Capitulo sete: Amor, mentiras
Capitulo sete: Amor, mentiras e frustrações.
Ginevra Molly Weasley era uma eterna sofredora. Antes mesmo de aprender a escrever, já sabia que sua vida não seria fácil. Sempre protegida pelos irmãos mais velhos, ela nunca tinha oportunidade de mostrar a própria força. Os anos de infância foram passando e oportunidades de se provar tão brilhante quanto os outros irmãos sempre eram reprimidas pela super proteção da mãe. Gina jamais pôde de fato mostrar sua verdadeira personalidade diante de outras pessoas. Sempre era taxada de a irmãzinha de Gui, ou Carlinhos. A garotinha de cabelos vermelhos que contava com a proteção de seis ruivos com pavio curto. Ela detestava isso. Detestava sentir-se vigiada e protegida pelos irmãos o tempo todo. Prezava demais a própria liberdade. Tinha opiniões muito bem fundamentadas. A única exceção a sua aversão por proteção era Rony. Ele era o único de seus irmãos que podia estar com ela o tempo todo e não incomodá-la. Eles eram ligados.
Quando Dumbledore veio visitá-los anos antes, ela já desconfiava da estranha ligação que tinha com o irmão. Depois daquela visita ela passou a ter certeza. Longe de ficar com medo por causa da profecia, Gina ficou sim, empolgada com a perspectiva. Ela era a Herdeira da Magia. Aquela que traria paz ao mundo. Mesmo não gostando muito de descobrir que seu amor seria destinado ao eleito, ela ficou ansiosa. Semanas depois essa ansiedade aumentou, quando encontrou pela primeira vez Harry Potter. Foi o que os escritores trouxas chamavam de amor à primeira vista. Naquele momento ela soube que eram feitos um para o outro. Ali ela soube que passaria o resto de seus dias com ele. Infelizmente alguém se esqueceu de avisar isso para o pobre Harry. Anos se passaram antes dele perceber que Gina existia como mulher e não apenas como a irmã de seu melhor amigo. E quando finalmente eles estavam juntos, a tragédia os achou.
Depois do enterro do velho diretor da escola, Harry rompeu ligações com Gina, sob a desculpa de tentar protegê-la. Foi então que Gina pela primeira vez questionou seu destino. Se, estava destinada a amar o eleito e posteriormente dar para ele os meios de vencer o lorde das trevas, o que a impedia de viver esse amor até o fim de seus dias? Teria na verdade a profecia de Trelawney revelado que o amor dela seria usado somente para salvar o mundo e não seu próprio coração? Gina se recusava a acreditar nisso.
E quanto a Rony? Ele era o verdadeiro sofredor em toda essa história. Quase tanto quanto Harry. Ele seria para sempre taxado de mentiroso por todos aqueles que o conheceram. Seu irmão vestiu o mando da mentira com o orgulho de estar fazendo o certo e agora era consumido pelas mentiras que ele mesmo contou. Dumbledore sabia o que estava fazendo quando planejou tudo. Somente daquela forma os três poderiam atingir a idade adequada em segurança. Mas ainda assim era cruel demais
A manhã chegava perto do fim em Ottery St. Catchpole. Na noite anterior, parte da família Weasley havia se deslocado com o intento buscar seu membro não oficial para se hospedar em sua casa, mas as coisas não saíram como o planejado. Em um ataque de Comensais da Morte, Harry foi levado e Gina em seu desespero implorou para que alguém o salvasse. Arthur Weasley, seu pai tentou acalmá-la, mas foi em vão. Gina estava quase tendo um ataque nervoso. Ela olhou para o irmão, ali perto. Rony abaixou a cabeça como se não fosse capaz de suportar o olhar da jovem. Isso encheu Gina de raiva. Desvencilhando-se dos braços do pai, ela empurrou Rony com toda a força que tinha.
– O que está fazendo aqui parado? Salva ele Rony. Você é o único que pode! – ela gritou com lagrimas nos olhos castanhos.
