.: Capítulo 4 :.
Anseios
Beirava ao insano, mas tudo que queriam era afogar-se um nos lábios do outro. E que se danasse o mundo fora de suas convicções.
Aos poucos foram se afastando, embora quisessem ficar beijando-se por mais tempo. No entanto seus pulmões clamavam por ar. Barrando brevemente a precisão de seus anseios apaixonados. Hermione abriu os olhos devagar, e fitou Harry que fazia o mesmo. No instante que seus olhos se encararam, sorriram juntos.
Ele a fitava encantado com tudo que acabara de vivenciar, todavia, a morena mantinha-se fantasiosa. Etérea. Provando com necessidade tudo que ele sempre a fazia sentir, e agora o fizera com mais alento. Com paixão. Harry procurou-a com o olhar, e ela o mirou, sorrindo languidamente. Sem mais delongas, ele a beijou novamente. E ao contrário daquele primeiro beijo, cujo somente era uma descoberta, o de agora era mais sedento.
Muito mais.
Sentia a língua dele invadir sua boca, e explorar-lhe com minúcia. Ao mesmo tempo em que suas mãos apertavam-lhe, firmes, a cintura. Hermione deixou escapar um suspiro breve, contudo repleto de desejo. Enlaçou as mãos na nuca de Harry, abastando-se nos cabelos negros e rebeldes do rapaz, trazendo-o mais para perto de si.
Agora que conhecia caminho mais prazeroso, imaginou que não pudesse mais viver sem ter o gosto de Hermione. Aquele sabor inesquecível. Memorável. A textura macia, doce. Tentadora. O mesmo pensava ela. Que jamais poderia continuar sua existência sem que ele a abraçasse daquela forma. Com tamanha possessividade. Com tamanho ardor.
Não podendo mais sustentar o beijo, cessaram-no, ambos maravilhados. Parecia que a cada nova investida, as sensações se modificavam. E disso, somente elevavam-se. De um simples tocar de lábios, a um beijo apaixonado, não importava. Os sentimentos que se doavam eram de todo mais completos.
- Nossa... – sussurrou Harry, com a voz rouca. A morena sorriu, encostando sua cabeça sobre o peito dele, que a recebeu em seus braços.
- Harry, o que está acontecendo com agente? – indagou Hermione.
- Eu não sei... – beijou o topo da cabeça da bruxa, e ela suspirou.
- Isso... Isso tudo é muito complicado! – disse separando-se dele. Poderia jurar que ela sentia medo.
- Pra mim parece bastante simples. – respondeu calmamente.
- Por Deus, acha isso simples?! Nos beijamos, e... E por duas vezes, hoje... – comentou ela, corando as bochechas. Parecia temer alguma coisa, e ele sabia muito bem o que ela receava.
- Não gostou dos meus beijos? – quis saber, exibindo um sorrisinho que ocupava em meio a seus lábios. Hermione o fitou, o moreno estava extremamente admirável naquela pose. As palavras sumiram tão rápidas que ela apenas abriu a boca, numa vã tentativa de dialogar. – Diga...
- Isso é importante? – desvencilhou-se do assunto. De fato era complicado, ainda mais o tendo tão perto de si.
- Sim, eu julgo importante, você não? – perguntou rindo levemente.
- Porque está tão calmo, enquanto eu estou à beira de um colapso? È só impressão minha, ou é tão natural que isso aconteça?
Ele deu de ombros, e sentou-se na beirada da mesa de mogno. Hermione suspirou longamente, e em seguida passou a murmurar baixinho suas “possíveis teorias”. Os prós e os contras do beijo. E também o porquê de os homens serem tão objetivos. Harry saltara da mesa, agarrara-a pelo braço, fazendo com que a bruxa se voltasse para ele, e a calou com mais um beijo sucinto.
- Fique calma... – sussurrou, ainda mantinha seus lábios parcialmente unidos. Ela fechou os olhos, e o abraçou. – Se você quiser, eu nunca mais a beijo. Mas precisa me dizer isso, senão...
