Apaixonados



Capítulo 7 – Apaixonados






                O despertador de Harry tocava há mais de 3 minutos, mas ele já havia despertado 5 minutos antes. De tanto acordar as 6: 00h em ponto, seu relógio biológico adaptara-se ao horário programado. E apesar do som estridente e estressante daquele velho despertador incomodar-lhe os ouvidos, ele não o desligava por estar sem coragem alguma. Seu corpo estava fraco devido ao dia cansativo de ontem, e uma enorme dor de cabeça atormentava-lhe o juízo tanto quanto um sino badalando bem ao pé do seu ouvido; e o mais engraçado disso tudo é que, se fosse há pouco mais de um mês, ele não estaria naquela situação: estaria no 12º sono ainda e, quando acordasse, não sentiria dor de cabeça alguma; pelo contrário, sentir-se-ia revigorado, pronto para outra noite agitada.




                “Como as coisas mudam!”, pensou Harry, sentindo a cabeça doer ainda mais ao levantar-se de sua cama. Ao espreguiçar-se e pôr os óculos no rosto, a primeira coisa que viu foi sua roupa estendida no cabide, e uma marca de batom bastante acentuada na gola de sua camisa. E lembrou-se da bela loira ao qual estava acompanhado noite passada, e que dispensara por pensar em Gina a cada toque, a cada momento. E percebeu que se também fosse há tempos atrás, ele nunca negaria passar a noite ao lado de uma mulher tão bonita quanto aquela; muito menos por estar pensando em outra. Afinal, nunca necessitou empenhar-se tanto em conquistar uma garota, o que evitava o fato de pensar muito em uma. E uma a qual nunca pudera ter um vislumbre sequer conseguiu isto com uma facilidade incrível. Absurda ele diria.




                A pergunta já não era “Como Gina seria?”. Para ele, isto não era mais tão importante. Agora, eram muitas as questões, e as principais eram: “Será que ela gosta de mim da mesma forma que eu gosto dela?”, “Ela me aceitaria apesar do meu passado?”. Ou então: “Ela tem outra pessoa?”, “E se ela não quiser mais encontrar-se comigo?”. Todas essas dúvidas o corroíam por dentro, como se tivesse ingerido ácido sulfúrico e sentisse os efeitos imediatos do líquido em seu corpo. Estava se tornando mais difícil a cada dia suportar a distância entre ele e ela, e a vontade de tomá-la para si crescia a cada segundo. Ele não agüentaria ficar sem Gina por mais tempo. Não agora que descobrira estar perdidamente apaixonado por ela.




                Percebendo, finalmente, que iria se atrasar para seu último dia de trabalho no Instituto Lílian Potter, Harry foi ao banheiro fazer sua higiene matinal. Contudo, seu pensamento ainda estava direcionado àquela garota tão misteriosa e provocante; já se tornara impossível não pensar nela.






* * * * * * * *






                Gina já estava de saída, trancando a porta de seu quarto/porão, quando foi abordada por um homem elegante e charmoso, mas com os primeiros sinais de velhice aparecendo nos cabelos um pouco grisalhos. Ao tocar no ombro da garota, a mesma aspirou um cheiro de almíscar vindo dele, e o modo do toque a fez reconhecer com plena certeza quem ele era:




                 - Veio cedo, Sr. Black! Pensei que viesse um pouco mais tarde, para falar com Tonks.




                 - Ora, Gina, deixe de formalidades! Conheço você desde que era uma garotinha... – E ao dizer isso, afagou levemente a bochecha da garota, que corou levemente e sorriu. – E essa garotinha sempre corava quando eu fazia isto.




                  - Pergunto-me se um dia irá deixar de fazê-lo.




                 - Não... Não enquanto puder ter o prazer de ver você ter essa reação.




                 - Pois o senhor vai fazer sempre. Enquanto viver e enquanto não se cansar de me ver! – Gina brincara, afastando uma mecha de seu cabelo para detrás da orelha. Sirius, observando este gesto, sorriu pelo canto da boca, e respondeu:




                 - Alguém que se cansa de ver tamanha beleza deve estar cometendo um pecado. Saiba que só o fato de te ver e ter falado com você valeu o dia, e o alegrou ainda mais! – E apertou as mãos de Gina, que mostrara um sorriso jocoso nos lábios. – Vamos, um dia você terá de acreditar no quão especial e linda você é.




