De Evans a Dursley part I

Prévia  Chapter 7 – De Evans a Dursley.

 

 

 

         Noite passada, ou início da manhã de hoje

 

         - Sirius Black! Seu cretino idiota, ridículo, desgraçado, pelo amor de Merlin! – Gritou Lilith, assim que viu Sirius e James entrarem se rastejando pelo retrato da mulher gorda. – O que houve?! Onde vocês estavam?! Vocês viram a Lilian e o Ranhoso? Eu tive que fingir um desmaio para q- Sirius segurou-a a beijando, para que ela se calasse. James agradeceu silenciosamente, se tivesse de fazer aquilo pessoalmente seria muito menos carinhoso. Ele subiu as escadas, exaurido, em direção ao dormitório, mesmo que o dia já estivesse nascendo.

         - Eu estou bem, James está levando, Lilian esta na Ala Hospitalar, Ranhoso também, Peter desaparecido, e continue fingindo desmaios até o final de sua vida se for preciso, mas você não pode contar a ninguém o que aconteceu essa noite, ouviu? – Sirius disse sério, para depois se largar na cadeira, não queria nem pensar no dia seguinte, não estava preocupado com ele, e sim com Ranhoso, que havia acabado por encontrar logo James na floresta proibida. E por Lilian, que havia descoberto tudo sobre Remus, e conseqüentemente o segredo dos quatro.  Lilith assentiu, soltando um grande suspiro, havia ficado acordada a noite inteira, primeiro esperando Lilian voltar com notícias – esperava mais as ruins do que as boas -, depois tentando explicar a professora Minerva e ao professor Dumbleodore como sabia do desaparecimento do Lilian. Depois, aflita, esperando que Sirius voltasse inteiro para o Salão Comunal.

         Porém, agora que toda a adrenalina havia passado, ela se sentou no carpete perto da lareira, sentindo todo seu cansaço recair sobre seu corpo com um peso impressionante. Ela abraçou as próprias pernas, segurando o choro.

         - Ei, ei.  O quê é isso, menina? – Disse Sirius forçando seu sorriso, mas a noite havia o deixado exaurido. Sentou-se no carpete ao lado dela, no que ela deitou a cabeça sobre seu ombro. – Você é oficialmente uma pioneira ao marotismo agora, não pode ficar se derretendo por aí.

         - Ai Sirius, só você pra depois dessa noite me fazer rir. – Ela jogou uma parte de seu cabelo para o lado, para poder encará-lo melhor. – Credo, você esta cheirando a cachorro molhado.

         Eles se encararam por um minuto sem graça, e depois cada um virou para um lado, fingindo desinteresse.

 

         - Então vai me dizer agora o que aconteceu?

         Sirius tentou se lembrar até onde havia contado a verdade para Lilith no dia em que beberam depois em Hogsmead. Assim, até a parte em que eles eram animagos, depois vomitou e apagou.

         - James, eu, Peter e Remus estávamos na floresta proibida, quando de repente Ranhoso apareceu, a Lilian apareceu, um lobisomem apareceu. – Ele levantou a sobrancelha, enquanto Lilith fazia feição de “MASOQ?”.- E ai, Lobisomem iria atacar Lilian e Ranhoso, o que não seria tão ruim na parte do Snape, e então James brigou com ele, e eu salvei a Evans.

         - Sirius, eu estou tão cansada de ter que ouvir suas versões. Por que pelo menos uma vez na sua vida você não me conta a verdade? Quer dizer, essa é nossa última semana juntos. – Ela disse, desenhando com o dedo no carpete, sem jeito.

         - Eu te contaria toda a verdade, Lil. – Ele pegou no queixo dela, com delicadeza, para poder ver aqueles olhos escuros, pareciam tristes, aflitos. Ele franziu o cenho. Era muito bom com as mulheres, mas não em entende-las – Mas não é um segredo meu, e eu não posso sair por ai dividindo coisas que não dizem a respeito só sobre mim. A menos que você me embebede novamente. E que história é essa de que não vamos mais nós ver, Ludov?! Acha que vai se livrar fácil assim de mim?

