Outra pista a seguir
Expulsos do Hotel-Cassino em que Archie Gilmore estava hospedado, Doumajyd teve que admitir que ali o poder era ditado pelo dinheiro. Não importava o tamanho da sua fama ou se era um D4, se estivesse de mãos vazias, trata-se apenas mais um.
- Se não quer mais ser chamado de garoto, é bom parar de agir como um, Chris. – Mary aconselhou o noivo – E tentar bater nas pessoas é ser garoto! – ela acrescentou quando ele abriu a boca para replicar.
- Mas eu fiquei com raiva dele! – o dragão se justificou, apontando em direção ao hotel, como se estivesse apontando para o outro bruxo – Ele é culpado e nem escondeu isso!
Depois disso, os dois andaram por um bom tempo. Principalmente para que Doumajyd conseguisse dissipar a sua fúria, provocada pela novidade de ser expulso de algum lugar por uma razão estúpida, como se fosse um qualquer. Mary precisou lhe lembrar várias vezes de que ele não podia usar a influência do seu sobrenome e até mesmo da própria empresa naquele lugar. Não se ele quisesse ter alguma chance de recuperar a tiara sem que a mãe e o mundo soubessem.
Quando a respiração do noivo voltara ao normal e os passos dele passaram acompanhar os dela, Mary avistou um ponto muito famoso adiante: as fontes musicais do Bellagio Las Vegas Hotel.
Elas eram uma atração que não estava incluída na viagem deles, mas quem dispensaria a oportunidade de parar para apreciar quando se estava passando pela frente, mesmo que por acaso.
Sem perder tempo, ela agarrou a mão do dragão e o arrastou até o muro de proteção de onde eles poderiam assistir ao espetáculo das fontes de frente, com o hotel como plano de fundo.
Depois de um tempo apreciando a seqüência de jatos de água, certa de que Doumajyd já estava calmo a ponto de pensar de maneira racional nas coisas, ela levantou novamente o assunto:
- Não podemos ter certeza se o que Gilmore falou é verdade ou mentira... Mesmo ele admitindo estar envolvido.
- Ele não me parece ser um bruxo sério. – disse Doumajyd, sem tirar os olhos da fonte.
- Realmente, ele é estranho. – Mary concordou e então começou a analisar melhor os fatos.
Sabiam pouca coisa sobre a pessoa Archie Gilmore. As informações que Richardson havia levantando sobre o bruxo eram todas sobre o seu lado social. As únicas coisas que eles sabiam é que ele era conhecido por ser excêntrico e esperto, nada mais.
- Ei, Chris. Será que ele mexe com magia negra?... Não pensamos nessa possibilidade, mas ele pode muito bem ser alguém perigoso.
Com esse argumento, Doumajyd foi tirado dos seus pensamentos, e olhou diretamente para ela.
- Está com medo? – ele perguntou depois de um tempo.
Mary avaliou. Ter que se virar com pouco dinheiro era algo que ela estava acostumada a fazer e, portanto, a parte fácil daquela viagem. Já enfrentar coisas perigosas não era exatamente algo que ela fazia com freqüência. O maior perigo que ela havia corrido na vida foi depois de ter socado o ditador de Hogwarts. Várias coisas perigosas certamente aconteceram depois disso, sendo que a mais deixara machucados fora quando Sarah Swan a usara como isca para atrair Doumajyd. Mas naquela vez...
- Não estou com medo. – ela declarou sem sombra de dúvida.
- Não está, é? – ele riu da confiança com que ela dissera aquilo.
- Bom... – ela começou sem jeito, voltando a olhar para a fonte – Eu tenho o dragão Doumajyd do meu lado, não tenho?
- Ah, é? – falou ele, como se fizesse pouco daquilo, mas sendo um desastre em esconder o quão feliz ficara com o que ela dissera, e também voltou a sua atenção para a fonte, sorridente.
***
Depois de pensarem por um tempo em que caminho tomar após aquela desastrosa conversa com o dono do Hotel Boreal, tanto Mary quanto Doumajyd tinham chegado apenas a uma conclusão: estavam famintos. Com a surpresa de descobrir que Summer conhecia quem eles procuravam, não haviam terminado a refeição, preferindo irem imediatamente atrás dele no cassino.
Por sorte, perto do hotel barato em que estavam, havia uma franquia de uma grande rede de supermercados trouxas, que ficava aberto vinte e quatro horas para acompanhar o pique da cidade que nunca dormia. Era nesse lugar em que eles estavam fazendo a refeição, com tudo o que tinham direito depois de dias comendo apenas lanches.
