Capítulo 3



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Flashback



Castelo de Hogwarts
Maio, 1998


Diante de toda destruição, a única coisa que os combatentes conseguiam enxergar com perfeição eram os jatos de luzes projetados por suas respectivas varinhas. Gritos de glória e pavor, e som de explosões e demolições, eram as únicas coisas que se ouviam. Hogwarts estava um verdadeiro caos.

O pânico era o único sentimento comum entre as duas forças que travavam a batalha. Apesar dos comensais terem total certeza de que o Lorde das Trevas iria conseguir a glória, eles não podiam subestimar a força e o talento daqueles com quem duelavam.

Naquela altura do campeonato, os dois lados já haviam tido uma grande perda.

Belatriz corria por um dos corredores, com a varinha em mãos, aniquilando quem aparecesse à sua frente. Durante sua corrida, acabou eliminando dois comensais, que para sua sorte, não tinham tanta importância.

Seus olhos astutos percorriam por todo caminho à procura do homem a quem havia confiado a segurança de seu filho. Sabia que ele estava no meio daquela confusão. Voldemort não deixaria um de seus melhores servos do lado de fora daquela diversão.

De repente, uma grande explosão.

Belatriz parou abruptamente ao som daquele barulho. Por muito pouco não fora vítima do incidente que matara Fred Weasley.

Os olhos da mulher captaram rapidamente a imagem de Harry Potter. De onde estava poderia matá-lo facilmente, mas aquilo não lhe importava tanto. Voldemort queria ter aquela honra, e ela estava muito ocupada a procura do guardião de Thomas.

Belatriz correu mais alguns metros até que, por fim, avistou o homem duelando com Lupin e Tonks. Ele se divertia, mas foi pego de surpresa por um feitiço de desarmamento do único maroto sobrevivente.

Remo Lupin estava pronto para matá-lo, quando das sombras, Belatriz apareceu, e com um movimento rápido de sua varinha, o matou.

Diante da morte do marido, Tonks partiu para cima da mulher, investindo vários feitiços, que eram facilmente desviados por Belatriz. Por mais que a auror fosse ótima duelista, Belatriz era superior.

- Ah, querida sobrinha, você não deveria agir dessa forma, sabia?! – debochou Belatriz – Fazer birra para titia e tentar azará-la não é um comportamento decente! O que diria minha irmã se soubesse? – Belatriz gargalhou e novamente bloqueou outro feitiço de Tonks – Ok, tenho coisas mais importante do que brincar de duelo com você. Hora de se juntar com o seu maridinho ridículo... Avada Kedavra.

O lampejo verde da varinha de Belatriz foi a última coisa que Tonks viu, antes de cair no chão, sem vida, ao lado do corpo do marido.

- Bom trabalho, Sra. Lestrange... Mas devo lhe dizer que sou um ótimo duelista.

- Ah, por favor, poupe-me de sua conversa! Estava a sua procura. – disse ela, rudemente – Você sabe o que significa o dia de hoje, não é?

O homem sorriu e encarou Belatriz de forma profunda. Tentava, sem sucesso, entrar na mente da mulher.

- Ora, ora, ora... Você é uma ótima oclumente.

- Não estamos discutindo minhas habilidades como bruxa, portanto não fuja do assunto. – grunhiu – Espero que se lembre que...

- Conheço minhas obrigações, não me tome por um moleque! – disse ele, friamente – Se algo der errado, cumprirei minha palavra, até porque existe um voto que nos une, e Tom seguirá o destino que você escolheu.

Belatriz apenas balançou a cabeça, sustentando o olhar sério e intimidador.

- É melhor voltarmos. Alguns comensais não têm tanto preparo, e se ficarmos aqui serão facilmente eliminados. – disse o homem.

- Certo... – concordou Belatriz, mas antes de tomar seu caminho em direção a entrada do castelo, encarou o homem novamente – Quero que me faça um favor.

- Outro?

