CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIII
Ao cair da noite, Hermione silenciosamente entrou no quarto que ocupava antes de se casar com Rony. Havia se retirado cedo da mesa de jantar, depois de apenas beliscar a comida, já que era impossível comer por causa daquele nó no estômago. Desde a noite anterior sentia aquilo, que agora a levava ao velho baú colocado aos pés da cama. Abaixando-se, levantou a tampa e foi pondo de lado roupas que há muito tinham ficado pequenas para ela, até que tocou em alguma coisa lisa e plana. Com dedos trêmulos, retirou o objeto do esconderijo. Era um pequeno espelho de prata, uma das mais preciosas posses da mãe dela, que Hermione havia guardado ali para protegê-lo das mãos cobiçosas do pai. Mas agora o pegava, pela primeira vez em muitos anos querendo ver a própria imagem.
Aproximando-se da luz que ainda entrava pela janela, Hermione ergueu o espelho e soltou um gemido de desgosto. Olhos tão ferozes quanto melancólicos olhavam para ela através de uma densa cortina de desarrumados cabelos, o que a fez encolher-se. Ah, ela detestava aqueles cabelos, a cor opaca, a forma como se emaranhavam. Haviam servido muito bem às intenções dela, mas agora… Silenciosamente Hermione se perguntou se conseguiria deixar os antigos hábitos. Eram hábitos firmemente arraigados, quase uma parte dela. Então abaixou o espelho, num gesto enraivecido, detestando-o, detestando a imagem que vira nele, detestando o marido.
Era tudo culpa de Rony.
Ele era a causa de cada um dos problemas dela, principalmente as dores e sensações estranhas que assaltavam o corpo e a alma dela. Ele a fizera olhar para si própria e, pior ainda, querer ver outra coisa. Por influência exclusivamente dele, ela agora queria… coisas… coisas misteriosas, indefiníveis.
E ela o detestava por isso.
Mal-humorada, Hermione desejou que eles nunca tivessem deixado Wessex, porque tudo tinha começado durante a viagem de retorno ao feudo, quando o homem que ela chamava de santo se transformou num anjo vingador. Hermione sentiu as faces quentes ao se lembrar de quando Rony havia desafiado o salão inteiro para defendê-la. Então apoiou as mãos nos joelhos, como se precisasse se proteger da imagens de Rony brandindo a pesada espada, tão ameaçador quanto belo. Ele era alto. Forte. Poderoso. E. inteligente. Rony não só possuía a sabedoria conferida pelo estudo, como também era o homem mais inteligente que ela já havia conhecido… o que ficou provado quando ele rapidamente descobriu a traição de Serle.
Há! A trapaça do mordomo não tinha sido nenhuma surpresa para Hermione. Há anos que ela via aquilo nas atitudes subservientes dele. Embora fosse covarde demais para cometer um assassinato, Serle era perfeitamente capaz de qualquer outra maldade. Mesmo assim, ela não o censurava tanto pelo roubo de dinheiro e jóias, porque gostava da ironia que era o ambicioso pai dela ter sido ludibriado por um ladrão desprezível. Na verdade, durante todos aqueles anos ela havia ficado ressentida com a posição do mordomo no feudo. Se ao menos o pai a tivesse deixado servir como castelã, talvez ela pudesse ter prevenido o roubo, mas Voldemort não confiaria numa mulher para dirigir o castelo.
Hermione fez uma careta ao ter aqueles pensamentos, já que as acusações de Serle contra ela tinham sido outra coisa repulsiva. Se não fosse Ronyy… Automaticamente ela pôs a mão no cabo do punhal, mas não encontrou nenhum conforto naquilo. Embora ainda andasse armada, já não pensava tanto em recorrer ao punhal, sabendo que havia outras formas de salvar a vida. Rony havia mostrado isso.
