Probabilidade na Roleta
Mary ficara aliviada em finalmente ter um tempo da busca pela tiara e poder tomar um banho. Como já estava quase amanhecendo, isso significava que eles teriam que esperar até a noite para ir a algum cassino apostar com o dinheiro de Archie Gilmore. Então aquele seria um momento tranqüilo para eles aproveitarem e descansar da viagem.
Mas não foi nada fácil explicar para Doumajyd como funcionava um chuveiro elétrico. Apesar de ele se orgulhar em dizer que aprendeu a viver como um trouxa no período em que morou em Nova York, o dragão confessou que todo o seu apartamento havia sido modificado para os padrões bruxos com os quais ele estava acostumado, ou seja, nada elétrico, e isso incluía chuveiros.
Então, depois da explicação básica, ela foi se sentar no sofá do pequeno quarto, olhando para a paisagem da cidade através das frestas das persianas, enquanto Doumajyd exclamava em altos brandos que iria colocar um ‘fazedor de chuva quente’ como aquele na mansão. Apesar de ter pensado em alertar o noivo para o fato de que residências mágicas não possuíam redes elétricas, ela achou melhor o deixar que ele se divertisse com a brilhante idéia por um tempo.
Embora ela tivesse achado que aquele seria um momento tranqüilo depois de um banho merecido, uma coisa zunia insistentemente em seus pensamentos, além da tiara e da mala de dinheiro ao pé da cama: o que Gilmore dissera.
Novamente ela começou a se preocupar com o que estava fazendo, como antes de a tiara ter sido roubada. Naquela hora, Doumajyd havia conseguido espantar as suas apreensões, mas agora elas vinham de forma renovada.
Era mesmo muito nova para se casar? Havia se precipitado em aceitar o pedido de casamento de Doumajyd? Ficaria mesmo tudo bem depois?
- O que foi? – a voz de Doumajyd cortou seu fio de pensamentos.
Ela acabara divagando por tempo suficiente para ele terminar o seu banho, e ele saíra secando os cabelos e ainda comentando alguma coisa sobre o chuveiro, mas ela não prestara a mínima atenção.
- Por que está suspirando? – ele perguntou percebendo que ela tinha estado completamente em outro mundo até aquele momento.
- Nada. – ela respondeu, achando que ele iria voltar ao assunto do chuveiro com isso.
- Ei! – de repente a realidade se fez clara para Doumajyd e ele andou apressado até ela a acusando – Você ficou afim daquele desgraçado, não é?! Só porque ele veio todo cheio de pose! Por isso foi atrás dele no estacionamento!
- Quê? – ela não acreditava no que acabara de ouvir – Claro que não!
- Você é mesmo uma traidora! – o dragão não a escutou – Precisa ‘levantar’ seu conceito! Como pôde me trair com aquele cara?!
- A água quente derreteu seu cérebro?! – ela retrucou – De onde tirou essa idéia?!
- Você ficou nervosa! Não pode me enganar! Foi isso mesmo que aconteceu!
Aquilo foi demais para Mary. Ela ficou de pé e disse em tom de desafio:
- Não sinto nada pelo Gilmore, mas comprado com ele você é uma criança!
- EEEEIII! – ele avançou, praticamente rosnando em cima dela – Agora está do lado do cara que ajudou a nos colocar nessa encrenca?!
- Claro que não, Chris!
Furioso demais para continuar com aquela discussão, ele puxou as cobertas da cama e se enfiou nelas, ainda resmungando:
- Traidora!
- Dá para parar de me chamar de traidora?! – ela bufou, puxando as cobertas de cima dele, quase o derrubando no chão, e as levando para o sofá, onde decidiu que iria dormir até a noite.
Mais nervoso ainda, Doumajyd jogou um dos travesseiros nela, puxou os lençóis da cama e se cobriu com eles, enterrando a cabeça no seu próprio travesseiro.
***
- Mary... – Doumajyd a chamou.
