A suposta namorada de Harry

A suposta namorada de Harry



Quando Harry chegou ao salão principal, Rony e Hermione já estavam tomando café. Os dois estavam lendo o Profeta diário parecendo preocupados e Harry ficou surpreso que não estivessem discutindo. Harry andou até eles e reparou que muitas pessoas o olhavam e cochichavam umas com as outras. Sentou na frente deles. Os amigos tiraram os olhos do jornal e o encararam quase que cautelosamente.
- Bom dia. – ele disse começando a se servir.
- Bom dia, Harry. – falou Hermione parecendo nervosa. – Você... Er... onde você estava?
- Passei na ala hospitalar. – respondeu simplesmente. – Precisava falar com a Gina.
Rony e Hermione se entreolharam.
- Harry... – começou Rony. – Eu vou te fazer uma pergunta e quero que você me responda com sinceridade.
- Rony, não. – sussurrou Hermione em tom urgente.
Rony a ignorou completamente.
- Tudo bem. – concordou Harry um pouco assustado com a seriedade do amigo.
- O que você tem com a minha irmã? – perguntou sendo direto.
Harry ficou tão surpreso com a pergunta que quase caiu do banco.
- Quê? – perguntou Harry quase gritando.
Hermione balançou a cabeça. Rony continuava o encarando insistentemente e Harry estava com a boca ligeiramente aberta.
- O que eu tenho com a sua irmã? – perguntou só pra ter certeza se tinha ouvido direito.
- Sim. – confirmou Rony firme.
- A Gina? – perguntou tolamente, sem acreditar.
- Quantas irmãs eu tenho, Harry? – perguntou Rony em tom irritado.
Harry se mexeu desconfortavelmente no banco, incomodado com os olhares e os cochichos que ele desconfiava que eram sobre ele.
- Rony, eu não tenho nada com a sua irmã. – disse sério, balançando a cabeça como se isso fosse uma idéia absurda.
- Então porque vocês ficam andando pra cima e pra baixo juntos como se tivessem alguma coisa? – perguntou o ruivo.
- Rony, eu e Gina somos só amigos. – disse Harry cada vez mais incrédulo.
- Mas até ano passado, vocês nunca tinham trocado nem quatro palavras um com o outro. – Rony retrucou.
Harry respirou fundo.
- Esse ano é diferente. – disse ele.
- Diferente? – perguntou Rony. – O que tem de diferente esse ano? Ela ainda é Gina Weasley, a caçula de sete filhos, a única menina da família, a garotinha que você nunca tinha notado que existia, a ruiva mais perigosa do mundo. O que mudou esse ano?
- O que você quer dizer com “a ruiva mais perigosa do mundo”? – perguntou Harry sem entender.
- Qualquer dia eu te explico, isso se você não descobrir sozinho. – disse ele impaciente. – Agora, responda. Porque é diferente?
- Eu não sei. – ele disse sinceramente. – Nós nos aproximamos esse ano e nos tornamos muito amigos. Mas eu juro que é só isso.
Rony continuou o encarando.
- E onde vocês estavam na semana passada quando sumiram o dia todo e ninguém conseguia encontrar vocês? Só voltaram de noite e depois foram dormir dizendo que estavam cansados.
- Eu não posso dizer. Olha, Rony. – começou ele com uma paciência inexistente. – Eu não tenho nada com a Gina, ela é sua irmã. Pra mim ela é como...
