Capítulo 2
Flashback
31 de julho de 1980.
Voldemort estava sentado em uma poltrona, olhando fixamente para lareira. Seus olhos vermelhos refletiam as chamas, e, por algum motivo, um sorriso estranho brotava em seus lábios.
Nagini, como sempre, estava por perto. Enrolada aos pés de seu dono, a cobra também mantinha o olhar fixo na chama.
Algumas batidas leves na porta, seguidas do barulho da mesma se abrindo, despertou o Lorde de seu transe, mas nem assim ele se virou para conferir quem era o servo que ousava lhe incomodar. Esperou, pacientemente, que este se aproximasse e explicasse motivo de tal incômodo.
- Lorde, sei que não devo incomodar sem motivos...
- Então por que o faz, Rodolfo? – a voz fria de Voldemort, era de uma tranquilidade sem igual.
- Lorde, em sua última carta, minha esposa Belatriz disse-me que se quisesse informações sobre seu paradeiro, deveria lhe procurar, e...
- Ah sim, Belatriz... – por algum motivo, que Rodolfo não soube dizer, a voz de Voldemort parecia esconder uma pontada de satisfação. – Receio que terá que ficar sem sua esposa durante mais alguns dias, Rodolfo...
Nagini, que até então não se movera, rastejou subindo pela lateral do sofá, parando somente quando alcançou os ombros de seu dono.
Rodolfo apenas observou, um pouco incomodado com o animal.
- Tenho permissão para perguntar onde ela está, Lorde? – o comensal fez uma reverência.
- Não Rodolfo, não tem! – Voldemort, por fim, desviou o olhar das chamas e encarou seu servo. Seus olhos vermelhos de repente, exibiram um brilho diferente, que fez os pêlos da nuca do Comensal se arrepiarem – A única coisa que deve saber é que sua esposa, está em uma missão muito importante para mim, e creio que isso já basta, não é? Ou ainda tem a intenção de me encher com perguntas e preocupações?
Nagini soltou um silvo estranho, e Voldemort sorriu.
- Sim, sim, compreendo minha querida... – Voldemort acariciou o animal – Nagini está com fome, Rodolfo. – disse, num tom simpático – Há alguns dias ela na sai para caçar, e você poderia ser uma presa fácil...
Rodolfo estremeceu, e isso não passou despercebido aos olhos do Lorde, que soltou uma gargalhada gélida.
- Acha mesmo que permitiria que minha Nagini se alimentasse de restos podres, como você? Não, não... Ela merece algo decente, algo que ela mesma escolha. – Voldemort riu mais uma vez – Agora saia daqui, Rodolfo. Cansei de sua presença inoportuna.
Sem dizer mais nenhuma palavra, Rodolfo correu para fora da sala em que o Lorde das Trevas se encontrava.
Voldemort, inconscientemente, começou a acariciar a cabeça de Nagini, voltando a encarar as chamas do fogo.
O silêncio que dominava a sala foi quebrado apenas pela gargalhada, cheia de satisfação, de Voldemort.
O Lorde ria como se algo incrível tivesse acontecido. Algo único, algo realmente espetacular. Nagini compartilhava com ele se sua alegria, falando em silvos o que somente seu dono poderia compreender.
- Sim Nagini, ele nasceu! – disse Voldemort – Belatriz acabou de dar a Luz ao meu herdeiro!
Fim do Flashback
31 de Julho de 1998.
A sala de jantar da Mansão do Herdeiro estava impecável. Os móveis haviam sido lustrados, a grande mesa de jantar estava posta e vários pratos preenchiam seu espaço. A louça mais fina tinha sido escolhida para aquela ocasião e a prataria fora completamente lustrada. Os cristais do lustre que pairava sobre o meio da mesa, brilhavam em diferentes cores, conforme refletiam as chamas da lareira.
Parado, em frente à janela que havia na sala, estava o mestre de Tom. O velho homem observava a forte chuva castigar o jardim e os raios cortarem o céu escuro, conforme deixava seus pensamentos vagarem. Havia tanto para ser feito até o dia 1º de setembro, que ele precisa se organizar, se quisesse realmente seguir com os planos de Belatriz.
Ao som dos passos do rapaz, o mestre se virou para recebê-lo com um sorriso. Não precisaria que Tom anunciasse sua presença. Conhecia seus passos e, por mais silenciosos que fossem, jamais confundiria com o de outra pessoa na casa.
- Meu Senhor! – o homem fez uma reverência para Tom.