Resmungando sozinha, Hermione tentou tirar da cabeça aquelas idéias, mas não podia negar que, se continuava viva e andando livremente, não era graças às armas, mas sim a coisas intangíveis que sempre havia menosprezado. Fé. Respeito. Confiança. Coisas impossíveis e inacreditáveis a que o marido dela dava valor e em que só idiotas como ele e Gina acreditavam. Sentindo um súbito desconforto, Hermione sentou-se nos calcanhares, sabendo que dificilmente um outro homem teria assumido a defesa dela tão prontamente. Ninguém faria isso. Há! Qualquer outro homem acreditaria em Serle e a condenaria de pronto, só para finalmente se ver livre dela.
Mas não Rony.
Hermione engoliu em seco, lembrando-se da apaixonada defesa que o marido tinha feito dela. Agora o conhecia o suficiente para esperar isso, mas o hábito a havia preparado para uma explosão. Estranhamente, não tinha pegado o punhal nem partido para o ataque, simplesmente esperando pela sentença dele, como uma ré condenada. E, o que era ainda mais estranho, agora tinha a sensação de que uma condenação de Rony seria mais dolorosa do que a própria morte.
Embora um protesto ameaçasse chegar imediatamente aos lábios dela, Hermione viu-se forçada a admitir que idéias esquisitas como aquela estavam se tornando cada vez mais freqüentes. E algumas ela até incentivava…
Outra vez sentiu calor nas faces, agora se lembrando de como havia reagido no início ao comportamento dele. Não saberia dizer se as palavras dela haviam servido para ajudá-lo ou para contê-lo, mas tinha sido impossível permanecer calada. Sempre que o via reagir com naturalidade e prometer tanto para receber tão pouco, ela se sentia ultrajada.
Vê-lo forte, destemido e belo, mas também bondoso e justo, tinha provocado coisas engraçadas no íntimo dela. E não tinha sido nada doloroso, mas sim um calor que a fizera entrar em ação. Sem se perguntar muito por que fazia aquilo, Hermione havia tomado o partido do marido, ameaçando os que se voltavam contra ele. Não sabia quem se surpreenderia mais com o fato, se as outras pessoas ou ela própria, já que jamais havia levantado um dedo para proteger quem quer que fosse. Sempre havia lutado apenas para se proteger.
Hermione sentiu um aperto no peito quando se lembrou de uma época em que tinha alguém para proteger e sentiu vontade de gritar. Não havia comparação entre aquele tempo sombrio e agora, nenhuma ligação entre a mãe e a irmã recém-nascida, que ela havia tentado desesperadamente salvar, e o homem feito que sabia se defender sozinho. Mesmo assim, traiçoeiramente, o pensamento tomou conta da mente dela. O que estava fazendo quando protegia a retaguarda do marido e tomava o partido dele? Não era a mesma coisa que proteger os próprios interesses?
Era mesmo?
Hermione sacudiu a cabeça, procurando se convencer de que fazia aquilo apenas porque Rony era o melhor marido que ela podia conseguir. Se fosse novamente obrigada a se casar, provavelmente teria que repetir o que tinha feito com Smith. O rei não teria mais complacência e mandaria que a jogassem num calabouço.
Mas com Rony as coisas podiam se acertar. Havia agora uma espécie de trégua entre eles que andava razoavelmente bem, exigindo dela apenas um pouco de esforço. E isso bastava. Não existia mais nada entre eles além do fato de que moravam juntos. E da partilha a cama. E da oferta dele para escovar os cabelos dela…
Hermione estremeceu. Ficava alternadamente horrorizada e intrigada quando pensava no que ele tinha dito na noite anterior. Ninguém além da mãe jamais a havia ajudado nessas coisas e desde há muito tempo que ela se arranjava sozinha. Por que deixaria que ele a tocasse? E, o que era mais importante, por que ele queria fazer isso?
Por menos que quisesse reconhecer, Hermione achava que talvez soubesse a resposta. Tinha visto alguma coisa nos olhos do marido, aquele ar sombrio e sonhador que Rony mostrava quando a beijava. Aquilo dizia alguma coisa a ela, como se ele estivesse passeando em algum lugar exótico e misterioso e quisesse levá-lá para lá.