Mas para surpresa de Harry, sua voz foi morrendo. Ele não sabia o que dizer. Gina não era nada do que Rony estava pensando, certo? Ela era uma amiga, mas não era uma simples amiga. Seus amigos eram Rony e Hermione. Com Gina era... diferente. Não podia dizer que ela era como uma irmã, porque isso ele sentia por Hermione. Não podia dizer que ela era sua melhor amiga, porque esse era Rony. Ele simplesmente não fazia idéia do que Gina era para ele, mas sabia que ela era especial.
- Como o quê? – perguntou Rony ao vê-lo calado.
Harry saiu de seu transe e voltou a olhar para o amigo.
- Eu não sei, Rony. – disse ele. O ruivo ergueu as sobrancelhas e ele continuou. - Eu simplesmente não faço idéia, mas eu te garanto que nós não temos nada.
Ele não sabia se Rony tinha entendido, mas ele ficou calado depois disso. Harry olhou ao redor e percebeu que as pessoas ainda cochichavam e apontavam para ele de vez em quando.
- Qual é o problema dessa gente? – perguntou irritado. – Porque não param de olhar pra mim? O que eu fiz dessa vez pra ser a atração principal?
Rony e Hermione não responderam, ficaram olhando para o prato de comida calados.
- O que vocês...
- Harry!
Ao escutar a voz de Gina ecoar na sua cabeça, Harry deu um pulo no banco e quase caiu, atraindo vários olhares.
- Harry! – exclamou Hermione assustada. – Você está bem? O que foi?
- Nada, Mione. – disse ele depressa. – Eu estou bem.
- Tem certeza? –insistiu Rony.
- Tenho, estou bem. – falou Harry.
Harry se ajeitou no banco.
- Harry! - ela chamou novamente.
- Gina? - pensou Harry achando aquilo muito estranho. – Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu. - ela respondeu parecendo irritada.
- O quê? Você está bem?
- Estou ótima.
- O que aconteceu?
- Eu quero que você venha aqui.
- Porque?
- Agora, Harry!
Harry riu.
- Estou indo.
Rony e Hermione olharam pra ele como se Harry fosse louco.
- Harry, tem certeza que está bem? – perguntou Hermione preocupada.
- Estou ótimo, Mione. – ele respondeu. – Porque?
- Bom, você estava aqui parado com um olhar vidrado. – respondeu ela. – E agora está rindo sozinho.
- Eu estou ótimo. – Harry repetiu enquanto se levantava.
- Aonde você vai? – perguntou Rony.
- Eu vou até a Ala hospitalar. – ele respondeu.
- De novo? Você não veio de lá?
- Sim, mas a Gina quer falar comigo. – disse sem pensar.
- O quê? – perguntou Hermione. – Como você sabe que ela quer falar com você?
Harry percebeu a besteira que fez. Não podia dizer aos amigos que estava conversando com Gina mentalmente. Provavelmente, eles não acreditariam e diriam que ele estava louco. Pelo menos era o que Harry faria se dissessem a mesma coisa a ele. Tentou consertar.
- Não, ela não quer falar comigo. – disse atrapalhado. – Quer dizer, ela quer, ela está falando comigo, digo... Eu quero falar com ela.
Harry achou que agora decididamente, os amigos achavam que ele era louco. Rony e Hermione o encaravam com uma cara que era uma mistura de pena, aflição e confusão que Harry achou bem engraçada.
- Eu tenho que ir. – disse ele e apressou o passo para fora do salão.