- Mestre! – Tom fez um breve aceno com a cabeça – O que faz aí?
- Nada demais. Apenas permitindo que meus pensamentos vagassem, enquanto o esperava para o jantar. – explicou – Hoje é um dia muito especial.
- Um dia como outro qualquer. Não se iluda pensando que me comovo com datas comemorativas.
O mestre riu.
- Exatamente como seu pai... – balançou a cabeça – Permite que eu lhe dê uma coisa? Um presente?
Thomas ergueu a sobrancelha e por fim suspirou, rolando os olhos.
- Está bem. – ele caminhou para perto do seu mestre, e foi só então que reparou uma caixa de veludo preta, sobre o armário de cristal próximo a janela.
Em silêncio, o mestre virou-se para pegar a caixa, e sem fazer muito suspense a abriu, revelando para Tom uma grossa corrente de prata, com um pingente do mesmo material, em forma de serpente, e no lugar de seus olhos, duas pequenas pedras de rubi brilhavam ainda mais vermelhas com o reflexo do fogo que vinha da lareira.
- Seu pai gostaria de ter lhe dado isso quando completou 17 anos, meu Senhor, mas não pôde. Foi o Lorde das Trevas que mandou fazê-lo para você. Considere isso como uma última lembrança de seu pai.
Thomas nada falou. Apenas esticou a mão com a palma virada para cima, para que seu mestre colocasse a corrente ali. O jovem virou o presente de seu pai em suas mãos, observando cada detalhe. Foi só então quando virou a serpente de costas, pôde observar uma caligrafia fina e elegante, que escrevia a seguinte frase:
“Para meu herdeiro, cujo veneno da mais perigosa serpente corre nas veias.”
- Meu pai sabe ser direto, quando quer. – Tom riu sem humor, e sacudiu o pingente de costas, para que seu mestre visse a frase que seu pai lhe deixara. – Em todo caso, obrigado por ter me entregue. Devo guardar ou desfilar por aí essa bela jóia?
- Você deve fazer o que achar melhor, meu Senhor!
- Sábia resposta, Mestre. – o jovem largou seu presente dentro da caixa, e se virou para encarar a janela.
- Creio que já esteja na hora do jantar...
- Só está na hora do jantar quando eu anuncio. – Tom o cortou de maneira fria, sem olhar em direção ao velho homem, que apenas fez um aceno afirmativo com a cabeça.
O rapaz permitiu-se por alguns instantes vagar em lembranças que apenas existiam em seu mundo, já que nenhuma delas haviam se tornado reais. Imaginou como seria ter conhecido o próprio pai e ter convivido um pouco mais com sua mãe... Não que isso lhe fizesse falta, mas ele gostaria de ter olhado para os olhos do pai e dito o quão imbecil ele era por subestimar os poderes daquele que o derrotou uma vez. Riu consigo mesmo, quando imaginou a expressão furiosa do seu pai ao ouvir essas palavras.
Thomas virou-se e encarou a mesa de jantar. Toda aquela comida abasteceria uma grande festa e era possível que ainda sobrasse algo. Suspirou. Nunca conseguiria entender o motivo das pessoas comemorarem coisas tolas.
- Agora – ele disse numa voz monótona – está na hora do jantar. – saiu em direção ao seu lugar na ponta da mesa, onde um elfo já o esperava para puxar sua cadeira e lhe servir o que fosse desejado pelo seu dono.
Durante a refeição, o mestre não ousou falar uma única palavra. Preferia manter-se concentrado no prato que estava a sua frente, ao dizer alguma coisa e causar a ira do rapaz que sentava na outra extremidade da mesa.
Thomas mastigava sua comida, sem nem saber ao certo do que se tratava. Não sentia nenhum sabor especial. Sua mente estava muito ocupada arquitetando planos, para que seus outros sentidos detectassem algo especial... Faltava pouco para que sua missão se iniciasse, e precisava de estratégias desde já.
Harry James Potter... Esse nome martelava em sua cabeça desde o dia anterior. Os olhos de Thomas chegavam a brilhar de maneira sombria quando imaginava a dor que poderia causar a diversas pessoas destruindo aquele que acabou com sua família.
Se antes Thomas não conseguia sentir o gosto do alimento, agora sabia exatamente qual era o sabor que seu paladar detectava. Era o doce e gélido aroma da vingança, e ele sentia-se deliciado em provar aquilo.
