Capitulo oito: Drama
Capitulo oito: Drama
Os dois amigos foram recepcionados como se estivessem desaparecidos por anos. E de fato era como se sentiam os membros da família Weasley naquele momento. E o mesmo sentimento era compartilhado por todos os outros que ali estavam. Remo Lupim, Ninfadora Tonks, Quingsley Shacklebolt, Olho-Tonto Moody, Minerva Mcgonagall, além de vários aurores do ministério e amigos. Neville Longbottom, Luna Lovegood, Parvati e Padma Patil, Lilá Brown, Dino Tomas, Simas Finnigam, Lino Jordam, Fleur Dellacour, Angelina Johnson, Ana Abott, Katie Bell, enfim toda a Armada de Dumbledore.
E claro, Hermione Granger, que apenas estava calada esperando pacientemente. Durante a madrugada ela chegara à residência da família e Gina não teve outra escolha senão contar toda a verdade para ela. No inicio a reação da garota foi de pura revolta, mas depois o lado racional acabou vencendo e ela exigiu uma explicação totalmente detalhada de tudo. Passadas algumas horas, Hermione disse que queria ficar sozinha para pensar. Gina apenas concordou.
A notícia do ataque dos Comensais rapidamente se espalhou e o fato de Harry Potter ter sido levado provocou um alvoroço poucas vezes testemunhado no mundo bruxo. Somente amigos estavam naquele momento na toca, por causa dos feitiços de proteção. Qualquer outro que tentasse chagar perto era impedido. Repórteres do Profeta Diário estavam revoltados exigindo uma matéria, mas nada podiam fazer além de reclamar, já que a família Weasley estava sob a proteção do Ministério.
Assim que Harry e Rony pararam na porta dos fundos da toca, um barulho ensurdecedor foi ouvido. Era Gina que descia as escadas correndo e gritando, anunciando a chagada dos dois. Quando Rony abriu a porta encontrou pelo menos uma dúzia de pessoas paradas com expressões entre preocupadas e admiradas. E no meio dessas pessoas estava Hermione, a única com uma expressão diferente. Ela olhava para Rony com raiva mortal, e o ruivo não conseguia entender a razão.
Hermione se aproximou com passos firmes. Harry temeu que algo sério tivesse acontecido, pois poucas vezes vira a amiga com tanta raiva no olhar. A única vez foi no ano anterior quando Rony beijou Lilá Brown depois de uma partida vitoriosa de quadribol. E daquela vez Hermione atacou Rony com uma revoada de canários mágicos. Por via das duvidas Harry achou melhor se afastar dois passos pro lado.
Assim que cruzou o espaço que a separava de Rony, Hermione desferiu um sonoro bofetão no rosto do garoto. Harry percebeu que ela estava com muita raiva mesmo, pois apenas Draco Malfoy havia recebido esse tipo de tratamento dela em toda a vida escolar dos três. Rony ficou parado sem esboçar reação, apenas olhando para a garota como se nunca a tivesse visto antes.
– Precisamos conversar Weasley – disse Hermione com uma voz fria e dura. Harry soube ali que muita coisa teria que ser explicada – E você também, Harry – continuou a garota sem desviar o olhar do ruivo – Eu, você, a Gina e o senhor Weasley aqui temos muito que conversar. A sós.
Apesar do olhar escandalizado, a senhora Weasley não reagiu ao ver o filho ser esbofeteado por Hermione. Os quatro amigos caminharam lentamente para o andar superior onde ficava o quarto de Rony. Harry ia ao lado de Gina, abraçado com ela. Não tinha forças para ficar longe dela nesse momento, por mais que achasse que isso fosse necessário. Hermione is na frente decidida. Rony vinha por ultimo, com passos incertos. Assim que entraram todos, o ruivo trancou a porta e puxou sua varinha e realizou um feitiço não verbal, com o olhar sempre pra o chão.
– Que feitiço foi esse? – perguntou Harry.
