.: Capítulo 5 :.



- 5 -
Conversas




Prisão Nacional Rushworth - Inglaterra

As grades brancas e fortes se abriram num pequeno estalido metálico. O bruxo encarregado pela carceragem, andava, empurrando “de modo gentil” o homem de faces gélidas e pálidas, - o qual tinha “ornando” aos seus pulsos -, algemas magicamente forjadas. Por seguir um padrão mais trouxa, aquela prisão de certo modo, não exigia de muita severidade quanto às tradicionais. No entanto, ali havia criminosos, e tudo era reforçado com magia. Uma magia forte, incapaz de ser quebrada ou desfeita.

Os cabelos negros do homem, na altura dos ombros, deixavam-no ainda mais apagado, devido ao cinza chumbo de seu uniforme monótono. Seus grandes olhos negros, não transpareciam nada além de um vazio, preenchido ao fundo de muito ódio. Seus passos eram pequenos, sem motivação maior para sua locomoção.

O carcereiro guiou-o até uma sala grande, onde em seu centro havia somente uma grande mesa e duas cadeiras dispostas uma em frente à outra. A luz do cômodo caía propositalmente em cima do móvel, proporcionando aos executores imagens lúcidas de seus inquiridos. Era usada para interrogatórios “leves”, no entanto, naquele momento servia apenas para que um preso recebesse uma visita.

Visita a qual despertara o interesse de muitos funcionários do local. Entretanto, sabiam do sigilo extremo que deveriam manter. Fazendo vistas grossas àquela regalia.

O bruxo entrou com o preso, e o deixou sozinho, após uma espiadela no visitante. Dois homens postaram-se do lado de fora, fechando o lugar. Lacrando-o para que nada fosse ouvido. O homem de iguais cabelos negros fitou ao outro, que um tanto carrancudo sentou-se na cadeira a sua frente. Este ao contrário, vestia-se elegantemente. Notava-se sua importância pelas vestes que ostentava.

- Achei que nunca mais fosse me visitar, caro irmão!
- Eu também pensava assim, mas sabe que faço o possível, Keegan. E sabe também que não posso dar nas vistas... Tenho que ser o mais presumível silencioso quando venho aqui. Visitas não são permitidas! – disse o homem, juntando as duas mãos sobre a mesa.
- Então... Vai me tirar daqui? Eu não quero apodrecer naquela sela! – exclamou Keegan, feroz.
- Eu sei, estou fazendo o possível, no entanto, não é fácil. E leva tempo. O que são semanas se já passou quinze anos trancafiado aqui? – provocou.

Keegan sorriu estranhamente. Uma veia pulsou forte em seu pescoço. Levantou-se e virou de costas ao outro que continuou sentado. Sentia suas emoções se exaltarem. Todas furiosas.

Como ele ousava vir até ali e gabar-se de sua liberdade? Ousando ainda zombar dos anos em que estivera encerrado naquela sela mínima.

- Não se esqueça que o que fez para estar aqui é um empecilho para sua liberdade... – comentou o visitante, e Keegan voltou-se para ele, mas não tornara a sentar-se.
- Somente eram trouxas, pessoas insignificantes! – bradou batendo os punhos na mesa. - Mantive o Granger vivo, até que descobrisse o que eu queria... Fui generoso com ele, não acha?
- Não é o que todos pensam. Você cometeu um “ato cruel”, meu irmão... Matou a mulher, e o próprio Logan cavou sua sepultura. A menina somente sobreviveu, pois se escondeu tão bem que seus homens não a encontraram.
- Queria eu ter dizimado aquela corja inteira, mas infelizmente deixei um membro daquela maldita família para trás. Aquela pirralha me jogou aqui! No entanto, quando eu enfim tiver minha preciosa liberdade, poderei fazer jus as minhas vontades. E antes de acabar com a fedelha, vou descobrir onde o pai dela escondeu meu livro.
- Vá com calma, aprendeu bem quando foi com muita sede ao pote. – disse o homem provocativo.

O bruxo algemado, o fitou com total desprezo. Já imensamente irritado, praguejava mentalmente contra as algemas que o impediam de fazer algo de que tinha vontade. Impossibilitado pelo objeto que além de prendê-lo, não o deixava realizar qualquer tipo de magia, bufou. Seu olhar era voraz, suas íris enegrecidas assustariam a muitos. Contudo, aquele diante de si nem se movera, nem se exaltara. Tinha uma calma que irritava ao outro de forma nítida.