- Harry, o que as pessoas diriam? Os nossos pais... Eles...
- Mione, apenas nos beijamos. – disse ele, e a morena se encolhera. Estava indo depressa demais, e sentia-se envergonhada por isso. Mal se beijaram e ela já pensava na opinião dos outros. E aquilo poderia acabar ali, apenas por um beijo, - súbito, - como o qual começara.
- É, você não está me pedindo em casamento. – tentou brincar, mas no momento seguinte ficara séria novamente. – Eu não sei o que dizer sobre isso.
- Eu sei que é difícil, mas... Mais difícil seria tentar explicar. Eu a beijei porque eu senti muita vontade de fazer isso. Não pense que brinco com seus sentimentos, ou que estou carente. Eu nunca a magoaria!
- Descobri que é bom em mais uma coisa, Potter. – aproximou-se mais dele, portando um sorrisinho nos lábios. As palavras dele lhe tocaram de maneira que os seus medos foram totalmente extirpados.
- E no que eu seria bom, Granger? – indagou, tomando-a nos braços.
Ela sorriu. Decidira por enquanto deixar as explicações por conta do tempo, e se elas não viessem não se importaria mesmo com esse capricho. Todavia, sabia que Harry não brincara quando dissera que nunca a magoaria se pudesse evitá-lo, e enxergava nos olhos dele, àquela vontade, que citara em suas palavras. Seus dedos hábeis, acostumados a acariciar o rosto do moreno, o fizeram com lentidão. Torneando os traços tão conhecidos.
- Você é ótimo em matéria de beijos...
Embora pudessem, e quisessem; Harry e Hermione poderiam passar a festa toda na biblioteca. Entremeio a beijos, e confissões esperadas.
Ambos, nunca imaginaram partilhar de coisas assim. De dividir sentimentos tão tépidos, fortes. O amor que julgavam sentir era apenas uma centelha do que se tornou algo muito mais abrasador. As mãos antes carregadas de pudor, não se detinham mais a isso. Eram mais desenvoltas, livres de qualquer inibição. Exibiam-se provocando arrepios nos dois. As bocas se uniam ávidas, em busca de algo que não sabiam entender. Buscavam a perfeição.
E por unânime decisão, camuflariam toda aquela paixão, no companheirismo habitual. De certo as pessoas nem notariam o quanto estavam mais “íntimos”. E as mais sutis mudanças, seriam totalmente invisíveis a elas.
Haviam saído da biblioteca faziam-se alguns minutos, juntando-se aos amigos. Mantinham as mãos atreladas, numa amigável demonstração de afeto. No entanto, Harry apenas queria mostrar que a morena tinha uma companhia, alguém que a resguardasse em todos os momentos. E para Hermione, aquela sensação de proteção nunca fora mais evidente.
O rapaz, agora, discorria a Draco, enquanto a repórter prestava atenção a suas palavras, e também na força do aperto de suas mãos atadas. Sorriu discretamente. À medida que Blaise conotava seus olhares a ela, Harry apertava mais a sua mão.
Ainda faltava um tempo até a solenidade ter seu evento principal. A entrega dos diplomas. O ministro em pessoa faria um discurso formal, iniciando tudo.
Não poderiam estar mais felizes naquela noite. Ambos sentiam-se totalmente plenos, inteiros. Hermione começava a sentir falta de alguém para conversar, afinal, não se metia na prosa dos amigos. Um tanto deslocada em assuntos ministeriais, tanto que não se atrevia a meter-se.
Precisamente, sentia a falta de Elle.
Provavelmente a moça estaria na companhia dos pais, ainda cumprimentando a todos. Ser “primeira filha” não era nada fácil, como a própria gostava de brincar. Voltou-se novamente a encarar os dois rapazes. Observara que Blaise havia se distanciado, mas Harry ainda continuava a segurar firmemente a sua mão.
