grande habilidade em decifrar as pessoas.


 


Apesar de se manter ainda um pouco distante, Rony observava com interesse a conversa entre Hermione e Krum. A garota sorria de alguns comentários da parte do búlgaro. Os minutos foram passando e os diversos convidados chegavam de forma barulhenta.  Harry e Gina não pareciam muito confortáveis na presença um do outro e Rony tentava a todo custo reprimir sua vontade de ajudar de alguma forma. Ele olhou para os lados e viu os gêmeos mostrando alguns de seus artigos mais inofensivos para algumas das primas de Fleur. As garotas pareciam entusiasmadas com as novidades. Rony sorriu, sentindo-se aliviado pela tensão que estava assolando o mundo mágico não ser percebida ali. Aquele era um dia para ser lembrado através de belos sentimentos. Amor e amizade sendo apenas os mais importantes de todos.


Gui estava parado, quase parecendo uma estatua ruiva. Rony sentiu pena dele, mas também um pouco de inveja. Gui encontrara a mulher certa para ele, mesmo diante das negativas do resto da família. Fleur era doce e compreensiva, além de muito bonita. Sem duvida a vida deles seria plena e feliz.


 


Mesmo depois de enfrentar um basilisco, dezenas de dementadores, um dragão, Comensais da Morte e o próprio Voldemort, Harry se sentia impotente. Bastava olhar por um mero segundo para Gina e todas as suas aventuras eram irrelevantes. O garoto achava incrível sentir medo e ao mesmo tempo fascínio pela jovem ruiva sentada a alguns centímetros de distancia. Ele não encontrava palavras para dizer a ela tudo o que sentia.


– Você tem que aprender oclumência urgentemente – falou Gina de repente, sem olhar para Harry.


Ele arregalou os olhos. Não sabia que ela era legilimente.


– Não sou legilimente – falou novamente.


Harry abriu a boca tentando dizer algo, mas seu embaraço apenas aumentou.


Gina suspirou tentando encontrar um modo fácil de explicar para o ex-namorado o que estava acontecendo.


– Como você sabe Harry, o Rony e eu temos uma ligação desde o dia do meu nascimento – ela começou escolhendo as palavras – Essa ligação vai além do fato de eu ser a Herdeira e ele o Guardião. Podemos nos comunicar sempre que quisermos, não importando a distancia. Sempre sabemos quando o outro está em perigo e podemos nos localizar em qualquer lugar. Se eu desejar, posso conversar mentalmente com ele, como estou fazendo agora.


Harry estava pasmo e ofendido ao mesmo tempo.


– Então Rony leu minha mente?


– Eu insisti muito para que ele fizesse isso. Você tem sido tão misterioso nesses últimos tempos que não consigo manter a calma imaginando as coisas terríveis que devem passar pela sua mente. O Rony foi terminantemente contra, mas eu precisava saber...


– Gina, eu posso estar totalmente apaixonado por você, mas isso não lhe dá o direto de se meter em certos assuntos.


Gina sorriu de forma radiante, mesmo diante do tom raivoso de Harry.


– Você disse que está apaixonado por mim?


Apenas então Harry percebeu que aquelas palavras realmente saíram de sua boca.


– Isso não importa agora...


– Claro que importa. Na verdade isso é a única coisa que importa.


– Gina, por favor... Aqui não é o melhor lugar...


– Tudo bem senhor Potter – ela interrompeu – Mas é bom que o senhor saiba: eu não vou desistir de você tão fácil. Não agora que sei como você se sente.


A garota se afastou pisando firme, deixando Harry com um olhar ao mesmo tempo assustado e apaixonado.


 


 


Os convidados todos já estavam devidamente sentados em seus lugares. Hermione, Harry e Rony estavam na primeira fila, um ao lado do outro com o resto da família Weasley menos Gina que era dama de honra junto de Gabrielle. A espera estava deixando Gui tão nervoso que Arthur Weasley tentava a todo custo fazê-lo tomar uma poção calmante. O rapaz estava muito elegante em sua vestimenta branca. As cicatrizes muito bem disfarçadas por um feitiço lançado por Rony.