Bobagem! Idiotice! Como ela podia soltar a imaginação para pensar besteiras? Hermione sentiu dor na mão e percebeu que estava apertando com muita força o cabo do punhal. Vagarosamente foi abrindo a mão e flexionou os dedos. Foi como se aqueles dedos não fizessem parte do corpo dela, mas a verdade era que nada mais parecia em seu lugar desde o retorno deles. Ela estava mudando. Algumas das mudanças eram intencionais, mas outras não. Isso a deixava vulnerável e confusa.
Como na noite anterior.
Hermione juntou as sobrancelhas. Em vez de ter cravado o punhal no peito do marido, ela havia fugido dele como uma criança assustada. Era bem verdade que havia decidido ser mais bondosa com o homem e manter o punhal na bainha, mas a fuga devia ter outra explicação além dessa. E não saber esse outro motivo era algo que a atormentava desde então. O fato era que ela havia fugido de Rony em vez de fitar aqueles olhos castanhos que a convidavam a acompanhá-lo até um lugar mágico.
Mas ela não era uma covarde e havia aprendido há muito tempo que valia mais enfrentar o perigo do que ficar esperando. Por isso, havia finalmente retornado ao quarto, para a cama onde nunca tinha pensado em dormir, para o lado do homem de ombros largos cujo perfil era iluminado pela chama da vela. Os ruivos e crescidos cabelos dele se espalhavam pelo travesseiro, o que a fazia sentir uma estranha fraqueza. Obrigando-se a olhar para o marido com destemor, Hermione havia tirado os chinelos, apagado a vela e se deitado ao lado dele. O perigo que Rony havia representado não existia mais, ou pelo menos era nisso que ela acreditava, mas a verdade foi que ele se virou na cama, ficando de frente para ela.
- Hermione? - murmurou, numa voz tão rouca que a fez estremecer.
Depois passou o braço por cima dela e puxou-a para perto. Apesar da túnica, Hermione sentiu a pele queimando por causa do contato com o corpo dele. Logo depois sentiu em cima das pernas o peso de uma das dele e ficou esperando, sem saber o que fazer. Até que a mão dele começou a acariciar a barriga dela. Hermione conteve a respiração. Nunca havia permitido que um homem a tocasse ali, no estômago, mas ele tinha estado dormindo e não causaria nenhum mal.
Finalmente, na calma da noite, ela relaxou e fechou os olhos, aninhando-se no peito do marido e deixando-se abraçar por ele. Todas as ameaças foram esquecidas e ela deixou que Rony a envolvesse como um cobertor. Seguro. Quente. Mais confortador do que seria possível imaginar.
Hermione franziu a testa ao pensar naquilo. A simples lembrança a deixava com as pernas fracas e ela sacudiu a cabeça, procurando superar aquela sensação. Sabia que o perigo representado pelo marido continuava existindo. Assim como continuavam a existir os escrúpulos dela. Bem, o terror da proximidade estava sendo superado, mas ela havia fugido ao ouvir a oferta dele, o que agora achava uma covardia. Talvez devesse enfrentar o desafio. Já havia fugido demais de Rony.
Contra a vontade, Hermione olhou novamente para o espelho e para a feia imagem que via nele. Hesitante, ergueu a mão e passou os dedos nos cabelos. Despenteados e há muito sem lavagem, eles estavam horrorosos. Soltando um gemido ela pensou no que deveria fazer para mudar aquela situação. Logo depois levantou-se. Não adiantaria nada ficar trancada no antigo quarto. Era hora de enfrentar os demônios.
Sentado diante da lareira do quarto, Rony olhou para o livro que havia recebido de presente de Gina. Normalmente absorveria aquelas páginas em cada detalhe, mas naquela noite não estava conseguindo entender as frases. Devia ter ficado no salão em vez ter de subir tão cedo para o quarto, mas não queria se encontrar com a esposa. Na verdade estava preocupado com ela. Hermione havia parecido muito tensa durante o jantar, com o semblante fechado e mantendo-se afastada dele.