– Uma mistura de “Abaffiato” com “Sonorus”. Assim quem tentar escutar o que vai ser dito aqui, vai ouvir um zumbido tão forte que não vai tentar novamente – Rony respondeu sem emoção.
Gina apenas observava tudo. Ela sabia que grande parte de tudo o que aconteceu de errado era culpa dela. Não de forma direta, mas sim por causa da profecia que a envolvia. Se as coisas pudessem ser mais fáceis tudo estaria bem melhor entre eles.
Hermione sentou na cama perto do criado-mudo. Varias revistas estavam espalhadas pelo chão e alguns livros estavam empilhados de forma tosca em um canto afastado. Uma camada de poeira se formava na parte de cima dos mesmos. No criado-mudo, bonecos dos jogadores do Chudley Cannons tentavam morder as mãos de quem os tocava devido ao feitiço que os mantinha se movendo estar se enfraquecendo.
– Onde estão seus livros? – Perguntou enquanto mexia nos cabelos, que não estavam mais tão cheios assim, observou Rony. Ele ficou parado apenas olhando para a forma que o rosto da garota tinha. Meninas amadurecem mais rápido que meninos, dissera uma vez sua mãe. Agora Rony podia ver que isso era verdade. Hermione era mais madura que ele e Harry. Mesmo o ruivo tendo amadurecido muito jovem ele sabia que jamais se sentiria maduro o bastante perto da garota. Ela o fazia agir como criança, mesmo sem querer. E agora o odiava. Rony usou Legilimência com Gina enquanto subiam as escadas. Queria entender a razão de ter recebido um tabefe doloroso no rosto. Rony ficou com raiva de Gina por alguns instantes antes de ser bombardeado por imagens de sua família desesperada sem saber o que tinha acontecido com ele e Harry. As lembranças de Gina eram mais dolorosas que o ataque físico de Hermione.
– Onde estão seus livros? – repetiu Hermione, desta vez com menos paciência na voz.
Rony apontou com a cabeça para a pilha de livros empoeirados no canto do quarto.
A garota revirou os olhos.
– Estou falando dos seus livros de verdade Weasley.
Rony desejou que o raciocínio que se formava em sua mente estivesse errado.
– Não sei do que está falando.
– Se vai fingir que não entendeu, é melhor que saiba que eu não vou mais aturar mentiras. Agora eu vou perguntar novamente. Onde estão seus livros?
Mesmo sabendo que aquilo só poderia piorar sua situação, Rony puxou a varinha. Não aguentava mais mentir para Hermione. Com um aceno desfez a magia de ilusão que mantinha escondido o compartimento secreto no chão do seu quarto. Um alçapão surgiu, a tampa era semelhante ao chão e a alça era metálica e cheia de adornos curvos. Hermione não esperou permissão e abriu o compartimento com certa violência, que demonstrava sua impaciência. Dentro haviam vários livros e papeis avulsos. Retirando alguns dos papeis ela viu que eram anotações de Rony com instruções sobre diversos feitiços. Cálculos complicados de aritimância, receitas de poções, anotações históricas e coisas do tipo. Os livros eram matéria avançada para feitiços e poções, muitos dos quais possuíam uma copia na biblioteca de Hogwarts. Parecia na verdade um baú que Hermione teria e não Rony, se não fosse o fato de Rony estar fingindo durante toda a sua vida.
– Como você sabia? – perguntou Harry impressionado.
A garota riu com desdém.
– Nenhum bruxo consegue tanto controle sobre feitiços sem uma boa dose de teoria e prática. Mesmo que esse bruxo tenha nascido com habilidades extras. Mesmo que seja o maior mentiroso da face da terra – e olhou com raiva para Rony.
Harry finalmente entendeu. Hermione sabia. De alguma forma ela tinha descoberto a verdade. E não parecia aceitar de uma forma positiva. Isso não era bom. Seus dois melhores amigos estavam prestes a travar a maior discussão de suas vidas, e desta vez a razão era justificada. Harry achou que deveria se intrometer antes que as coisas piorassem.
– Hermione... – ele começou.