Lupin e Tonks não entenderam o que a garota estava dizendo, tão pouco Arthur. Em volta deles, vários Comensais desmaiados e outros amarrados sendo transportados por aurores do Ministério. Rony ainda olhava para o outro lado evitando o olhar de Gina. A ruiva entendeu os motivos da hesitação de Rony e sua raiva aumentou.
– Não me interessa se você tem medo da reação dele quando descobrir. Não importa se as pessoas vão olhar pra você com desprezo. Você não pode deixar que ele morra Rony.
O ruivo olhou para a irmã com uma expressão de medo e desamparo. Ainda hesitava. Tantos anos escondendo as próprias habilidades e fingindo que não passava de um garoto desleixado e preguiçoso haviam deixado uma falta de confiança em si mesmo real e palpável. Gina o socou no abdômen e peito, chorando copiosamente. Aparentemente as lagrimas da garota fizeram efeito na indecisão de Rony. Ele se afastou de Gina indo em direção aos Comensais presos e sem esperar autorização dos Aurores começou a revistar um deles. Logo encontrou o que procurava: um amuleto redondo e negro com entalhes célticos.
Gina viu Rony caminhar com passos decididos para um dos Comensais presos que estava acordado. Em menos de um minuto retornou para onde ela estava.
– Usei Legilimência com ele. Sei onde o Harry está. Se alguma coisa me acontecer, quero que saiba que sempre desejei sua felicidade Gina. E diga a todos da família que eu os amo – e sem esperar resposta pronunciou as mesmas palavras mágicas ditas antes por Belatrix. Imediatamente seu corpo desapareceu em algo como uma sombra que se alto consumia.
Gina ficou parada por alguns instantes. E só quando finalmente entendeu a gravidade do pedido que fizera a Rony, foi que se moveu. As lagrimas vieram abundantes e irrefreáveis. Arthur Weasley abraçou a filha mais nova tentando entender o que se passava. Gina soluçava, falando palavras engolidas pelo choro.
– Eu o mandei pra morte pai. Eu fui egoísta e o mandei pra morrer – ela disse entre fungadas e muxoxos.
Arthur abraçou ainda mais forte a garota. Olhou para Tonks e Lupin e os três decidiram em silencio o que fazer. Com um estalo seguido de outro, eles aparataram para perto da Toca. Gina ainda chorava agora quase a beira do desespero. Molly Weasley apareceu na porta da casa ao ouvir o choro de sua filha. Ao constatar que Rony não estava no grupo e tão pouco Harry, ela entendeu parte da situação. Algo de muito grave havia ocorrido. Os gêmeos ajudaram o pai a levar Gina para dentro da casa e ela, não podendo mais segurar contou a verdade para eles. Todos os Weasleys estavam lá e todos eles, incluindo Tonks e Lupin, escutaram a historia de Gina.
Molly chorou por toda a madrugada. Estava chocada e com raiva injustificada de Dumbledore. Não podia aceitar que seus filhos mais novos tivessem um destino tão horrível. Chorou também por Harry, a quem amava como um filho. Todos eram jovens demais para suportar tamanho fardo.
O sol surgiu no horizonte e encontrou praticamente toda a família Weasley tensa. As horas foram passando e nenhum noticia vinha. Nem ruim e tão pouco, agradável. Gina não mais chorava. Em vez de lagrimas, ela agora exibia apatia. Em seu intimo, o arrependimento era tão forte que suprimia a maioria dos outros sentimentos. Ela estava preocupada com Harry. Durante pouco mais de um terço de sua vida fora apaixonada por ele e agora não podia fazer nada para ajudá-lo. E havia Rony. Seu querido e amado irmão, que tinha o triste destino de protegê-la contra tudo e todos. Desde crianças, os irmãos se entendiam perfeitamente bem. Houve somente uma época onde não estiveram em harmonia. Foi no ano anterior, quando Rony flagrou Gina aos beijos com Dino Tomas em um dos corredores de Hogwarts.
