Divagando



My heart, your hands, gentle my friend
break me neatly, numb me sweetly

(Sway – Vanessa Carton)


-- Divagando --

Hermione suprimiu um gemido de descrença, atordoada com as mãos de Harry, enquanto deslizava para fora do “abrigo” que o amigo lhe proporcionava. Aquilo era novidade.

Os toques dele. Desde quando pareciam tão... alentadores? Desde quando a faziam pensar em mais toques?

Em nome de Merlin, aquilo não estava certo.

-Mione? O que foi?

Harry parecia ainda mais inocente quando ela o fitou. Por que ele faz assim?, ela se perguntou com remorso, ciente de que era uma pessoa má.

-Você não vai me responder? – era ele novamente, havia se erguido e estava as suas costa.

Ela não podia olhá-lo. Ela não queria. Sentia-se envergonhada e sabia que só de olhá-la Harry entenderia tudo, sua confusão. Tudo.

E se não entendesse, provavelmente arrancaria dela num piscar de olhos, com sua legimancia.

-Só não quero mais brincar disso – ela cruzou os braços, como para se proteger. Do que quer que fosse. - Eu sei tudo que importa sobre você.

-Sim, provavelmente. Mas... agora me pergunto – ele deixou seu queixo pousar no ombro dela. – Será que eu sei tudo o que importa sobre você?

Hermione fechou os olhos e respirou fundo. – Agora que você sabe dessa minha... “minha fraqueza”, você deveria ser mais cauteloso.

-Por que?

-Essa é uma pergunta bem estúpida de se fazer.

-Já perdi a conta de quantas indagações não me respondeu. Não é brincadeira, Hermione – ele deu a volta ao redor dela para ficar a sua frente.

A morena ergueu a vista para encontrar os olhos dele, parecendo cansada. Seus braços descruzando para ficar ao longo do corpo. – Me pergunto se é uma espécie de prazer seu me deixar constrangida – Hermione não esperou resposta, apesar de Harry visivelmente guardar silencio a contragosto. – Parece que não é somente a sua voz – disse sem nem piscar, ainda com os olhos nos dele. - E quanto ao seu “por que?”, porque eu gosto. Agora, é bem provável que saiba tudo sobre mim.

Antes que Hermione se afastasse, como ele sabia que pretendia, Harry segurou seus braços. – Eu sinto muito – Harry fez com que a amiga se aproximasse, então seu rosto desceu até tocar sua face com a dela, sua boca próxima ao ouvido dela. - Porque eu gosto de vê-la se arrepiar.

Hermione ofegou sob a sensação de que todas as terminações nervosas de seu corpo darem choques, tão nitidamente...

-Não diga coisas assim!

Harry murmurou uma coisa ininteligível tão suavemente, ainda ao seu ouvido, que o corpo dela, sem perceber, foi se achegando ao dele.

Hermione riu ao perceber, muitos segundos depois, do que se tratava, do que Harry falava. Era como se estivesse em uma de suas fantasias. Particularmente uma:

Ele aproximou os lábios de seu ouvido outra vez e, paciente, num sussurro um tanto áspero, começou a lhe explicar, detalhadamente, sobre o andamento do projeto de lei contra os maus-tratos aos elfos domésticos, que estava sendo avaliado a mais de um ano, e seu parecer favorável.


Depois, murmurou o quanto se orgulhava dela por sua determinação, ao nunca desistir dos elfos. Mas então ele estava afastando... O cumprimento já havia acabado; percebeu que desejava mais, ouvir mais, ter novamente aquela voz penetrante, rouca e deliciosa ligando e desligando vários e vários pontos em seu corpo... instintivamente.

A risada dele a atingiu sob a sua própria. Harry a estava provocando... E ela nem podia recriminá-lo, pois estava desfrutando demais daquela nova nuance entre os dois.

-Harry...

-Por favor, me escute. Brincadeiras à parte, desta vez.

A morena nada disse, pensou que estava impedida de articular palavra enquanto tinha o toque de Harry em si e sua voz a transtornando, baixinho ao seu ouvido.

-Eu devo lhe dizer que, apesar de tudo, eu ainda não lhe mostrei o que vim aqui para o fazer. Ao observar a sua “fraqueza”, sinto-me praticamente um imoral.