- Como assim outro? Eu nunca lhe pedi um favor antes. Tudo que lhe dei foram ordens, até o momento! – disse ela – Se eu morrer hoje, quero que...

- Você? Morrer? – ele riu – Impossível.

- Calado, deixe-me continuar! – gritou – Como eu dizia, se eu morrer hoje quero que diga a meu filho que eu... Bom... Que sempre o amei. Mesmo não estando presente em sua vida, ele sempre foi o motivo pelo qual lutei! – ela disse rapidamente – Você fará isso por mim... Por favor?

O homem pensou por uns instantes e enfim, sorriu.

- Sim. Transmitirei a Tom seu recado.

- Ótimo, agora vamos voltar! Eu realmente detesto perder a diversão.




Fim do Flashback



.*.*.*.




Norte da Bulgária
Mansão do Herdeiro


- Belatriz, Belatriz... Gostaria de ver sua cara se soubesse que não atendi seu último desejo. – o Mestre de Tom murmurou para si, ao se lembrar da última promessa que fizera a mulher, antes dela morrer.

Ele poderia contar ao rapaz que sua mãe o amava e que todos esses anos que passou afastada foram uma tentativa de protegê-lo da guerra que se formava. Mas não achava isso necessário. Thomas acabaria se tornando um rapaz sentimentalista e cheio de falsos ideais, e isso iria interferir em sua ascensão ao poder.

Estava caminhando pelos jardins, à espera do rapaz que provavelmente se levantaria em breve. Ainda era muito cedo. Passava das quatro da manhã, mas o homem não se sentia nem um pouco cansado. Aquele silêncio lhe fazia bem, e o ajudava a colocar os pensamentos em ordem.

Agora que seu pupilo já sabia o destino que deveria seguir, precisava ensiná-lo como agir dali por diante. Thomas tinha a missão de entrar na Grifinória e se aproximar de seu principal inimigo, e seu Mestre sabia que tal objetivo não era fácil de ser alcançado. Precisaria ensinar o rapaz a agir de forma menos arrogante e fria, e também a ser mais tolerante. E todas essas lições começariam assim que o sol raiasse.



.*.*.*.




A manhã não estava cinzenta apesar da noite chuvosa. O céu estava claro e sem nuvens, e logo o aposento de Thomas foi invadido pela claridade da manhã.

O rapaz se levantou rapidamente. Apesar de ser muito cedo, não gostava de desperdiçar as primeiras horas do dia com algo tão banal quanto dormir.

Thomas não se surpreendeu ao chegar à sala de jantar e dar de cara com seu mestre bebendo uma xícara de chá e encarando a janela, perdido em pensamentos como sempre. Pensou em pigarrear para chamar a atenção do homem, mas este já lhe encarava com um pequeno sorriso nos lábios.

- Bom dia, meu Senhor! – o homem fez uma pequena reverência com a cabeça.

- Bom dia, Mestre! – disse Thomas – Como está?

- Bem... Estava esperando o senhor acordar. Devo lhe dizer que já está na hora de começar seu treinamento.

- Treinamento para quê?

- Hmmm... Por falta de expressão melhor, diremos que é um treinamento para se tornar um “bom rapaz”. – disse o Mestre, e diante da expressão intrigada de Thomas, explicou – Hogwarts é dividida em quatro Casas. Grifinória abriga os corajosos; Sonserina os mais frios, calculistas e astutos; Corvinal aqueles que estão sempre em busca do saber; e Lufa-Lufa reúne os alunos de bom coração.

“Harry Potter e seus amigos se encontram na Grifinória, e é para lá que você deve ir. Entenda-me, é importante que ganhe a confiança deles, e pertencer à mesma Casa em que estão seria um passo enorme... Você tem todas as características de um Sonserino, então precisa adquirir as qualidades que a Grifinória mais preza. A maioria você já tem. É corajoso, inteligente, perspicaz... Só precisa controlar seu gênio e deixar toda arrogância e presunção de lado... E essa parte creio que será um tanto difícil.”

