Os sentimentos dela





Ouvia vozes ao seu redor. Apenas abrir os olhos parecia uma missão impossível. Inspirou profundamente sentindo o ar entrar em seus pulmões como se não respirasse há séculos. Isso pareceu atrair a atenção de seja lá quem estivesse ali, porque Gina ouviu as vozes silenciarem instantaneamente.
Reunindo todas as forças que conseguiu, abriu os olhos. Piscou algumas vezes tentando se acostumar com a luz.
Gina viu muitos pares de olhos a observando. Um pouco desanimada, percebeu que estava na Ala hospitalar de novo. Se apoiou nos próprios braços tentando se sentar na cama e sentiu alguém ao seu lado direito a ajudando. Olhou para a pessoa e viu que era Harry.
Seus olhares se encontraram por menos de um segundo, pois Gina rapidamente os desviou para as outras pessoas que estavam na sala. Ela sorriu ao ver toda a sua família ali: seus pais, Gui, Carlinhos, Percy, Fred, Jorge, Rony e Hermione. A encaravam preocupados e ao mesmo tempo parecendo muito aliviados. Os olhos da Sra. Weasley se encheram de lágrimas ao abraçá-la.
- Oh, querida, como você está? - perguntou ela acariciando seu rosto.
- Estou ótima, mamãe. - disse sorrindo.
Todos sorriram e vieram abraçá-la. Estava se sentindo imensamente aliviada de ter conseguido escapar, mas queria saber o que tinha acontecido. Lembrava de tudo, claro, mas não sabia como tinha acontecido.
- Tem certeza que está bem? - perguntou seu pai.
Ela apenas assentiu. Seus olhos mais uma vez encontraram com os de Harry, mas agora ela não fez questão de desviá-los. Se sentia até melhor, apenas com aquele contato de seus olhos. Ela deu um pequeno sorriso, que ele retribuiu do mesmo modo. Mas não era a mesma coisa.
Ela conhecia todos os sorrisos de Harry. Tinha tido muito tempo apenas o observando e podia dizer que conhecia cada expressão de seu rosto.
Conhecia o sorriso de quando ele estava realmente feliz. O sorriso triste, onde ele tentava disfarçar a tristeza. O sorriso preocupado, onde ele tentava esconder suas preocupações para não preocupar mais ninguém. O sorriso tímido, quando ficava sem jeito. O sorriso idiota, que ela sabia que era o que ele dava a Cho.
Muitos sorrisos. Para ela, mesmo os mais simples, todos eram lindos.
Mas o sorriso que Harry lhe deu agora, ela nunca tinha visto antes. Tinha um brilho nos olhos dele que ela não conseguiu decifrar. Sentiu-se ser abraçada por todos, menos por ele. Ele ficou apenas a observando em silêncio, do lado direito da sua cama.
- É isso aí. - ela ouviu Fred dizendo de muito longe e se esforçou a voltar para o mundo real, encarando o irmão.
- Ninguém pode com a Gininha. - disse Jorge, feliz.
Ela sorriu com a brincadeira, balançando a cabeça. Um pensamento lhe ocorreu. Será que todos sabiam o que tinha acontecido na Câmera? Será que sabiam porque tinha sido levada até lá? Será que Harry a perdoaria por tê-lo beijado sem que ele quisesse? Mas não tinha outro jeito. Na hora tinha sido a única coisa em que pensou. Tudo que queria era tirá-lo daquele lugar e tinha conseguido.
- Gina, querida, o que aconteceu?
A pergunta da mãe pareceu esclarecer algumas de suas dúvidas. Os outros também olharam pra ela como se perguntassem a mesma coisa e ela deduziu que provavelmente não sabiam de nada.
- Er... eu... - ela olhou para Harry, como que pedindo ajuda, mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa, outra pessoa falou.
- Com licença. - disse Snape. Todos olharam para a porta, onde se encontrava Snape parecendo muito contrariado de estar ali. - O diretor deseja falar com todos vocês que vieram aqui ver a Srta. Weasley.
Gina franziu a testa. Os Weasley olharam de um para o outro e acompanharam Snape, restando na enfermaria apenas Harry, Gina, Rony e Hermione.
Os quatro se entreolharam. Gina se remexeu na cama um pouco incomodada.
- O que será que aconteceu? - perguntou Rony.
- Não sei. - respondeu Hermione.