- Veio para me criticar, zombar de mim?! – quis saber, encarando-o dentro dos olhos.
- De modo algum, eu apenas vim falar-lhe. – disse simplesmente; sorriu, fazendo menção para que o irmão se sentasse.

Encararam-se por mais alguns minutos, até que descontente Keegan voltou a sentar-se. Para o irmão em pessoa ter vindo até ali, o assunto deveria ser de suma importância, caso contrário teria ele mandado outra pessoa, como das outras vezes. Seu irmão, ainda era uma caixinha de surpresas para ele. Sempre andando a observar, nas sombras; todos os seus passos eram minuciosamente planejados. Muito diferente dele, que ambicionara fora do tempo, e metera os pés pelas mãos.

- Tenho “novidades” para você...


xxxx



A manhã chegara preguiçosa. A festa na noite anterior, fora regrada de alegria, e deixara a todos cansados, tão grande fora a diversão. Entretanto, para Hermione, aquela noite tivera um fator característico a mais. Algo de que se lembraria para todo o resto de seus dias.

Em nenhum momento, imaginara que pudesse sentir tanto ao tocar os lábios de alguém. Que pudesse “voar” sem ter medo. Que poderia entregar-se a um sentimento antes ignorado, mas que não representava nenhum receio. Hesitação. Ela sabia exatamente por qual caminho andava. E feliz, o passaria com glórias.

Afundou-se mais em sua cama, sentindo o aroma ladino da manhã invadir-lhe. Um sorriso alegre emergiu em seus lábios rosados. Fechou os olhos, e pode sentir com exatidão tudo que outrora experimentara. Harry já havia marcado sua vida em diversas ocasiões. E por mais que intentasse não poderia esquecer-se daquela em especial, jamais.

E depressa tudo havia mudado. Sem que pudesse ressalvar.

O brilho de seus olhos ressaltava a alegria que sentia por dentro. Eles revelavam apenas o que se passava em seu íntimo, espelhando o amor que resguardava dentro do peito. Suspirou longamente, e dona de uma incrível força de vontade, levantou-se da cama. Lentamente, andou pelo quarto, ainda se refazendo do sono que pesava em seu olhar. Mantinha vivas as sensações que vivera na noite anterior, elas pareciam renascer com a expectativa de encontrar Harry.

Seu coração fervilhava.

Abriu seu closet, e parou diante a ele. Sorriu, imaginando o quanto estava sendo boba naquele momento. Nunca fora de ficar em dúvida quanto a se vestir de manhã. No entanto, queria estar linda quando Harry a visse.

Ele despertara nela, uma vaidade que até agora Hermione desconhecia. Não pensava que fosse viver emoções parecidas, mas tudo que um dia julgara, saíra totalmente da linha. Então aproveitaria muito bem, as maravilhas que tomavam seu peito.

Passou os olhos pelas peças, todas elas muito discretas e básicas. Não eram as aptas a despertar atenção de um homem. Soltou suspiro descrente, passando roupa por roupa. Aquelas que não eram sem graça, eram infantis demais...

Quando estava praticamente desistindo de encontrar algo "decente", seus olhos recaíram-se sobre um vestido no canto do armário. Era um modelo simples, de manguinhas. Acinturava-se perfeitamente, quando um laçinho de tecido rendado era atado. Não era muito curto, nem comprido demais, era na medida exata. Lílian o fizera, mas nunca apetecera a ela usá-lo. Não até aquele momento.

Pegou-o, e depositou sobre a cama. Rumou até o banheiro e tomara um banho rápido. Voltou ao quarto, e vestira a roupa escolhida. A próxima parada fora o espelho, onde soltou os cabelos, que caíram-lhe suavemente. Ajeitou-se novamente e saiu do quarto. Nunca tal ritual matutino fora tão demorado, e cuidadosamente "planejado".

Caminhou pelo corredor, um pouco acanhada. Novamente sentia-se estranha com um vestido. Talvez fosse mais pela falta de costume, do que de fato o péssimo caimento da roupa. Alisou a barra da vestimenta, e desceu as escadas. O silêncio imperava por ali, e ela achou diferente não escutar a voz suave de Lílian quando preparava o café. Talvez tivesse acordado tarde, nem se apegara a olhar quantas horas eram.

