Grandes amigos



Quando chegaram ao castelo, Harry desceu da carruagem e ajudou Gina a descer. Passou o braço dela por cima de seus ombros novamente e a ajudou a andar até o castelo. A primeira visão que tiveram do salão, foi que ele estava cheio de alunos nervosos e alguns machucados. Harry viu que todos os olhavam com curiosidade, viu a professora Minerva correr até eles parecendo preocupada.
- Por Deus, Potter! – exclamou horrorizada vendo o estado de Gina. – O que aconteceu com vocês?
- Não importa agora, professora. – disse tentando manter a calma. – Gina está machucada.
- Oh, sim. – disse ela rapidamente. – Leve-a para a ala hospitalar.
Harry assentiu e saiu em direção a ala hospitalar com Gina, os dois ficaram em silêncio durante todo o caminho.
A ala hospitalar estava um pouco cheia, mas as pessoas não estavam muito machucadas, somente alguns cortes. Assim que entraram a primeira coisa que escutaram foi a voz desesperada de Rony.
- Gina! Harry!
Rony correu ao encontro dos dois junto com Hermione e abraçou Gina com força. Ela soltou um gemido de dor.
- Você está bem, Gina? – ele perguntou desesperado a medindo de cima a baixo. – Está inteira? Está machucada? O que aconteceu com a sua testa? E o seu pé? Eu fiquei tão preocupado. Eu te procurei pelo castelo inteiro. Tem certeza que está bem?
- Pára, Rony! – gritou Gina.
Rony parou no susto.
- Eu estou ótima, ok? – disse ela no tom de voz normal tentando acalmar o irmão.
Rony suspirou aliviado e a soltou. Gina se desequilibrou e quase caiu, mas Harry foi mais rápido e a segurou novamente.
- Rony! – exclamou Gina aborrecida.
- Desculpa. – pediu ele.
- O que aconteceu com vocês? – perguntou Hermione.
Harry suspirou.
- Nós...
- Oh, Merlim. – exclamou Madame Pomfrey aparecendo por trás dos garotos e os assustando. – Srta. Weasley, venha comigo.
Harry acompanhou a enfermeira levando Gina. Rony e Hermione os seguiram. Ela sentou na cama confortavelmente.
- Esse corte está horrível, Srta. Weasley. – comentou a enfermeira, observando sua testa.
- É, eu sei que está. – falou Gina aborrecida.
- Como conseguiu isso? – ela perguntou limpando o corte.
Gina fez uma careta de dor.
- Eu não sei, acho que foi em um ataque de comensais da morte a Hogsmeade. – respondeu sarcástica.
Harry lhe lançou um olhar de censura. Ela bufou.
- Eu cai. – respondeu irritada. – De cara no chão. – depois completou furiosa. – Um homem que corria desesperado me derrubou no chão. Eu cortei o meu rosto, torci meu pé e o desgraçado nem me ajudou. Qual era o problema dele, afinal? Era um homem. Eu sou uma adolescente. Ah, mas se eu pusesse as mãos nele, ele iria...
- Tenha calma, Srta. Weasley. – interrompeu Madame Pomfrey, certamente arrependida de ter perguntado.
- Calma? – ela perguntou com uma risadinha de desdém que fez Harry se arrepiar inteiro. – Eu não quero ter calma. Eu quase morri hoje, aquele homem medroso desgraçado, ele...
- Gin, se acalme. – pediu Harry segurando seu braço.
Ela soltou um suspiro e se deixou afundar na cama cruzando os braços. Rony e Hermione olhavam para Harry espantados.
- Que foi? – Harry perguntou.
- Como você... Ah, nada. – respondeu Rony, embora ainda parecesse espantado.
Os quatro ficaram em silêncio enquanto observavam Madame Pomfrey limpar o corte e fechá-lo magicamente, em seguida começando a cuidar do pé quebrado.
- Está se sentindo bem, Weasley? – ela perguntou quando terminou de enfaixar o pé dela.
- Estou ótima, Madame Pomfrey. – respondeu com uma calma que não existia.
Harry ergueu as sobrancelhas para ela.
- Você disse que estava cansada e tonta. – lembrou ele.
- Tonta, é? – perguntou Madame Pomfrey colocando a mão em sal testa pedir sua temperatura. – Não está com febre, mas é melhor ficar aqui por mais um tempo.
- Não. – protestou sentando na cama rapidamente. – Eu não quero ficar aqui. Eu estou ótima, não preciso ficar aqui.
- Precisa sim, e vai ficar. E também tem o seu pé, ele precisa ficar parado para se recuperar. – insistiu Madame Pomfrey.
- Por quanto tempo?
