Capítulo 1



Capítulo 1
Sexta-feira 8



Quando a gente saiu da escola debaixo da chuva, a Gina me fez entrar no carro preto da tia Molly tão depressa que parecia que ela tinha visto um fantasma. Quando estávamos dentro do carro, agasalhadas e finalmente seguras do possível fantasma que a Gina tinha visto, eu me virei pra ela e perguntei:

- Abre o jogo, o que droga foi? – Eu estava meio curiosa, admito.

- Naaaaada. – Ela fez a mesma cara de sexta passada, quando a gente falou pra mãe dela que não era nada; o que foi meio estranho.

- Sério, o que foi? – insisti.

- Nada – disse Gina em tom definitivo, arregalando os olhos pra mim como se tentasse informar uma coisa crucial.

- Uh. Nada. Saquei. – E tinha sacado mesmo.

MUAAHAHAHAHAHAHAH.

Gosto de fazer isso. Irrita a Gina.

MUAHAHAHAHHAHAHHA.

Ta, chega.

Alguns engarrafamentos depois, chegamos na casa dela, fazendo o mesmo ritual de sempre de sair do carro, fazer carinho no cachorro e entrar pra dentro rapidamente.

Quando estávamos trocando o uniforme da escola por roupa de gente, o telefone tocou e a Gina resmungou alguma coisa incompreensível e foi atender.

Ou pelo menos tentou, porque ela tropeçou num rolo de papel higiênico, que ficou pendurado na perna dela enquanto ela atendia o telefone.

- Alô? – Ouvi ela falar emburradamente no telefone. De repente a voz dela ficou ainda mais emburrada, se é que é possível. – Que é que você quer, Draco?

Eu ri para mim mesma. A Gina e o Draco ainda vão ficar juntos. E se depender da Gina, o rolo de papel higiênico pendurado na perna dela também.

- Draco, eu não vou te explicar de onde vêm os bebês! Não importa o que sua mãe tenha dito sobre a cegonha... NÃO! Draco! Pára com isso, seu inútil, eu não estou mais entendendo nada. Mas... Mas... DEIXA EU FALAR, DESGRAÇA. – Nesse meio tempo, eu aqui, morrendo de rir. – DRACO, EU NÃO SOU BURRA. EU SEI QUE VOCÊ NÃO ESTÁ SENDO DEVORADO POR UMA ARANHA. Vai se catar!

Ouvi o telefone bater no gancho e a Gina voltar pro quarto enfurecida, o rosto agora vermelho e com muita imaginação, dava pra ver a fumaça saindo dos ouvidos dela. E com o cabelo vermelho, parecia que a cabeça dela tava pegando fogo.

Foi estranho.

Me lembrou vacas.

- Que aconteceu? – perguntei inocentemente.

- O QUE ACONTECEU? – berrou Gina enfurecida, me encarando como se eu fosse uma lesada. Depois que percebeu que tinha berrado, ela falou mais baixo. – O que você acha que aconteceu?

- OAEHUAHEUAUOEHAOUEAHEUAHEU – eu ri.

- HERMIONE – berrou Gina. – Eu aqui, no maior sufoco e tu ri!

- OEAHOAHUEHAUEHAOUHAEUOAHEUH – ri mais ainda.

- HERMIONE GRANGER, PARE DE RIR DA MINHA DESGRAÇA.

Eu enxuguei uma falsa lagrima de riso do meu rosto.

- OK – concordei ainda inocentemente. – Agora, porque você não desgruda esse rolo de papel higiênico da sua perna, amiga?

Gina me lançou um olhar tão frio que mais um pouco me congelava.

- Parei, parei.

Sugeri que a Gina fosse fazer alguma coisa pra se acalmar e ela foi direto pro computador. Eu fui atrás dela, arrastando a minha sandália com o pé. Pra zoar, passei correndo na frente dela, agarrei a cadeira, taquei na frente do PC e me sentei com ar de vitória. Gina se sentou ao meu lado me olhando com cautela.

Enquanto entrava no MSN, comecei a esfregar a minha mão na parte descascada do móvel onde o PC ficava distraidamente. Gina me encarou esperando que eu parasse, mas como eu não parava...