A cozinha estava vazia; sinal de que ela fora a primeira a despertar. Aproximou-se do armário, e o abriu. Há tempos não preparava um café da manhã para a família, e agora não via oportunidade melhor para isso. E com seu humor nas alturas, prepararia algo digno de muitos elogios.

Harry passou pela sala, ainda sonolento. Vestido em seu pijama escuro, seus cabelos ligeiramente estavam em desalinho. Espreguiçou-se, quando parou perto do sofá; Ergueu a sobrancelha, a casa estava quieta demais. Poderia ser o efeito pós festa. Imaginou o quão cansados deveriam estar os pais, tanto que perderam a hora naquela manhã.

Alguns ruídos possivelmente vindos da cozinha despertaram-no. Aguçou seus instintos e vagarosamente, caminhou até lá. Parou a porta, quando enxergara no lugar da mãe, Hermione. Sorriu cruzando os braços, observando-a, concentrada em preparar algumas torradas. As quais cheiravam muito bem e tinham, além disso, uma ótima aparência.

Não sabia ao certo, mas não queria mover-se com medo de assustá-la e tirá-la da pose encantadora de “dona de casa” em que ela se encontrava. Deteve-se a observá-la mais. Incansável, ainda se surpreendia com a força de suas emoções.

Ela virou-se apertando mais o nó do avental florido, e assustara-se quando notou estar sendo observada. Um sorriso habitou seus lábios, e o nervosismo passou a incomodar outra vez. O susto, nem fora seu principal baque. No entanto, Harry nunca lhe parecera tão atraente vestido de forma tão despojada.

- Bom dia! – saudou ele, sorrindo de forma que a moça se arrepiasse.
- Bom dia, Harry...

O rapaz andou, aproximando-se dela, rapidamente. Não tomava as rédeas de seus atos, muito menos às de suas vontades. Tanto que Hermione se rendera a ele, num beijo incrível, dotado de uma força incomum, o amor. O moreno a encostou ao balcão, pressionando levemente seu corpo contra o dela. Encaixou suas mãos no rosto da bruxa, cuidando para que nenhuma distância pudesse interrompê-los.

- Harry...

Ela murmurou em um tom quase inaudível, quando o rapaz dera trégua a seus lábios. No entanto, os dele, mantinham-se atarefados em fazê-la perder a noção de tudo, tocando o seu pescoço de forma tênue, mas avassaladora. Hermione tentou dizer mais alguma coisa, mas tudo que diria se perdera naquele momento. As mãos de Harry encontraram caminho certo, e repousaram em sua cintura. E as suas próprias continuavam trêmulas, e sem ação concreta.

O bruxo novamente apossou-se de sua boca, tomando-a com avidez. E novamente, Hermione se entregara sem defesas. Não havia porque lutar e resistir. Tudo era tão maravilhoso.

Ele era maravilhoso.

- Desculpe, mas não pude evitar... – sussurrou ele, olhando-a nos olhos, quando se separaram. – Eu fiquei a noite toda pensando em você, Mione.
- Eu também... Não sei como eu consegui dormir, acho que estava cansada, e feliz demais... – sorriu sem jeito, e ele capturou seus lábios, em um beijo conciso.
- Agora fora a minha vez de perder o sono por você, mas de uma forma distinta. – falou ele, fitando-a gentil.
- Mas... Harry, você foi imprudente em me beijar aqui, não estamos sozinhos, se lembra? – questionou e ele revirou os olhos.
- Eu sei, mas como eu disse... Não pude resistir. – explicou maroto vendo-a corar. - O que está fazendo, hum?
- Café da manhã! – respondeu risonha, caminhando até a mesa, onde arrumava distraída a disposição das louças.

O moreno voltou seus olhos para a mesa. Hermione preparara uma farta refeição. E sinceramente, ainda não se acostumara com os dotes culinários que ela havia adquirido em tão pouco tempo. Talvez, ela o sabia desde muito, mas como era desatento a esse tipo de coisa, não notara. A moça empenhou-se nos detalhes, as louças devidamente angulosas sobre a mesa.

Era notável que ela prezava intensamente a organização. Característica, que crescera junto a ela. Harry riu, e aspirou o cheiro do café recém coado, encostou-se no balcão, - o qual minutos atrás servira de apoio a moça, - e suspirou. A morena voltou-se para ele, e sorriu, mordendo o lábio. Por um momento, a imaginação do auror, voara para mais longe.

Mais alto.