– E se ela desistiu pai? – perguntava a todo instante o mais velhos dos filhos de Arthur.


O senhor Weasley sorria e falava palavras de conforto para o filho. Rony revirava os olhos, entediado. Harry percebeu e cochichou no ouvido do amigo.


– Imagino que você saiba se a Fleur desistiu ou não, certo?


Rony ficou sem graça e respondeu em um fio de voz.


– Desculpe Harry, mas a Gina insistiu muito. E quando ela quer uma coisa não importa se existe uma montanha no caminho, ela consegue.


– Mas você é um dos bruxos mais poderosos da história...


– Não força a situação Harry. As coisas não são bem assim. E além do mais, mesmo eu sendo o Guardião, contestar a Gina está muito acima das minhas capacidades.


Repentinamente a musica ambiente foi mudada pela marcha nupcial. Os convidados sentaram-se e todos ficaram em silêncio. Harry nuca tinha visto um casamento bruxo antes, mas acreditava que não poderia diferir muito da versão dos trouxas. Embora ele também não tenha comparecido em nenhum casamento trouxa para fazer um comparativo válido.


As damas entraram. Primeiro apareceu Gina, sorridente movendo-se com passos graciosos como sempre. Depois Gabriele com suas madeixas loiras movendo-se como se tivessem vida própria. Harry achou a jovem muito parecida com a irmã, quase como se fosse uma versão mais nova de Fleur. E se Gabriele tivesse metade da teimosia e tenacidade demonstradas pela outra, Rony teria sérios problemas.


O ar adquiriu um tom mais leve quando a noiva surgiu. Gui aparentava ter perdido a capacidade de respirar, mas ninguém notou isso. Todos os olhares estavam focados na jovem de beleza única, vestida inteiramente de branco. O vestido de Fleur era belíssimo, enfeitado com bordados de folhas e rosas. Cada contorno do belo corpo da francesa era valorizado, mas sem aparentar qualquer vulgaridade. Os ombros estavam descobertos revelando a pele sedosa e alva. Uma grinalda longa enfeitada com rosas brancas era segurada por fadas brilhantes que faziam seu trabalho com perfeição. Harry olhou para Rony que estava com uma expressão muito orgulhosa no rosto. Estranhando isso, ele voltou a observar as fadas com maior atenção. Então percebeu que o brilho delas era resultado de um encanto luminescente e que as fadas na verdade eram feitas de cristal animado magicamente.


Fleur parou em frente ao altar e Gui se posicionou ao seu lado. Eles sorriam um para o outro e se olhavam de forma tão apaixonada, que Harry não pode represar sentir um pouco de inveja. Olhou para Gina, parada sorridente perto dos noivos e desejou do fundo de sua alma que pudesse voltar com vida da batalha com Voldemort. Quando Harry menos percebeu, os noivos estavam se beijando e o bruxo idoso que presidiu a cerimônia os declarava em alto e bom tom como senhor e senhora Weasley.


E então chegou o momento que as moças mais esperavam. O buquê da noiva. Todas as garotas solteiras ali reunidas de repente pareciam estar obcecadas. Rony olhou espantando quando Hermione e Gina entraram no meio do turbilhão de vestidos.


– Harry... Qual a razão desse alvoroço todo?


Harry olhou incrédulo para o amigo. Já tinha visto Rony nos últimos dias fazendo coisas incríveis com magia.  E ficou surpreso com o nível de sensibilidade que ele mostrava em cada um dos enfeites, mas achou difícil de acreditar que ele não sabia nada sobre aquela tradição.


– Você está brincando certo? – perguntou levantando uma das sobrancelhas.


Rony fez cara de ofendido. Olhou mais uma vez para a turba de mulheres se acotovelando e respondeu.


– Não Harry, eu não estou brincando. Qual o propósito disso?


Tentando não rir a da ironia do momento Harry tentou explicar da melhor maneira que conseguia.


– É uma tradição sabe? Pelo que pude perceber, tanto entre bruxos como entre trouxas. A mulher que pegar o buquê da noiva vai ser a próxima a se casar.


– Isso é um tipo de feitiço?