Naturalmente Rony reconhecia que havia passado dos limites na noite anterior e desde então vinha esperando uma punhalada nas costas. Simplesmente havia violado a trégua ao pedir para escovar a cabeleira dela. Rony passou a mão pelos cabelos e resmungou uma praga. Já devia saber que Hermione detestava ser tocada e repelia qualquer sugestão de intimidades. E que ele devia aceitar isso, pelo bem do casamento. Mesmo assim…
Ao ouvir um som vindo da porta, Rony ergueu a cabeça e suspirou de alívio. Lá estava ela. Por alguns instantes ele pensou que talvez fosse melhor ficar de olho nela para prevenir um ataque, mas sabia que não era esse o motivo. Gostava de olhar para ela, com os cabelos desgrenhados, com o semblante fechado e tudo. Alguma coisa naquela mulher mexia com ele mais do que qualquer outra, por mais bela e refinada que fosse. Isso o fez pensar na perversidade do coração humano.
Coração?
Rony mexeu-se, sentindo desconforto. Raciocínio. Ele era um homem de raciocínio. Então sacudiu a cabeça, tentando clarear a mente. Ultimamente não vinha se concentrando como devia. Talvez fosse um problema de visão. Talvez ele precisasse de lentes para ver melhor. Isso explicaria por que via a esposa de uma forma tão melhorada, pensou, com um sorriso amargo.
Rony espantou-se ao ver que ela estava usando os chinelos novos. Hermione tinha recebido o presente sem nenhum comentário, aparentemente com a desconfiança de sempre, mas ele se alegrava ao vê-la com os chinelos. Perguntando-se como seria o formato dos tornozelos que havia logo acima daqueles chinelos, infelizmente escondidos pela barra da túnica, ele vagarosamente foi subindo com os olhos pelo corpo da esposa, até ver que ela estava com a mão estendida para ele.
O que seria agora? Estaria ela brandindo contra ele uma faca de comida, oferecendo uma bebida envenenada ou simplesmente pretendia coartar a garganta dele? Suspirando, Rony sentou-se e olhou com mais atenção, apenas para abrir a boca de espanto. Não era nenhuma arma o que ela estava segurnado, mas sim uma escova. Uma escova de cabelo.
Por um longo momento Rony ficou sem ação, achando que a eloqüência o havia abandonado. Ergueu as sobrancelhas, numa muda pergunta, quando ela estendeu o braço, enfatizando a oferta. Mesmo assim, Hermione continuava em silêncio, sem revelar muito no rosto meio escondido pelos cabelos. Simplesmente continuou parada diante dele, oferecendo a escova, o que sem dúvida significava também a permissão para usá-la.
Rony levantou-se vagarosamente, tomando cuidado para não fazer nenhum movimento precipitado. Era como se uma corça da floresta tivesse vindo comer na mão dele, o que o deixava tão excitado quanto obrigado a se controlar. Não queria que a esposa saísse correndo como a criatura selvagem que era.
Queria domá-la.
O pensamento fez com que o coração dele batesse ainda mais depressa, mas Rony obrigou-se a respirar com naturalidade enquanto pegava a escova. Hermione estava permitindo que ele cuidasse dos maltratados cabelos dela. Era apenas isso, procurou se convencer, embora a simples idéia de tocar naqueles cabelos quase o deixasse sem fôlego. Procurando esconder a ansiedade ele fez um gesto para a grossa pele estendida no chão e, depois de um momento de hesitação, Hermione se sentou ali. Rony foi pegar um banquinho e o pôs no chão às costas dela. Engoliu em seco e, por alguns instantes, ficou olhando para a esposa, que mantinha a cabeça abaixada. Hermione estava dando uma enorme prova de confiança ao ficar de costas para ele e Rony jurou que ela não se arrependeria.