Gina agora sabia quais as verdadeiras razões para Rony agir daquela maneira. Ele sabia de seus sentimentos para com Harry. Sabia que tudo aquilo não passavam de uma manobra para tentar esquecê-lo. E quando Gina disse coisas em um momento de raiva, Rony parou de agir racionalmente. Ele nunca era racional quando o assunto era Hermione. Todo o talento e conhecimento ocultos de Rony nada significavam quando ela estava por perto. Gina sabia que eles eram perfeitos um para o outro, mas as mentiras de Rony impediriam para sempre o relacionamento. Se ao menos Hermione soubesse a verdade, as coisas poderiam se resolver. Rony tinha medo de que a amiga o odiasse e depois se afastasse para sempre se descobrisse e Gina achava que Hermione era mais que uma simples garota que julga antes de saber de todos os pontos de vista.
As horas passavam e as noticias não vinham. Gina estava nervosa em demasia. Estava sentada no parapeito da janela de seu quarto há horas esperando ver as figuras jovens de seu irmão e do amor de sua vida surgirem dentre as arvores sorrindo e acenando. Mas ela sabia que essa cena não seria tão fácil de acontecer, pois eles tinham como adversário Voldemort, o maior bruxo das trevas do ultimo século, talvez o maior de toda a história.
Gina sabia que Rony era talentoso, mas não sabia se ele poderia desafiar Voldemort e sobreviver e não imaginava se ele poderia sobreviver e resgatar Harry vivo. Ela afastou aqueles pensamentos sombrios sacudindo a cabeça num gesto de impaciência. Rony era o bruxo mais inteligente, depois de Dumbledore, e isso não poderia ser contestado. Que Hermione a desculpasse, mas essa era a verdade. Ironicamente a única pessoa que fazia Rony agir de forma irracional era Hermione.
Mesmo no primeiro ano ele sabia que não devera chamar atenção. Movido por motivos muito mais nobres que a profecia ele fingiu entender quase tanto quanto Harry. Rony simpatizou com ele logo de inicio, e sentiu pena do outro pela vida que ele tinha. Ainda no trem decidiu que seria sempre do mesmo nível que Harry para ele não se sentir inferior. Foi quando conheceu Hermione e ele quase se arrependeu de traçar aquele plano. Ela era tão arrogante e confiante que ele teve ganas de se provar superior logo que trocaram as primeiras palavras. Quando usou um feitiço para mudar a cor de seu rato ele pensou melhor e mudou no ultimo instante para que tudo parecesse engraçado e ridículo. Sempre tão racional, pensou Gina. Depois vieram vários acontecimentos. Aulas secretas com Dumbledore durante a noite com o uso de um vira-tempo, e claro, o caso da pedra filosofal. Nesse ponto em especifico Rony resolveu que poderia usar sua genialidade em pelo menos um aspecto do desafio. Vencer o jogo de xadrez bruxo de Mcgonagall era um feito notável, mas que não o denunciava de fato.
No segundo ano ele teve que aguentar em silencio enquanto tudo acontecia. Primeiro com sua varinha quebrada e depois com os ataques contra os nascidos trouxas. Pelo menos durante esse ano Rony não teve que fingir incapacidade. Foi também quando Gina ingressou na escola. Rony ficou preocupado com ela quando percebeu o interesse da garota em Harry. Então Hermione foi petrificada e Rony mostrou toda a coragem que possuía. Mas quando sua irmã foi levada para dentro da câmara, Rony precisava agir de verdade. Influenciou Harry e por um golpe do destino não pôde participar da luta, ficando do lado de fora quando o basilisco apareceu. Mas no fim tudo se resolveu e os dois irmãos tiveram certeza de que Harry era realmente o escolhido.
Durante o terceiro ano muitas coisas ocorreram. Além de terem um professor lobisomem, os garotos tiveram que encarar a verdade sobre o assassinato dos pais de Harry. Descobriram que Sirius era inocente e depois de muita confusão e perigo tudo acabou bem. Rony esteve prestes a usar suas verdadeiras habilidades para salvar os amigos, mas outro golpe do destino o impossibilitou de ajudar. Sua perna havia sido quebrada por Sirius em um acidente.