– Não Harry – interrompeu a garota – Nada do que você diga vai mudar minha opinião. Por mais que as razões do Rony sejam nobres, eu não posso simplesmente aceitar e perdoar tão facilmente.
– Tão pouco eu vou pedir seu perdão Hermione – disse Rony repentinamente.
Os outros três que estavam no quarto olharam para ele incrédulos. Hermione mais que todos.
– É verdade que mentir para meus amigos durante anos, foi uma atitude deplorável, digna somente de seres baixos, mas as razões que me levaram a tomar essa atitude são por si só justificáveis. Eu estava pensando no melhor para vocês quando menti. Queria que tivessem mais chances quando a guerra eclodisse. Infelizmente o treinamento do Harry não está completo e a Gina ainda não domina suas habilidades – pausa. Rony respirou fundo, medindo cada uma das palavras que deveria dizer. Tinha muita prática nisso – Dumbledore morreu tentando fazer com que muitos de nós não tivéssemos que lutar e por isso eu o admiro: pelo sacrifício que ele fez durante toda a sua vida. Se eu realizar metade do que ele fez, terminarei meus dias, pleno de felicidade. Ele foi meu mestre, me ensinou muitos feitiços, grandes lições e eu o segui cegamente por anos. Dumbledore acreditava que seria melhor se vocês não soubessem a verdade. Não apenas vocês, mas todas as pessoas. Assim teríamos mais chances. E se ele acreditava nisso e sendo Dumbledore o maior bruxo da atualidade, não sou eu quem vai questioná-lo. Fiz muitas coisas erradas, admito, mas nenhuma delas visando algo que prejudicasse um de vocês. Eu abdiquei de parte da minha vida por vocês e por isso não vou pedir desculpas. Eu não vou pedir perdão Hermione, por que acredito que não preciso de perdão.
Hermione não sabia o que dizer. Aquele não era o Rony que ela conhecia tão bem. Não era o mesmo garoto desleixado e preguiçoso que teimava em não amadurecer. Não, aquele era Ronald Weasley, o Guardião da Herdeira. Destinado a proteger a magia do bem contra as trevas. De acordo com a profecia seria ele quem garantiria ao Eleito e a Herdeira uma chance de vitoria. As palavras de Rony eram duras, mas também a realidade. Ele abdicou muito em favor das outras pessoas, poderia ter feito grandes coisas e receber o reconhecimento merecido, mas em vez disso se ocultou em um manto de ludibriações e restringiu as próprias capacidades, mesmo sabendo que se sentiria frustrado futuramente. Mas ainda que entendesse as razões, Hermione não queria aceitar. Sentia-se traída, humilhada. Queria que ele ao menos pedisse desculpas e ele se recusava em dar ao menos isso a ela.
– Eu não posso simplesmente aceitar – disse Hermione – amigos de verdade sempre contam a verdade e não foi isso que você fez Rony.
Mesmo sentindo que uma grande bola se criava em sua goela, Rony manteve a postura. Suas pernas estavam fraquejando, mas ele tinha que ser forte. Estava se recriminando por acreditar que assim como Harry, ela também aceitaria a verdade sem grandes complicações extras. Era um pensamento infantil, que ele jamais repetiria.
Harry estava cansado. Tanto física quanto mentalmente. Queria argumentar com Hermione, fazê-la entender e aceitar assim como ele havia feito, mas sabia que para ela tudo era mais difícil. Hermione e Rony eram diferentes demais em temperamento e por isso mesmo eram tão perfeitos juntos e agora Harry sabia que em nível intelectual, ambos eram brilhantes. Seria interessante ver os dois discutindo agora que a verdade não era mais segredo.
Mas, para tristeza de Harry, Hermione saiu do quarto sem nem mesmo olhar para trás. Rony ficou parado olhando como se a porta fosse algo alienígena, diferente de tudo o que ele já tivesse conhecido. Harry sentiu pena do amigo embora ele mesmo não estivesse confortável com a descoberta. Olhou para Gina na esperança que ela pudesse fazer alguma coisa para melhorar a situação e se lembrou que na verdade apenas a ruiva podia ter criado a situação. Somente Gina sabia a verdade.