Sentando-se no banquinho, esqueceu-se do juramento tão rapidamente quanto o tinha feito, ao ver que finalmente realizaria o que havia se tornado uma obsessão. Em desarranjo, os cabelos dela caíam diante dele e o que Rony pensava não tinha nada a ver com o ato de penteá-los. O que ele queria era esconder o rosto naquela massa escura de diferentes tonalidades, enfiar os dedos ali e afastar as mechas para beijar Hermione no pescoço, nos ombros…
Rony respirou fundo, procurando se conter. Fixando a atenção na massa de cabelos da esposa, ergueu a escova e procurou usá-la sem tocar em Hermione. Era impossível. Os fios estavam terrivelmente emaranhados e logo na primeira escovada ele encontrou um nó difícil de desembaraçar. Procurou desfazer aquele nó com os dedos, com muito cuidado, mas era um trabalho demorado. Procurando trabalhar o mais longe possível da cabeça dela, às vezes dava puxões no couro cabeludo.
- Talvez seja melhor eu cortar esses nós. - disse.
Hermione moveu-se bruscamente para a frente.
- Não! Se usar a tesoura você se arrependerá! - ameaçou, levantando-se.
Rony caminhou até a porta e pediu a uma serva que fosse buscar água e uma pequena bacia. Surpreendentemente, Hermione não disse nada em contrário. Mesmo assim ele não quis perder tempo para que ela não mudasse de idéia. Voltou ao banquinho e pôs-se a trabalhar no mesmo nó, primeiro com os dedos e depois com a escova, soltando os fios da melhor maneira possível. Finalmente conseguiu fazer com que a escova percorresse livremente aquela região dos cabelos dela e suspirou, contendo a respiração quando a ponta da mecha caiu no colo dele. Imediatamente o sexo ficou ereto e ele olhou para a mecha de vistosa cor que tinha sobre as coxas como algo que houvesse secretamente desejado.
Teria ficado eternamente ali, naquele estado de contemplação, se a porta não se abrisse. Rony olhou para a serva e mexeu-se no banquinho, um tanto sem jeito, pedindo que a bacia fosse colocada ao lado dele. Depois que a moça saiu, posicionou a vasilha de madeira sobre o banquinho e pôs lá dentro os cabelos de Hermione. Embora a interrupção houvesse servido para que ele recobrasse o controle, sentiu as mãos trêmulas quando começou a enfiar os dedos na massa espessa, molhada e macia.
- Incline a cabeça para trás. - ordenou Rony.
Hermione obedeceu sem protestar, agora parecendo em estado de sonolência. Estava até com os olhos fechados quando ergueu a cabeça e expôs o rosto de pele muito branca.
Procurando se concentrar no que fazia, Rony começou a esfregar nos cabelos dela o sabão aromático presenteado a eles por Gina. Por mais que procurasse afastar a mente do que faziam as mãos, isso era impossível. Os fios que manuseava eram macios e pareciam cheios de vida. Senti-los nas juntas dos dedos era algo incrivelmente erótico. Inspirando a doce fragrância floral que subia do sabão, misturada com o pungente cheiro de Hermione, Rony sentiu-se tonto.
Percebeu então que nunca tinha tido tanta intimidade com uma mulher, nem mesmo com aquelas com quem havia se deitado. Nunca pensaria nisso, mas o simples ato de lavar os cabelos da esposa era mais erótico e excitante do que qualquer coisa que já tivesse feito com alguma outra.
Talvez ela tivesse razão e ele estivesse enlouquecendo. Depois de pegar um pano, Rony tirou os cabelos molhados de Hermione da bacia e começou a enxugá-los. Entendia por que ela não queria cuidar da cabeleira: obviamente, levaria muito tempo para secá-la. Devia ter começado aquele trabalho pela manhã, e não à noite, pensou Rony, sentindo o coração bater muito depressa quando várias imagens surgiram na mente dele. Hermione indo para a cama, os cabelos lisos e úmidos tocando no corpo nu dele, nas mãos, na boca…
Soltando um gemido, Rony espremeu o pano na bacia e pegou um outro, seco, que usou para passar nos cabelos de Hermione até que eles parassem de pingar. Acabou molhando as próprias roupas e, embora estivesse fazendo calor, ficou trêmulo. Não estava com frio, mas sim com muito calor, e sentiu uma súbita vontade de tirar a túnica. Irritado por não saber se controlar, jogou no chão o pano. Havia querido aquilo e agora devia sofrer as conseqüências sem reclamar. A ironia era que aquele tormento era mais horrendo do que qualquer coisa que Hermione pudesse ter pensado em fazer contra ele.