                 - Ok. Convença-me disso sem ter de fazer qualquer elogio. – Gina falara no seu costumeiro tom zombeteiro. Sirius continuou, com um enorme sorriso no rosto.




                 - Meu afilhado tem vindo falar com você periodicamente, todo final de tarde, sem falta. E pelo modo como ele está, parece estar encantado e fascinado por uma certa pianista a qual estou falando e vendo agora mesmo.




                Gina, então, largara o sorriso jocoso e o ar zombeteiro na mesma hora, ficando um tanto quanto pasma. Sirius, percebendo que havia provado da melhor forma, gargalhou horrores.




                 - Agora a minha pergunta é outra, Sirius: Um dia será possível esconder algum fato, ou fazê-lo tornar-se despercebido deste Instituto?




                 - Sinceramente? Não! Aqui têm mais de 2.600 alunos e 93 professores. Sem contar os outros funcionários como faxineiros, administradores, camareiras, zeladores, estagiários, ajudantes...




                 - Tá, entendi! – Disse Gina, bufando por Sirius ter descoberto seus encontros com Harry, e por estar sorrindo daquilo como se fosse algo muito engraçado. Ele, acalmando-se depois de ter gargalhado muito, perguntou:




                 - E então, vai trabalhar agora?




                 - Você sabe que isto, para mim, não é trabalho. É uma diversão, um hobby. E um hobby o qual tenho o prazer de compartilhar com outras pessoas que também gostam e tem ânsia por aprender, por mais que pensem que são incapacitados. – Ao falar isso, os olhos de Gina brilharam, e até mesmo seu tom de voz suavizou, tornando lindo algo que já era bonito de se ouvir. Sirius percebeu e falou, com uma voz um tanto quanto saudosista:




                 - Nunca duvidei de que você tivesse tanto amor por seu trabalho. É parecida com Lílian até mesmo nisso!




                 - Quisera eu poder um dia chegar aos pés da Sra. Potter!  Foi ela que iniciou isso tudo, que teve toda a idéia! Sem contar que eu me vejo muito no lugar daqueles garotos... Afinal, eu também comecei aqui, como aluna. E acabei ajudando a continuar o trabalho da mulher que me incentivou...




                 - Você fez muito, muito mais do que simplesmente “ajudar”, Gina. Você fez crescer. Você o fez existir, ficar de pé até hoje. Se não fosse por você, o Instituto Lílian Potter teria entrado em concordata há muito, muito tempo. E com as portas fechadas, nenhum dos alunos que você ensina teriam acesso a isso, que antes era só um Instituto que dava aulas de música, teatro e dança para portadores de necessidades físicas, e que hoje é também um internato conceituado que dá aulas não só de música, teatro e dança, mas também de desenho, pintura, escultura, natação, basquete, vôlei, futebol, atletismo... Agora isso é um colégio completo, que ensina tanto para crianças carentes quanto para portadores de necessidades físicas. Você é mais importante do que você imagina, Gina. Muito mais. – E a abraçou, percebendo o quão sem-graça ela havia ficado. Era tão humilde, e fazia de um tudo por todo mundo! Ela tinha de saber que era a responsável por grande parte daquilo. E que fazia um belo trabalho... Aliás, um belo hobby.




                 - Nem sei o que dizer, Sirius.




                 - Um “obrigado” já está de bom tamanho.




                 - Obrigada. – E sorriu levemente, fazendo Sirius afagá-la novamente na bochecha, arrancando outro rubor de sua face. Era inevitável.




                 - Harry já a viu assim?




                 - Ele nunca me viu.




                 - Pois tome cuidado. Se um dia isso ocorrer, ele vai ficar mais que fascinado. Vai ficar obcecado por tamanha perfeição.




                 - Sirius! – Gina repreendera, mostrando um sorriso envergonhado, que fez Almofadinhas gargalhar novamente. Depois, ao acompanhá-la ao refeitório do Instituto para o café e vê-la cumprimentar a todos com um sorriso amável, pensou em como Gina seria a companheira perfeita para Harry. Ela era engraçada, esperta, humilde, gentil, determinada, talentosa, meiga... Ela era tudo de que Harry precisava. Tudo que qualquer homem precisava. Só faltava o próprio Harry perceber. E Sirius abriria seus olhos com relação a isso, antes que fosse tarde demais.