Em sua mente, imaginava-a em sua própria casa, cuidando de sua família. Dos seus detalhes, os quais não seriam poucos. A vira como agora, preparando algo com muito amor, para os outros a que detinha o mesmo sentimento. E não obstante, seu devaneio incluía ele próprio. Fantasiava de todo, mas nunca se deixava de fora. Afinal não tinha sentido sua vida sem ela.

- Está por acaso, me tentando a pedi-la em casamento? – perguntou zombeteiro.
- Achei que nunca poderia saber de meu desejo mais secreto, como descobriu? Que o que mais quero nessa vida é me casar com você! – respondeu no mesmo tom, mas um pouco mais exagerada.
- Eu vou acabar acreditando nisso, Srta. Granger. – disse ficando sério, assim como ela. - Er, Hermione... Nós... – começara ele, no entanto, a entrada de sua mãe na cozinha o fizera recuar.

Assustados, os dois se resguardaram previamente. Lílian os olhou, e seus orbes verdes apresentavam um resquício de preocupação. O sorriso sempre marcante, naquela manhã era apenas algo remoto. Tentou fazer com que seus lábios se curvassem, entretanto, tudo que conseguira fora um riso vacilante e nervoso.

Logo Tiago também adentrara no cômodo, trazendo em si, à mesma aura da mulher. Ambos estavam silenciosos, e os dois jovens julgaram ser apenas o cansaço que se abatera sobre os pais. Pois não haveria motivo aparente para fisionomias tão sérias e moderadas.

- Essas torradas, estão realmente boas, Hermione. – elogiou a ruiva, e a bruxa sorrira, tomando um sorvo de suco de amora.
- Tive uma boa professora. – respondeu ela, passando o açucareiro a Harry, que não perdia a chance de tocá-la.
- Que rasgação de seda, hum? – alfinetou o moreno, acrescentando açúcar em sua xícara de café.

Ambas riram, mas Tiago ainda permanecia alheio a eles. Seus olhos vidrados em algum ponto adiante. Sua mente vagava longe, em busca de alguma solução. Algo que pudesse tranqüilizá-lo novamente. Harry desviou seu olhar por um momento e passou a estudar o comportamento do pai. Não se lembrara de vê-lo assim, praticamente mudo. E tentava descobrir o porquê disso. Mas todas as suas tentativas pareceram falhar diante ao muro que o homem construíra.

Contudo, bastou ouvir a risada doce de Hermione, para que somente pudesse dispor de sua atenção a ela.

- Papai? – chamou a moça. Tiago, se assustou, saindo de seu estado de estupor. Fitou a ela, que sorriu, apontando para sua frente. - O jornal... Vai ler? Quero mostrar a notinha que escrevi. Não é grande coisa, mas...
- É claro, tome!

Estendeu a ela, que pegara a folha correspondente, e feliz mostrava a Lílian. As duas embarcaram, sozinhas, em uma conversa. A morena apontava alegre, sua notinha, que embora pequena, desprendera na outra mulher um orgulho visível. Agora sim, ela sorria com extrema facilidade.

Harry, porém, detivera-se ainda no pai. Sua intuição lhe dizia o que seus olhos viam com clareza. Nem com toda a agitação de Hermione, Tiago sorrira uma única vez. Parecia que nada seria capaz de tirar o encargo que fulgurarava em seus olhos. E o moreno perguntava-se com extrema preocupação, o que acontecia.

Mordeu a torrada, tentando não evidenciar que estudava o exterior sério de Tiago. Baixou os olhos, e um calafrio estranho o percorreu. Como se fosse algo que o quisesse avisá-lo. Seu coração se apertou, sem explicação. Sem exceções, seus olhos pousaram de repente em Hermione, a qual sorria junto a Lílian. Fixou-se nela por alguns segundos, e inconsciente do que fazia, compartilhou de mesmo comportamento que o pai.

xxxx


Harry saíra do banho há poucos minutos. Terminava de vestir sua camisa, quando ouvira um estalido fino em sua janela. Olhara para a vidraça, e suspirou incrédulo. Revirou os olhos rapidamente, e um risinho saíra de sua boca.

Realmente, Teddy era muito insistente.

Embora tivesse enviado ao garoto outras oito respostas afirmativas, confirmando o passeio no parque de diversões trouxa, ele ainda teimava em lhe mandar recados.

Pobre coruja...