Lembrando dos acontecimentos de pouco mais de dois anos atrás, Gina sorriu. Ela estava em seu terceiro ano em Hogwarts. Harry, Rony e Hermione estavam no quarto ano. Gina sabia que Rony era precoce em diversos aspectos importantes para um bruxo. Era ele quem, escondido, ensinava as matérias escolares que ela não conseguia acompanhar. Mas no campo amoroso ele ainda era uma criança. Ou melhor, era menos que uma criança, pois sequer conseguia imaginar como seriam esses sentimentos. Hermione já gostava de Rony naquela época e tinha esperanças de que ele viesse a reparar nela um dia. O mesmo acontecia com Gina em relação a Harry, mas a situação de Hermione era mais complicada, pois Rony sequer a via como um a garota. Como ele podia lançar feitiços que nem mesmo alunos do sétimo ano conseguiam e agia como um completo inepto diante de situações como aquela? Esse era um mistério que Gina jamais entendeu. Então surgiu Vitor Krum. O maior jogador de quadribol do mundo. O primeiro a reparar que Hermione era uma garota. Rony perdeu completamente a razão quando viu os dois juntos no baile de inverno. Gina só podia imaginar o esforço que ele estava fazendo para controlar a vontade de lançar um feitiço ali e transformar Krum em uma massa disforme e pegajosa. Mas ele se controlou. Fez como Dumbledore pediu e isso o deixou frustrado. Essa frustração acabou fazendo com que ele descontasse em Hermione e eles tiveram uma das piores brigas de suas vidas. A primeira de muitas.
Ela entendia a frustração de Rony perfeitamente. No quinto ano ele tentou entrar para o time de quadribol, disposto a provar que era capaz e conseguiu, mas não podia mostrar toda a sua capacidade, novamente a pedido de Dumbledore. Durante as reuniões da AD, ele se calava e deixava Harry dar as aulas mesmo sabendo que poderia ensinar de forma muito mais eficiente. Durante a luta no ministério, Rony teve que se segurar para que ninguém desconfiasse, pois isso alertaria Voldemort e colocaria todo o plano de Dumbledore por água a baixo. Por causa disso ele não pôde ajudar Harry quando mais queria e o amigo viu o padrinho morrer.
E então veio o sexto ano. O pior na vida de Rony e melhor na vida de Gina. Ouvindo os sábios conselhos de Hermione, ela resolveu viver sua vida independente de Harry. E depois de algumas relações frustradas, o namoro com Dino Tomas era uma espécie de benção. Mas quando Rony e Harry a flagraram aos beijos com o namorado, tudo mudou. Gina disse coisas que não queria. Falou verdades que Rony não conseguiu suportar e toda a frustração que ele vinha armazenando nos últimos anos explodiu. E no fim houve somente uma grande vítima em tudo isso: Hermione.
Harry finalmente se declarou para Gina depois da final da Copa das casas, mas a relação entre Rony e Hermione ainda estava parada. E tudo por culpa de Gina. E a morte de Dumbledore pelas mãos traidoras de Snape não ajudava em nada o estado de animo de todos eles.
Os tempos estavam cada vez mais sombrios, e nada de bom acontecia. Talvez em alguns dias, com o casamento de Gui e Fleur, os casais separados pudessem se entender. Mas isso era agora apenas um sonho remoto, pois havia poucas esperanças dos dois garotos voltarem vivos.
Uma lagrima solitária escorreu pela maça do rosto de Gina. A sua visão estava embaçada e ele não conseguiu discernir as duas figuras que saiam por detrás das árvores. Esfregou os olhos com força tentando não se encher de esperanças, pois a decepção seria pior. Mas não veio decepção. A garota viu claramente seu irmão e verdadeiro guardião vindo em direção a casa. E ao lado dele estava o amor de sua vida. Aquele que ela escolheu para ser o dono de seu coração.
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