- Passe o resto do dia aqui. Amanhã quando acordar, se estiver melhor já poderá ir. – respondeu Madame Pomfrey e em seguida se afastou para cuidar de outro paciente.
- Eu não acredito nisso. – falou desabando na cama. – Mas eu estou ótima.
Em seguida se virou para Harry e apontou um dedo acusador para ele.
- Isso é tudo culpa sua, Potter. – disse entre dentes.
- Minha? O que eu fiz?
- Você disse a ela que eu estava tonta.
- Mas você estava tonta.
- Mas você não precisava dizer isso. – ela disse teimosamente. – Agora eu vou ter que ficar presa aqui dentro. Eu odeio me sentir presa.
- É só até amanhã, Gina. – disse ele.
Gina soltou um resmungo baixo.
- E vocês? – ela perguntou ríspida para Rony e Hermione os sobressaltando.
- Nós o quê? – perguntou Hermione assustada.
- Nada. – ela respondeu com raiva e Harry a ouviu resmungar novamente alguma coisa como “Essas lesmas idiotas.”
- Louca... – disse Rony baixinho balançando a cabeça, mas Gina não escutou.
- Vão nos dizer o que aconteceu com vocês? – perguntou Hermione receosa.
- Fomos atacados. – disse Gina com a cabeça afundada em seu travesseiro e encarando o teto. – Por dez comensais. Tentaram nos matar. Desmaiaram misteriosamente. Nós escapamos. Eles estavam atrás de...
-... mim. – completou Harry rapidamente.
Gina desviou os olhos para ele instantaneamente e franziu a testa.
- Eles estavam atrás de mim. – repetiu ele dando um olhar significativo a Gina, que os outros pareceram não perceber.
Gina ficou um tempo em silêncio apenas o encarando sem entender, mas achou melhor não falar nada.
- É... – Gina falou vagamente sem deixar de encarar Harry. – Eles estavam atrás do Harry.
- O que você quer dizer com “desmaiaram misteriosamente”? – perguntou Hermione.
- Dez comensais? – perguntou Rony de olhos arregalados.
- É, Rony. Dez. – confirmou Harry. – E não sabemos como eles desmaiaram.
Gina continuou encarando Harry e sentiu que tinha algo de falso nessas suas últimas palavras.
- E o que aconteceu com o seu pé e sua testa, Gina? – perguntou Rony tentando quebrar o silêncio que se instalara.
Harry achou que ele não escolheu um bom assunto, porque viu que Gina ficou instantaneamente vermelha de raiva.
- Eu já disse. – ela falou perigosamente e explodiu novamente. – Aquele homem desgraçado me empurrou, é bom que eu nunca mais o veja na vida, porque se eu vir, eu vou...
- Gina... – chamou Harry segurando sua mão. Ela novamente se calou.
De repente, Madame Pomfrey apareceu novamente e os expulsou da ala hospitalar. Rony e Hermione saíram logo. Harry ficou para trás.
- Amanhã eu venho aqui. – sussurrou para Gina. – Eu preciso falar com você.
Gina assentiu em silêncio. Harry deu um beijo na testa dela rapidamente e saiu sendo empurrado por Madame Pomfrey.

***

No dia seguinte, Harry acordou bem cedo. Era domingo, então provavelmente todos iriam dormir até mais tarde. Ele pegou sua capa da invisibilidade, pegou um pequeno pacote que estava em seu malão e seguiu em direção a enfermaria. Precisava falar com Gina o mais rápido possível. Quando chegou na ala hospitalar coberto pela capa, encontrou uma Gina de cara amarrada com uma bandeja a sua frente. Madame Pomfrey estava a sua frente insistindo que ela comesse tudo.
- Coma logo, Srta Weasley. Quanto mais rápido comer, mais rápido você sai daqui. – ela disse severamente.
- Mas o que é isso? – ela perguntou olhando com nojo para a bandeja.
- É sopa, coma logo. – respondeu a enfermeira.
Gina olhou para o prato com uma expressão de extremo nojo e levou uma colher a boca. Rapidamente, cuspiu todo o conteúdo de volta no prato.
- Srta. Weasley! – repreendeu a enfermeira.
- Está sem sal. – ela disse indignada.
- Muito sal faz mal a saúde, Srta. Weasley. – disse ela.
- Ora, mas não precisa se preocupar com a minha saúde, Madame Pomfrey. – ela disse sarcástica. – Eu sempre fui muito saudável, obrigada.
- Mas você precisa comer. – ela insistiu. – Esse pé tem que sarar logo.
- Meu pé está ótimo. – Gina retrucou. – E quem tem que comer sou eu, não ele. Ele nem vai reparar se eu comer algumas torradas como qualquer pessoa normal.