Thomas prestava bastante atenção nas palavras de seu Mestre e apenas balançava a cabeça, concordando com o que ele dizia. Ao final do breve discurso, suspirou.

- E se eu não me tornar um membro da Grifinória? – perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.

- Ah meu jovem, isso é impossível. Você conseguirá atingir seu objetivo, tenho certeza! – disse o homem fervorosamente – Agora creio que seja melhor tomarmos café e começarmos com as lições. Quanto mais cedo iniciarmos, melhor será.



.*.*.*.




Inglaterra
A Toca


Como era de costume, a casa dos Weasley amanheceu agitada. Enquanto Harry e Mione – que ganhara permissão dos pais para passar àquela semana n’A Toca – ainda desciam as escadas e iam para cozinha, o sobe e desce somado ao falatório, davam a impressão de que havia muito mais pessoas do que apenas os Weasley.

- Ah, bom dia, queridos! – Molly os saudou com um grande sorriso – Sentem-se, sentem-se, que lhes servirei com panquecas e torradas.

- Bom dia, Sra. Weasley! – cumprimentou Mione, sentando-se à mesa, enquanto seus olhos percorriam o pequeno espaço, em busca de certo ruivo – Onde está o Rony?

A Sra. Weasley ia responder, mas Rony apareceu à porta da cozinha, praguejando baixinho e bufando de raiva.

- HÁ-HÁ, limpar galinheiros com o nascer do sol é realmente uma tarefa muito divertida! Sinto-me lisonjeado por ter titica de galinha até dentro das minhas calças! – reclamou o ruivo, pisando duro no tapete jogado próximo à entrada, na tentativa de limpar os pés.

- Ah Roniquinho, por que reclama tanto? Parece que já está se entendendo tão bem com as galinhas, que está criando penas! – brincou Jorge, arrancando risada dos demais.

Rony ainda murmurou mais alguma coisa mal-educada, mas parou no instante em que encontrou o olhar zangado de sua mãe, que estava parada à beira do fogão, com as mãos na cintura.

- Ronald Weasley, vá se lavar para o café antes que eu decida que deve depenar um frango para ganhar uma torrada! – disse ela, caminhando em direção à mesa, para servir Harry e Hermione, que faziam um esforço sobrenatural para não caírem na risada – Ande, suba logo! Não temos a manhã inteira à sua disposição, rapazinho.

Não foi preciso uma segunda ordem e Rony saiu aos tropeços em direção ao banheiro. A última coisa que queria era irritar sua mãe, quando ela parecia disposta cumprir a ameaça de depenar frangos.

Como já era de se esperar, a limpeza do galinheiro era apenas a primeira das muitas tarefas que foram reservadas para aquele dia.

Depois do café, Rony, Harry e Percy – que tirou um dia de folga no trabalho do Ministério – foram desgnomizar o jardim d’A Toca, enquanto Gina e Mione cuidavam da arrumação dos quartos. A Sra. Weasley ficou responsável pelas roupas – que como era de se imaginar, não eram poucas.

Apesar do excesso de trabalho – que devido aos últimos acontecimentos ficou acumulado – todos se divertiam realizando suas tarefas. A Sra. Weasley até cantarolava trechos de uma de suas músicas favoritas da Celestina Warbeck “Um Caldeirão cheio de amor quente e forte”, enquanto trabalhava. Apesar de toda confusão, todos estavam felizes e era isso que importava.



.*.*.*.




Norte da Bulgária
Mansão do Herdeiro


- Vamos lá, meu Senhor. Isso não é tão difícil quanto parece! – o Mestre de Thomas o incentivava em uma de suas novas lições.

- Por Merlin! Diz isso porque não é você. – ele protestou, fazendo uma cara feia.

Seu Mestre revirou os olhos teatralmente e balançou a cabeça num sinal negativo. Fazer Tom se tornar um bom rapaz era mais difícil do que ele imaginava.