O animal deveria estar extremamente cansado, por tantas viagens. Apressado abriu a janela, e a ave de penas cinza entrara rasante, piando mais do que da outra vez. Harry a deixara descansar em seu braço e pegou o bilhete.

Harry, estou te esperando há muito tempo! Muito mesmo. Tanto que mamãe já penteou o meu cabelo centenas de vezes... Venha logo, quero brincar naquelas máquinas divertidas... Por favor, não demore!

Teddy Lupin.


O moreno sorrira, imaginando ao garoto com os cabelos partidos ao meio. Penteado apreciado por Tonks, apenas para irritar ao filho quando este se punha insuportável. Pegou o bilhete do menino, e em seu verso, escrevera: “Já estou indo! Se mandar-me outra coruja te levo para Azkaban... ”.

Prendeu o papel a perna da coruja, e caminhou até a janela, onde a soltou. A ave alçou vôo, sumindo rapidamente de sua visão. Fechou a vidraça, e virou-se para o interior de seu quarto. Possivelmente se Lílian entrasse ali, morreria de desgosto por tamanha bagunça. Pegou sua varinha, e bastou um aceno para que suas coisas se ajeitassem no devido lugar.

Sentou-se na cama, pegara seus tênis e iria começar a calçá-los, mas o toque frenético de seu celular, o interrompera. Ainda não sabia ao certo porque tinha um telefone, e se fosse Teddy, com certeza, o destino do passeio seria junto aos dementadores.

- Alô?!
Harry?! Cara, esse negócio de telefonia trouxa é muito complicado, mas na ausência de minha coruja, a danada ainda não voltou... Enfim... E aí, tudo bem?” - Blaise falava quase aos berros, e de forma muito entusiasmada, o que gerara em Harry um pequeno desconforto.
- O que você quer Blaise? Eu vou sair e estou muito atrasado! – exclamou o moreno, impaciente.
Jura, você vai sair? ” – indagou feliz e Harry assentira brevemente, proferindo um ‘sim’ seco. – “Certo, Hermione está por aí? É que eu pensei em fazer uma visita...”
- Sabe o que é Blaise... Hermione e eu vamos sair juntos, e sozinhos. Quem sabe um outro dia você vem visitá-la, não é? – o outro dera um muxoxo, e Harry sacudiu o telefone. Fazendo barulhos com a garganta, ao mesmo tempo em que tentava não rir. – Eu não estou te ouvindo, Blaise... Blaise...?

“Ops caiu...”, pensou ele com um sorriso maroto nos lábios. Sempre quisera fazer isso, entretanto não obstante tinha uma vítima como agora. Depois se entenderia com o amigo. E colocaria a culpa nos malditos inventos trouxas que nunca funcionavam corretamente.

De todo modo não mentira, pois antes de sair tinha a clara intenção de convidar Hermione. Então apenas omitira o fato de Teddy ir junto também. Acontecimento irrelevante. Terminou de se arrumar, passou um pouco de perfume, e enfim saíra. Fechou a porta, e bateu na do quarto de Hermione. A morena o mandou entrar, e ele assim o fizera.

A encontrara sentada na cama, rodeada de pergaminhos, revistas e livros. Uma “bagunça organizada”. Concentrada, não tinha noção do quanto estava bela e admirável. Ela levantou o olhar e o encarou, e sorrindo deixou a pena de lado.

- Hum, aonde vai tão cheiroso assim? – perguntou e ele como se de repente acordasse de um transe, caminhou para perto dela, sentando-se na cama também.
- Vou levar o Teddy no parque de diversões... Lembra-se?
- Sim, você se comprometeu sem querer. Eu me lembro. – disse e riu, lembrando-se do dia em que Harry contara a todos, o quão fantástico fora quando ele e Hermione foram ao parque de diversões, tanto que suas experiências atiçaram a Teddy de uma maneira inexplicável. E tudo que o garoto mais queria era tê-las também, e não havia outro modo senão, o próprio Harry levá-lo a experimentá-las.
- Pois é, bem... Não quer vir comigo? Afinal você tem mais jeito com crianças. Com o Teddy em especial.
- Eu não sei. Tenho que terminar estas pesquisas, eu acho que não...

Os pretextos de Hermione se perderam no ar, rapidamente. Harry a calara, encostando seus lábios sobre os dela. Assustada, Hermione apenas se deixou levar pela vontade que reprimira desde a festa. Na verdade, seus anseios por ele não haviam deixado-a, apenas se acomodaram, esperando uma oportunidade de se revelar-se. Como esta de agora.