Hermione começava a entediar-se ali, quando finalmente Elle aparecera. A moça alta, estava magnífica em seu vestido longo, azul safira, sem alças. O brilho do tecido misturava-se ao natural de seus olhos, os quais tinham o mesmo tom da vestimenta. Seus cabelos negros, - presos, - acentuava-lhe a tez branca e suave.
Ela sorriu ao avistar a amiga, porque assim como Hermione, sentia falta de conversar com alguém de sua idade, de seu círculo. Aproximou-se deles rapidamente. Draco adiantou-se e beijou a namorada, tomando devido cuidado para não borra-la, e “consequentemente” sujar-se também.
Após o carinho, manteve-a presa a si, circundando um de seus braços por sua cintura esbelta. Virou-se para ela e sussurrou:
- Poxa Elle, pensei que fosse me ignorar durante toda a noite. – reclamou em tom manhoso, ao ouvido dela.
- Impossível ignora-lo, chérie. – respondeu sorrindo. – Me desculpe, mas papai tinha uns conhecidos para cumprimentar. Em especial, os representantes do ministério francês. Uns velhos amigos.
- Franceses! – resmungou e ela apertou seus lábios com os dedos, juntando-os numa espécie de “beicinho”, e em seguida tocou-os com os seus lábios.
Os dois morenos os observavam, silenciosos, ostentando sorrisinhos discretos. Harry, um pouco mais impaciente; irritado, talvez, por não poder fazer o mesmo com Hermione na frente de todos. Seria um choque e tanto se o fizesse. A bruxa percebera seu incômodo e passou a alisar a mão dele com o polegar.
Ele sorrira, e logo depois, soltou um longo pigarreio no afã de cessar a fúria passional do casalzinho meloso. Blaise voltara - munido de uma taça de champanhe, - no momento em que Draco e Elle soltaram-se, envergonhados. O jogador de quadribol piscara a Hermione, fazendo com que o ex grifinório se remexesse inquieto.
- Gente... Acabei me esquecendo de contar uma coisa! – falou Elle, empolgada. Olhou cada um dos amigos, e sorriu insinuante, ao final de sua observação. – Vocês não vão acreditar em quem eu vi se agarrando por aí, aos beijos, num cantinho escuro!
O coração de Hermione pareceu parar de bater, proporcionando um silêncio grandioso dentro do peito. O rubor de sua face dera lugar a um branco total, e sem vida. Seguidos de um tremor intenso. Em contrapartida, Harry soubera disfarçar um pouco melhor sua surpresa. Porém, não pudera esquecer-se ele mesmo de sua reação assustada. Bebera de um gole só, a bebida que anteriormente, esquentava em suas mãos. Seus olhos por pouco não saltaram das órbitas.
Os dois rapazes restantes fitavam Elle, com tamanha curiosidade. Hermione suspirou fundo, e perguntou:
- Quem? Quem você viu? – arriscou, olhando rapidamente para o moreno ao seu lado.
Por um momento, - aquele que antecedera a resposta da filha do ministro, - ambos pararam de respirar, esquecendo-se desse ato importante de seu mecanismo biológico. Previam algo catastrófico. Na realidade, Hermione, já preparava seu discurso explanatório. Falaria, enquanto Harry se recobrava.
Elle sorriu antes de se pronunciar:
- Rony e Luna! – respondeu claramente.
Toda aquela agonia se apagara aos poucos, trazendo o alívio, um conforto sem medidas, aos dois. Diminuindo assim a intensidade da sensação de serem pegos em flagrante, ou quiçá o sentimento de culpa.
A tensão que comandava os músculos de Harry, saíra de cena, e ele se permitiu sorrir. Um tanto sem graça, mas conseguira até desprender um riso esganiçado. Tivera certa dose de sorte, pela notícia de Elle ser de certo intrigante, e todos estarem entretidos em suas suposições.
- Eles estavam lá no jardim...