* * * * * * * *






                Era o último dia de trabalho no Instituto para Harry. Um mês passara-se, e ele havia aprendido muito naquele lugar com todas aquelas pessoas; em especial sobre responsabilidade, solidariedade, respeito e compromisso. Fora, com certeza, um mês repleto de ensinamentos e mudanças para o rapaz, que deixara aos poucos sua antiga vida boêmia para tornar-se, finalmente, um homem. Agora, sentia-se preparado para cuidar dos negócios da família, apto para ser, de fato, o presidente da empresa de equipamentos esportivos Black & Potter.




                Lógico, visitaria periodicamente o Instituto Lílian Potter, para ficar a par de tudo. Apegara-se ao local, aos alunos, aos funcionários, e, principalmente, à pianista misteriosa que tanto lhe intrigava.




                Porém o que realmente lhe intrigava era uma descoberta que havia feito na primeira semana de trabalho no Instituto: nestes últimos 10 anos, ele recebia uma única e colossal doação de uma garota. Garota essa que se chamava Ginevra Molly Weasley. Como ela poderia manter todo o Instituto, como ela poderia ter tanto dinheiro, e a família dela continuar numa situação financeira tão baixa? Para Harry, era algo impossível alguém ser tão altruísta, tão generoso, tão bondoso com os outros a ponto de esquecer a si próprio. Ainda não acreditando, mostrou à Tonks os papéis que revelavam esta situação, e indagou:




                 - Preciso trocar de óculos ou neste papel está escrito isto mesmo?




                 - Bem, pode continuar usando-os, porque você está enxergando perfeitamente bem: Ginevra Molly Weasley tem sido a única pessoa que doa ao Instituto. E doa uma quantia obscena, aliás. – Tonks afirmara com a maior naturalidade do mundo, mascando um chiclete da cor de seus cabelos: rosa.




                 - Mas como isso pode ser possível? Sirius e Lupin não contribuem, é isso?




                 - Harry, eles já cuidam da Black & Potter, que é a única empresa que doa anualmente uma parcela dos lucros obtidos. Não acha que já é muito? – Ao perguntar, a enorme bola rosa do chiclete que ela mascava espocou.




                 - E você não acha que já é muito uma pessoa doar uma quantia exorbitante para cá, e esquecer-se da própria família? Pra mim, isso é loucura! – Ele irritara-se com a naturalidade e calma que Tonks tratava do caso. Era como se ela não visse problema nenhum no ato da Profª. Weasley. Ela, percebendo o que Harry queria dizer, mudou o tom de voz, e seriamente respondeu:


                 - Não fale do que você não consegue entender, Harry. Isso se chama gratidão. Pra começar, os pais dela foram os primeiros a concordarem de bom grado com isso. Acharam magnífico o ato de bondade da filha para com o lugar e as pessoas que cuidaram dela desde pequena. A profª. Weasley sente-se em dívida com o Instituto, e ela acha que esta é a melhor forma de retribuir tudo. Ela já fez coisas que estavam fora do próprio alcance, fez com que os negócios ficassem de pé durante todo este tempo, abdicou de sonhos para melhorar este lugar, e você fica aí, com esta cara de surpreso, achando inacreditável alguém ter tamanho ato de gratidão e generosidade só porque você não é capaz disso, Harry Potter?




 - Abdicou de sonhos? Como assim? – Harry indagara, vendo que a história era mais longa e complicada do que pensara.




 - O teste que eu disse que ela vai fazer para ser a pianista oficial da orquestra sinfônica. Ela sempre quis ser aceita e fazê-lo, mas precisava manter a situação financeira do Instituto, no mínimo, estabilizada. E somente este ano ela conseguiu esse feito. Além disso, ela já foi pedida em namoro e casamento várias vezes, e negou todas. Sempre deixou de lado a vida sentimental para cuidar do profissional. Harry, ela renegou coisas importantes para ela para cuidar de tudo isto, coisa que nem mesmo você, filho da criadora, se interessou em fazer. Seria muito bom se você pensasse nisso. – E com um olhar analisador para o rapaz voltou a trabalhar, deixando um Harry impressionado e surpreso pensando no que ela dissera. Ele havia evoluído muito, isto era verdade. Contudo, ainda tinha o que aprender, e somente uma pessoa poderia ensinar-lhe.