- Uma coisa é certa. – falou Mary entre mastigar e por mais comida na boca – Não vai ser fácil!
- É. – Doumajyd concordou, ainda inconformado por ter na sua frente o prato com a comida mais comum que já fora lhe servida em toda a sua vida – Mas você vem comigo, não é? – pediu ele, ainda com o eco do que a noiva dissera na fonte, não querendo quebrá-lo – Mesmo que seja a coisa mais difícil do mundo?
- Quem sabe. – ela respondeu vagamente.
- ‘Quem sabe’? – ele deixou o seu lugar de frente para ela na mesa e pulou para o lado dela, puxando o seu prato para si, sendo vencido pela fome – O que é isso agora?
Mary mastigou mais um pouco, pensando no que responder, e então disse:
- Sabe, se eu vivesse em paz como uma pobre, não precisaria passar pelos problemas que tenho com você. Levando em consideração que você é o bruxo mais rico que eu conheço, não seria estranho eu ser uma constante vítima de seqüestro como eu já fui DUAS vezes.
- Tudo bem! – tranqüilizou Doumajyd – Eu sou o Ilustríssimo Imortal Christopher Doumajyd!
Mary revirou os olhos:
- Mesmo que você seja imortal, eu sou apenas uma sangue-ruim normal.
- Você não é normal! É aquela coisa que o Simon a chama sempre... salsinha.
- Cogumelo! – Mary o corrigiu.
- Isso, um cogumelo que ainda não é conhecido! – ele repetiu com voz esganiçada, tentando disfarçar o engano – Pode ser tanto bom quanto venenoso. Portanto ficará tudo bem. Você tem o poder de um cogumelo desconhecido!
- Ser um cogumelo do qual ninguém conhece a força não basta... – ela resmungou, deixando por um momento os seus talheres descansando e bebendo o seu copo de suco.
- Por que não basta? – ele perguntou sem entender onde ela queria chegar.
- Porque é preciso muito mais que determinação para ser uma Doumajyd. – ela largou também o copo e escorregou um pouco no seu lugar, se perdendo em pensamentos – Sabe... Eu sinto que entendo porque sua mãe é uma mulher de ferro.
- Hum? – ele inquiriu com a boca cheia.
- Talvez no começo ela não fosse assim. Mas conforme a família Doumajyd foi ficando poderosa, ela teve que se tornar, para enfrentar os problemas.
Doumajyd a encarou, ainda mastigando, deixando bem claro pela sua expressão que nunca havia pensado na mãe dessa forma antes. Mas de repente outra coisa chamou a sua atenção e ele pegou a sua esfera no bolso do casaco.
- E aí! – cumprimentou a pequena figura de Adam MacGilleain com um enorme sorriso – Com saudades de mim?
- Adam?! – Doumajyd se surpreendeu, demonstrando que não esperava uma chamada do amigo.
- Sabe, eu falei com o Simon, que tinha falado com o Ryan, e parece que vocês estão com um grande problema, não é mesmo?
- Você contou para o Ryan?! – foi a vez de Mary se surpreender.
- Sorriso da Deusa, não é? – continuou o dragão da esfera – Uma coroa?
- Uma tiara. – Mary o corrigiu.
- Como soube da tiara? – perguntou Doumajyd – Não contei para o Ryan!
- Somos o D4. – ele se justificou simplesmente, como se isso por si só já esclarecesse tudo – Enfim, a tiara Sorriso da Deusa será exibida em um leilão do mercado negro de artefatos mágicos essa semana.
- Leilão? – ecoou Doumajyd.
- Sim. Vários bruxos milionários estarão nesse leilão somente por causa dessa tiara. Confirmei essa informação com várias fontes e não parece ser uma farsa. Se o pessoal do leilão chegou ao ponto de anunciá-la, deve ser a tiara verdadeira.
- Quem a colocou a venda? – pediu Doumajyd, no tom de quem queria o nome da pessoa de quem iria quebrar a cara.
- Como é um leilão do mercado negro, que lida com pessoas perigosas, medidas são tomadas para garantir a segurança de quem participa. Uma delas é que a identidade de vendedores e compradores permaneça oculta... E tem mais, o lance inicial sugerido é de três milhões de dólares.
- Três milhões?! – Mary se engasgou.
Depois de irem tão longe e perderem a certeza da sua busca, tinham finamente uma nova pista concreta para seguir, mas...