- Safadinho! – brincou Blaise rindo. – Por isso foi que ele sumiu. Finalmente aprendeu alguma coisa comigo. Afinal o charme Zabine é irresistível, e deve ser copiado... – terminou lançando uma olhadela a Hermione que ruborizou.
- E o que você estava fazendo jardim, Gabrielle?! – indagou Draco, enciumado.
- Tomando um ar, oras! – exclamou a moça, revirando os olhos, quando o namorado estreitara os dele. – Fui ver se cresciam mesmo orquídeas maiores lá!
- Sozinha?!
- Queria que eu estivesse acompanhada? Eu deveria estar acompanhada? – retorquiu, irritada. Às vezes o ciúme de Draco a deixava extremamente nervosa.
- O que está insinuando com isso? – devolveu ele.
A morena virara-se dando as costas a ele, que bufou aborrecido. Elle então saíra rapidamente, sem dizer nada mais. Como não gostava de escândalos, deixaria o “dragão” soltando fogo pelas ventas sozinho.
O rapaz não aceitara ser ignorado daquela maneira. E se havia uma coisa que odiava em Elle, - e nem os dois anos de namoro fizeram com que se acostumasse, - era a mania que ela tinha de deixá-lo falando sozinho. Sem pestanejar, Draco seguira a namorada, perdendo-se em distância e no meio das pessoas. Os três que ficaram se entreolharam reflexivos.
- É por isso que não tenho uma namorada! – comentou Blaise, após um suspiro longo.
- Não, Blaise. Você não tem namorada porque nenhuma garota é capaz de agüentar esse seu jeito “conquistador”. – falou o auror. – E porque você nunca se apaixonou de verdade... – acrescentou Harry, proferindo a última frase, olhando inteiramente nos olhos de Hermione.
- Hei, não é bem assim! – protestou o jovem batedor. Hermione escondera um sorriso zombeteiro, o qual antes era candente.
- Tenho que concordar com ele, Blaise. Nenhuma mulher aprecia o temor ser trocada por outro produto de mais qualidade! – disse a morena divertida.
- ‘Ta legal, ‘ta legal, eu sou mesmo um mulherengo! – falou o de olhos castanhos. Ele sorriu para a bruxa, e em seguida olhou para Harry, que o fitava estranhamente. – Porque você também não vai dar uma voltinha, Harry, não é legal ficar segurando vela!
- Sai fora, Blaise! – exclamou sério, mas no fundo se contorcia para não cair em tentação, e soltar apenas um risinho que fosse. Sabia que o amigo apenas fazia aquilo para irritá-lo, e também, não se preocupava realmente. Blaise não era uma ameaça, não representava nenhum perigo a ele. – Porque você, não vai dar uma circulada por aí, garanto que se divertirá mais.
- Eu vou sim, aquela gata ali está me dando mole. – respondeu e virou-se para Hermione. – Desculpe Mione, fica pra uma próxima vez...
- Oh, sinto tanto por isso, Blaise... – replicou em tom teatral, e Harry rira.
- Vai logo, se manda!
- Lílian disse que me procurava, como está, Remo?
O velho amigo voltou-se lentamente para Tiago. A expressão indefinida, porém, suave pela falta da lua no céu estrelado. Os anos sucumbido por aquela maldição sombria, - além de rastros ferozes -, deixaram em Remo, marcas que faziam com que ele aparentasse ser bem mais velho do que sua idade real. Do que seus anos de vida realmente denotavam.
Talvez fosse o cansaço de uma pós transformação, ou algo mais “tranqüilo”, como as travessuras do filho. Parecia que o pequeno Teddy já começava a dar mais trabalho que Harry quando criança.
Sorriu ante ao pensamento, mas este gesto fora logo suprimido.
Tiago imaginou que o motivo, o qual fizera com que Remo o procurasse naquela noite festiva fosse demasiado sério, para que não pudesse esperar o dia seguinte. - Onde poderiam tratá-lo devidamente no ministério. – E, além disso, o local em que estavam no momento, também contribuía para as hipóteses exatas do auror.