– Acho que não.


– E então como elas sabem que vão se casar se não há um feitiço envolvido


– Não sei... Elas apenas acreditam sabe? – Harry estava começando a se sentir idiota – Deve ser algo como uma superstição. Elas simplesmente acreditam. Torcem para dar certo.


– Mulheres são complicadas – Rony sentenciou – Parece que elas estão em uma guerra. Olhe para a Gina. Eu tenho pena de qualquer mulher que tentar pegar o buquê se estiver perto dela. Até a Hermione parece desesperada. Eu nunca imaginei que ela quisesse tanto se casar.


Harry pousou uma mão no ombro de Rony e falou suspirando:


– É bom ver que em algumas coisas você foi cem por cento, verdadeiro.


– O que quer dizer com isso?


– Quando o assunto são garotas, você tem menos conhecimento que o um sapo.


 


Gina e Hermione estavam travando uma guerra particular. Ambas queriam a todo o custo o buquê. Apesar da amizade de anos e de nunca brigarem, naquele momento as coisas eram particularmente diferentes.


Hermione se recriminava pela atitude pouco lógica, mas até mesmo ela tinha o direito de ser romântica. Ela também queria um casamento dos sonhos. Alguns acidentes de percurso deixaram seu príncipe encantado quase parecido com a feiticeira má, mas nada que não pudesse ser superado. Hermione sempre desejou casar com Rony Weasley. Tinha essa certeza desde os 11 anos de idade quando o conheceu no trem para Hogwarts. Mesmo quando estava com Vítor Krum ela sabia que ninguém poderia substituir o dono de seu coração. Seus sentimentos fraquejaram nos últimos dias, mas agora tudo estava bem. Ela tinha que pegar o buquê, mesmo que tivesse que passar por cima da cabeça de Gina para conseguir.


Fleur se preparava para jogar o tão desejado objeto. As moças amontoadas pareiam estar presas nos corpos umas das outras de tão próximas. Se alguém tivesse o azar de tropeçar e cair, precisaria de uma visita urgente ao Saint Mungus logo em seguida.


– Vou jogar – a loira disse em seu sotaque francês carregado.


E tudo se passou em câmera lenta.


O buquê, tão logo foi arremessado, dançou pelo ar para o meio do tumultuado círculo de mulheres. Mas o alvoroço era tanto que nenhuma das moças controlou a coordenação. Dedos demais, pressa demais e empurrões demais. Quando alguma delas conseguia tocar no cobiçado enfeite alguma outra garota empurrava a primeira e o buquê rolava novamente sem dono. Por alguns segundos preciosos aquela dança macabra divertiu os homens ali perto. Harry e Rony que estavam mais próximos gargalhavam prazerosamente.


Mas, como uma ironia do destino, uma das moças em um ato impensado, deu um safanão cego no ar e o buquê, que estava vindo em sua direção, foi arremessado metros para fora do amontoado de jovens solteiras. E para surpresa geral, acabou caindo nos braços de um perplexo Rony Weasley.


 


 


– Podemos começar a festa! – gritaram os gêmeos. E todos se dirigiram para a tenda de dança. Lá Gui e Fleur dariam sua primeira dança como marido e mulher. Harry não prestou muita atenção a isso já que era um dançarino no mínimo medíocre. Escolheu uma mesa e se sentou observando os rostos felizes das pessoas. Em especial as feições sorridentes de Gui e Fleur. Ambos mostravam toda a felicidade que sentiam naquele momento. Todo o seu amor.


Rony se aproximou a passos lentos da mesa de Harry. Sentou-se pesadamente e suspirou.


– Se disser alguma coisa sobre isso, eu te transformo em um sapo e dou de presente para o Neville – falou o ruivo sem olhar para o amigo.


Harry tentava segurar o riso a muito custo. Perto deles, algumas moças cochichavam, davam risinhos e olhavam em sua direção. Hermione e Gina passaram ao lado delas e fizeram expressões pouco amigáveis parecendo não gostar do tópico da conversa que ouviram. Harry tentava não olhar de forma tão direta para Gina, mas não conseguia se controlar. Seus hormônios falavam mais alto que sua razão. A ruiva, ao perceber que ele a olhava, sorriu de forma meiga. Harry engoliu em seco. Somente Gina conseguia fazê-lo sentir-se dessa maneira. Como se cada problema no mundo fosse pequeno e fácil de resolver.