***
- Inacreditável! – Mary andava de um lado para o outro no quarto do pequeno hotel – três milhões?! Como vamos recuperá-la do mercado negro?!
- O único meio é ganharmos o leilão. – disse Doumajyd de onde estava, sentado no sofá, como se fosse algo simples.
- E onde vamos conseguir esses três milhões e a quantia para os outros lances? Você tem esse dinheiro todo?
- É claro que eu tenho! Se esqueceu que não há nada que o Ilustríssimo Eu não possa fazer?
Mary parou. No desespero de pensar na imensa quantia que precisavam para recuperar a tiara, havia se esquecido completamente que Doumajyd tinha muito mais do que três milhões a sua disposição:
- É mesmo. Me desculpe.
- O problema é que não posso conseguir esse dinheiro na situação em que estamos.
- Pois, é. – ela suspirou, se sentando ao lado dele.
- Mas por hora não vamos mais no preocupar com isso! – declarou ele, levantando do sofá, empurrando as malas do meio do quarto e puxando a cama embutida, do mesmo modo que Mary havia lhe mostrado – Vamos dormir juntos!
- O quê?! – ela quase se engasgou – Não é hora para pensar nisso!
- Mas nós vamos nos casar! – ele exclamou se justificando, ao mesmo tempo em que praticamente se jogava na cama.
- E daí? Isso não significa queEeei!
Ele a puxou para a cama, para que ela caísse ao lado dele, e começou a dizer:
- Por isso nós-
Mas ele não pôde terminar. No mesmo instante a porta do quarto abriu subitamente e bateu na parede do quarto com força.
- Senhor Gilmore?! – Mary se assustou, mais com quem via do que com a invasão repentina do seu quarto de hotel, e saiu da posição torta que havia caído.
- QUAL É A SUA?! – rosnou Doumajyd, nervoso com a intromissão, mas ao mesmo tempo visivelmente desconcertado pela situação em que fora flagrado – NÃO SABE BATER NA PORTA?!
Sem se importar com os esbravejos do dragão, Archie Gilmore entrou arrastando uma mala atrás de si e falando:
- Precisam de dinheiro para recuperar o que roubaram de vocês, não é mesmo? – então ele jogou a mala em cima da cama, na frente deles – Aqui está a quantia em dólares do que eu recebi.
Tanto Mary quanto Doumajyd olharam surpresos para a mala. Podia se dizer somente pelo impacto dela ao cair na cama que estava muito pesada.
- Mas... – Mary começou, ficando de pé.
- Mas o quê? – ele incentivou a pequena advogada a continuar.
- Não podemos pegar o dinheiro de uma pessoa desconhecida! – ela afirmou com a certeza absoluta de quem recitava uma das leis mais básicas da sociedade.
O bruxo lhe deu um meio sorriso e disse:
- Se continuar com esse senso de justiça em um mundo como o nosso, vai ficar pobre.
- Eu sou pobre! – ela retrucou com orgulho.
Sem dar ouvidos para ela, Gilmore se escorou na porta, com as mãos nos bolsos, e disse despreocupadamente:
- Pensem nisso. Se até amanhã vocês não quiserem o dinheiro, podem me devolver.
Mary tentou compreender a lógica dele. O que ele queria vindo até ali para lhes entregar uma mala cheia de dinheiro?
- Vocês têm apenas duas saídas. – ele continuou – Ou devolvem o dinheiro do jeito que está para mim, ou...
- Ou triplicamos essa quantia antes de devolver. – Doumajyd completou a frase, seguindo o raciocínio do bruxo.
Diante do que o dragão falara, o bruxo lhes lançou um meio sorriso, junto com uma expressão que Mary conhecia muito bem. Era exatamente a mesma expressão que ela reconhecia do Líder do D4, a mesma com que ele estava usando agora. Assim ela finalmente se deu conta de porque Summer Vanderbilt estava encantada por Archie Gilmore. Mesmo sendo pessoas diferentes, Doumajyd e ele eram parecidos.
- Afinal, Las Vegas é uma cidade de apostas. – disse o bruxo, como uma despedida, e logo em seguida saiu do quarto, deixando a porta aberta.
Doumajyd imediatamente abriu a mala. Ela estava repleta de maços com notas de 100 dólares. Era mais dinheiro do que Mary já havia visto em toda a sua vida. Então, sem pensar duas vezes, ela correu pela porta aberta.