- Qual é a dificuldade de dizer “por favor”? – perguntou o homem.

- É um elfo! Mestre, eu não posso dizer “por favor” a uma... Uma criatura que foi feita para me servir sem questionar. – respondeu Tom, encarando a criatura que tinha enormes orelhas de abano e grandes olhos cor de mel.

- Meu Senhor, quantas vezes terei de lhe explicar que a melhor amiga de Harry Potter luta pela liberdade dos elfos e defende a ideia de que todos devem ser livres e receberem salários dignos? – disse o homem, pelo que lhe pareceu ser a milésima vez.

- Garota estúpida! – grunhiu Thomas – Como se essas coisas quisessem mesmo ser livres! Diga-me Dinky, quer ser um elfo livre? – ele encarou o elfo, que rapidamente se encolheu e balançou a cabeça, fazendo suas orelhas gigantes balançarem de forma estranha.

- Não, meu Senhor! Dinky não quer ser livre. Dinky sente orgulho em lhe servir. Dinky quer servir a família dos Riddle por muitos e muitos anos.

Thomas se virou para encarar seu mestre e lhe lançou um olhar como quem dizia “está vendo? Eu tenho razão!” e então sorriu.

- Thomas, meu jovem, sei que parece absurdo, aliás, é realmente absurdo, mas se quiser conquista a confiança do Potter e de seus amigos, nada mais justo que comece a agir como eles e partilhar de suas opiniões.

Thomas suspirou pesadamente. Detestava admitir, mas seu Mestre tinha razão. Se quisesse realmente seguir com os planos de sua mãe, precisava conquistar a confiança de seus inimigos.

- Dinky, pode trazer um copo d’água para mim, p... por f... por favor? – ele gaguejou.

Não foi preciso um segundo pedido para que o elfo desaparecesse e voltasse com um copo d’água para o rapaz.

- Agora agradeça. – o homem alertou.

- O QUE?

- Meu Senhor, precisa convencer as pessoas de que está agindo por afeição.

- Aff... A lista de motivos para odiar o Potter acaba de crescer. – disse ele, e encarou o elfo – Obrigado!

- De nada, meu Senhor! Dinky vive para servir a família dos Riddle, meu Senhor.

- Agora vá. Sua tarefa aqui está encerrada por enquanto. – disse Thomas.

Seu Mestre riu.

- Qual é a graça, posso saber? – perguntou entre os dentes.

- Desculpe-me Senhor. Mas é que fico imaginando... Se já foi difícil para o senhor dizer “por favor” e “obrigado”, nem quero pensar em como irá reagir quando pedir para utilizar o “com licença.”

Thomas ficou sério por alguns instantes, mas logo caiu na risada. Seu Mestre estava certo. Ser gentil e absurdamente educado era a coisa mais difícil para ele aprender, desde que começou a falar.



.*.*.*.




Beco Diagonal


Duas semanas depois...

- Crianças, me escutem. – Molly chamava a atenção dos jovens – Arthur, Fleur e eu vamos a Floreios em busca do material de vocês. Enquanto isso, vocês podem andar por aí, mas pelas barbas de Merlin, não vão muito longe!

- Mamãe, quem escutar a senhora falando vai realmente acreditar que está lidando com crianças. – disse Gina, revirando os olhos.

Harry, Rony e Hermione concordaram fervorosamente.

- Bom, eu vou à Madame Malkin. – anunciou Hermione – Preciso de vestes novas. As minhas já estão um pouco curtas.

- Eu também preciso de novas vestes. – disse Harry – E também preciso de produtos para fazer manutenção na minha vassoura.

- Rony e Gina também precisam de vestes, Arthur! – disse Molly – Vamos lhes dar o dinheiro, para que eles comprem. Por Merlin, cresceram tanto que já não cabem nas antigas roupas.

Rony e Gina se entreolharam e precisaram se esforçar para não rirem. Era natural de Molly Weasley achar que seus filhos cresciam rápido demais e tratá-los como crianças.