Mary fingiu não ter ouvido e continuou olhando para os lugares ao longo da rua em que passavam com o carro conversível para irem um cassino.
- Mary... – ele tentou mais uma vez – Mary... EI! IDIOTA! Não está me ouvindo?!
- O QUE FOI?! – ela rosnou sem olhar para ele.
- Ainda está zangada?! – ele perguntou grossamente – Por que você está zangada se foi você quem em traiu?!
- Eu não traí! – ela se virou para ele deixando bem claro que a sua vontade de socá-lo só era contida devido ao fato de ele estar dirigindo.
- Aquilo foi traição suficiente!
- Eu só conversei com ele, Chris!
Ele ficou quieto por um tempo, e então disse antes de virar o carro para entrar no estacionamento:
- De qualquer forma, vamos recuperar a tiara!
O que mais ela tinha vontade no momento era aparatar dali para bem longe. Longe do problemático talismã da família Doumajyd e do seu herdeiro igualmente problemático.
***
Doumajyd arrastou consigo a mala com o dinheiro de Archie Gilmore até a área do cassino onde as apostas eram sem limites. Assim que os avistou chegando, o gerente do local se aproximou sorrindo e cumprimentando:
- Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo?
- Troque esse dinheiro por fichas. – ordeno o dragão, lhe entregando a mala – Cinco milhões.
- Sim, senhor. Cuidarei disso. – respondeu o gerente polidamente, mas deixando bem claro que a quantia imensa o alegrara muito – Podem se sentar. – ele indicou os lugares em volta da mesa de roleta, que ficava em uma plataforma elaborada para ser o destaque do lugar, entre duas fontes que jorravam água constantemente.
Logo que Mary e Doumajyd se sentaram, uma pequena platéia começou a se formar. Outros apostadores do cassino, elegantemente vestidos, previram que iriam ver uma grande aposta e se aproximaram para assistir o garoto de cabelos estranhos e a baixinha com cara de desconfiada que ira apostar sem limites.
- Gostaria de beber um coquetel? – pediu uma moça loira de vestido vermelho para Doumajyd, carregando uma bandeja com bebidas.
- Não. – ele respondeu grossamente, pois estava tentando de algum modo entender o que eram as marcas dispostas na mesa, então, desistindo de adivinhar, ele perguntou – Que jogo é esse, Mary?
- Nunca viu um jogo de roleta? – ela perguntou surpresa, porque o que mais o D4 faziam em Hogwarts era perder tempo na Ala dos Dragões jogando alguma coisa qualquer.
- Não faço a mínima idéia. – ele respondeu ainda olhando confuso para a mesa.
Suspirando baixinho, Mary começou a explicar:
- Esse jogo existe em forma de brinquedo, então eu sei as regras básicas. Primeiro o responsável pela roleta faz ela rodar e joga a bolinha para que ela caia aleatoriamente em um número. Nesse tempo, nós devemos escolher como vamos apostar. – ela começou a apontar para os lugares na mesa correspondentes ao que ela falava – Se você aposta tudo em um só número, ganha trinta e seis vezes mais. Se apostar nos números do lado de fora, ganha três vezes mais. Se apostar no vermelho ou no preto, par ou ímpar, números maiores ou menores, ganha duas vezes mais.
Nesse tempo, o gerente voltou com uma pequena bandeja específica para se colocar fichas, repleta de fichas lilases, e falou:
- Cada ficha vale cinqüenta mil, então, cem moedas em um total de 5 milhões. Desejo-lhes uma boa sorte. – e se afastou, para conferir o jogo a distância.
- Vamos começar. – informou o responsável pela roleta, fazendo com que ela começasse a girar.
- Então, – Mary pegou uma ficha com as duas mãos, como se fizesse uma oração para que tudo desse certo, e a empurrou para o lugar onde indicava os números vermelhos, enquanto o homem lançava a bolinha na roleta.
- O que está fazendo? – perguntou Doumajyd como se ela tivesse feito a coisa mais errada do mundo.