O silêncio do jardim, do coreto em si, onde os dois homens se encontravam, fora rompido pela voz solene de Lupin.
- Que bom que me encontrou, Pontas. – fitou ao moreno, sorriu, mas logo seu semblante tornou-se evasivo. Seus olhos queriam esconder mais do que apetecia.
- Meu palpite estava certo, aí estava você, Aluado. Contemplando a ausência de seu algoz. - comentou Tiago, e o outro sorrira breve. Ainda mesmo que somente entre eles, e em parcas ocasiões, gostavam de manter seus codinomes “escolares”. Numa tentativa de manterem-se sempre unidos. – Porque me chamou aqui?
Remo deixou escapar um rápido suspiro. Fora como um lamento sem palavras. Encarou o amigo, e tudo que tinha a contar parecia estar flutuando em frases desconexas diante de seus olhos. Os quais se assumiram nebulosos, sem razão aparente para Tiago. Há dias, o chefe da segurança, ansiava por este momento. A ocasião em que noticiaria algo muito pesaroso, e que embora soubessem ser inevitável, evitava-no há anos.
- Ficou sabendo que Collins, fez uma aliança com o primeiro ministro trouxa, não é? – indagou Remo, colocando as mãos nos bolsos.
- Sim, e tenho por mim, que Collins está ficando trouxa demais! – exclamou em um tom de brincadeira, o qual o outro nem compartilhara.
- Realmente... - suspirou. – Ele irá dispor em sua administração de quase o mesmo que o primeiro ministro trouxa. Terá um parlamento muito mais manso, e “moderno”.
- O que quer dizer com: manso? – perguntou Tiago, intrigado.
- Na quarta recebi vários alvarás de soltura. Dos presos que não foram a Azkaban por se envolverem também em crimes considerados “não totalmente de cunhos mágicos”. – falou o homem, e o Potter enrijeceu-se.
Há muitos anos não concordara com tamanha falta de senso do antigo ministro. Bartô Crouch acreditava que Azkaban era um fado, que somente àqueles que ousaram praticar atos ilícitos contra os de sua ordem, - os bruxos – poderiam “usufruir” de suas instalações. Na época várias pessoas discordaram desta decisão. E Tiago fora um deles. Época a qual, acolhera Hermione em sua vida.
Azkaban era sim, uma prisão de segurança exemplar, e nunca ninguém fora capaz de sair vivo de lá, mas não manter as atenções aos criminosos que afrontaram contra os trouxas, e releva-los em matérias de punição, era um ato injusto. Era tapar os olhos para algo que vinha crescendo mais e mais.
Uma forma sutil de preconceito.
Trouxas poderiam ser mortos aos montes, como animais, e este “simples” fato parecia não importar aos superiores, mas quando o assunto se invertia, a história tendia a encaminhar-se mal. Tiago sabia que uma dessas iniqüidades fora cometida em relação à justiça pela morte dos pais de sua menina. Fato que ele quisera poder esquecer. Esquecer-se das palavras do maldito quando fora sentenciado.
Keegan praticamente as cuspira em sua face. Marcando-o para sempre. E por nada no mundo arriscaria a vida de Hermione, caso ele fizesse jus às suas palavras coléricas.
- Eu sinto, mas não pude fazer muito, vão soltá-lo. – Remo continuou sua narrativa. A postura antes desconcentrada e relaxada, do auror, tornou-se atenciosa e circunspecta. Tiago endireitou-se, e fitou ao amigo. - Keegan Bristol, cumpriu metade da pena, e com o abrandamento da sentença por “bom comportamento”, ele terá a liberdade.
- Não podem fazer isso! – esbravejou Tiago, irritado. – É um assassino, o lugar daquele miserável é recluso numa sela fétida assim como ele!
- Eu sei, mas Bristol é influente no mundo trouxa e bruxo, têm posses, contatos. Admira-me que tenha ficado preso durante 15 anos. – comentou Remo.