***
- O que me fez mudar de idéia? – perguntou Archie Gilmore, que havia parado há meio caminho de abrir a porta da sua Ferrari amarela quando uma Mary ofegante apareceu atrás dele, perguntando – ...Bom, acho que foi quando você disse que, mesmo se alguém morresse, eu fingiria não saber de nada... Sabe, posso não ter nascido em um berço de ouro como o Doumajyd, mas tenho o meu orgulho. Minha fortuna não foi feita com dinheiro sujo, e não pretendo sujá-la me envolvendo nessa trama.
Mary o encarou por um tempo. Ele não parecia estar mentindo, e mesmo só tendo o conhecido naquele dia, ela podia dizer com certeza que ele tinha um orgulho tão grande quanto o do seu noivo, e que poderia acreditar naquela justificativa.
- Então você e a noiva do Dragão Doumajyd. – comentou ele casualmente, lançando um olhar para o último andar do prédio, onde ficava o quarto de Mary – Vai mesmo se casar.
- É claro que... vou. – para a sua própria surpresa, Mary hesitou no meio da frase.
Foi a vez dele a encarar por um tempo, como se a estivesse analisando, e então perguntou:
- Quantos anos você tem?
- Vinte e dois. – ela disse com o mesmo tom de voz com o que afirmara antes ser pobre.
- E você não ficou indecisa sobre se casar tão cedo? – ele deu o mesmo meio sorriso que o fazia ficar tão parecido com Doumajyd.
- Indecisa?... eu... Todo mundo fica indeciso com uma decisão dessas! Mas... vai ficar tudo bem.
Ainda mantendo o sorriso, e com uma expressão que geralmente pessoas mais velhas e mais vividas lançam para as mais novas e inexperientes, o bruxo entrou no seu carro, dizendo:
- Se você tem a ilusão de que tudo ficará bem depois, então é melhor desistir.
- Quê? – ela avançou até a porta do carro.
- Você só tem vinte e dois anos. Ainda tem a possibilidade de conhecer homens muito, muito melhores do que esse dragão raivoso aí.
Mary não queria acreditar. O cara que havia colaborado com o roubo do seu presente de casamento estava a aconselhando a esquecer do noivado?... Uma sensação ruim lhe subia do estômago a cabeça e ela abriu a boca para responder alguma coisa bem respondida para ele quando Doumajyd gritou na varanda lá de cima:
- EEI! O que esta fazendo aí?!
Aproveitando a deixa, Gilmore deu partida no carro e saiu do estacionamento, indo embora sem dizer mais nada.
- Sobre o que vocês estavam conversando? – o dragão perguntou, ao ver que Mary observava a Ferrari se afastando na movimentação de luzes da rua.
- ...Nada. – ela respondeu.
- Mary, vamos apostar! – disse ele, deixando bem claro que não iria mudar de idéia, porque já tinha tudo planejado – Vamos triplicar essa quantia e vamos recuperar a tiara!
***
Nota da L:
Alguém aí é contra que algum canal da televisão brasileira adapte Hana Yori Dango para nós?
Tipo, vendo a versão japonesa e a taiwanesa, eu achava que era muito distante da nossa realidade daqui , e que seria trabalhoso colocar a história de uma maneira que agradasse o povo brasileiro... Mas se formos pela versão coreana dá para fazer tranqüilo! xD
Se aqui não tem como ter uma respeitável e poderosa família tradicional de Doumajyds ou plutocratas Doumyoujis, que tal um conglomerado comercial como a Shinwa da família do Gu Jun Pyo?
Se não temos colégios internos a moda Hogwarts (mentiraaaa! Minha irmã estuda em um! o/) ou Eitoku Gakuens, que tal uma escola que ofereça ensino de primeiro mundo desde o jardim até a faculdade onde só podem ser admitidos como alunos a nata da sociedade?
Se em uma escola desse nível nunca entraria uma pobretona quase favelada Mary/ Makino, que tal encobrir um escândalo oferecendo uma bolsa de estudos para uma esforçada Jan Di poder praticar natação e ir para as olimpíadas?
Falando asneiras esses dias atrás no ônibus com o Shuri-kun, nós começamos a desenvolver uma versão brasileira de hanadan. No fim rimos tanto que só chegamos ao ponto de decidir o nome do Doumyouji (César Augusto) e da Makino (Janaína) xD
...
Mas seria legal, neh?.... (babando)... Mais interessante que a mesma ladainha de sempre de malhação, neh?
(desculpa aê quem gosta de Malhação, mas desde a quinta série eu já era capaz de prever o que aconteceria e perdeu a graça :P...)
No mais, até semana que vem, pessoal o/
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