O silêncio reinou na sala. Gina, agora completamente distraída, se permitiu observar Harry. Ele estava um pouco pálido, mas não tinha mais nenhum sinal dos ferimentos causados pela maldição. Olhando para si mesma, ela percebeu que também não tinha.
- O que aconteceu? - perguntou ela franzindo a testa. - Quer dizer... nós saímos da câmara e o que aconteceu? Quanto tempo faz?
Os três se entreolharam.
- Faz... duas semanas. - disse Hermione, hesitante.
Gina arregalou os olhos.
- O quê? Como assim duas semanas? - perguntou espantada.
- Quanto tempo você achou que fosse? - perguntou Rony.
- Não sei, pensei que tivesse sido ontem, no máximo dois dias, mas duas semanas... Porque eu fiquei tanto tempo desacordada?
- Não sabemos. - respondeu Hermione. - Todos estavam muito preocupados porque você não queria acordar. Dumbledore disse que você precisava descansar.
- Eu nunca vi alguém descansar por duas semanas. - comentou Rony. - Você devia mesmo estar muito cansada. Mamãe já estava começando a pensar que você nunca mais ia acordar.
- É, mas o Dumbledore garantiu que você iria acordar. - continuou Hermione. - Ele disse que você apenas deveria recuperar as energias.
- Afinal de contas, o que você fez? - perguntou Rony. - Em quê, exatamente, você gastou tantas energias?
Gina corou levemente e deliberadamente evitou os olhos de Harry.
- Eu... nada. - disse atrapalhada. - Quer dizer, eu não sei...
- Sei... - disse Rony desconfiado.
- E vocês? - perguntou Gina tentando contornar a situação. - O que ficaram fazendo em Hogsmeade, andando por um lugar tão grande, completamente sozinhos, sem ninguém para atrapalhar o maravilhoso passeio, que eu tenho certeza que foi maravilhoso?
Harry riu das palavras da ruiva enquanto Rony e Hermione coravam.
- Eu não... nós... - gaguejou Rony. - Quer dizer...
- O quê? - perguntou Gina, agora surpresa e ansiosa. - Se está com esse suspense todo, então realmente aconteceu alguma coisa. Fala, Hermione.
- Ahn... er... Droga, Gina! - disse Hermione extremamente vermelha, enquanto Harry ria.
- Er... eu vou... esperar os outros, tchau. - disse Rony saindo correndo da enfermaria.
- Eu também. - disse Hermione o seguindo rapidamente e fechando a porta atrás de si.
Gina olhou um pouco espantada para a porta por onde os dois tinham saído e voltou seu olhar para Harry.
- O que aconteceu? - perguntou curiosa.
Ele sorriu, sentando-se na beirada da cama.
- O que aconteceu eu não sei, mas acho que eles se acertaram. - disse Harry. - Quando eu estava te procurando lá em Hogsmeade...
- Você estava me procurando? Quando? - interrompeu ela.
- Depois que eu tinha saído da Dedos de Mel com a Cho, nós acabamos brigando e eu tinha voltado pra lá, mas não te encontrei. Fui até o Três Vassouras e vi os dois lá, rindo abraçados. Eu perguntei a eles se tinham te visto e...
- Você interrompeu os dois? - perguntou ela. - Eu não acredito que depois de todo o trabalho que nós dois tivemos, quando eles estão se entendendo, você chega e os atrapalha, Harry.
- Eu precisava te encontrar. - disse ele se justificando. - E os dois me ajudaram a te procurar. Nós três saímos te procurando e...
- Mas porque estavam me procurando?
- Bom, estávamos preocupados.
- Sei. - falou ela. - O que aconteceu, Harry? Digo, depois que eu desmaiei... o que aconteceu depois disso?
- Eu não sei bem... - começou ele. - Depois que você desmaiou, eu também desmaiei.
- Sério? - perguntou ela surpresa. - E quando foi que você acordou?
- Dois dias depois.
- Bom, pelo menos não foram duas semanas. - disse suspirando. - E depois?
- Todos acham que você foi levada para a Câmara para me atrair até lá. Eu não me dei ao trabalho de desmentir. Além do mais, eu estava mais preocupado com você, que não queria acordar de jeito nenhum.
Gina sorriu.
- Que bom que você acordou. – continuou ele. – Me deixou bem preocupado.
- Desculpe. – pediu ela.