O beijo simples, tornara-se faminto. Harry nunca tinha o suficiente, quando a beijava. E isso se intensificava a cada vez que tomava a boca dela. Já virara hábito.

- Estes são seus argumentos? - perguntou ofegante, no segundo em que Harry ocupava-se em também respirar. Ele sorriu travesso, e pousou a mão no rosto quente, de Hermione, para em seguida fazer pequenas carícias.
- É parte fundamental dele... - sussurrou.
- Tem certeza de que deveria ser eu a ir para a Sonserina? - indagou, sentindo os lábios dele em seu pescoço. Fechou os olhos, escutando além de seu coração acelerado, o riso de Harry, abafado pelos beijos.
- Eu implorei muito para não ir...

Ele então a beijou mais intensamente, e a morena correspondeu de imediato. Nem o risco de serem pegos àquela hora do dia aos beijos, fizera com que voltassem à realidade. Nada poderia fazê-los regressar. Apenas o amor que sentiam, os guiava naquele momento. Um para os braços do outro.

Talvez este risco, aumentasse a necessidade de Harry. Sempre soubera que o proibido era mais gostoso e sua essência aventureira se fazia jus. No entanto, aquele sentimento era mais intenso que uma simples atração pelo perigo.

Sorriram afastando-se lentamente.

- Então, me acompanha? – perguntou manhoso.
- É claro, Potter, estarei pronta em cinco minutos! – respondeu, beijando-o levemente nos lábios.
- Te dou até meia hora se quiser... Digo, não... Meia hora é muito, e Teddy morreria antes que chegássemos lá, então acho que cinco minutos estaria perfeito! – brincou e ela riu, levantando-se da cama. – Te espero lá embaixo.

Hermione assentiu, e o moreno saíra, fechando a porta. Ela ainda ficara um tempo, sorrindo a esmo, até que pudera mover-se. Rapidamente, escancarara a porta do closet, e pegou uma roupa qualquer. Uma que pudesse mostrá-la feminina, e natural, ao mesmo tempo. Optou por uma blusa de cetim, leve, e de cor rosa salmão. Os detalhes dela chamavam atenção por serem delicados.

E um detalhe em especial engrandecia sua escolha: Harry adorava aquela blusa.

xxxx


- Eu nem acredito que você veio, Mione! – exclamou Teddy, sorrindo largamente.
- Não perderia isso aqui por nada. Pura diversão! – respondeu abraçando ao garoto; andaram juntos enquanto Harry caminhava mais atrás, observando-os e levando nos braços um enorme bicho pelúcia, o qual ganhara para a morena numa daquelas barraquinhas de tiro ao alvo.

Quase a metade do parque já havia sido “visitada” por eles. Os brinquedos mais radicais foram deixados para o final, para enfim fechar o dia com chave de ouro. Teddy mal se cabia de tanta felicidade. Nunca em sua vida imaginou que os trouxas poderiam ser tão engenhosos. Utilizando de coisas mecânicas para seu entretenimento. Tão diferentes, deles, os bruxos.

Motivo outro para sua felicidade, era a companhia de Hermione.

Ela sempre fora a sua amiga mais querida. A preferida. Geralmente as garotas sempre eram tão chatas, mas a bruxa era diferente. Era divertida, gostava de quadribol. Talvez sua predileção se devesse ao fato de ela ser mais velha.

Seus olhos brilhavam sempre que estavam juntos. E não entendia muito bem, porque sempre ficava sem jeito, ou até mesmo gaguejava. Só sabia que apreciava muito ter Hermione ao seu lado.

Caminhavam juntos, ela lhe mostrava as coisas, e interessado ele as conjeturava com curiosidade. Prontamente, o menino começava sua enxurrada de perguntas, e Hermione adorava responde-las. Teddy, dizia que ela batia o Sr. Weasley com relação ao conhecimento que tinha do modo de vida dos trouxas. Contudo, não importava se ela era uma nascida trouxa, nada mudava na imagem que tinha da morena. Sempre tão perfeita, e especial.

Sorriu quando ela bagunçou-lhe os cabelos escuros.

O menino sentira um cheiro muito agradável atingir-lhe as narinas. E seu estômago, começava a reclamar outra vez. Afinal, ficara sem lanche para desfrutar das delícias daquele lugar.