- Sim? – ela exclamou com ressentimento.

- O quê? – perguntei surpresa. – Minha mão ta coçando.

Gina em lançou outro olhar gélido que nem o freezer lá de casa e depois voltou a sua atenção pro MSN. Os seus olhos correram de um lado pro outro vendo quem tava online e ela de repente berrou.

- AAAAAAAAAAHHHHHH.

- QUE FOI? QUE FOI? CADÊ O INCÊNDIO? – berrei também.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHH.

- QUE FOOOI?

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHH.

- GINA WEASLEY, PARA DE BERRAR AGORA!

Depois que eu botei moral na situação, a Gina finalmente se aquietou.

- Deu vontade de gritar – ela disse dando de ombros.

Eu lancei um olhar de extremo sarcasmo na sua direção. Depois de algum tempo, saímos e fomos pro pequeno parque que ficava ao lado da casa da Gina. Escolhemos uma arvore e a escalamos.

Sentamos uma em cada galho da árvore, e ficamos jogando papo fora por um bom tempo, até que ouvimos o meu relógio fazer bip. Olhei calmamente as horas.

- Duas horas. – exclamei.

- Que bom. – murmurou Gina monotonamente.

- É – concordei com um aceno de cabeça. - Que tal ir fazer algo de útil pelo shopping?

- Bom.. Tipo o quê? – perguntou Gina, olhando se a pintura de suas unhas estava bem alinhada.

- Sei lá – eu falei raivosamente – Passear, gastar, ir pro cinema, tomar sorvete, se jogar no chão do banheiro e fingir que tá morrendo...

- Boa idéia! – exclamou Gina animadamente, pulando da arvore habilmente. Eu acho que ela gostou da idéia de se jogar no chão do banheiro e...

- A gente tem que tomar banho e tudo o mais – falei , também pulando da arvore.

- Não. A gente vai assim mesmo – disse Gina sarcasticamente.

- Ah vai você, quem sabe o Draco não está por lá... Ele ia adorar esse seu shortin...

Mas não deu tempo de terminar a frase, a Gina ficou meio vermelha e agarrou um graveto pra me espetar.

- Ai – exclamei horrorizada, afastando o graveto pra longe. – Sai pra lá. É sério, ta?

- Duvi-de-ó-dó macaxeira mocotó – zombou Gina.

- DUVI O QUÊ? – berrei sem entender nada.

- D-U-V-I-D-Ê-Ó-D-Ó-M-A-C-A-X-E-I-R-A-M-O-C-O-T-Ó!

- Argh, eu entendi.

- Então porque perguntou?!

Eu dei um pedala na Gina e nós entramos. Meia hora depois estávamos as duas prontas, de All Star, calça jeans e jaqueta. Íamos ver um filme legal que estreou a pouco tempo, Um faz de conta que acontece.

- Ta pronta, tia? – perguntei distraída.

- Tia é a mãe.

- Por que a mãe? Porque não a avó?

- Por que a mãe fica melhor.

- Qual teu problema com a avó?

- Hermione, vamos logo. Deixa a tia aí...

- Que tia? A gente não tava falando da avó?

- HERMIONE!

- Parei, parei.




Saímos rindo da seção.

- OEHAUOEAOUEAUEHAOUAEUEAUHE... E aquela parte em que ele espirrou o negócio pra árvore de natal no olho do cara... – ria Gina descontroladamente.

Só que de repente ela parou de rir e ficou encarando um ponto sobrenatural e vazio do cinema. Eu continuei rindo, como a criança feliz que sou, mas quando perdeu a graça e como eu não tinha nada pra fazer, segui o olhar da Gina.

Draco estava saindo de uma seção do filme Sexta-feira 13 com o seu grupinho de amigos e uma garota enganchada no seu braço. A compreensão iluminou meu rosto e o de Gina.

- Sexta-feira 13? – murmurou ela maliciosamente. – Luna me contou que a prima do amigo da tia do conhecido do vizinho dela viu o filme e que é horrível.