         - Não, a última coisa que eu queria era te perder agora. – Ela suspirou, mordendo o lábio inferior. – Sabe Sirius, hoje eu percebi... Que talvez... Pra mim, nosso lance tenha rolado por tanto tempo... Que se tornou uma coisa... – Como ela ia dizer a Sirius Black, que estava apaixonada por Sirius Black!? – Uma coisa... Um pouco mais que casual.

         - Entendo. – Ele pigarreou, e depois de seu melhor sorriso, olhando pela janela, o sol nascendo. – Quer saber? Para mim, sempre foi um lance mais do que casual.

          Lilith reprimiu seu sorriso, nos últimos três anos aquela era a primeira conversa séria que tinha com ele. E era realmente muito estranho.

         - Er, bom. Eu estou moída, e você também deve estar, vamos dormir, sim? – Ela se levantou, estendendo as mãos para ajudá-lo. – Vamos que amanhã você e James vão ter que inventar muitas versões, e muito melhores que essa que você me contou para convencer a professora Minerva a não expulsar vocês.

         - Essa foi tão ruim assim? – Ele fez uma careta.

         - Foi a pior historinha que você me contou na vida, Sirius.

         - Dá um desconto, eu estou morrendo de sono. – Ele esfregou os olhos. Enquanto eles subiram as escadas em silêncio. Quando chegaram ao topo, ela deu um leve sorriso. Se virando para a escada que levava ao dormitório. Porém, Sirius a segurou pelo braço, fazendo-a voltar.

         - Lilith. – Começou ele, coçando a nuca, sem graça como ela nunca havia visto antes. – Eu tenho que te dizer uma coisa.

         - Sim? – Ela perguntou um pouco incerta, prendendo a respiração e se aproximando dele.

         - Eu... – Ele segurou a mão dela, engolindo a seco, e agora? – Eu...

         Ela colocou o dedo sobre os lábios dele, e logo o substitui pelos próprios lábios. Sirius a segurou pela nuca, satisfeito, parecia que não sentia um beijo dela há anos e anos.

         - Eu também, querido. – Ela sussurrou, rindo, e se separando dele. Para subir as escadas do dormitório.

 

 

         Lilian acordou naquela manhã bem cedo, mas não se atreveu a abrir os olhos. Virava-se de um lado para o outro, incomodada, tentando encontrar o ponto certo do travesseiro que a faria voltar a pegar no sono. Mas não encontrou, depois de alguma horas, vencida, abriu seus olhos calmamente, sentando-se na cama. Percebeu que Severo não estava mais ali, muito menos James. Sentiu um aperto em seu coração, seria possível? O que Snape diria a professora Minerva quando ela perguntasse? O que ele sabia? Será que sabia que a quase – morte dos dois havia sido resultado de uma peça idiota de Sirius?

         Ela mordeu o lábio inferior, no que viu a Madame Samanbattí se aproximar, com seu largo e convidativo sorriso.

         - Até que enfim acordou, Evans. Pensava que sem querer havia dado a senhorita a poção do morto vivo! – Brincou ela, com a mão na testa da ruiva.

         - Eu estou bem, obrigada. Mas onde está Snape?

         - Oh, foi liberado hoje bem mais cedo, estava tão bem que nem parecia ter sido atacado noite passada.

         Lilian assentiu.

         - E James Potter?

         - James Potter? – Madame Samanbattí franziu o cenho. – Potter não esteve aqui essa noite.

         Lilian passou alguns minutos para absorver aquela informação, será que ela havia sonhado que James havia vindo lhe visitar?!

         - Ah me desculpe, eu estava tão confusa noite passada. Mas, será que eu já posso sair?

         - Pode sim, querida. Suas roupas estão ali, sua amiga veio as deixar hoje pela manhã, não pode sair por ai com esses trapos.

         Lilian olhou para si mesma, envergonhada, sua blusa estava suja de lama, e seus cabelos embaraçados. Pegou as roupas, agradecendo a Merlin por ter Lilith como melhor amiga.

 

 

         - Snape. – James chamou, encostado a parede de um dos corredores. Severo se virou, sem o mínimo de vontade.

         - Sim?

         - Talvez Professora Minerva, ou o Professor Cole venha falar com você hoje, perguntando da noite passada. Eu queria te pedir, que por favor, não dissesse nenhuma bobagem. – Para ele era extremamente difícil ser tão educado com Ranhoso, mas era preciso.