* * * * * * * *






                Havia meia hora que Harry ajeitava sua roupa e seu cabelo, sem existir qualquer defeito em um dos dois. Sabia que Gina não o veria, por causa da escuridão, mas ainda assim queria estar arrumado para ela. Olhava o relógio a todo o momento, contando os minutos para encontrar-se com a garota e deliciar-se com aquele perfume que sempre o entorpecia. Era como mágica: bastava ficar perto dela, e ele tornava-se outra pessoa; hipnotizava-se diante de tamanha perfeição.




                Foi quando seu pedido finalmente chegou que ele foi ao encontro da pianista. Nunca havia feito aquilo antes; tempos atrás, xingaria-se de “idiota sentimentalista e piegas”. Mas ele não estava nem aí pra nada. Queria impressioná-la, e lhe haviam assegurado que aquilo sempre dava certo, por mais antigo que fosse.




                Aspirando o perfume do ramalhete de flores que carregava, bateu na portinhola que dava acesso ao quarto/porão de Gina. Não sabia que flores eram aquelas, mas sabia que eram lindas, e tinham uma fragrância parecida com a da pianista; não exerciam sobre si os mesmos efeitos que o da garota, mas o simples fato de lembrá-la o deixava contente.




                Um “click” o fez despertar da lembrança, e abriu a porta, descendo as escadas lentamente. Ao chegar ao final, concentrou-se, e a ouviu respirar, não muito longe dali. E na escuridão, conseguiu chegar perto da pianista sem dificuldade alguma, e pegou em uma de suas mãos, depositando um beijo cálido na costa da mesma. Ela, com o tom zombeteiro de sempre, falou:




                 - Pra quem vivia reclamando da escuridão, até que está se guiando muito bem por aqui.




                 - Diria que a prática leva a perfeição.




                 - E eu diria que você carrega algo muito cheiroso nas mãos. O que seria? – Harry sabia que não esconderia o ramalhete por muito tempo. O perfume, apesar de ser parecido, tinha algumas diferenças que o olfato apurado de Gina perceberia em pouco tempo. Sem jeito por estar fazendo aquilo pela primeira vez na vida, presenteou-a aos sussurros e tropeços:




                 - Essas... Essas flores... Elas... Elas são pra você. Er... Eu... Eu trouxe pra você.




                 - Pra mim? Nossa... Obrigada! – E ao sentir melhor a fragrância, e tocar delicadamente numa delas, admirou-se. – São lírios... Minhas flores prediletas! Como... Como sabia?




                 - Eu não sabia. Só achei o perfume familiar, e as comprei. – É, o dono da floricultura estava certo. Ofertar flores a uma garota era um gesto antigo, mas que nunca falhava. Ele tinha ouvido com clareza o ruído do sorriso de Gina, e era incrivelmente prazeroso vê-la alegre, e incrivelmente impressionante ela reconhecer as flores sem vê-las.




                 - Pode me dizer qual a cor delas?




                 - Brancas. Segundo o vendedor, representa serenidade, paz, pureza... Tranqüilidade. – Enquanto Harry falava isso, ele rodeava a garota, falando cada palavra muito próximo ao ouvido, fazendo-a arrepiar-se. - As qualidades mais nítidas em você.




                 - E-Ele... O vendedor... Ele está no trabalho certo, po-pois... Acertou em cheio. – Gina afastara-se, receosa, e gaguejou devido ao nervosismo. Harry percebera:




                 - Porque se afastou?




                 - Quero manter uma distância relativamente segura de você. – Sua voz tremia ao dizer isso. Ele preocupou-se:




                 - Não confia em mim, é isso?! Tem medo de algo que eu possa fazer com você?