Percebendo o olhar de Harry, Gina imaginou o que poderia fazer para ajeitar aquela situação ruim. Mesmo com Rony e Harry voltando vivos do confronto com Voldemort, as coisas não ficaram melhores. Muitas outras coisas importantes estavam se desfazendo. Foi pensando nisso que ela resolveu sair e falar com Hermione. Antes ela havia contado a verdade, desabafando sobre o enorme peso que tinha sobre os ombros, agora ela tentaria convencer a amiga a dar uma segunda chance para o irmão. Rony merecia isso. Ele, assim como Harry, era marcado demais e precisava ser feliz.
Hermione chorava deitada de bruços na cama. Não conseguia controlar as lagrimas. Aquele não era o Rony que ela conhecia. Não, era outra pessoa, com a mesma aparência. O Rony que ela conhecia há quase sete anos e era seu melhor amor junto com Harry jamais falaria com aquela frieza. Então a amorena se lembrou que Rony não era verdadeiro em nenhum momento. Antes mesmo de se conhecerem, o ruivo já mentia. Escondia de todos quem ela era. O que podia fazer. Hermione nunca viu de fato a verdadeira face de Rony. E isso a deprimiu ainda mais. Sempre considerou o amigo a pessoa mais sincera que havia no mundo. Mesmo com uma rudeza crua e por diversas vezes contundente, ela acreditava que Rony nunca mentia, sempre falando o que pensava, mesmo que isso machucasse as pessoas. Essa era uma das qualidades que Hermione adorava nele. Uma qualidade que não era real.
Ainda com o rosto molhado pelas lagrimas, ela ouviu a porta ser aberta e o som de passos titubeantes se aproximando. Soube imediatamente quem era.
– O que você quer Gina? – perguntou friamente.
– Esclarecer algumas coisas que ficaram nebulosas – respondeu a ruiva sem se alterar com o tom de voz impessoal da amiga.
Hermione se sentou vagarosamente na cama e enxugou de forma precária as lagrimas com as palmas das mãos. Estava cansada e magoada, não queria continuar com aquele assunto. Mas Gina sabia com quem estava lidando.
– Ele ama você – disparou sem rodeios.
A respiração de Hermione parou por alguns segundos. Custou a processar as palavras e isso para ela era um fato raro. Olhou diretamente para os olhos de Gina avaliando se a outra estava fazendo alguma brincadeira ou apelando para uma mentira afim de algum objetivo desconhecido. Os olhos da ruiva mostravam apenas sinceridade ululante.
– E a razão de você estar me dizendo isso é...?
Gina suspirou e reuniu forças.
– Você precisa saber que para o Rony, cada mentira que ele contava era como perder uma parte de si mesmo. Mas quando ele mentia pra você, a dor não era apenas psicológica, chegava a ser física. Meu irmão tentou ignorar esse sentimento durante anos, mas a cada dia a atração que você exercia nele ficava mais forte. Quando ele finalmente percebeu que não poderia evitar o que estava sentindo ficou desesperado. O Rony nunca imaginou sua vida sendo dividida com alguém Hermione. Achava que seu papel era apenas ajudar o Harry e me proteger. Jamais passou pela cabeça dele que teria o direito de amar alguém. Sempre achou que ficaria sozinho por causa da profecia, e quando a certeza do amor que sentia por você tomou conta dele, não soube o que fazer. Se você se machucasse ele não se perdoaria. O Ron achou que deveria se afastar de você. Fazer com que você não se tornasse mais intima. E nós duas sabemos que foi inútil.
Hermione apenas ouvia, absorvendo cada palavra dita por Gina.