Harry sorriu e a abraçou. Ela não sabia o que ele estava pensando, mas isso a deixou um pouco mais aliviada. Estava surpresa que ele ainda não tivesse tocado no assunto do beijo. Não sabia se isso era bom ou ruim. Não saberia o que dizer.
- Eu não queria preocupar ninguém, muito menos você. Acho que já tem problemas o suficiente sem mim, e eu só te atrapalho, então...
- Gina, você não me atrapalha em nada. – interrompeu Harry, se afastando e a encarando. – Eu só não entendo porque você não queria que eu fosse até lá.
- Não queria que você se machucasse. Eu estava certa, era uma armadilha.
- Mas eu não quero que faça mais isso.
- O quê?
- Se arriscar pra me salvar. – respondeu Harry. – Não quero que faça mais isso, não vale à pena.
- Eu acho que vale à pena salvar sua vida. – disse ela, o encarando seriamente.
Harry não retrucou.
- E então? O que mais aconteceu? – perguntou ela, tentando aliviar a tensão.
- Dumbledore ainda não falou nada. - respondeu Harry. - Acho que ele estava esperando você acordar.
- Mas o que ele quer falar com os outros? Ele vai dizer a verdade?
- Não sei.
- Eu não me importo deles saberem. - disse sinceramente. - E mais alguém sabe o que aconteceu lá na Câmara?
- Snape.
- Quê? - perguntou espantada.
- Ele estava lá, lembra? Ele viu tudo que aconteceu e contou ao Dumbledore.
- Tudo? - perguntou corando levemente.
- Tudo. - disse Harry.
- E o Malfoy?
Harry fez uma careta.
- Está ótimo. Ele apenas recebeu algumas detenções, afinal não foi culpa dele, pelo menos não tudo.
Gina assentiu, ficando em silêncio logo em seguida. Não sabia realmente o que sentir naquele momento. Queria que Harry ficasse longe, mas ao mesmo tempo perto. Queria que ele não fizesse perguntas, mas ao mesmo tempo queria lhe explicar tudo. Queria poder amá-lo livremente, sem culpa, mas ao mesmo tempo esquecê-lo.
Harry levantou da cama suspirando e andou até a janela observando os alunos que descansavam no jardim. Parecia tão indeciso quanto ela.
- Gina... - chamou ele.
- Hum?
- O que aconteceu? - perguntou ele.
Gina sentiu o coração bater mais acelerado no peito. A pergunta não podia ser mais específica, até porque ela sabia do que ele estava falando e não tinha outro jeito de se fazer aquela pergunta, pelo menos não pra ela.
Sabia que mais cedo ou mais tarde, ele iria querer saber de tudo. Ela tinha falado, tinha dito claramente que não o tinha esquecido. Podia negar, dizer que era tudo um grande engano, que ele era apenas seu melhor amigo. Assim ele se sentiria livre para ficar com Cho. Mas porque ela faria isso?
Sabia que não conseguiria fugir por mais tempo do sentimento que tinha desde os dez anos. O que poderia acontecer se dissesse a verdade? Respirou fundo tentando tomar coragem, mas a pouca coragem que conseguiu reunir, simplesmente não a deixou olhar para Harry. Ficou olhando fixamente para algum lugar no chão.
- Acho que nós dois sabemos o que aconteceu... mas eu não sei como. – disse em voz baixa.
Silêncio. Gina não conseguia olhar para ele, por mais que quisesse.
- Mas sabe porque.
Não era uma pergunta. Era uma afirmação e Gina sabia disso. Inspirou mais uma vez.
- Acho que sim.
Ela ouviu Harry suspirar mais uma vez.
- E... porque antes de Voldemort lançar a maldição, você me pediu desculpas?
- Eu pedi desculpas... pelo que eu ia fazer. - respondeu ela.
Ela sentiu que Harry a observava, provavelmente confuso, mas ela não teve coragem de olhar pra ele para ter certeza.
- Então você... sabia o que fazer? - perguntou ele.
O tom de sua voz demonstrava tanto confusão quanto incredulidade.
- Sim... e não. - respondeu. - Eu não sabia se daria certo...
- E... porque me pediu desculpas... depois? - perguntou ele. - Antes de desmaiar.
- Pelo que eu fiz. - respondeu com simplicidade.
Novamente silêncio. Gina tinha a impressão de que Harry poderia ouvir as batidas do seu coração, de tão forte que estava.
- Eu não entendo. - declarou ele depois de alguns minutos de silêncio.