- Isso até parece arranjado, não acha?! De repente, Collins, se vê numa amizade além da conta com o primeiro ministro trouxa, o qual também vem demonstrando interesse em nosso mundo. E o que dizer do “amiguinho secreto” do nosso ministro, hum?
- Tiago, não pode insinuar algo dessa maneira, Garth é meu amigo. Não acho que ele esteja envolvido nisso apenas para livrar Bristol da prisão. – contestou Lupin.
- Isso não pode acontecer! Ele não pode ser solto.
- Sabemos que não, que... – titubeou e o outro desviara os olhos. – Que uma vida estará em perigo...
- Uma?! – indagou de todo irônico. – Muitas, Aluado. Quem estiver no caminho dele será descartado, assim como Logan e Elizabeth Granger. Hermione seria a primeira, e depois todos nós. O cretino do Bristol tem sede de poder. Almeja ter controle sobre tudo! – explanou o moreno, enraivecido. – E você sabe! Se esta força for dada a um homem que não saberá usa-la corretamente, ela só tenderá a trazer destruição... Não pode falar com o Collins? Arrume uma emenda, uma exceção, o mantenha preso!
- O ministro não entende a gravidade, seria inútil. – respondeu ele.
- Droga! – praguejou, passando as mãos pelos cabelos, nervoso.
- Sei que está preocupado, melhor teria sido se o Crouch não tivesse tido aquela “brilhante” idéia. Bristol estaria em Azkaban, e nunca teria saído lúcido de lá! – replicou Remo, transparecendo toda a sua angustia também.
- Ele não precisa de muito. Já dispõe de loucura o suficiente... – murmurou, amargamente. – Quando ele sairá da prisão?
- Posso segurá-lo umas semanas, nada mais...
- Certo.
Tiago virou-se para encarar a escuridão além do horizonte. Tudo que mais temia, parecia retornar a assombrá-lo de repente. Pensou nunca mais ter que reviver isto, o sentimento de impotência, de frustração, que agora o incomodava como outrora o fizera. Como contaria a Lílian? E Harry? A própria Hermione?
Tinha vontade de retroceder no tempo, e matar aquele homem de modo mais doloroso possível, o execrado que somente vivia para que pudesse espalhar terrores por onde acaso passasse.
E inevitavelmente atravessaria em suas vidas.
- Tiago... – o moreno sustentou seu olhar a Remo, bravamente. – Hermione é como uma filha para você e Lílian, é natural que queiram protegê-la, mas...
- Ela é a única que pode saber do tal livro que o pai biológico escreveu, e que Bristol quer tanto. Eu sei disso! – retrucou exasperado.
- Sim, não me julgue insensível, nem relapso. Mas vamos precisar encontrar as escrituras antes de Bristol, e para isso precisamos que Hermione se lembre de alguma coisa. O bloqueio que ela criou, precisa ser quebrado.
- Não quero que ela sofra, mas isso vai ser indispensável. – lamentou-se. – Depois pensamos nisso. Convocaremos uma reunião da Ordem, Dumbledore gostará de se meter nessa história. E este assunto não poderá apenas resumir-se na cordialidade do ministro.
- Certo, aconselho a falar com Lily, o quanto antes. – pousou a mão sobre o ombro tenso de Tiago, e prosseguiu. – Não se preocupe Pontas, não vamos deixar que façam mal a ela.
À noite de festejo, já havia transcursado em sua metade. Os eventos que foram preparados precedentemente ocorreram devido ao que queriam seus organizadores. A entrega dos diplomas havia sido uma experiência gratificante e emocionante a todos. Tanto para os expectadores, quanto para os formandos. E agora todos se divertiam na pista de dança, e muitos outros em conversas com os amigos.
O orgulho estampado nos olhos de Lílian e Tiago, no momento, era algo comovente. Ambos sorriam quando o filho voltara para abraçá-los fortemente. Hermione os admirava, calada, e por alguma razão, sentira uma pontada em seu peito. Aquela noite realmente estava lhe revirando as sensações. Elas oscilavam tão depressa, que não podia simplesmente habituar-se a uma ou outra.