– Durante anos ele agiu apenas como o guardião. Sempre fingindo para que ninguém nunca descobrisse a verdade, mas perto de você ele era quase verdadeiro e sincero. Hermione, o meu irmão raramente conseguia ser racional ao seu lado. Depois que descobriu que te amava ela não conseguia refrear os ciúmes. Ouvir você falando de Vítor Krum perto dele, o fazia sentir-se quase um lixo, e a situação era pior ainda por ele saber que podia ser uma estrela se quisesse. Poderia impressionar qualquer pessoa apenas mostrando uma parcela das suas capacidades. O Rony sempre foi frustrado por ser um dos bruxos mais poderosos vivos e não poder mostrar isso abertamente. A questão é que ele finalmente percebeu que não precisa de atenção, de adoração. Meu irmão finalmente encontrou o lugar dele no mundo depois que se apaixonou por você e a dor foi pior porque ele havia mentido tanto que você simplesmente não sabia quase nada sobre o verdadeiro Rony.
– Esse é o ponto Gina – finalmente Hermione resolveu falar – Eu não conheço seu irmão. A pessoa com quem convivi durante esses anos não era o verdadeiro Rony. Se ele me ama como você diz, então não podia ter mentido pra mim.
Gina cruzou os braços impaciente. Sabia que a tarefa não seria fácil, mas não esperava que a amiga fosse continuar com aquela teimosia enervante.
– Converse com ele Hermione. Não cometa esse erro. Não deixe algo tão bonito morrer antes mesmo de amadurecer. Vocês se amam e não podem ignorar isso.
Rufo Scringour, ministro da magia britânico, estava sentado preguiçosamente em uma poltrona na Toca. O ministro ponderava que, apesar de velha, de péssima aparência e um pouco gasta, a poltrona era dezenas de vezes mais confortável que a sua no grande escritório em que trabalhava. O cargo era certamente menos prazeroso quando o maior bruxo das trevas de todos os tempos aterrorizava a população tanto bruxa quanto trouxa. A morte de Alvo Dumbledore não serviu para outra coisa senão aumentar o medo instalado no coração das pessoas. Scringour sentia-se agora mais velho do que realmente era.
Durante a madrugada foi acordado por um de seus assistentes coma noticia alarmante de que Harry Potter havia sido levado por Comensais da Morte durante a tentativa de transportá-lo para a casada família Weasley. O ministro quase teve um ataque cardíaco com a notícia. Somente pela manhã conseguiu entrar na casa que estava apinhada de pessoas, entre amigos e familiares. Aurores e todos os outros que estavam no local confirmaram a veracidade dos fatos. A imprensa logo chegaria ao local e o caos não poderia ser parado. Voldemort obtivera uma vitoria inesperada e simples.
Foi com grande surpresa que o ministro olhou Harry Potter e seu amigo Ronald Weasley entrarem pela porta da casa. Ambos estavam sujos e cansados. Potter estava com vários ferimentos pelo corpo, mas nada que aparentasse perigo. Scringour ficou surpreso ao ver a garota irritante que sempre acompanhava Harry desferir um sonoro tapa na face do garoto ruivo. Depois os três subiram para os andares superiores da casa junto com a garota ruiva que não saía de perto de Potter. Algo estava acontecendo e ele, Scringour não sabia o que era.
Horas depois, Harry desceu as escadas, acompanhado por Rony. Ambos olharam admirados para a quantidade de pessoas que ainda estavam esperando por ele na sala. A maioria eram rostos familiares e amigos. Pessoas que se importavam com eles e não com o que representavam. Hermione e Gina vinham logo atrás e apenas observaram em silencio. Hermione lançava um discreto olhar desapontado para Rony, mas este não percebia ou fingia não perceber.
Alunos de Hogwarts, amigos da época da AD, alguns sentados no chão, outros acomodados como podiam nas poltronas e cadeiras, alguns em pé, mas todos genuinamente preocupados com o estado dos dois amigos. Poucas explicações foram dadas, como eles escaparam não era importante, mesmo porque as pessoas estavam ficando acostumadas com noticias de Harry saindo com vida dos confrontos com Voldemort. Nada sobre a importante intervenção de Rony foi mencionado e ninguém perguntou. Mas do lado de fora, repórteres se acotovelavam para saber em primeira mão as noticias. Harry apenas suspirava cansado e fingia não se importar. Foi quando percebeu a presença do ministro sentado um pouco mais afastado dos outros.