- Meu Senhor, me permite fazer um brinde? – da outra ponta da mesa, o mestre levantou sua taça servida com vinho élfico, e encarou o jovem de maneira interrogativa.
- É claro! Por que não?! – Thomas sorriu e ergueu sua taça.
- A você e a Era de sucesso que está por vir. – o homem falou, erguendo um pouco mais sua taça.
- Exatamente! A mim, e a Era de sucesso que você vai me ajudar a conquistar. – Tom também ergueu mais a sua taça e depois sorriu, imaginando sua própria glória.
- Meu Senhor, me permite dizer mais uma coisa?
- Diga mestre. – Tom rolou os olhos.
- Feliz Aniversário!
31 de julho de 1998.
- FELIZ ANIVERSÁRIO, HARRY!
Os olhos verdes de Harry estavam arregalados de surpresa ao ver a festa que os Weasley e todos seus amigos haviam preparado em sua homenagem. Já estava na casa de Rony há quatro dias, e não suspeitara de nada.
- Vocês dois sabiam? – Harry encarou seus melhores amigos de maneira acusadora – Sabiam e não me contaram nada? Que belos amigos são!
- Ah cara, se nós contássemos não seria festa surpresa, concorda? – Rony brincou, bagunçando ainda mais os cabelos do amigo com a mão.
Harry riu e correu em direção a Molly e Arthur Weasley, que os encaravam com um grande sorriso no rosto.
- Obrigado! – ele agradeceu sinceramente – Esse é o melhor presente que os senhores poderiam ter me dado!
E sem nenhuma vergonha, Harry os abraçou forte. Definitivamente os pais de seu melhor amigo, eram verdadeiros pais para ele também.
- Querido, agora vá conversar com seus amigos e aproveitar sua festa. Ainda faltam algumas surpresas, mas isso você vai ter que esperar. – Sra. Weasley disse bondosamente.
“Mais surpresas?”, pensou Harry um pouco curioso. Se não bastasse eles terem reunido metade de Hogwarts no jardim d’A Toca, será que ainda havia algo mais especial para que ele recebesse?
Sorrindo o moreno caminhou em direção aos seus amigos, acompanhando com o olhar cada detalhe da decoração de sua festa. Haviam fotos dele espalhadas por todo jardim, em murais construídos – ele julgou que fossem por Jorge – especialmente para aquela ocasião. Algumas delas nem se lembrava mais. Fotos dele sorrindo, jogando Quadribol, no Torneio Tribruxo, várias dele com Rony e Hermione, algumas retiradas do Semanário das Bruxas com grandes legendas “Como conquistar o coração do Herói” – aqui ele teve certeza que foi coisa do Jorge – decoravam sua festa.
Foi quando se aproximou do grupo de amigos que lutara com ele na Armada de Dumbledore, que teve sua atenção atraída especialmente para uma grande foto que estava próxima a mesa com seu bolo de aniversário.
Sorrindo e acenando para ele, em tamanho natural, estavam seus pais. Lilian e James Potter encaravam o filho de maneira bondosa e lhe sorriam de forma fraternal.
Harry caminhou até o grande pôster, esquecendo-se completamente que estava cercado por seus amigos e família. Parou exatamente em frente a sua mãe. Lentamente ergueu sua mão direita e acariciou o que seria seu rosto. Aumentada para o tamanho natural, Lilian parecia ainda mais bonita do que ele achava possível. O rapaz então se virou para o pai, e não pôde deixar de sorrir ao reparar seus cabelos. Involuntariamente, levou a mão aos seus próprios cabelos, constatando aquilo que ele já estava cansado de saber: eles eram mesmo despenteados. Encarar o retrato de James era como encarar o próprio reflexo só que sem cicatriz e o belíssimo par de olhos verdes.
Apesar de Harry já ter tido outros “encontros” com seus pais – como ocorreu quando visitou as lembranças de Snape ou quando olhara o espelho de Ojesed – não pôde deixar de sentir um nó se formar em sua garganta, e antes mesmo que pudesse controlar, sentiu seus olhos ficarem marejados. Daria qualquer coisa para que Lilian e James voltassem para ele. Daria qualquer coisa para poder conversar com seus pais.
Percebendo a situação do amigo, Rony e Hermione foram para seu lado, em sinal de apoio e amizade.
- Ela era linda, não era? – a voz de Harry saiu num sussurro, embora tivesse se esforçado para que saísse clara e alta.
- Sim, incrivelmente linda! – Hermione concordou fervorosamente – Chega ser assustador olhar para seus olhos e para os olhos dela. Parece que ela os tirou e os deu para você. – a castanha sorriu para o amigo.