Gina sorriu tristemente.
- Eu também não. - disse ela.
- O que você quis dizer quando falou que tinha tentado, mas não tinha conseguido?
- Eu quis dizer... que eu não tinha conseguido mesmo.
Gina já estava começando a sentir raiva dos momentos de silêncio. Ela ouviu passos. Sentiu quando Harry sentou a sua frente na cama e se obrigou a olhar para ele. Se é que era possível, seu coração pareceu bater ainda mais forte ao encarar aqueles olhos verdes que tanto amava. De alguma forma, aquele olhar fez com que ela tivesse coragem pra continuar a falar. Mas agora o encarando firmemente. Era agora.
- Eu tentei... mas falhei miseravelmente. - começou com a voz um pouco embargada. - Eu juro que eu tentei... Eu queria esquecer... Todos esses anos tudo que eu tenho feito é tentado te esquecer, Harry. Eu queria me convencer de que o que eu sentia era apenas amizade, admiração, coisa de criança... Sempre me mantive longe de você tentando apagar isso... você não sabe como era difícil... o quanto doía...
Ela sentiu algumas lágrimas escapar de seus olhos e continuou sem lhes dar atenção. Agora que já tinha começado a falar, parecia até mais fácil falar tudo.
- Todos esses anos eu construí uma barreira ao redor do meu coração tentando impedir esse sentimento, mas ele sempre foi mais forte do que eu, sempre foi muito maior do que a minha vontade de esquecer. No final do ano passado, eu estava convencida de que tinha conseguido... Eu pensei que sim, mas lá no fundo eu acho que sempre soube que estava me enganando mais uma vez. Depois disso, não fazia sentido ficar longe de você. Se eu já tinha te esquecido porque eu faria isso? Nós fomos nos aproximando aos poucos. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. Quanto mais você se aproximava de mim... cada olhar... cada sorriso... cada toque... tudo que você fazia, parecia destruir uma parte da barreira que eu tinha levado anos para construir. Quando eu me dei conta... ela não existia mais e eu... Eu descobri que nunca deixei de te amar. Em pouco tempo... você destruiu o que eu tinha levado anos para construir... Por isso eu não queria que você fosse atrás de mim... Eu te amo demais... e não conseguiria viver sabendo que você estava morto por minha culpa. Eu não conseguiria nem viver.
Ela terminou e ficou calada, apenas o encarando. Queria ver o peso que todas aquelas palavras tinham sobre Harry, mas ele sabia esconder seus sentimentos muito bem. Ele apenas a fitou demoradamente. Parecia estar escolhendo as palavras que usaria cuidadosamente.
- Eu... - começou Harry.
- Srta. Weasley, seus pais me disseram que acordou.
Os dois deram um pulo de susto e olharam rapidamente para a porta. Madame Pomfrey entrava sorridente, sem notar o clima tenso no ar ou as lágrimas, que Gina secou rapidamente.
- Como está se sentindo? - perguntou a mulher.
- Estou ótima. - respondeu tentando sorrir.
Harry se levantou da cama e andou até a janela. Gina o seguiu com os olhos, apreensiva. Ele respirou fundo e quando voltou a olhar para ela, tudo que falou foi:
- Depois eu volto, Gina.
E saiu. Gina ficou olhando um pouco embasbacada para a porta. Depois balançou a cabeça tentando colocar tudo em ordem e voltou a olhar para Madame Pomfrey, que falava sem parar.
- Todos ficaram muito preocupados. - dizia ela. - Sua mãe quase teve um ataque durante cada dia que a senhorita não acordava. Nunca pensei que um estudante pudesse freqüentar tanto a enfermaria de Hogwarts.
Gina sorriu. “Provavelmente ainda vou vir muitas vezes.”, pensou ela, lembrando de tudo que tinha descoberto.
- O Sr. Potter também. - continuou, fazendo Gina voltar sua inteira atenção para ela. - Ele quase não saiu do seu lado. Se ninguém trouxesse alguma coisa para ele comer e beber, provavelmente quem morreria era ele.
- Quê?
- Isso mesmo. - confirmou Madame Pomfrey sorrindo. - Ele ficava aqui do seu lado segurando na sua mão. Quase não dormia e quando dormia, era aqui mesmo, nesse lugar. Ele deve gostar muito de você.
- Hum. – fez ela. - E quando eu posso sair daqui?