O olhar hostil que lançou foi instantâneo. Não conseguiu se controlar.
– O que está fazendo aqui? – perguntou o jovem em tom nada amável.
Scringour tentou não se abalar. Sabia que ele reagiria assim quando o visse.
– Eu sou o Ministro da Magia, e como tal acho que tenho o direito de...
– Não me importa quem o senhor é – interrompeu Harry – O Ministério nunca me ajudou quando precisei e acho que isso não vai mudar agora.
– Mas a comunidade bruxa tem o direito de saber o que ocorreu horas atrás e é meu dever como representante do povo...
– Acredito que como representante do povo, o senhor está falhando miseravelmente Ministro. – Desta vez foi Rony quem interrompeu.
Scringour voltou o olhar para o garoto ruivo que o afrontava. Teve que olhar muito acima da própria cabeça. O olhar que recebia de volta fez o ministro quase se encolher. Imediatamente lembrou-se de Dumbledore. O velho bruxo tinha aqueles mesmo olhos brilhantes e astutos. Scringour não sustentou por muito tempo o olhar de Rony, voltou a olhar para Harry e disse:
– Senhor Potter, podemos conversar em particular?
Harry olhou para o ministro com surpresa. Não esperava que ele quisesse realmente continuar com aquilo. Tinha que admitir que Scringour, apesar de seus diversos defeitos, era persistente. Um pouco desanimado, ele assentiu para o outro e fez sinal com a cabeça para que Rony e Hermione o seguissem. O ministro franziu o cenho diante desse fato e Harry, imaginando o que ele possivelmente diria se adiantou:
– Nada que o senhor possa dizer é tão importante para que esconda de meus amigos. Eu prefiro levá-los comigo, assim evito repetir suas palavras.
Hermione olhava para Harry com admiração. Mesmo com ferimentos em várias partes do corpo, ele se mantinha firme. Mesmo depois de Scringour oferecer a ridícula proposta de ajuda do ministério da Magia se Harry aceitasse servir como garoto propaganda do mesmo junto à população, Harry se manteve calmo. O mesmo poderia ser dito de Rony que apenas observava tudo o que acontecia, sem falar uma única vez.
– Isso é tudo o que o senhor tem a me dizer? – perguntou Harry.
O ministro piscou diversas vezes antes de responder.
– Bem, senhor Potter, o que esperava que eu dissesse?
Harry respirou fundo. Estava cansado de tudo aquilo.
– Eu realmente esperava que o ministério estivesse preocupado em resolver o problema em vez de cuidar da própria imagem. Pessoas estão morrendo ministro e o seu gabinete não consegue tomar medidas relevantes. Eu esperava que o senhor viesse com outras palavras. Um plano talvez, ou até mesmo uma parceria que não fosse um engodo. Esconder a verdade das pessoas já se provou uma péssima medida no passado. Então peço que não cometa os mesmos erros de seu antecessor. Passar bem senhor ministro, esta conversa acabou.
Scringour levantou do sofá onde estava sentado com certa violência. Não estava acostumado a ser tratado daquela maneira e ainda mais por três jovens que nem mesmo haviam concluído os estudos. Pensou em protestar, ou mesmo tentar impor sua autoridade. Mas havia algo no olhar do jovem Potter que o impedia de retrucar. Um brilho diferente. E não apenas ele, mas os outros dois também. Scringour então percebeu que não estava diante de três bruxos cheirando a leite. Estava sim, tratando com pessoas maduras que entendiam plenamente a situação em que se encontravam. Sem dizer nenhuma palavra, ele saiu da sala. Em um futuro próximo, voltaria a encontrar o jovem Potter, mas desta vez com uma proposta válida, digna do homem que ele mostrou ser.
Descupem a demora para postar este capitulo. Não ficou tão bom quanto eu esperava, mas acredito que era importante para a história. Prometo melhorar no próximo. Obrigado.
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