- Cara, sei que nem preciso dizer isso, mas você é igual ao seu pai! – Rony constatou, fazendo seu amigo rir. – Tem até o mesmo gosto por ruivas... – ele acrescentou, e se encolheu ao ver o olhar feio que Hermione lhe lançara – Quero dizer...
- Não, você tem razão. Eu sou mesmo igual ao meu pai. Veja, ele tinha cabelos bagunçados, eu também tenho. Usava óculos e eu uso. Era apaixonado por uma ruiva, e eu também sou... – Harry suspirou – Mas a única diferença é que ele não deixou a vergonha impedi-lo de conquistá-la... Acho que tá na hora de acabar com isso.
- O que você quer...? – Hermione nem pôde terminar a frase, já que no instante seguinte, Harry se encaminhou para o meio do jardim, movido pela coragem, e pediu atenção de todos.
Harry não pôde evitar corar ao sentir todos os olhos grudados nele, mas nem isso foi capaz de impedir sua súbita coragem. Respirou fundo e então se virou para o Sr. e Sra. Weasley, que os encarava curiosos.
- Antes de mais nada, quero agradecer aos dois por terem me recebido de volta. Acho que nunca lhes disse isso, mas desde que fui para Hogwarts e tive a oportunidade de conhecê-los, penso nos dois como pais. A Sra. Weasley, foi para mim uma mãe perfeita. Sempre cuidando e me dando carinho. Tenho certeza de que se minha mãe pudesse lhe agradeceria por tudo que já fez e ainda faz por mim. – ele sorriu e sentiu o coração apertar ao ver que Molly chorava – E meu pai, Sr. Weasley, com certeza apertaria sua mão e lhe diria que fez um ótimo trabalho o substituindo na tarefa paterna. Agradeço sempre pelos dois terem entrado em minha vida.
Harry precisou pausar seu discurso, quando uma salva de palmas invadiu o jardim d’A Toca, lhe deixando ainda mais constrangido. Em meio aquela comemoração, ele pôde ouvir um rugido de leão, e não precisou procurar muito para encontrar a origem do barulho. Sua amiga Luna estava no local e por algum motivo que bizarro, decidiu levar o grande chapéu – que costumava usar nos jogos de Quadribol quando a Grifinória jogava – em forma de cabeça de leão para sua festa.
- Bom... Eu também preciso agradecer aos meus irmãos adotivos. Rony, que sempre foi meu melhor amigo e esteve comigo pra tudo. Gui, Carlinhos, Percy e sua mania de querer nos dar detenções nos tempos em que estudava em Hogwarts – todos riram e Percy gritou algo como “Vocês mereciam!” – Jorge e sua alegria capaz de contagiar a todos, e... – aqui ele fez uma pausa, a procura de um olhar castanho e bastante expressivo – Gina! Bom, sinto lhe dizer que você para mim não é uma irmã. Desculpe se lhe decepciono ao dizer que eu te amo de uma forma que irmão nenhum pode amar. Olha, sei que não fui muito corajoso nas últimas semanas, e que magoei você quando dei fim ao nosso relacionamento antes de partir na missão deixada pelo Prof. Dumbledore, mas... Eu não podia colocar a sua vida em risco, entende? Doeria demais saber que enquanto eu lutava para matar Voldemort, você estava sendo caçada por algum Comensal que quisesse lhe fazer mal somente para te atingir... Gina, quando lhe disse que o tempo que passei com você parecia ter sido a vida de outra pessoa eu falei serio. Você me trouxe paz em tempos de guerra e me deu força para que seguisse em frente e acabasse com tudo aquilo... Eu...
- Ah, por favor, diz logo que ama minha irmã e a peça em namoro. Estamos ficando nauseados! – Jorge gritou, arrancando novas risadas de todos. Harry ficou tão vermelho, que pensou em enfiar sua cara dentro do bolo somente para se esconder.
- Obrigado Jorge! Você realmente estragou meu momento sentimental. – Harry disse em sarcasmo e então se virou novamente para Gina – Bom, é isso... Como seu irmão mesmo acabou de dizer, Gina eu quero saber se me aceita de volta?
Gina sorriu e caminhou até onde Harry estava, parando a poucos centímetros dele.
- Promete que dessa vez não vai fugir?
- Prometo! – ele respondeu.
- Então eu aceito! – ela sorriu e em seguida se jogou nos braços dele, num beijo contido, entretanto apaixonado.