Pensou em como seria se tivesse aos seus pais. Já havia o feito em diversas vezes, mas naquele momento, - o qual os três ali, estavam unidos, despojando de uma felicidade sem igual, - sentia-se imensamente solitária.
O amor que tinha pelos pais adotivos, era algo muito grande, mas nada poderia suprir a falta que sentia de seus verdadeiros progenitores. E por mais que quisesse não esquecê-los, fazia isto a cada dia em que se esmerava para apagar de sua mente as coisas do passado.
As lembranças ruins levavam embora as boas.
Lílian desprendeu-se dos braços de Harry, e agora ele estava livre para a morena. Sorriu largamente, quando ele a apertou. Aquele abraço continha mais significados do que os dois imaginavam.
- Quer ir até o jardim? Prometeu que desbravaríamos o labirinto... – sussurrou o moreno, convidativo, ao ouvido de Hermione. Ela sorriu, tentando não parecer boba.
- Eu quero... – respondeu no mesmo tom, e afastaram-se.
Harry agarrou a mão da moça, e fizeram menção de sair. Os olhos atentos de Tiago seguiam aos dois, e prontamente uma pergunta já lhe estalava na ponta da língua.
- Onde vocês dois estão indo com tanta pressa?
- Er... Labirinto! – respondeu Harry.
- Ele me prometeu que seria seguro, e quero muito ver a fonte “mágica”. – completou Hermione, reforçando a ideia de que o homem era mais compassível a si.
O mais velho assentiu, e os dois sorriram, saindo de mãos dadas. Lílian riu, alisando os cabelos do marido. Tinha que admitir. Hermione tinha certo controle sobre Tiago, assim como ela própria. Mas ainda igualmente, a morena exercia dominância ao filho, que agora mais do que nunca a seguia sem interrupções.
Verdadeiramente, aquele jardim inspirava aos apaixonados. Era incontável o número de casaizinhos por ali, aproveitando as estrelas e o perfume das magnólias, e das orquídeas. E não viam à hora de poderem eles mesmos desfrutarem desses privilégios.
A moça sentia-se eufórica, e Harry necessitava de um pouco mais de privacidade ao lado dela. Caminharam mais adentro no jardim, escutando o farfalhar das plantas. Evidência mais real de que aquele vergel deveria ter algo de sortilégio, de encanto. Ansiosos, os dois passaram pela entrada do labirinto circular. Analisando-o bem, era pequeno e sem mistérios.
Apesar de não estar tão escuro, Harry sacou sua varinha, e passou a iluminar o caminho. Não soltara a mão de Hermione, e a guiava para mais adentro. Sentiam seus corações pulsarem juntos. Em uníssono. Cada vez mais forte.
O senso de direção da bruxa nunca fora excepcional, e isto agora ficava a encargo do rapaz. Entraram por uma passagem, que não dera em nada, a não ser um muro de heras. Riram, e voltaram. Estavam se divertindo naquele joguinho de “caça ao tesouro”.
Caminharam mais alguns trechos, que ora ou outra, eram falhos. E finalmente chegaram ao centro do labirinto. Hermione não escondera a fascinação quando seus olhos encontraram-se com suntuoso encantamento. Olhou para Harry, e riu deslumbrada. Se aquela fonte não dispusesse de magia, com certeza sua beleza faria com que se erguesse uma visão fantasiosa daquele lugar.
Largou a mão dele, e andou aproximando-se. Harry guardou a varinha no bolsinho interno do smoking, e afrouxou um pouco a gravata borboleta. Desmanchando seu nó. Guardara-a no bolso da calça, e caminhou sorrindo até a morena.
A bruxa estudava com atenção todas as proeminências daquele monumento. A fonte circular, dispunha de pequenas cerâmicas com detalhes em azul, em toda a sua extensão. Alguns amarelados, e trincados, pelo tempo, mas todos eles não perdiam o charme anterior. Apenas acrescentavam uma graça natural.