Primeiro experimentara maçã do amor, muito gostosa. Depois comeram pipoca, e agora sua boca salivava por algo que nunca degustara.

- O que é aquilo? – perguntou, apontando para a barraquinha colorida a frente deles.
- Cachorro quente! – respondeu o moreno, que se abaixou perto do menino. – Eles, os trouxas... – sussurrou, gesticulando. - Pegam os cachorros e transformam em... – Harry parara quando a moça o olhara feio, devido à cara de espanto de Teddy.
- Não é nada disso, é apenas pão e salsicha... – explicou Hermione, e o mais novo sorrira aliviado. Seus olhos voltaram ao tamanho normal, e sua face se relaxara.
- Posso comer um? – perguntou alegre.
- É claro, que...! – disse o moreno, prontamente.
- Não! – interferiu a bruxa. – Você já comeu demais Teddy, vai acabar fazendo mal se entupir de tanta guloseima... Sua mãe vai ficar brava.
- Ah, Hermione, deixe o menino comer. – insistiu Harry, olhando-a de uma maneira complicada de se resistir.

Os dois a fitaram, cada um com seu modo de parecer o mais “fragilizado” possível. Sabia que mais cedo ou mais tarde, cederia àqueles apelos. Mas gostava demais das carinhas deles. Teddy, e seus olhinhos azuis, cintilantes. Seus lábios se contraíam, apertando-se, assim como as mãos, numa súplica. Harry erguia a sobrancelha, e nos seus lábios, um meio sorriso se esbaldava.

Hermione suspirou fundo, e assentiu com a cabeça. O sorriso de Harry crescera, e ele tirou do bolso uma nota a qual entregou a Teddy, imensamente orgulhoso de sua encenação marota. Pulando, seguira até o homem que vendia o lanche, deixando o casal para trás.

- Estou vendo que ficarei falido com esse passeio... – comentou bem humorado.
- Não acha que deveríamos ir com ele? Teddy pode soltar a matraca, e dizer coisas que não deveriam ser ditas. – disse a morena, cruzando os braços, seus olhos fixos no menino.
- Que nada, Hermione, relaxa... – sussurrou perto dela, abraçando-a, mas tomando certo cuidado com suas ações.

Dera uma olhada em Teddy, e este se sentara de costas a eles, numas das mesinhas circulares. Além de estar preso em seu enorme lanche, o menino, dispusera toda a sua atenção na roda gigante e em seus ocupantes eufóricos. Harry sorrira amplamente, nem em seus melhores planos, isto poderia ter dado certo.

Estreitou mais a moça em seus braços, e ela sorriu. Antecipando o ato seguinte, Hermione ficara na ponta dos pés, e alcançara a boca de Harry, unindo-as calmamente. Ambos tinham ciência de que era muita loucura, no entanto, este fato não era o mais importante. Ainda mais sabendo que Teddy nem ligava para nada que não fossem os seus anseios infantis e curiosos.

- Harry, você só pode estar doido! – ralhou a morena, afastando-se dele. Embora fosse completamente o contrário do que desejava. Mas precisavam manter as aparências.
- Foi você quem me beijou. – respondeu rindo.
- Mesmo assim, foi louco por me corresponder!
- Certo, eu acho que estou mesmo louco... – respondeu sorrindo divertido, enquanto ela ruborizava. – Porque não conversamos sobre isso? Sobre eu estar terrivelmente maluco por você...
- Er... Bem... – respirou fundo, tentava assimilar tudo, e seu coração acelerado não ajudava em sua tarefa.
- Não podemos mais adiar essa conversa, e você sabe disso. – tocou o queixo dela, fazendo com que Hermione o encarasse.
- Eu sei. – falou e arriscou um sorriso. – O que você quer que eu diga, eu...
- Diga que também é maluca por mim, então ficamos quites. – brincou. Hermione revirou os olhos, nem quando o assunto deveria se tornar sério, ele deixava suas pilhérias de lado.
- Isso você já sabe, bobo! – riram, e ficaram silenciosos. – Eu tentei achar uma explicação plausível para isso que estou sentindo, mas não encontrei. É tão forte. É... Maravilhoso! Descobri em você muito mais que um amigo. Você significa muito para mim, Harry.
- Eu te amo...