-Por se envaidecer com ela? Minha fraqueza, quero dizer – ela zombou roucamente.

-Não! – ele riu. – Por conta da minha.

-Sua...? Do que está falando?

-Vou lhe segredar... - Harry lhe dispensou um sorriso lento; este que a mulher não viu, ainda tendo a boca dele próxima ao seu ouvido.

Ao contrário das imagens que esperava, se pegou ouvindo os relatos pela própria voz de Harry. E, Deus do céu, aquilo era incrivelmente erótico. Não só como falava, mas o que falava.

-Eu nunca fui de ter uma imaginação fértil – a risada mais que mordaz de Hermione o fez acrescentar: - Não para esse tipo de coisa, eu quero dizer, srta. Sabichona. – Então seu tom tornou a adquirir suavidade:

-Mas nada relacionado a você, ao que parece, pode ser simples... – Harry suspirou, o ar morno indo ao encontro do pescoço da amiga. – Eu enlouqueci aos poucos por sua causa e, ao pensar nisso, considero que me deva muito mais que revelações constrangedoras tão ingênuas.

O tom dele, a forma como suas mãos ainda a seguravam, assim como a maneira que ele arrastava seu queixo por sua pele... Parecia premeditado. Como se soubesse como deixá-la tão aérea, perdida. Tremente e tépida.

Ouvindo apenas parte do que ele dizia, quase envergonhada por sua atenção estar voltada para as sensações que todo Harry lhe causava (querendo guardá-las para si), não conseguia compreender como poderia ter lhe prejudicado. Ou como o maior constrangimento dela poderia ser taxado como “ingênuo”.

-Perguntava-me a cada divagação quando parariam de me atormentar. Eu não podia compreender o que meu corpo parecia necessitar. E minha mente me jogava nessas... nessas armadilhas. E, oh Hermione, era tão difícil resistir. Tão difícil. – A voz dele, como veludo, ao seu ouvido. Sedução programada. Era assim que ela chamaria. - Logo, eu me peguei incentivando-as.

-Eu tocava você. Em cada uma delas. Em cada uma das fantasias – Harry estava tão rouco agora. - Na cabeça, nuca, nos ombros... Não era suficiente.

Ela podia imaginar. De olhos fechados podia ver todo os toques, senti-los.

Por que ele se calara de repente?

-Não era?

-Não... – murmurou meneando a cabeça, de modo que afagasse com o rosto o pescoço dela. – Eu beijei cada um deles – a boca de Harry perpassou pela testa, pescoço e ombro da morena, até tornar ao ouvido e confidenciar:

- Mas ainda não era suficiente...

Ele se afastou e segurou com ambas as mãos o rosto dela, e permaneceu em silêncio até que Hermione abriu os olhos para observar os dele. – Então eu a beijei a exaustão.

O que ela poderia dizer? “Como?”

Sentia em todo o corpo o desejo de deixar que a beijasse, de beijá-lo, de tocá-lo mais, mais que apenas segurar sua camisa, como forma de sustentação.

-Ainda assim, Mione, não foi o bastante. E eu voltei aos toques.

As mãos de Harry vagaram, preguiçosas, mas sem se deter, do rosto até a cintura dela; encontrando alguns pontos sensíveis no caminho. Podia vê-la morder o lábio inferior, ainda que não desviasse o olhar do seu.

Ele a cingiu até que entre seus corpos não houvesse espaços e ergueu uma das mãos para encontrar a nuca da amiga, fazendo seus dedos se perderem entre os cachos dela.

O rosto de Hermione foi ao encontro de seu peito, permanecendo ali, e Harry ouviu um abafado “O que mais?

-Depois? Ah o depois... - O homem suspirou pesado, guardando silêncio por um momento. – Doçura, você tirava a roupa pra mim.

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(continua)

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N/a: Obrigada, obrigada pelas Review!

N/a²: Eu sei, é meio cruel parar aí. Mas em minha defesa só posso dizer que foi bem difícil chegar até aqui. Ainda estou a terminar uma parte de Merlin (sim! Eu finalmente estou escrevendo! Por sinal, todos devem saber que a culpa é minha pela demora...).

E eu acho também que terei que aumentar a censura dessa fic... vixi.

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