Rony estava agora com a cabeça abaixada. O famigerado buquê repousava imponente na mesa. Gina olhava para o irmão e quase sentiu pena dele. Mas era uma oportunidade boa demais para ser desperdiçada.


– Feliz com o buquê Rony? – alfinetou a garota.


Rony levantou a cabeça e lançou um olhar mortal para a irmã. Gina apenas continuou sorrindo.


– Nem mais uma palavra sobe isso, ouviu Gina. – falou ele entre dentes. As orelhas ficando vermelhas como tomates.


Mas Gina não era conhecida por desistir tão fácil. Resolveu começar um longo relato sobre casamentos e buquês. Ainda intimou Rony a convidá-la para ser dama de honra quando a cerimônia se realizasse. Hermione apenas ouvia calada. Vez ou outra lançava um olhar cheio de compaixão para o pobre Rony, mas logo em seguida via o buquê e o olhar ganhava um leve tom de inveja. Depois de vários minutos, Gina pigarreou e reclamou da garganta seca. Rony tirou a varinha do bolso interno do smoking e conjurou quatro cervejas amanteigadas.


Harry não sabia exatamente o que pensar. Mesmo já tendo aceitado a verdade sobre Rony e Gina, ele ainda se surpreendia com algumas coisas. Como o fato de Rony realmente ser atrapalhado em relação às mulheres e Gina sempre levar vantagem sobre ele em qualquer situação. Quando eles começassem a busca pelas horcruxes, Harry tentaria arrumar tempo para esclarecer algumas duvidas.


Depois de alguns minutos duas garotas, ambas loiras, se aproximaram da mesa que os quatro amigos estavam. Harry notou como elas olhavam para ele e Rony como se os dois fossem pedaços e carne. Mas apesar desses olhares era impossível negar o quanto as garotas eram bonitas. As duas pararam ao lado de Rony e deram risinhos envergonhados.


Désolé d'interrompre votre conversation, mais mon ami voudrais savoir si vous n'auriez pas envie de danser avec elle – disse uma das garotas. Era alta e seus cabelos longos estavam soltos e pareciam brilhar mais intensamente que o normal para a iluminação do lugar.


Rony piscou diversas vezes, como se não tivesse entendido o que para Harry não foi nenhuma surpresa. Ele mesmo não entendia nada de francês e as palavras da garota nada significavam para ele. Mas para surpresa de Harry e Hermione, Rony respondeu olhando para a outra garota, em um francês fluente e limpo:


Malheureusement de refuser votre demande. Promis de danser avec ces deux jeunes gens qui sont avec moi.


As garotas olharam para ele com expressões desapontadas. Provavelmente não estavam acostumadas a receber recusas. Olharam ainda para Harry, mas como ele estava na mesma mesa que Gina e Hermione, acharam que uma delas fazia companhia para ele. Afastaram-se lançando olhares azedos para as duas garotas. Hermione olhava para Rony, entre desconfiada e admirada e Gina apenas sorria divertida. Harry não agüentou e perguntou:


– O que elas disseram e o que você disse a elas?


Olhando para baixo, tentando esconder o embaraço, Rony respondeu.


– Elas me convidaram para dançar e eu recusei dizendo que tinha prometido dançar com a Gina e a Mione.


Gina riu. Desta vez sem nenhum pudor ou constrangimento, como há muito tempo não fazia.


– Você tem que experimentar dançar com o Rony, Hermione.


– Você dança? – ela perguntou espantada – Ah... Esqueça. Deve ser um dos seus muitos talentos ocultos.


– Na verdade não – tornou a falar Gina – O Rony e eu, assim como todos os nossos irmãos, tivemos aulas de dança uma vez por semana durante toda a nossa vida desde que aprendemos a andar. Mamãe dizia que mesmo sendo co pouco dinheiro, isso não era desculpa para que não soubéssemos nos comportar. Também tivemos aula de etiqueta à mesa, mais isso o Rony fez questão de ignorar tão logo se afastou de casa. Uma das coisas que ele gostava de fazer era importunar você de propósito usando péssimas maneiras, Hermione.