E ela não sabia disso.
Rony abaixou os olhos para a esposa e respirou fundo. Ela ainda estava com os olhos fechados, o rosto alvo mais relaxado do que nunca, mais até do que durante o sono. E não mais demonstrava preocupação em esconder dele as feições. Rony não dava importância ao que as outras pessoas vissem em Hermione ou deixassem de ver. Ela era linda. E confiava nele. Torturado pelo sentimento de culpa, Rony sufocou sem piedade os desejos mais básicos. Não era uma criatura que agisse por impulso. Se a mente não pudesse controlar o corpo, então ele não era melhor do que um animal, havia se instruído para nada. Trincando os dentes, Rony voltou a se sentar e soltou um gemido de dor quando o sexo protestou.
Ignorando aquilo, pegou novamente a escova e concentrou-se em desembaraçar os cabelos da esposa. Continuou a trabalhar em silêncio, incapaz de falar coerentemente, enquanto a noite ia passando, até que finalmente pôde passar a escova do alto da cabeça de Hermione até as pontas da cabeleira, sem interromper nenhuma escovada.
Então levantou-se. Queria jogar a escova a um canto do quarto e enfiar as mãos naqueles cabelos, mas deixou os braços caídos ao longo do corpo e recuou. Com certo espanto, ficou admirando o trabalho que acabava de fazer. Pela primeira vez desde que se lembrava, via os cabelos de Hermione inteiramente lisos, caindo em toda a sua extensão. E era uma visão tão bela que nem os irmãos dele poderiam negar isso.
A luz da vela iluminava as longas madeixas, uma vibrante mistura de canela e pimenta que causaria inveja a qualquer mulher, observou Rony enquanto ajudava Hermione a se erguer. Quando se levantou ela abriu os olhos com uma expressão de surpresa, como se despertasse de um sonho, antes que os mesmos olhos se apertassem com a cautela de sempre.
Rony suspirou e afastou os olhos do que não queria ver. Podia se orgulhar do que tinha feito, mas seria só isso. Querer alguma coisa a mais certamente resultaria em desastre.
Agradecimentos especiais:
Raquel Pereira: O Serle se ferrou bonito, e o Rony sendo cuidadoso com a Mione. As surpresas se multiplicam enquanto a Mione fica mais dócil. Beijos.
(-( Duda Pirini )-): Com certeza um mecanismo de defesa para se proteger do pai. Espero que tenha gostado do capitulo, a Mione já está se entregando ao Rony. A mancada nem vai ser tão grande assim, mas vai atingir o orgulho da Mione. Vi o link da sua nova longa, vai ser em Hogwarts, mas vai ter magia no meio? Beijos.
Clara Eringer: Foi realmente um golpe baixo o que o Serle tentou fazer, mas o Rony o botou no lugar, a Mione viu que o marido é diferente e já começou a mudar. Mas nem tudo é perfeito e coisas ruins ainda esperam pelos dois nos próximos capítulos. Beijos.
Julie Malfoy: a Mione mudou radicalmente nesse ultimo capitulo, agora ela vai ficar mais doce e ver que o Rony é diferente os outros homens, e a ccoisa vai esquentar no próximo capitulo. Beijos.
Bianca: A mancada do Rony não vai ser essa não, vai ser mais pessoal mesmo, uma coisa que ele nunca nem mesmo sonharia, e vai ser sem querer, mas no próximo capitulo a curiosidade já vai ser saciada. Beijos.
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