- Bom, acho que a senhorita já descansou demais, não é? - perguntou ela sorrindo. - Pode sair amanhã. Depois de amanhã é o último dia do ano letivo, tem o baile e...
- Já? - perguntou Gina surpresa. - Quer dizer, não o fato de sair amanhã, por mim eu saía agora. Mas o baile já é depois de amanhã?
- Sim.
- Nossa, eu perdi completamente a noção do tempo. - disse admirada.
- E a senhorita já tem par, imagino?
- Er... acho que sim. - disse sem ter muita certeza.
- Acha?
- Nós meio que... não estamos muito bem. - disse triste.
- Brigaram?
- Não... pior do que isso. - suspirou ela. - Se tivéssemos apenas brigado, já teríamos feito as pazes, mas não é isso... É muito mais complicado.
- É o Sr. Potter?
Gina olhou para ela meio surpresa.
- É... como sabe?
Madame Pomfrey riu.
- Oh, minha querida. O ano inteiro eu vi vocês dois juntos. O desespero dele todas as vezes que a senhorita estava desacordada aqui nessa cama. Seja lá o que tenha acontecido, eu tenho certeza que vocês vão se entender rapidinho. A amizade, ou em alguns casos, o amor, é algo muito valioso e não se deve perder por besteiras como desentendimentos.
- Mas não foi um desentendimento. - disse ela. - Foram apenas verdades. Verdades que foram escondidas por anos, porque eu fui burra o suficiente para ter medo de um sentimento... e agora ele pode nunca mais querer falar comigo.
- Eu tenho certeza que vai dar tudo certo, querida. - disse Madame Pomfrey sorrindo. - No fim tudo dá certo.
Gina suspirou.
- O fim está muito longe? - perguntou ela. - Porque eu não sei se vou conseguir seguir em frente sabendo que eu magoei a pessoa que eu mais amo na minha vida.
- As pessoas que nos amam de verdade sempre nos perdoam, seja lá o que tenhamos feito. E eu tenho certeza que você não deve ter feito nada muito grave.
- Sei. - falou tristemente. - Eu sei que ele deve estar confuso, mas eu também estou. Fui eu que passei por tudo. Toda a dor de me apaixonar por ele, a dor de saber que ele nunca me notaria, a dor de tentar esquecê-lo, a dor de me apaixonar novamente por ele, a dor de não poder estar perto dele... a dor de ter contado tudo isso a ele... isso não foi fácil.
- Eu tenho certeza que ele gosta muito de você, Gina.
Gina olhou para a mulher um pouco surpresa. Ela nunca havia a chamado pelo primeiro nome em todas as suas “visitas” a Ala hospitalar. Sorriu.
- Obrigado, Madame Pomfrey. - disse sinceramente, tentando enxugar as lágrimas que insistiam em cair.
- Ora, eu não fiz nada de mais. - disse a mulher sorrindo.
- Me escutou e isso já é o suficiente.
A mulher sorriu mais uma vez e a abraçou carinhosamente.
- Obrigado de novo. - agradeceu ela.
A mulher se separou dela e sorriu com lágrimas nos olhos.
- Não precisa agradecer. Agora é melhor descansar. Amanhã, a senhorita já poderá ir, Srta. Weasley. - disse ela.
- Madame Pomfrey, pode me chamar apenas de Gina. - disse sorrindo. - Nós já somos íntimas o bastante para isso. Até porque eu acho que essa não vai ser minha última visita para a senhora.
- Imagino que não, Srta. Weasley.
Ela olhou depressa para a porta e viu Dumbledore sorrindo serenamente. Harry estava ao seu lado, mas Gina não conseguia saber o que o brilho nos seus olhos significava. Ela respirou fundo, enxugando os olhos, se preparando para escutar tudo que o diretor iria falar.

Continua...

N/A: Oi de novo, gente. Como já devem ter percebido depois de ler isso aqui, a Gina pediu desculpas antes porque ia beijá-lo e pediu desculpas depois por tê-lo beijado, entenderam?

Agradeço a todos os comentários e desculpem por deixar vocês curiosos, ok? Vocês estão até com sorte. Esse feriado eu ia viajar com a minha família para o interior e ia passar quase uma semana fora, ou seja, mais de uma semana sem postar. Mas acabou não dando certo, porque... eu nem sei porque, não perguntei pra minha mãe :x

Espero que tenham gostado desse capítulo.

BEIJOS!

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