Assim que Molly lhes passou a quantia necessária para comprar as vestes, Harry, Gina, Rony e Hermione caminharam em direção à loja da Madame Malkin.

Caminhar pelo Beco Diagonal não era uma tarefa tão simples para Harry. A cada três passos que dava, pessoas se jogavam em sua frente, querendo demonstrar a gratidão para o herói da guerra.

Harry corava até a raiz dos cabelos com toda aquela atenção, mas não era mal educado com ninguém. Entretanto, ele julgava que se continuasse sorrindo daquela forma até o final do dia, sua face ficaria congelada com uma eterna careta de felicidade.

Assim que chegaram à loja de roupas, o quarteto se deparou com a última pessoa que esperavam: Draco Malfoy.

Todos já sabiam que ele havia sido inocentado das acusações. O próprio Harry testemunhou em favor do rapaz, pois mesmo não gostando nem um pouco dos Malfoy, o moreno acreditava que era importante dar uma segunda chance aqueles que pareciam dispostos a mudar.

Draco experimentava suas novas vestes de Hogwarts, e dava instruções à costureira para aumentar a bainha de sua calça. Talvez fosse impressão dos jovens, mas o loiro não parecia mais tão arrogante e desprezível como era há cerca de dois anos.

- Acho que está bom assim, e... – Draco interrompeu sua frase, assim que seu olhar encontrou o quarteto parado há poucos metros de onde ele estava – Ah, veja se não são os Weasley, a Granger e o Potter. – disse ele – Bom dia!

Os dois casais se entreolharam, e depois voltaram a encarar o loiro, de forma confusa. Desde quando Draco Malfoy se tornou um rapaz educado, que lhes cumprimentava sem fazer nenhum deboche?

- Bom dia, Malfoy! – foi Harry quem quebrou aquele incômodo silêncio – Como vai?

- Creio que muito bem, obrigado Potter! Ia perguntar o mesmo a você, mas vejo que está melhor do que nunca, então não acho que seja necessário. – disse ele.

- Tem razão, Malfoy. Estou ótimo mesmo. – Harry concordou, encarando os amigos e a namorada com um sorriso sincero.

- Vai voltar para Hogwarts também, doninha? – perguntou Rony, levando um cutucão da namorada bem nas costelas – Ai Mione, só tô brincando.

Malfoy deu um meio sorriso e encarou Rony.

- Ah, claro que sim. Não posso deixar minha educação de lado, não é? Além do mais, preciso aproveitar as oportunidades. Minerva escreveu para minha mãe, aceitando minha volta à Hogwarts, então não vejo motivos para não ir.

- Tem razão! É sempre bom aproveitar as oportunidades. – concordou Gina, tentando parecer simpática.

Mais uma vez um silêncio chato se instaurou, entre os cinco jovens. Era difícil para todos eles esquecer os acontecimentos do passado, mas precisavam tentar se quisessem realmente um ambiente de paz.

- Onde está sua mãe, Malfoy? – Hermione tentou puxar assunto novamente.

- Na Floreios. Foi comprar meus livros... Disse que me encontraria com ela em breve, e já estou atrasado. – Draco respondeu educadamente – Se me dão licença, vou trocar de roupa. Não quero aborrecer minha mãe.

Draco informou Madame Malkin que já podia parar com os ajustes em suas roupas e assim que ela se afastou com as agulhas, ele desceu do banquinho em que estava e caminhou de volta para o vestiário.

Assim que saiu de lá, com suas vestes em mãos, se virou para vendedora e disse:
- Vou levar as vestes. Por favor, embrulhe-as e coloque em uma sacola. Não quero ter trabalho de carregar o pacote nas mãos.

Os quatro arregalaram os olhos, diante de tanta formalidade e cortesia. Estavam preparados para uma provável mudança de comportamento do rapaz, mas toda aquela gentileza já era demais. Draco nem se quer lhes encarou de forma superior ou fez alguma piadinha sem graça, que consistia em humilhá-los e fazê-lo rir.