Várias palmas tornaram a ecoar pelo jardim, e o rugido do chapéu de Luna se tornou mais forte.
Assim que se separaram – coisa que não demorou muito para acontecer, já que Gui num ataque de irmão mais velho, aproximou-se do casal e fez um barulho com a garganta bastante audível – Harry encarou o Sr. Weasley, com um pouco de culpa no olhar, por não ter conversado com ele antes a respeito desse assunto.
- Sr. Weasley, eu realmente gostaria de ter...
- Ah meu rapaz, não se preocupe! Com certeza fará minha caçulinha feliz e sem dúvida é o genro que Molly e eu sempre sonhamos!
Harry respirou aliviado e abraçou Gina com força. Dessa vez ninguém seria capaz de separá-los e ele poderia viver seu ‘Feliz para Sempre’ ao lado da pessoa que sempre sonhou.
Depois das declarações, Harry finalmente foi cumprimentar seus convidados de forma decente. Ficou muito feliz ao ver que grande parte de seus amigos estavam ali. Neville, Dino, Simas, Luna, Hagrid, McGonagall e até mesmo a professora Trelawney estavam entre os convidados. Abraçou a todos com muito carinho e manteve uma conversa animada com eles, até que a chegada de duas novas pessoas atraiu sua atenção.
Harry sentiu seu coração parar e voltar a bater em um ritmo acelerado ao ver Andrômeda Tonks atravessar o jardim carregando seu neto – e afilhado do rapaz – Ted Lupin. Sem pensar duas vezes, o moreno correu em direção ao afilhado e o pegou no colo.
- Ted, como você está grande! – disse ele, erguendo a criança nos braços e sorrindo abertamente ao ver que o pequeno menino assumira a cor preta em seus cabelos – Sra. Tonks, muito obrigado por trazê-lo pra me ver... Sei que fui um padrinho irresponsável e...
- Querido, não precisa se culpar! – disse Andrômeda, num tom amigável – Entendo seus motivos e não lhe julgo por nada. – ela sorriu.
Harry retribuiu o sorriso e se virou para a criança que estava em seu colo e lutava veemente para alcançar seus óculos.
- Ted, meu afilhado. – ele beijou o rosto da criança – Você é simplesmente lindo! – todos do local pararam para admirar a cena – A partir de agora prometo estar presente em sua educação, está bem? Vou ser um ótimo padrinho, o melhor do mundo! E quando estiver um pouco maior, vou te ensinar a voar. Vai ser um ótimo jogador de quadribol e terá a vassoura mais veloz que puder imaginar! – disse ele e logo em seguida riu ao perceber que já fazia planos para o pequeno menino, que provavelmente não estava entendendo nada, mas ainda sentia uma grande atração por seus óculos redondos – Eu nunca mais vou ser ausente em sua vida... Tentarei ser como um pai pra você, eu prometo! – ele sussurrou para o menino e Ted se sentiu bastante interessado naquela promessa, pois logo parou e encarou Harry com uma expressão interessada – Eu te amo! – Harry sorriu para o menino e este lhe sorriu de volta.
- Acho que o Harry vai precisar do babador do Teddy emprestado. – Rony brincou e novamente todos riram.
Depois daquela guerra, finalmente Harry sentia que poderia respirar em paz. A sensação de alívio que lhe tomara no momento em que derrotou Voldemort, era muito mais notável agora que estava junto com sua família, sem nenhum peso na consciência. Naquele momento, Harry se julgava o rapaz mais feliz do mundo.
Flashback
29 de julho de 1981
O vento que soprava do norte não era um simples anúncio de mudança no clima. Aquela ventania forte, que fazia os galhos das árvores balançarem de forma violenta, indicava que uma forte tempestade estava por vir.
As ruas da pequena cidadezinha estavam praticamente vazias. Apenas os mais corajosos e os que foram obrigados a saírem àquela manhã para trabalhar, caminhavam depressa pela calçada.
Indo em direção à Mansão Riddle – aquela que chamava a atenção de várias pessoas por ser misteriosa e ter uma cobra assustadora como “guardiã” do portão – uma mulher caminhava em passos rápidos. Sua capa negra esvoaçava violentamente e seus longos cabelos pretos chicoteavam seu rosto com a força do vento. Apesar de ter uma expressão séria, a mulher que caminhava era muito bonita, e chamava a atenção daqueles que passavam por perto.