- Devemos começar assim, aos poucos e... O que está fazendo?!
Doumajyd já havia retirado a ficha dos números vermelhos e empurrado ela junto com todas as outras noventa e nove para o 00. No mesmo instante todos que assistiram soltaram exclamações e começaram a aplaudir a ousadia do rapaz.
- O quê?! – foi a vez de Mary ficar abismada – Se perdermos, vamos perder tudo! Entende isso?!
- Mas se jogarmos ficha por ficha nunca vamos conseguir os trinta milhões! Temos que apostar tudo!
- Tem maneiras de se apostar, Chris! E perdendo tudo de uma vez não é melhor delas!
- Mas não temos tempo!
Mary olhou bem para ele. Doumajyd não tinha a mesma lógica que ela com dinheiro e ela sabia muito bem disso. Mas aquilo não era uma brincadeira. Eles estavam apostando um dinheiro que nem era deles, e aquela era a única maneira de conseguir a quantia que precisavam.
- Escuta, então vamos jogar em grandes partes, tudo bem? E vamos primeiro apostar em algo mais fácil, como vermelho ou preto, ok? – ela foi para retirar as fichas do 00, mas o homem a impediu – O quê?
- Já passou o prazo para apostas, senhorita. – ele explicou – Não podem mais retirar as fichas.
- Mas, não, nós... – ela quase caiu em cima da mesa com o impedimento dele – Não pode! Não é essa aposta que nós queríamos fazer!
- Lamento, não posso mais permitir que retire as fichas.
Mary queria afundar junto com a mesa. Era impossível que eles ganhassem. Perderiam todo o dinheiro, ficariam novamente sem saber o que fazer e ainda estariam em dívida com Archie Gilmore. Estava quase chorando de desânimo quando foi puxada por Doumajyd para que voltasse ao seu lugar.
- Eu realmente não entendo pensamento de gente rica. – ela lamentou-se em um resmungo.
- É por isso que você é pobre. – disse o dragão se tirar os olhos da roleta.
Mary lhe lançou um olhar mortal sibilou:
- Não percebe que isso vai decidir o nosso destino?! Só por um milagre essa bolinha vai cair no 00! Desse jeito nós nunca vamos poder nos casa-
- Tudo bem! – ele a cortou – Desde o começo, a probabilidades de nós nos casarmos já é por si só um milagre.
Isso foi o suficiente para deixar Mary sem resposta. Como sempre Doumajyd conseguia, com uma frase, derrotar todas as certezas dela. Então, emburrada por não conseguir rebater e por não ter a confiança dele, Mary decidiu que não iria olhar para a roleta, e deixar com que o dragão recebesse todo o impacto da derrota sozinho.
Mas então, algo chamou a sua atenção entre a pequena platéia. Lá entre as pessoas mais do fundo, havia um rosto que ela reconhecera. Era o homem que tinha roubado a tiara. Imediatamente ela agarrou o casaco de Doumajyd com força.
- O que foi? – ele perguntou impaciente, mas então percebeu como ela olhava pasma para frente e procurou pelo que chamara a sua atenção.
Quando percebeu que havia sido avistado pelos dois, o ladrão deu o mesmo sorriso, de quem estava se divertindo, que ele dera antes de se jogar do hotel, e então saiu por entre as pessoas.
- Fique aqui! – Doumajyd disse para Mary, se apoiando no ombro dela e subindo em cima da mesa, para pular do outro lado.
Sem perder tempo, ele saltou entre as pessoas, as empurrando e sumiu de vista. Assim que o noivo terminara a sua frase, Mary se deu conta de que ela ficara na obrigação de cuidar da aposta, e se voltou para a roleta, que já estava dando as suas últimas voltas, e a bolinha caíra no 00.
***
Nota da L: Wow, atrasada o/
Sem muitos comentários finais, mais um especial sobre hanadan coreano: http://lapaovivo.blogspot.com/
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