Assim que Madame Malkin lhe entregou a sacola, ele agradeceu e se virou para os quatro jovens, que ainda o encaravam boquiabertos.

- Bom, vou atrás da minha mãe. Vejo vocês em Hogwarts. Bom fim de férias! – dizendo isso, ele saiu da loja, sem nem esperar que os outros respondessem.

Rony, Hermione, Harry e Gina ficaram encarando a porta por onde Draco saiu, com expressões de choque. Definitivamente, ver um membro da família Malfoy sendo gentil e educado era a última coisa do mundo que esperavam presenciar.

- Ele nos desejou mesmo boas férias? – perguntou Rony, sem tirar os olhos da rua.

- Acho que sim! – Harry respondeu.

- Caracas, Merlin deve estar operando milagre! – o ruivo exclamou, arrancando risadas dos demais – Tá, já chega. Vamos logo as compras antes que mamãe venha atrás de nós e comece a nos questionar pela demora e todo o resto. Vocês conhecem bem Molly Weasley. Quando começa um discurso, não pára nunca.



.*.*.*.




Um pouco distante da loja de roupas da Madame Malkin, Thomas e seu Mestre, atravessavam a barreira do Caldeirão Furado, que dava acesso ao Beco Diagonal.

O rapaz estava com uma expressão de poucos amigos, ao observar toda aquela gente se acumulando nas ruas e nas calçadas. Estava tão acostumado ao silêncio de sua Mansão, que aquele ambiente era um completo desastre para ele.

Thomas e seu Mestre haviam deixado a Bulgária há alguns dias, e estavam acolhidos em uma nova mansão, em um bairro inteiramente bruxo de Londres. O guardião de Tom julgava ser útil que ele começasse a se acostumar com o ambiente inglês e com as pessoas, agora que faltavam apenas duas semanas para o início do ano letivo.

O Mestre de Thomas estava disfarçado. Antes de deixar a Bulgária, havia conseguido alguns fios de cabelo de um velhinho que caminhava tranquilamente pela calçada de sua mansão, e com a ajuda da Poção Polissuco, adquirira uma aparência idosa, que ajudava e muito, a fazê-lo se passar por avô do rapaz ao seu lado.

- Diga-me novamente o motivo de estarmos aqui, antes que eu enlouqueça! – disse Thomas, entre os dentes, de modo que só seu mestre escutasse.

- Estamos aqui para comprar seu material, e também para testar seu comportamento quanto à interação com outros bruxos. – explicou o homem, pacientemente – Por favor, jovem. Não seja tão ranzinza! Até onde me lembre, quem está preso num corpo de um velho de 70 anos sou eu.

Thomas pensou em responder aquela bronca, mas deixou passar. De fato, sua situação era melhor que a de seu Mestre. Ao menos ele ainda tinha todos os cabelos em sua cabeça.

- Certo, o que eu devo fazer? – perguntou o rapaz, encarando as ruas apinhadas de gente.

- Você fará o que os outros jovens fazem. Irá andar pela cidade enquanto eu comprarei seus livros. – ele respondeu.

- Isso é tão divertido. – Thomas revirou os olhos – E onde encontro você depois?

- Podemos nos encontrar em frente à Gemialidades Weasley. – sugeriu – É a loja do irmão do melhor amigo de Harry Potter e acho que seja bastante interessante que você conheça.

- É... Talvez seja realmente interessante começar a me familiarizar com as coisas por aqui. – disse Thomas – Vejo o senhor em breve, vovô!

- Está bem, meu neto querido! Comporte-se e lembre-se das três palavrinhas mágicas.

Thomas riu e se aproximou do velho.

- Avada Kedavra, Crucio e Imperio?

- Com licença, por favor e obrigado. – o homem o corrigiu severamente – Por favor, seja bonzinho.