Belatriz Lestrange retornava ao local do nascimento de seu filho pela primeira vez em quase um ano.
O grande portão da Mansão estava fechado. A serpente, imóvel com os olhos fixos em um ponto distante, como se fosse apenas um ornamento decorativo da casa.
Belatriz encarou o falso objeto decorativo e tocou-lhe com a ponta dos dedos. A reação foi imediata. A serpente se desenroscou e rastejou dentro do círculo que se prendia, de forma elegante, parando somente para encarar a pessoa que lhe despertara.
- Revele-me o segredo. – exigiu a serpente, em meio a um silvo agudo de descontentamento.
- O Herdeiro do Lorde das Trevas vive dentro desses portões. – respondeu Belatriz monotonamente, revirando os olhos em seguida.
No mesmo instante, o grande portão de ferro se abriu, permitindo a passagem da bela mulher.
Já dentro dos terrenos da casa de seu filho, Belatriz começou a caminhar lentamente. Apesar de não temer nada em sua vida, aquele momento lhe fazia sentir calafrios. Depois do nascimento de seu filho, ela nunca se preocupara em ir vê-lo. Justificava a ausência para si mesma com as ocupações de seu dia. Estava sempre metida em batalhas ao lado dos outros comensais e planejando ataques para derrubar os membros da Ordem da Fênix. Diante de tanto serviço, ela achava mais do que justo não ter que se preocupar ainda mais com seu próprio filho.
Assim que parou em frente à grande porta de entrada da mansão, feita inteiramente de mogno e muito bem lustrada, Belatriz suspirou. Não poderia adiar ainda mais aquele momento. Precisava entrar antes que se arrependesse e fosse embora.
Sua mão pálida tremeu ao tocar a maçaneta. Seus dedos se fecharam ao redor do metal frio, e ela girou a maçaneta e empurrou a grande porta, entrando na casa.
Os olhos negros de Belatriz percorreram todo hall de entrada. Tudo era tão luxuoso. Sabia que Voldemort cuidaria para que seu herdeiro vivesse em um local confortável, mas não fazia ideia de que seria daquela forma. Os móveis, a decoração, tudo era de extremo bom gosto. Relaxou um pouco ao saber que enfim, seu filho não estava em más condições. Pelo menos aquilo aliviaria um pouco o peso em sua consciência.
Belatriz caminhou elegantemente até a sala de visitas, onde alguém já a esperava. Trincou os dentes ao ser pega de surpresa. Não havia avisado que viria, como aquele homem poderia saber?
- Minha cara Belatriz... – o homem, naquela época bem mais jovem, cumprimentou a recém chegada – É tão bom tê-la de volta.
- Não seja ridículo! – grunhiu ela – Como sabia que eu estava aqui?
- Os terrenos são enfeitiçados e não podemos nos esquecer da serpente. Não é difícil para eu saber quando alguém coloca os pés aqui. – ele sorriu – Então, imagino que queira ver seu filho...
Belatriz assumiu uma postura mais formal, embora seus olhos não perdessem o brilho ameaçador. A mão que estava dentro de sua capa, se encontrava fechada ao redor da própria varinha.
- Deixaremos isso para depois. Fico aliava que esteja aqui, pois preciso mesmo falar com você.
- Estou ouvindo. – ele fez uma breve reverência a mulher e a encarou de forma profunda.
- Escute-me bem, isso não é apenas para sua ou minha segurança. Trata-se de todos nós e de problemas que podem surgir futuramente. – ela começou sem desviar o olhar do homem a sua frente – O Lorde das Trevas planeja algo grandioso... desde que Severo Snape comentou algo com ele a respeito de uma profecia e o nascimento de uma criança que estragaria todos seus planos, isso tem deixado ele louco. O Lorde planeja ataques a diversas famílias, para não alarmar demais os membros da Ordem da Fênix, e fazê-los desconfiar de seu objetivo... Enfim, isso não é tão importante agora. O problema é que o Lorde não vê que seus planos podem ser... Como posso dizer... Ah sim, podem ser falhos.
“Eu nunca desconfiei das palavras do nosso Lorde e sempre sou fiel a ele em todas as decisões que toma, mas todos sabemos que às vezes ele é muito seguro de si e subestima demais o contra-ataque dos nossos adversários. E se algo der errado?”
- Desculpe a intromissão senhora, mas aonde quer chegar? – o homem perguntou, caminhando em direção a mulher, com um olhar intrigado.