***

Harry abriu a porta da Ala hospitalar e a primeira coisa que viu foi uma Gina muito vermelha gritando com os seus irmãos, Fred e Jorge.
- Eu já disse que não é pra vocês se meterem na minha vida! – gritou ela furiosa.
- Gina, por favor, se acalme. – pediu Fred.
- É, Gina. – completou Jorge, com as mãos na frente do rosto como se Gina fosse atirar alguma coisa a qualquer momento e ele tivesse que se defender.
- Eu estou calma. – berrou ela em resposta. – Estou muito calma.
- Não parece. – disse Harry atraindo a atenção dos três. Ele andou até Gina. – O que aconteceu?
- E aí, Potter? – disse Fred em uma voz formal e fria. Harry estranhou. – Nós queríamos mesmo falar com você.
- Calem a boca. – berrou Gina. – Vocês não vão falar nada com o Harry, eu vou...
- Gin... – disse Harry segurando sua mão. – Calma...
Gina fechou os olhos e respirou lentamente. Fred e Jorge se entreolharam com a boca ligeiramente aberta e depois olharam para Harry.
- O que aconteceu, Gin? – Harry perguntou.
Gina abriu os olhos e encarou os irmãos, como se mandasse os dois saírem.
- Não vamos sair. – disseram ao mesmo tempo, entendendo o recado.
Harry sentiu Gina apertar a sua mão com mais força.
- Eu quero falar com o Harry. – ela disse perigosamente.
- Pode falar na nossa frente. – Fred falou cruzando os braços.
- Isso mesmo. – disse Jorge imitando o irmão.
Harry achou que não era uma boa idéia contrariar Gina naquele momento. Ela parecia prestes a explodir de tão vermelha. A luz da enfermaria piscou algumas vezes e Harry viu Fred e Jorge tremerem um pouco.
- Gin... – falou Harry lançando aos gêmeos um olhar que dizia claramente: “Ou saem ou ela os mata.”
Os dois saíram correndo e fecharam a porta logo em seguida. Gina soltou a mão de Harry delicadamente e se ajeitou melhor na cama. Depois olhou para ele e sorriu. Harry ficou impressionado de como ela podia mudar de humor rapidamente. Há menos de um minuto estava com uma expressão perigosa quase explodindo a cabeça dos irmãos, agora já estava sorrindo tranquilamente.
- E então? – perguntou ele sentando na beirada da cama. – O que aconteceu?
Gina respirou fundo e pegou um jornal que estava em cima da mesa-de-cabeceira. Ela lhe estendeu o jornal.
- Leia. – disse ela séria.
Harry olhou dela para o jornal que ela estendia e lentamente o pegou e começou a ler.

“O MISTÉRIO DE HARRY POTTER E SUA NAMORADA”
No ataque de ontem que ocorreu ao povoado de Hogsmeade, muitos comensais foram presos por aurores, mas dez desses comensais foram encontrados pelos aurores totalmente desacordados e nada conseguiu acordá-los ainda. Eles estavam desmaiados em frente à casa dos gritos. Quando os aurores chegaram lá, encontraram Harry Potter (15) ajudando sua namorada, que foi reconhecida como sendo Gina Weasley (14), a caçula dos Weasley e única menina da família. A pequena Weasley pode ter conquistado o coração do menino-que-sobreviveu a partir do episódio da Câmara secreta, no segundo ano do garoto, quando ele a salvou. Quando foi questionado sobre como conseguiu se livrar dos comensais, o Sr. Potter não respondeu e disse que precisava cuidar da namorada que estava machucada. Provavelmente os dois estavam juntos em Hogsmeade quando aconteceu o ataque. Mas fica a dúvida: Como Harry Potter conseguiu se livrar de dez comensais da morte? Teria usado magia negra graças a sua ligação com Você-sabe-quem ou usado magia acidentalmente para proteger a namorada?
Por Alex Skeeter”