- Eu serei... Ou pelo menos tentarei! – foi a última coisa que Thomas disse, antes de se afastar de seu mestre para explorar o local.

As lojas pareciam tão cheias quanto às ruas. Várias crianças corriam de um lado para outro, e imploravam seus pais para irem à famosa loja de logros Weasley. Outras pessoas passavam ao seu lado, cheias de sacolas com livros e algumas até com vassouras nas mãos. Definitivamente, aquilo era o inferno na Terra, para Tom.

O rapaz continuou seu caminho, observando as vitrines, sem achar nada de tão interessante, até que de repente se chocou violentamente com alguém, e caiu para trás.

- Mas que droga! Será que é tão difícil olhar por onde andar? Maldição! Aprenda a observar o caminho, seu idiota! É cego? Porque se for, aconselho comprar um cão guia! – ele esbravejou enquanto se levantava, sem nem olhar para a pessoa que estava à sua frente.

- Quem precisa olhar por onde anda é você! Pessoas normais costumam observar o caminho e dar passagem àquelas que estão com tantas coisas nas mãos, que não conseguem enxergar um palmo à frente do nariz! – disse uma voz feminina, um tanto irritada.

Isso fez com que Thomas parasse de se limpar e encarasse a pessoa a sua frente. Seus olhos se arregalaram quando percebeu que tinha se chocado com uma menina um tanto mais baixa que ele, loira e de olhos esverdeados.

Ele pensou em responder a garota de forma que provavelmente lhe faria chorar, mas ao se lembrar das palavras do seu Mestre, suspirou e se apressou para corrigir o próprio erro.

- Er... Perdoe-me! Estava distraído e com a força do impacto, acabei não controlando as emoções. – disse de maneira gentil – Eu deveria mesmo observar o caminho, e não ficar distraído encarando as vitrines. A falha foi minha!

- Está tudo bem! – disse a menina – Também pensei em uns quinze palavrões diferentes para qualificar a pessoa que me derrubou, mas você foi mais rápido ao exteriorizar sua raiva... Então, prazer, sou Leslie Rosier Bennet. E você, quem é?

- Sou Thomas Les... Thomas Stevens, prazer em conhecê-la também. – ele estendeu a mão para cumprimentá-la – Você se machucou com a queda?

- Não. Mas acho que meu mini-pufe não gostou muito de cair. – disse Leslie, encarando a pequena gaiola – Calma Dorothy, calma! – a menina acariciou o seu bichinho, que soltava gritinhos sem parar – O menino malvado já se desculpou e creio que não pretende mais te derrubar no chão.

Thomas até que tentou manter-se sério, mas acabou sorrindo, diante das palavras da menina.

- Eu não sabia que existiam Pufosos em miniatura por aqui. – ele comentou, colocando as mãos no bolso da calça.

Leslie sorriu.

- Ah, na Gemialidades Weasley tem vários! Papai comprou esse aqui para mim. Eu havia pedido um gato, mas ele não me acha tão responsável a ponto de cuidar de um animal daquele tamanho, e preferiu me dar algo que ficasse preso em uma gaiola e que fizesse algum tipo de ruído que me lembrasse que eu preciso alimentá-lo... Se bem que os Pufosos comem qualquer coisa, então não preciso me preocupar tanto se por acaso esquecer de alimentá-lo!

Thomas riu novamente.

- Pelo que percebi, sua memória é péssima! – disse entre risos.

- Ah... Eu só não tenho muita sorte com animais de estimação. – ela deu de ombros – Bom, Stevens, nos vemos por aí, e espero realmente que não nos esbarremos caso isso aconteça! – ela sorriu mais uma vez e voltou a sua caminhada pela rua, carregando seus pacotes e a gaiola do seu pequeno animal de estimação.

Thomas apenas balançou a cabeça e seguiu seu caminho, observando as vitrines e dessa vez tomando cuidado para não esbarrar em mais ninguém.