- Pô. – Eita, a prima do amigo da tia do conhecido do vizinho dela... – E o que a tal prima achou?

- É horrível! – exclamou Gina parecendo satisfeita. – Ela me contou que a tal prima viu por causa do cunhado da empregada da amiga do genro da filha do dono da padaria da esquina que indicou o filme...

- OK – falei com medo. – Esse bando de gente deu uma indicação errada, então?

- É. E ao que parece, todos eles viram o filme e morreram de medo, inclusive o dono da padaria da esquina. Ele chorou...

- E daí? – Eu não estava afim de saber das choradeiras do dono da padaria da esquina.

- Vamos assustar o Draco! – explicou Gina como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – A gente vai lá e fica fazendo coisas do mal.

- OUAEHEUOAHEUAHEOU – ri. – Coisas do mal tipo o quê?

Gina fez uma cara maliciosa.


- E aí, Dracão! – cumprimentei alegremente, como se nós fossemos amigos há eras.

E éramos.

- Dracão? – perguntou a garota nojenta que tava enganchada no braço do Draco. – É Draquinho, não Dracão.

- OAHEUOAHEUOAHUAHEOUAH – riam os amigos deles.

- Que foi, Hermione? – perguntou Draco como se eu fosse uma mosca na sopa dele.

- Ah, nada. Só pensei em bater um papo com um velho amigo de infância.

- Velho amigo de infância? A gente se conheceu na sexta série!

- Então? Infância! – exclamei como se ele fosse uma criança de dois anos que queria saber quanto era um mais um.

- Que foi, Hermione? – repetiu Draco. Nesse mesmo instante, enquanto eu enrolava o Draco com esse papo esquisito, Gina colocava uma enorme tarântula de borracha que ela tirou de um menino que passava por ali na jaqueta do Draco.

- Nada, Draco – eu falei inocentemente. Esperava estar distraindo ele, a nojentinha e os dois amigos que foram pra segurar vela (eca, coitados).

Quando a Gina tinha colocado firmemente a tarântula de brinquedo na jaqueta do Draco, ela fez um sinal por cima do ombro dele e começou a se distanciar. Ela iria dar a volta por trás de todo mundo pra parecer que tinha nos achado por coincidência.

- MEUS VELHOS AMIGOS! – berrou Gina de repente, surgindo de sabe Deus onde.

- GIIIIIIINAAAAA! – exclamei fazendo cena.

- HERMIOOOONEEEEE! – ela exclamou, e nos abraçamos teatralmente. - Oi, Draco! – cumprimentou Gina alegremente.

- Gina – ele disse com um sorriso de canto.

- Que surpresa agradável. O que vieram fazer aqui neste cinema? – perguntou Gina de forma inocente.

- O que se faz num cinema? – perguntou a menina que agarrava o braço do Draco.

Metida, pensei.

- Metida – disse Gina, lendo meus pensamentos. Eita.

- OEHAOUEHAOEHOA – riu Draco. Mas ele se calou com o olhar frio de congelar da nojentinha. – Argh, não fala assim dela, argh-argh.

Eu arregalei os olhos pra ele, cutucando a Gina discretamente.

- Beleza – falei de repente. – Até mais Draco, até mais, metida, até mais, meninos que eu não sei o nome.

- Tchau...



Cinco minutos depois, no estacionamento do shopping, eu e Gina rimos.

- Missão cumprida!



N/Desconhecida: Legal isso né? Não fui eu que dei a maior parte das idéias. Foi a estranha misteriosa.
Enfim... Esperamos que vocês gostem do capítulo um, feito para vocês! – ar de propaganda de xampu. :D bejos. Ass.: desconhecida.

N/EstranhaMisteriosa: OIMUNDO. Pra começo de conversa, brigada à Luúh V. ;@ pelo comentário , o primeiro, olha que meigo. Achamos esse capitulo bem legal, quero dizer, no começo foi meio repetitivo e tudo o mais, mas acho que passamos a idéia que queríamos passar. Tudo menos a parte do cinema em geral é de verdade. A maioria das falas, nós duas pronunciamos na vida real, (h).

TCHAUMUNDO
Ass.: estranha misteriosa.

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