Harry terminou de ler a matéria chocado e olhou para Gina. Ela estava o observando enquanto ele lia e tinha uma expressão estranha, que Harry não conseguiu distinguir o que significava.
- O que é isso? – ele perguntou incrédulo.
- Isso é uma mentira. – respondeu Gina. – Isso é uma grande mentira. Você acha que as pessoas vão acreditar?
- Acho que eles já acreditam. – falou Harry. – Todos estavam olhando pra mim quando eu estava no salão principal. E o Rony...
- O que tem o Rony? – perguntou Gina.
- Ele me perguntou umas coisas. – disse Harry.
Gina bufou.
- Idiota. – resmungou ela. – Os gêmeos que trouxeram o jornal. Queriam tomar satisfações.
- E o que você disse?
- O que você escutou. – ela disse. – Que eles não têm que se meter na minha vida.
- Eles acham que fui eu que fiz aquilo com os comensais. – falou Harry.
Gina o olhou preocupada.
- Desculpa, Harry. – pediu ela mordendo o lábio inferior num gesto de nervosismo.
- Porque? – perguntou Harry.
- Por tudo isso. – ela falou desviando o rosto. – Por fazer você passar por isso.
- Não foi sua culpa, Gina. – ele falou.
- E os comensais? Você acha que eles morreram? Eles ainda não acordaram, eu não sei o que eu fiz com eles, eu...
- Gina, calma. – pediu Harry a abraçando.
- Eu só te causo problema, não é? – ela perguntou.
- Claro que não, Gina. – falou Harry carinhosamente. – Isso não é sua culpa, eu não sei de onde eles tiraram essa história toda.
- Mas agora acham que você fez alguma magia negra.
- Eu nunca liguei para o que as outras pessoas falavam. – disse Harry. – Não é agora que eu vou começar. E eu não sabia que você ligava para as fofocas dos outros.
- Eu não ligo para o que os outros falam de mim. – ela retrucou. – Mas eles estão falando tudo isso de você por minha causa.
- Mas eu não ligo. – disse Harry. – E acho bem melhor que eles achem que fui eu, do que eles saberem que foi você. Se Voldemort souber disso você pode estar em perigo.
- Mas Voldemort já está atrás de mim, esqueceu? – perguntou Gina.
- Não, eu não esqueci. Nós temos que saber porque. E de onde eles tiraram essa história de namorada? – perguntou Harry olhando para o jornal.
- Você só pode estar brincando, Harry. – disse Gina arrancando o jornal das mãos dele. – O que eles quiseram dizer com “a pequena Weasley”?
Harry riu.
- Eu não sei se você percebeu Srta. Weasley. – disse ele divertido. – Mas você é pequena.
Gina se ofendeu.
- Eu não sou pequena. – disse ela se medindo com Harry. – Só um pouco, mas eu estou quase da sua altura, Harry.
- Quase, não está. – disse ele rindo.
Gina bufou e lhe deu um tapa no ombro.
- Cala a boca, Harry. – disse mau-humorada. – E quem diabos é Alex Skeeter?
- Deve ser parente da Rita Skeeter. – disse Harry com desdém.
- Eu não acredito que as pessoas vão acreditar nesse cara. – falou Gina.
- Se o Rony acreditou, eu não duvido que todos acreditem.
- Mas nós sabemos que é mentira, isso é o que importa. – ela disse.
A porta se abriu nesse instante e por ela entrou a professora Minerva e a enfermeira madame Pomfrey. As duas tinham expressões sérias e preocupadas.
- Bom dia, Potter. Bom dia, Srta. Weasley. – disse a professora os olhando com preocupação.
- Bom dia, professora. – disseram os dois em uníssono.
- O professor Dumbledore quer falar com vocês. – ela disse. - Os dois tem que ir até a sala dele agora.
- Mas e a Gina? – perguntou Harry apontando para o pé da garota.
- Ela já pode ir. – disse Madame Pomfrey prontamente e com um aceno da varinha as faixas do pé de Gina sumiram.
Harry estendeu a mão para ajudá-la a levantar. Ela sorriu e aceitou sua mão ficando de pé logo em seguida.
- Está ótimo. – disse olhando para o pé que não estava mais vermelho e inchado. – Obrigada, Madame Pomfrey.
- Fiz o meu trabalho, Srta. Weasley. – disse ela sorrindo. – Eu disse que a sopa ajudaria.
- Agora vocês podem ir. – disse a professora.
Harry e Gina assentiram e saíram da enfermaria fechando a porta em seguida.
- Até parece que eu tomei aquela água suja e ela ajudou a me recuperar. – resmungou Gina. – Eu diria que o chocolate que me ajudou. A água podre eu joguei em uma planta que tinha ao lado da minha cama. Provavelmente a planta deve estar morta, coitada.
Harry riu.

Continua...

N/A: Oi, povo!............................Tchau, povo!

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