                 - Não, não... Não é de você que falo. É de mim! Não confio em mim mesma quando estou perto de você, e tenho medo do que posso fazer quando estou ao seu lado. – E ao dizer isso com a voz trêmula e chorosa, andou rapidamente em direção ao piano, onde depositou o ramalhete em cima da cauda. O rapaz percebera que havia algo de errado, e correu ao encontro da garota, ficando frente a frente com ela. Queria poder olhar nos olhos dela naquele momento, e dizer-lhe tudo o que sentia, mas a falta de coragem e a escuridão não o permitia fazer nenhum dos dois. Então simplesmente abraçou-a, pouco ligando para a distância que ela queria manter dele. Afagando os cabelos e as costas da garota, percebeu que ela se acalmava aos poucos, e sentiu que ela estava lânguida em seus braços, praticamente entregue e sem receio algum; somente com o coração acelerado e a respiração descompassada, assim como ele.




                Afastando-se lentamente da pianista, notou o quanto estavam perto um do outro, e o quanto ia ser difícil não beijá-la ali, naquela hora, naquele momento em que estavam tão próximos. Mas ao tentar encostar seus lábios no de Gina, sentira uma repulsa dela, que saiu do abraço já afrouxado para sentar na banqueta do piano. Decepcionado, Harry abaixara a cabeça e soltara um longo suspiro. Por que com Gina tinha de ser sempre mais difícil? Mais desejado? Mais impossível? De olhos fechados, indagou:




                 - O que eu fiz de errado, dessa vez?




                 - Tentar beijar alguém o qual nunca viu. Pode ser um desastre... Ou uma decepção, sabia? – Gina respondeu, mais controlada, voltando ao tom sarcástico habitual. Harry dera uma risada sardônica ao ouvir isso, e questionou:




                 - Decepcionante beijar um ser tão lindo quanto você? Desastroso demonstrar o carinho que sinto através de um beijo? Creio que não.




                 - Devia rever suas crenças, Harry. Eu, linda? Como pode ter tanta certeza?




                 - Conheço você o suficiente para saber disso. – E Harry, que se aproximara silenciosamente de Gina, tentou dar-lhe outro beijo após responder a pergunta dela. Mas a garota era esperta demais para ser pega de surpresa, e novamente reprimiu a atitude do rapaz, tapando a boca dele com uma das mãos. O sentiu estremecer ao seu toque, e ao deslizar suave e lentamente seus dedos quentes pelos lábios insaciáveis e frios de Harry, perguntou num sussurro curioso:




                 - Como você pode estar louco para beijar alguém de quem nunca teve um vislumbre sequer? Como pode querer que seus lábios, os mesmos que já beijaram milhares de garotas bonitas, beijem os meus, uma garota que é pior do que um monstro?




                 - Porque eu sei que você não é pior que um monstro, e porque eu não me importo nem um pouco com sua aparência. – Harry podia sentir perfeitamente o aroma do hálito doce e agradável de Gina, e isso o fez distrair-se e demorar-se na hora de dar uma resposta.




                  - Pensei que boa aparência fosse o quesito número um de qualidades essenciais numa garota para você, Harry Potter. – Gina revidara, novamente com o tom sarcástico que, dessa vez, irritara Harry:




                 - Você sempre responde com um toque de sarcasmo ou zombaria na voz a quase tudo que falo! Por que não acredita no que digo?




                 - Ouvi cada coisa sobre você, Harry, que até mesmo o diabo ficaria horrorizado. Eu, no entanto, só fico em dúvida, e lido com isso através de meu costumeiro sarcasmo. Desculpe-me se te incomodou, às vezes eu sou irritante mesmo. – E Harry passou a ouvir os passos de Gina indo para longe, afastando-se novamente dele. Mas por mais longe que ela fosse, ele a encontraria. Adquirira a capacidade de sentir o cheiro da garota a metros de distância, e localizá-la, se possível.




                 - Não precisa se desculpar. Meu passado é realmente assustador, e o modo como eu levava a vida era uma piada. Não fiz nada de que me orgulhasse. – Harry afirmara, com a voz pesarosa, aproximando-se lentamente de Gina...




                 - Lamento que tenha feito mau uso de seu tempo, anos atrás.




                 - Não lamente. Os caminhos que fiz, ainda que errados, me levaram até você. E a meu ver, isto é algo de que me orgulhe. – Lentamente...




                 - Orgulha-se por muito pouco.