- No meu filho, é claro. – respondeu ela – Como você percebeu, não poderei estar presente na vida do Thomas e muito menos supervisionar as coisas que ele deve ou não aprender. O Lorde das Trevas está muito ocupado para se preocupar com o que acontece ao próprio filho. Sabe que ele está vivo e que nada vai lhe acontecer, então isso já lhe basta. – ela respirou fundo – Quero que você eduque meu filho e o prepare para uma possível... Falha. Quero que lhe ensine a duelar, quero que o ensine feitiços poderosos, os mais profundos segredos das Artes das Trevas e as magias mais antigas que conhecer. O quero preparado para qualquer situação, inclusive, substituir o próprio pai, caso o Lorde não alcance seu objetivo.
Os dois se encararam durante algum tempo. O homem parecia deliberar entre aceitar as instruções de Belatriz ou seguir as ordens de seu Lorde que o pedira apenas para ensinar ao filho as coisas que se aprende em qualquer escola de Magia e Bruxaria. Belatriz, por sua vez, sustentava o mesmo olhar imponente, sem demonstrar nenhum medo ou dúvida em seu pedido. Chegava ser intimidadora a forma como ela encarava o homem a sua frente. Por fim, ele suspirou, soltando todo ar que estava preso em seus pulmões.
- Sabe que seu pedido vai de encontro às ordens do Lorde, não é?
- E você sabe que o Lorde está muito ocupado para se preocupar em supervisionar Thomas. A única coisa que voe precisa fazer é acrescentar a educação básica, coisas que são proibidas na escola. Como ensinar a preparar venenos e fazer uso da magia negra.
- Por que acha que ele vai falhar? Aos meus olhos, sempre fora a serva mais fiel do Lorde!
- É um pouco difícil de explicar para você, já que não está sempre por perto para acompanhar as decisões do Lorde... Entenda, todos os planos dele são ótimos. Mas todas as pessoas, até mesmo as mais temidas, estão sujeitas a falhas. Todos, é claro, torcemos para que nada aconteça e que tudo saia bem sucedido. Mas é bom estarmos preparados para o futuro, e seria ótimo que essa preparação começasse agora. Então, o que me diz? Vai acatar meu pedido ou não?
O homem pensou por mais alguns instantes e por fim, fez um aceno positivo com a cabeça.
- O jovem Riddle terá uma educação completa. Compartilharei com ele todos os segredos de seu pai, e, se algum dia ele precisar substituí-lo, estará pronto. – disse ele decidido.
- Estaria disposto a fazer um voto perpétuo comigo? Gosto de ter garantias.
- Mas é claro que sim. – ele sorriu – Srta. Valmont, venha até a sala de visitas, por favor.
O rosto de Belatriz se contraiu em uma careta desgostosa e ela encarou o homem com uma fúria intensa no olhar.
- Você tem servos aqui? Empregados humanos? Não lhe bastava os elfos?
- Fique calma! Todos aqui são de minha confiança, e sabem que se tentarem revelar o segredo serão castigados com a morte. Não se apavore.
Naquele instante, uma mulher um pouco mais velha que Belatriz, usando vestes de segunda mão e com o cabelo preso em um coque apertado na nuca, entrou na sala. Não sorriu e muito menos encarou as pessoas que lá estavam.
- Aqui estou, senhor. – ela abaixou a cabeça.
- Você será avalista do Voto Perpétuo que a Sra. Lestrange e eu iremos fazer. – ao som do nome de Belatriz, a empregada ergueu rapidamente os olhos, e baixou assim que viu que a mulher lhe encarava – Sabe o que tem que fazer, não é?
- Sim senhor! – respondeu ela, tirando a varinha de dentro das vestes, com a mão trêmula.
Belatriz bufou e revirou os olhos, diante da reação da empregada. Estendeu a mão para o homem a sua frente, que tratou de segurá-la e encará-la de forma decidida.
- Você cuidará de meu filho, como se fosse o seu? – perguntou ela.
- Cuidarei!
Uma fina língua de fogo saiu da ponta da varinha da empregada e envolveu as mãos dos dois como se fosse um arame em brasa.
- Ensinará tudo que sabe, incluindo os segredos mais profundos do Lorde das Trevas?
- Ensinarei!
Outra língua de fogo saiu e se uniu a primeira, formando uma corrente luminosa.
- Guardará esse segredo de todos, incluindo do Lorde das Trevas?
- Guardarei!
A terceira língua de fogo saiu da varinha e enrolou-se nas outras, formando algo parecido com uma serpente de fogo e por fim desapareceu.