Assim que olhou em seu relógio de pulso e viu que já havia se passado mais de uma hora desde que se despedira de seu Mestre, ele decidiu que já estava na hora de ir a tal da Gemialidades Weasley encontrar com o velho homem.

Caminhou rápido por entre as pessoas. Embora não soubesse onde ficava a tal loja de logros, não era necessário perguntar, uma vez que havia placas espalhadas pelas ruas explicando como se chegar lá.

Não foi difícil reconhecer a loja. Ela era, sem dúvida, a mais colorida e espalhafatosa de todo quarteirão. Uma grande placa no alto indicava em letras fluorescentes o nome do local, e na vitrine, vários objetos saltavam e soltavam faíscas. Alguns fogos de artifício explodiam e formavam desenhos, e isso encantava todas as crianças que observavam. Vários anúncios estavam pregados, informando os produtos e as novidades do mercado. Sem dúvida, aquela era a maior loja de logros que Tom já havia visto.

O rapaz estava caminhando em direção à entrada, quando seu coração parou e o ódio começou a pulsar em suas veias. Do outro lado da calçada, Harry Potter, acompanhado por seus amigos, vinha com um grande sorriso no rosto. Involuntariamente, a mão de Thomas foi para dentro do bolso de sua calça, e ele fechou o punho ao redor de sua varinha. Seus olhos exibiram um brilho estranhamente vermelho, que só foi percebido por ele, ao encarar o próprio reflexo em uma vitrine qualquer.

Matar, destruir, eliminar..., eram as únicas palavras que martelavam em sua cabeça e ele estava numa posição tão boa para isso... Seria tão fácil tirar a vida do Potter e depois fugir, que parecia até uma brincadeira do destino. Ele queria aquilo, precisava acabar logo com o homem que matou seu pai.

Thomas deu alguns passos para frente, quando sentiu alguém segurar seu braço. Virou-se rapidamente para encarar a pessoa, e suspirou aliviado quando viu que era seu Mestre.

- Você terá muito tempo para conseguir sua vingança, meu rapaz. Agora controle-se... Matá-lo agora prejudicaria nossos planos. – disse o Mestre em voz baixa, de forma que apenas Thomas escutasse.

Thomas respirou fundo algumas vezes. De fato, seu mestre havia razão. Se fosse para alcançar o poder, que fizesse isso de forma correta, afinal, ele ainda teria muito tempo para matar seu principal inimigo: Harry James Potter.






~~





N/A: Hey U!

Td bem? Espero que sim.

Desculpem pelo atraso da postagem ok?! Tentei terminar mais rápido, mas tive pequenos probleminhas durante a produção... Whatever!

Queridos, o que acharam? Thomas vendo ao vivo e a cores o seu principal inimigo foi algo nada Mara O.O HAUHAUAHAU, mas as coisas vão ficar um pouquinho “suportáveis” pra ele, já que terá que engolir muita coisa, pois no próximo capítulo é a volta de todos à Hogwarts.

Tentarei não demorar tanto com o intervalo das postagens, mas não prometo nada ok?!

Gica (twin), Day Pereira e Ayla Tereza obrigada pelos comentários. Só para tirar sua dúvida, Ayla, o Mestre do Tom será revelado mais para frente. Por enquanto ele continuará sendo um homem misterioso kkkkkkkkkkkk

Obrigada também a todos aqueles que não comentam, mas deixam seus votinhos *-* Fico bastante feliz com isso. É bom saber – de um jeito ou de outro – o que estão pensando a respeito da história.

Agora vou indo nessa.

Até a próxima postagem.

COMENTEM e/ou VOTEM!

XoXo,

Mily.

















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Comentários (1)

  • Caderninho azul

    Espera aí,deixa eu me recuperar do choque de ver o Malfoy gentil assim..hahahahahaha É,pelo visto Thomas vai se envolver com essa Leslie hahahah Nem preciso dizer o quanto estou adorando isso aqui né?beijo

    2012-02-18
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