Harry reprimiu uma gargalhada.
- Vamos logo, Srta. Weasley. Coma logo essa sopa. – ela falou impaciente. – Eu nunca vi isso, é pior do que criança.
Gina agora parecia mortalmente ofendida, pelo que Harry percebeu.
- Ora, eu não pareço uma criança. – ela disse na defensiva. – Mas adolescentes também não gostam dessa coisa amarela esverdeada que tem nesse prato.
- Eu já disse que isso é sopa. É uma sopa de legumes.
- É, e insossa. – completou Gina cruzando os braços. – Me desculpe, Madame Pomfrey. Mas essa coisa pode ser tudo, menos sopa.
- A senhorita tem que comer! – falou ela.
- Mas isso não é comida. – retrucou Gina teimosa. – Cereal é comida, torrada é comida, suco de abóbora é comida, até meu amado chocolate é comida. Mas isso, definitivamente, não é comida. Parece água suja com corante.
- Mas é muito boa. – disse a enfermeira.
- Então a senhora pode comer, eu não me importo. – disse Gina empurrando o prato para ela.
Madame Pomfrey bufou impaciente e entrou em um quartinho que tinha nos fundos da enfermaria. Gina afastou o prato pra longe com nojo.
- Hum... – fez ela. – E ainda por cima sem sal. Qual é a criatura da face da terra que vai engolir isso? Porque nem tem como comer, já que não é comida.
Harry riu e tirou a capa. Gina não pareceu assustada, apenas riu com ele.
- Bom dia. – ela disse animada. – Por favor, me tira daqui. – disse com uma carinha suplicante lançando um olhar de horror ao prato de comida.
- Eu não posso fazer isso, Gina. – ele disse com pena.
- Então pelo menos faz a Madame Pomfrey parar de querer empurrar essa coisa pra dentro de mim. – ela falou apontando para o prato. Ela suspirou desanimada. – Eu quero comer que nem uma pessoa normal. Eu quero minhas tortinhas de chocolate.
Harry riu.
- Do que você está rindo, Harry? – ela perguntou se fazendo de ofendida. – Você não pode rir da desgraça alheia, ouviu?
- Tá bom, desculpa. – ele disse tentando se controlar, falhando totalmente e recomeçando a rir mais. – Foi muito engraçado toda essa cena.
Gina fechou a cara.
- Engraçado pra você que não tem que comer essa água podre. – ela falou aborrecida.
- Ora, Gina. – disse ele. – Não deve ser tão ruim assim.
Gina riu sem nenhum humor.
- Então pode comer. – ela disse.
- Hum... não. – disse Harry olhando para o prato com o mesmo nojo de Gina. – Eu prefiro não arriscar.
- Se arriscasse, eu diria que você tem um sério problema mental. – ela disse desgostosa.
Harry riu.
- Odeio comida de hospital. – falou com raiva. – Se os pacientes têm que ficar bem logo, então porque eles dão essas gororobas pra eles comerem? Aposto como eles ficam mais doentes por causa da comida. Se dessem comida de verdade, os pacientes iam sair do hospital dando pulinhos.
- Você é muito dramática, Gin. – ele disse risonho.
- Eu não sou dramática. – ela protestou. – Eu sou realista, é diferente.
- Tudo bem, Srta. realista. – disse rindo.
- Não, não está tudo bem. – ela continuou teimando. – Não está nada bem. Eu odeio ficar parada aqui sem fazer nada.
Harry suspirou encarando o teto e ficou em silêncio. Um silêncio que foi quebrado pelo comentário de Gina:
- Você sabe quem fez aqueles comensais desmaiarem.
Não era uma pergunta. Harry olhou para ela rapidamente e encontrou os olhos castanhos de Gina o encarando insistentemente.
- E então? – Gina insistiu.
Harry suspirou passando as mãos nos cabelos nervosamente.
- É, eu sei. – ele disse, por fim. – Mas eu não sei como.
- E...– ela perguntou o incentivando a continuar. - Foi você?
- Não, não fui eu.
Gina continuou o encarando insistentemente.
- Quer falar logo, por favor, Harry? – explodiu com raiva. – Mas que droga!
- Foi você. – Harry disparou.
Gina ficou em silêncio durante um tempo que ela desconhecia absorvendo a notícia. Olhou para Harry como se ele fosse louco.
- Eu? – perguntou incrédula. – Como assim eu?
- Eu não sei como você fez aquilo. – falou Harry. – Você tinha fechado os olhos, estava sem varinha, eu não faço idéia de como você fez aquilo.
- Mas o que eu fiz, exatamente?