Hermione abriu a boca. Parecia terrivelmente chocada. Deu um leva tapa no ombro de Rony e disse:


– Então era proposital? Você me paga por isso um dia Weasley.


– Posso compensar alguns dos meus erros convidando-a para uma dança? E se o Harry resolver que criar raízes é ruim, talvez eu não tenha que dançar com a Gina.


Harry olhou para Rony de tal maneira que qualquer um que olhasse, pensaria que uma maldição imperdoável seria lançada em pouco tempo. Mas Gina acalmou os nervos de Harry apenas pousando a mão sobre o braço dele. A garota tinha um sorriso misterioso no rosto. Um sorriso que continha uma mensagem. Hermione conhecia Gina muito bem para saber qual mensagem era aquela: “Deixe-os ir e fique comigo”. Sendo guiada por Rony, ela desejou que Harry se entendesse finalmente com Gina.


 


A festa correu animada por muito tempo. Já era noite quando os últimos convidados saíram. Os quatro jovens estavam sentados preguiçosamente em cadeiras no jardim da toca. Gina olhava para a lua. O rosto era um perfeito quadro de calmaria. Harry a olhava embevecido sem conseguir esconder. Rony estava de olhos fechados e parecia dormir. Hermione apenas observava a noite e as poucas pessoas que estavam ali.


Nenhum deles conseguiu esclarecer as dúvidas que permeavam suas mentes, mas ao menos tiveram momentos alegres e boas lembranças. Era nisso que Hermione pensava agora. Logo ela, Rony e Harry partiriam em busca das horcruxes. Esses planos não haviam mudado, mesmo com todos os acontecimentos novos. Mas a garota estava com medo.


Seu lado emotivo queria seguir Harry para onde ele fosse afinal eram amigos, quase irmãos. E também havia Rony. O rapaz ruivo que tantas vezes a fez chorar e outras tantas, fez aflorar seu sorriso. Ele iria com Harry e ela não podia deixá-lo partir assim. Anos antes já havia percebido o que sentia, mas não tinha coragem de contar por medo de perder a amizade que lhe era tão preciosa. Rony não era como seu irmão. Ele era mais que isso.


O lado racional de Hermione dizia que era errado partir sem maiores preparativos. Conhecimento de novos feitiços e técnicas de combate. O melhor seria que eles três voltassem para Hogwarts e terminassem sua formação. Assim teriam mais chances de vencer. Dúvidas demais e pouca esperança de sucesso. O coração de Hermione estava pesado.


Repentinamente Rony se levantou da cadeira e deu alguns passos até se virar e ficar de frente para os outros três.


– A partir de amanhã vamos treinar feitiços novos. Eu serei o professor. E Harry. Acredito que teria sido a vontade de Dumbledore que nós terminássemos nossa formação em Hogwarts antes de partirmos. E sei que Gina também deseja assim. Portanto, não me force a amarrá-lo e jogá-lo dentro do trem na estação King’s Cross quando a escola reabrir.


Harry olhou pra o amigo e depois para Hermione. A amiga parecia prestes a pular da cadeira e abraçar o ruivo de tão brilhantes que eram seus olhos. Rony aparentemente estava falando muito sério, portanto Harry apenas abaixou a cabeça e disse.


– Vou pensar no assunto da escola, mas agradeço desde já pelas aulas.


Rony gargalhou.


– Harry, nós três podemos lhe dar centenas de motivos para voltar a Hogwarts, mas acredite quando digo que no fim, você não vai precisar de nenhum de nossos argumentos para voltar.


– O que quer dizer com isso Rony?


– Na hora certa você saberá velho amigo.


Harry olhou para o rapaz alto e o achou mais do que nunca parecido com Dumbledore. Mas isso não era mais uma surpresa. Harry tinha esperança no futuro agora que seus amigos estava ao seu lado e não havia mais segredos.

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