Primeiro Dia



- A sala é aqui ? – Perguntou Rosa, abrindo a pesada porta de madeira.
- Acho que é sim. Olha lá, tem estudantes.
Os dois entraram, sem graças, ainda mais por causa dos cochichos que os seguiam.
- Olha, é o filho de Harry-o-salvador !
- Ele tem um irmão ?
- Aquela é a namorada dele ?
- Aquela é a filha do Rony e da Hermione !
- Então, é a namorada dele ?
- É igual ao pai !
Alvo se sentou em uma cadeira, fazendo dupla com Rosa. Ambos pegaram seu material e ficaram esperando, atônitos, a chegada do professor.
- Aquelas garotas... Estão olhando para você de novo – Disse Rosa, com uma mescla de nervoso e ciúmes na voz, perceptível por Alvo.
- Jura ? – Perguntou, satisfeito. Mas não pelas garotas.
- Eu sei que você gosta.
- Eu gostaria só se uma garota olhasse pra mim como eu olho pra ela – Disse Alvo, com toda coragem que conseguiu reunir.
E olhou para os pés, sem coragem de encarar Rosa nos olhos. E ficou assim, até que ouviram um barulho de porta batendo e passos ecoando pela sala.
- Bom dia – Disse um voz feminina. Um tanto grave, mas feminina. Colocou suas coisas em cima da mesa e se virou para os alunos.
“Meu nome é Paola Ziquel, e eu sou a professora de vocês. Tenho poucas regras na minha aula, mas a principal é organização. Então, vamos lá, se levantem. A aula será prática hoje.’’
Alvo se levantou, um pouco amedrontado, pois não esperava uma aula prática logo no primeiro dia. Rosa tinha o mesmo tom de preocupação, e eles se olharam, confusos.
Com um aceno da varinha da professora, as mesas foram empurradas para os cantos, deixando um espaço livre.
- Formem pares.
Rosa agarrou o braço de Alvo com força, deixando o garoto muito satisfeito. Mas as menininhas que tanto assediavam o menino fizeram cara de triste.
- Muito bem, muito bem... Gosto de ser direta. E pode parecer um pouco precoce para o primeiro dia de aula, mas quero que um membro da dupla azare o outro. E o outro, por sua vez, tem que tentar impedir. Alguém conhece alguma azaração ?
A mão de Rosa foi a primeira a se erguer no ar.
- Sim ?
- Locomotor Mortis. Faz as pernas da vítima grudarem uma na outra.
- Certo, mais dez pontos para a Corvinal. Agora vamos lá, cinqüenta passos de distância entre cada um e eu vou colocar algumas azarações no quadro. E lembrem-se do movimento, girar e apontar...
Paola apontou para o quadro, que ficou cheio de anotações.
- Comecem.
Alvo andou até um extremo da sala, e Rosa andou até o outro. O garoto não conseguiu erguer a varinha para azarar a garota que tanto gostava e, pelo visto ela também não. Os dois ficaram se encarando, com olhar confuso, até que a professora chegou.
- Como é ? Vão esperar a varinha baixar Merlin e fazer algum feitiço ? Ela não tem vida própria querido, e se continuar assim, vou tirar pontos da corvinal..
O garoto ergueu o braço e, sem muito entusiasmo, ordenou
- Tarantallegra !
- Impedim...
Nisso, a garota começou a dançar, e a professora caiu no riso.
- Mais dez pra corvinal, Potter. Você me fez rir. Finite Incantatem !
Rosa andou furiosamente em direção a Alvo e lhe deu um tapa no braço.
- Seu idiota, você me fez dançar !
- E daí ? – Perguntou, rindo – Você que foi lerda, e eu não bloqueou o feitiço.
- Você não me avisou !
- Ah, claro, se eu fosse seu adversário iria perguntar : ‘oi querida, se não for muito incomodo, eu posso te azarar ?’.
Rosa começou a ficar vermelha. Alvo começou a gostar daquilo.
- Me azara então.
- Não vou perder tempo, Potter.
- Ei, Rosa, eu estava brincando – Disse, assustado. Ela nunca chamava ele de Potter, só quando ficava chateada
- Mas você fala isso porque sabe... sabe...
- Sei o que ?
- Sabe que, eu nunca vou conseguir te azarar.
Alvo sentiu um enorme sentimento de culpa, e notou que os olhos de Rosa estavam cheio de lágrimas.
- Rosa, perdão ! Eu só fiz isso para a nossa casa não perder pontos, você sabe disso. Eu nunca vou querer te azarar na minha vida !
- Sei, sei ... – Disse, enchugando uma lágrima antes mesmo de escorrer. – Tudo bem.
- Não, não está tudo bem – E dizendo isso, lhe abraçou. Rosa encostou a cabeça no seu ombro, e passou a mão por volta de sua cintura. – Desculpa.
A professora deu um olhar para os dois de reprovação, e então se separaram.
- Estão dispensados. Na próxima aula, quero que estudem azarações e contra-azarações. Tudo na ponta da língua, não quero cola.
Tomaram rumo a sala comunal, onde teriam mais um tempo livre. E, para a surpresa de Alvo, Rosa segurou sua mãos, e eles foram de mãos dadas até a estátua de pedra.

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