No centro da fonte, onde sempre havia alguma peça ornamental. Estava um grande componente esculpido, em forma de flor. Provavelmente uma réplica perfeita das orquídeas que ali cresciam aos montes. Suas águas eram límpidas, e se podia ver o fundo, tão claras elas eram.
Os arcos que circundavam o olho-d’água, eram sustentados por oito pilastras, cobertas de igual cerâmica. As heras que ali cresciam, emprestavam seu verde vivo, adornando e misturando-se com o azul dos detalhamentos.
- Uau! – exclamou Hermione, quando de repente, apareceram pequenas ninfas da água.
As criaturinhas eram semelhantes às ondinas*, puderam perceber, porém eram um pouco menores em seu tamanho. Hermione lembrou-se de ter lido sobre elas na época em que estudava. Mas agora vê-las assim, era, todavia, uma emoção inédita. As pequeninas apresentavam-se em tons azulados e, assim, como as ondinas emitiam uma luminosidade notável.
A morena adiantou-se para poder tocar alguma, enquanto Harry manteve-se preso naquela imagem. Era totalmente hipnotizante. Ela sabia a diferença básica entre uma e outra, - uma ondina e uma ninfa, - e apartou-se na docilidade e beleza das ninfas, que pareciam "voar" levitando sobre as águas em um balé singular. Podendo mais ainda desprender a perfeição daquela noite e de tudo que esta incidia nos corações.
- Isto sim é romântico, não acha? – perguntou Harry, abraçando a moça por trás, de modo que passou seus braços pela cintura dela, e apoiou seu queixo nos ombros pequenos. Hermione sorriu, e fechou os olhos.
- Sim, isto é maravilhoso...
O rapaz a virou, e encararam-se. Ele acariciou as maçãs do rosto de Hermione, e ela sentira um calafrio bom. Parecia que o bruxo sabia muito bem como deter as sensações que atingiam um ápice maior. E apenas com um toque, ele era capaz de atingir este grau superior. Suas almas se encontravam assim, elevadas de amor.
Seus corpos se uniram, e em seguida seus lábios fizeram o mesmo. Beijaram-se arduamente. Harry desprendera seus lábios dos de Hermione, e passou a trilhar um caminho vagaroso de beijos, no pescoço alvo e suavemente gelado, dela. A morena suspirou longamente, pois aqueles carinhos deixavam-na irracional. E de nada eles tinham com o inocente roçar de lábios em que estava acostumada.
O moreno deixava um rastro quente por onde se estendia com sua boca, sobre a pele da bruxa, apagando a suave gelidez. Em volta deles, as ninfas, dançavam respingando finas gotículas de água.
Livres de qualquer impedimento era assim que se encontravam. Não havia barreiras para seus sentimentos, nem seus anseios.
*Ondinas - Vivem nos riachos, nas fontes, no orvalho das folhas sobre as águas e nos musgos. São reconhecidos por terem o poder de retirar das águas a energia suficiente para a sua luminosidade, o que permite ao homem, por muitas vezes, percebê-los em forma de um leve "feixe de luz".
N/A: Bem meus amores, resolvi postar o capitulo 4, mas não se acostumem com essa moleza, quem sabe... Depois de mais 100 comentários o capítulo 5 venha. Hum? (Ele já está pronto), mas enfim, chantagens a parte, eu espero que gostem desse capítulo. Eu adorei escreve-lo, o clima de romance estava fluindo tanto em mim, que passei tudo pro capítulo... Impressionante.
Notinha curta hoje, to sem criatividade até para comentar sobre o capítulo, mas na próxima compenso vocês com um NOTÃO kkk.
Brigada a todos que comentaram! Gracias personas, eu agradeço muito! *-* E que mais comentários venham, continuem assim meus amados. Todos os comentários são mara, eu os adoro... Sempre falo isso, mas não custa reforçar. Hehe.
BEIJOS!
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!