Belatriz sorriu satisfeita por ter alcançado seu objetivo e encarou o homem a sua frente, que não parecia arrependido de sua decisão.
- Já pode ir, Srta. Valmont! – o homem dispensou a empregada, que rapidamente guardou sua varinha nas vestes e se virou para sair.
- Ah não, espere só um instante, quero lhe dar uma coisa, querida! – disse Belatriz numa voz pacífica e assim que a mulher se virou, ela sacou sua varinha e a última coisa que a empregada viu antes de cair no tapete da sala com os olhos abertos e sem vida, foi um lampejo de luz verde – Não me olhe assim, eu realmente precisava matar alguém. Estava muito tensa! – ela se justificou para o homem, que a encarava sem dizer nada.
- Que pena que escolheu ela... Sabe de todas as empregadas, ela era a única que sabia fazer um ótimo ensopado de carne! – suspirou – Imagino que agora queira ver seu filho, não é?
- Não! – respondeu ela, com a voz um pouco aguda – Quem sabe outra hora. Diga a ele que vim e que em breve voltarei.
- O aniversário dele é dentro de dois dias! – o homem a lembrou.
- Eu sei o dia do aniversário do meu filho! – grunhiu – Mandarei um belo presente e tentarei vir até aqui. Agora preciso ir. Não disse ao Lorde que me afastaria por tanto tempo.
Sem dizer mais nada, Belatriz saiu da sala em passos duros e caminhou em direção ao hall para poder sair. No cômodo ao lado, viu algo que a fez parar no corredor. Uma empregada brincava com uma bela criança, de cabelos tão negros quanto os dela e olhos claros. Thomas sorria ao tentar pegar a bola que rolava pelo chão e batia palmas quando conseguia. Essa visão fez Belatriz ter vontade de ir lá e abraçar seu próprio filho. Por uma fração de segundo, sentiu um desejo incrível de retirá-lo dali e levá-lo para algum lugar em que pudesse protegê-lo. Mas sabia que isso não era possível. Não agora, pelo menos. Ela balançou a cabeça freneticamente e praticamente correu para fora da mansão, evitando todos os pensamentos maternos que invadiam sua mente.
Fim do Flashback
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N/A: Hey!
Td bem? Finalmente consegui terminar o segundo capítulo. Sabe aquelas inspirações que surgem do nada? Então, tive uma essa manhã e isso facilitou bastante na produção.
Mas agora vamos ao que é realmente importante: O Capítulo.
Tenho certeza que todos repararam em detalhes intrigantes como:
» O mestre misterioso;
» O fato do Harry e do Tom terem nascido no mesmo dia;
» Harry e Thomas serem exatamente o oposto um do outro e ao mesmo tempo terem várias coisas em comum.
Bom, creio que esses três pontos não passaram despercebidos por ninguém... E espero que estejam realmente curiosos e que acompanhem a fic para desvendar esses mistérios!
Então, o que acharam desse capítulo? Bom? Mais ou menos? Confuso? Oh, por favor, comentem e deixem suas opiniões ou simplesmente votem, ok?! *-* Gosto de saber no que preciso melhorar e é sempre importante lembrar que sugestões são sempre bem vindas.
Gica (twin *-*), Mania do Potter (Pedro), Pacoalina, Maris (amiga louca), Delaire e Ayla Tereza, muito obrigada pelos comentários! Vcs fizeram uma autora feliz *-* kkkkkkkkk
Bom, agora vou indo nessa!
Comentem e/ou Votem ok?!
XoXo,
Mily.
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Comentários (2)
Acabei o capítulo!Que bizarra essa Bellatrix hein..hahahah e o servo lá que eu não sei quem é falando do ensopado de carne... Que lindo o Harry "você eu já não considero uma irmã" ownnn Esse Thomas, algo que me ocorreu agora,não teve contatos com ninguém..a não ser seu Mestre e os empregados..tipo, a vida toda!Como ele vai se portar no mundo real??? Afinal isso não é o tipo de coisa que alguém possa lhe ensinar!E no mundo real ele não vai viver só rodeado de servos! Ansiosa ao extremo!!Beijoo
2012-02-18Esse Thomas é muito minado!"Agora é hora do jantar" Ai que vontade de dar um soco nele!hahaha Queria continuar a ler esse capítulo mas terei que sair (o dever me chama!hahah) volto para ler o restante e claro,comentar muitoo porque essa fic merece!Beijoo
2012-02-18