- Você... bem, eu não sei direito. Você só levou uma das mãos a frente e eles começaram a cair como se tivessem sido atingidos por alguma coisa, mas não foram atingidos por nada. Só... desmaiaram. – disse Harry nitidamente confuso.
- Ok. – disse ela lentamente. – E porque quando eu ia dizer ao Rony e a Mione que Voldemort estava atrás de mim você não deixou?
- Eu não sei. – disse sinceramente. – Eu só achei que não era bom eles saberem.
- E porque Voldemort está atrás de mim?
- Isso eu também não sei. – respondeu ele.
- Tudo bem. – disse ela desabando na cama. – E como nós vamos saber disso?
- Eu pensei em falar com... com o Dumbledore. – disse Harry pensativo.
- Uhum... – disse desanimada. – Quando?
- Assim que você sair daqui. – falou Harry.
- Se depender da Madame Pomfrey, não vai ser nunca.
Depois disso, os dois ficaram em silêncio. Não sabiam mais o que falar. A briga dos dois ainda estava recente e não estava totalmente resolvida. Harry suspirou e resolveu que era agora ou nunca.
- Gina... – chamou ele.
Ela ergueu a cabeça quase que instantaneamente e o fitou.
- Quê?
- Er... eu queria te pedir desculpas. Por aquele dia. – falou nervoso.
Gina fez muita força para evitar sorrir, tentou ficar séria e fingir aborrecimento.
- Já está desculpado. – falou seca.
Harry deu um fraco suspiro.
- Eu estou falando sério, Gina. – disse ele.
Gina virou a cabeça para o outro lado escondendo um sorriso.
- Eu também estou. – retrucou.
- Você não é fácil, não é? – ele perguntou desanimado.
- Não, eu não sou.
Harry sentou na beirada da cama e tocou em seu braço gentilmente, tentando ver seu rosto.
- Gina, eu fui um idiota, olha pra mim. – pediu ele.
Ela virou a cabeça para ele rapidamente e se arrependeu muito por isso. Harry estava tão perto que seus rostos ficaram a milímetros de distância um do outro. Gina sentiu a respiração falhar e se afastou lentamente assustada. Harry ficou parado no mesmo lugar. Estava assustado demais para reagir.
Ela respirou fundo e o encarou novamente sorrindo sinceramente.
- Tudo bem, Harry. – falou sinceramente. – Eu não devia ter explodido com você.
- Mas eu não devia ter...
- Harry, está tudo bem. – ela o interrompeu sorrindo. – Vamos fazer assim: a culpa não foi sua nem minha, ok?
- Tá bom. – concordou sorrindo. – Será que Madame Pomfrey vai te liberar daqui hoje?
- Acho que ela só vai me deixar ir depois que eu comer aquela água amarelada. – ela disse com nojo.
- Eu vou tomar café, depois eu passo aqui de novo. – ele disse.
- Tudo bem. – falou ela. – Harry, espera!
- O quê?
- Quando você estava me procurando... você estava me procurando, não era? – ela perguntou rapidamente antes de continuar. Harry assentiu. – Bom, quando você estava me procurando, eu não sei se eu delirei ou alguma coisa assim, mas... você conversou comigo, não foi?
- Eu acho que sim. – disse Harry lentamente.
- Como? – ela perguntou curiosa.
- Não sei.
- Mas você acha que conseguiria fazer aquilo de novo? - Gina perguntou.
- Talvez... porque você não tenta?
- Eu? Eu porque? – perguntou espantada.
- Porque você fez aquilo primeiro. – ele explicou. – Eu ouvi você pedindo minha ajuda.
- Ah... é. – ela disse. – Mas eu não sei como fiz.
- Quem sabe depois nós não descobrimos?
- Tá bom, tchau. – ela disse desanimada olhando para o prato mais uma vez com cara de nojo. – Não acredito que eu vou ter que comer essa porcaria.
Harry parou na porta da enfermaria, sorriu e se voltou para Gina. Colocou a mão no bolso da calça e tirou o pequeno pacote que tinha pego no malão. Andou até Gina, que o olhava curiosa e colocou o pacote na mão dela.
- Acho que você vai gostar disso. – disse sorrindo.
Gina abriu o embrulho e seus olhos brilharam. Ela sorriu radiante e se atirou no pescoço de Harry lhe dando um grande beijo na bochecha.
- É por isso que eu te adoro, Harry. – disse feliz. – Você é demais.
- Que bom que gostou. Só não deixe Madame Pomfrey ver.
Ele saiu da ala hospitalar feliz, deixando para trás uma Gina radiante com um pacote cheio de sapos de chocolate.

Continua...

N/A: Eu adorei esse capítulo! Quero saber se vocês gostaram. Comentem...

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