Outra vez, Harry a puxou para si, e a beijara duramente. Um beijo carregado de paixão. Seus corações dispararam dentro do peito; sentiam agora a literalidade de seus sentimentos. O moreno espalhava fogo, que se concentrava em seus lábios, e incendiavam por inteiro a Hermione. Incontrolável. O flamejar fora imediato, o amor, algo íntimo.

- Realmente eu não consigo explicar, mas sinto que se escondermos isso, vamos acabar enlouquecendo literalmente! – exclamou ele, apertando-a.
- Sim, nós vamos... – sorriu fino, sentindo que ele a circundava com os braços. – No entanto, creio que as pessoas não vão reagir muito bem... E nossos pais... – calou-se. - Os seus pais... Não acho que receberão a notícia de um romance, tão facilmente.
- Eu não me importo com as pessoas, Hermione, nem com o que elas dirão. Isso para mim é tudo muito desnecessário. Somente me importa o que você sente, o que você pensa. – falou firme, sua segurança era evidente. – Não posso esconder o que sinto, se a toda hora eu penso em você... Entenda que juntos poderemos enfrentar a tudo, inclusive, nossos pais!

Os olhos de Hermione se encheram de lágrimas, não queria se acovardar, mas pensar que causaria desgosto a Lílian e Tiago lhe partia o coração. Justo eles que a deixaram entrar em suas vidas, dedicaram tanto a ela. Foram os pais que o destino lhe arrancara. Em contrapartida, não poderia magoar a Harry. O amava também, mais que a si própria.

- Não tenha medo, Mione, eu vou estar do seu lado. Sempre!

Novamente um momento de reflexão se fixou na mente de Hermione. Estava de fato confusa sobre o que fazer. Abandonar-se-ia sua última resistência, e abraçaria de causa seu amor por Harry, ou apagaria esse sentimento do peito, resguardando aos pais. Franziu a testa, e o fitou. O moreno ainda aguardava qualquer coisa. Uma palavra. Um gesto.

Inquieto o moreno, a soltou. Já desejando nunca ter aberto seus olhos para a verdade que sempre os acompanhara. Era muito pior, o desprezo, do que a ignorância. Aquele silêncio todo, o estava matando. E impaciente, praguejava em seu pensamento.

- Quero esquecer esse medo que me consome, quero ficar com você... Eu também te amo, Harry! – as palavras dela tiraram um peso enorme de seu coração. Toneladas de angústia foram varridas. Ele sorriu, e a beijou docemente. - E... Ninguém precisa ficar sabendo sobre nós, por enquanto. Não é?
- Está me propondo um namoro às escondidas? – replicou perspicaz, arqueando de leve a sobrancelha.
- Sim, você sempre gostou de quebrar regras...




N/A:Bem pessoal, 126 comentários e felizmente a atualização. Carol minha flor, não precisa se jogar na frente de um avião... eu postei! Kkkkkk. Volte a estudar, mas leia o capitulo para se distrair um pouquinho... (olha só como essa autora é uma péssima influencia kkk). Mas enfim, eis o capítulo cinco!

Já comecei com um pouco de suspense, dica da Betina, mas é verdade um capítulo começa legal com uma ceninha de mistério... Hummm quem será o tal irmão do Keegan hein? Pergunta que não quer calar kkk... Pelo visto ele parece ser importante, vamos ver que chuta e faz gol. Kkk.

No mais esse capitulo é cheio de romance, cheio de beijo... O Harry sem dúvidas é irresistível *-* Adoro também o senso de humor dele, e um personagem apareceu devidamente. O Teddy também é uma figura... Tem mais dele no próximo capítulo, que por sinal está todinho escrito, e ficou grandão! Já vou avisando, os diabéticos tomem cuidado, pois o sexto capítulo está um doceeeeeeee...

Bem, eu disse que não faria chantagem, mas vocês não me deixam outra escolha senão essa. É triste, mas faz efeito! Nessa fic optei por atualizar sempre que eu terminar um capítulo adiante. Tipo postei o cinco, pois terminei o seis, e só postarei o seis quando enfim terminar o sete... e assim vai!

Espero muitos comentários, e agradeço de coração aos que sempre comentam, meus leitores fieis... E aqueles que não comentam deixem de serem tímidos, comentar não mata não. Garanto que seus dedos não irão cair * já escutaram muito isso, mas nunca é ruim relembrar*

Beijos meus amados, e até o próximo capitulo... E LEMBRANDO, A NC SE APROXIMA... ENTÃO COMENTEM...



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