                 - Engana-se, minha querida. – Lentamente...




                 - Devia parar por aí mesmo, Harry. A distância entre nós está ficando muito curta. – Gina alertara, temerosa. O rapaz, por sua vez, sorriu, e fingiu lamentar:




                 - Tarde demais, Gina. – E o que era uma aproximação lenta tornou-se num quase abraço, onde Harry encontrava-se por trás da pianista, com as mãos por sobre os ombros dela, afagando-a. Ele sussurrou com uma voz rouca, arrepiando-a. – Você diz que quer se manter distante de mim, mas só porque tem reações as quais nunca teve com qualquer outra pessoa. Na realidade, adora ficar ao meu lado, mas o medo que você tem das suas próprias ações quando está comigo a faz ficar cautelosa.




                 - E o que mais você descobriu? – Gina perguntara, arfando, por Harry estar sentindo o cheiro de seu pescoço, e beijando cada parte pela qual passava, deixando um rastro de fogo na pele da garota.




                 - Você conta os minutos para me ver... Anseia por cada encontro como um faminto anseia por uma refeição... Adora ouvir a minha voz... Meu cheiro é extremamente convidativo e entorpecedor para você... Seu coração se acelera quando me aproximo... Seu corpo estremece quando a toco, e deseja que eu toque mais e mais... Pensa em mim a quase todo momento, até nos mais indesejáveis ou inapropriados... Em suma, está apaixonada por mim. Completamente apaixonada. – Harry dizia cada frase com um enorme carinho e afeição, acariciando o rosto de Gina enquanto relatava o que ela sentia. Ela, impressionada e admirada com as palavras do rapaz, questionou num fio de voz:




                 - Como sabe disso?




                 - Eu sinto as mesmas coisas... E sinto por você. Com você. – E tentou, pela terceira vez, beijá-la; e pela terceira vez não conseguiu, beijando somente a face da garota, que desviara da tentativa. Abraçou-o fortemente, e perguntou-lhe com uma linda voz impressionada:




                 - Como podemos nos apaixonar por pessoas que nunca vimos?




                 - Eu também não sei, mas gostaria de descobrir isso ao seu lado. – E afrouxou um pouco o abraço, para poder afagar o rosto da garota, e dar-lhe um beijo na fronte. Um beijo terno e cheio de sentimento. O silêncio tomou conta do local até que ela, de repente, falara com determinação:




                 - Você tem de saber a verdade. Antes de tomarmos qualquer atitude, você tem que saber da verdade.




                 - Que verdade? – Harry indagara, curioso, mas feliz por ela não estar mais com tanto receio.




                 - Venha amanhã uma hora mais tarde, e saberá. De tudo.




                Ele, então, só sentiu um vento frio percorrer seu corpo. O cheiro floral da pianista sumira, de repente, deixando com que somente o perfume dos lírios inundasse o local. Ela, assim como o seu cheiro, também sumiu, deixando-o sem respostas. Como sempre.










* * * * * * * *










N/A: [Autora se esconde atrás da cadeira] Não me matem, meus amados e insaciáveis leitores! Aqui está mais um capítulo! E a pedidos, um capítulo mais longo (Aliás, me dediquei muito a este capítulo, espero ter agradado).


 


Não sei se repararam, mas nestes últimos tempos não tenho colocado músicas nos capítulos. É que o site que eu costumava utilizar parece ter desativado ou mudado de endereço e eu estava sem tempo para nada (Até mesmo para mim!). Mas as férias chegaram (Graças a Deus! ;D), passei em Física após vários sermões, ameaças e dias horríveis de estudo e prova (Odeio Física! ¬¬), e agora estou com tempo suficiente para dedicar-me inteiramente à Fic!


 


Queria agradecer a todos vocês, fiéis leitores, pela paciência enorme que vocês possuem. Novamente não poderei responder a cada comentário, mas no próximo capítulo responderei, com certeza. É que estou ansiosa para postar esse, depois de séculos sem novidades!  *_* (Aliás, estou querendo postar outro capítulo antes ou no dia 31 deste mês. Torçam para que eu consiga!) Obrigada por tudo, boas férias pra quem já tá de férias, feliz natal e beijo na careca.


 


Carpe Diem


 


Hannah B. Cintra

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