         Snape soltou uma risada maldosa.

         - Está pedindo para que eu te ajude, Potter? – Ele praticamente cuspiu o nome do rapaz, como se fosse um tipo de xingamento.

         - Não, estou pedindo que ajude Lilian.- James soltou um suspiro, massageando suas têmporas. – Olha Snape, nós sempre tivemos nossas diferenças, em tudo. Mas na noite passada percebi que gosta tanto de Lilian quanto eu.       

         - Muito mais do que você, acredite.

         - Sendo assim, queria que me ajudasse, por que você sabe que se disser qualquer coisa errada sobre a noite passada Lilian estará perdida, não sabe?

         - Sim, diga logo Potter, não tenho todo meu tempo para perder com você, o que devo dizer?

         - Eu não sei. – James arrepiou os cabelos, pensando. – Diga que você e Lilian foram fazer uma ronda extra, acabaram por se encontrar e então eu convenci Lilian a dar uma volta comigo, você preocupado com ela foi atrás ver o que estava havendo, e acabou por nós encontrar na floresta proibida, e depois disso  pode contar a verdade. Que um lobisomem tentou nós atacar, digo.

         - Mas isso não te ajuda muito.         

         - Eu não disse que era para você me ajudar, disse que era pra você ajudar Lilian, não foi?

         Severo abriu a boca para falar algo, mas logo a fechou, pigarreou, ganhando tempo para se recompor.

         - Tudo bem, Potter, eu faço isso, por ela. – E  virou as costas.

         - Severo? – Chamou James, irritado. Ele se virou, com a sobrancelha erguida. – Obrigado.

         - Mande um beijo para Lily, e melhoras. – Ele disse, após assentir, e sumir por um dos corredores.

         James suspirou, agora era só arranjar um jeito de salvar sua própria pele. Ela mataria Sirius, ah, se mataria!

 

 

         Lilian foi aconselhada pela madame Samanbattí a não ir as suas aulas de hoje, não se impôs nem um pouco, caminhou com toda calma que pode ao salão comunal, cantarolando uma música qualquer, para não pensar em absolutamente nada. Mas, assim que cruzou o retrato da mulher gorda avistou Remus sentado em uma das mesas, debruçado sobre um dos livros. Estava mais pálido do que nunca, sua pele parecia uma folha de papel. Suas olheiras estavam tão profundas e roxas, quando ele ergueu os olhos para ver quem havia adentrado o local, Lilian pode ver uma porção de pena e culpa nos olhos do rapaz.

         Soltou um grande suspiro.

         - Remus, não fique assim. – Ela disse, sentando-se em frente a ele, e pegando suas mãos.

         - Como posso não fica, Lily? Eu sou um monstro, poderia ter te matado ontem, poderia ter matado James. Eu sou uma aberração, um egoísta que viveu aqui todos esses anos sem ligar para o bem de todos.

         - Remus! A culpa não é sua! E eu estou muito bem, se quer saber. E James também eu aposto. Você não pode deixar que isso governe sua vida. Remus. – Ela levantou o rosto dele, com um sorriso bondoso nos lábios. – Isso é uma parte tão pequena de você, não você inteiro, não fale como se fosse.  Você é uma pessoa incrível, um dos poucos que se salva dos seus amigos, ouviu?

         Ela soltou uma risadinha, tímida.

         - Mas e agora? E se Snape contar a todos... O que eu sou?

         - Snape não sabe de nada. E mesmo se soubesse eu o faria ficar calado. Vai ficar tudo bem.

         - Não, não vai. – Remus balançou a cabeça negativamente. – Sirius e James estão na sala da professora Minerva, com Snape e o Professor Cole. E James ta doido por te proteger e... Eu acho que ele pode acabar se prejudicando bastante com suas histórias.

         Lilian se enfureceu, como assim? James Potter era idiota? Ele não podia simplesmente ferrar com sua vida por ela! Era a última semana de aula que se iniciava hoje, se ele fosse expulso por uma idiotice de Sirius ela mataria aos dois.

         Se levantou, bufando.

         - Eu vou ajudar aquele idiota.

         Lilian correu o mais rápido que suas pernas permitiam e talvez mais um pouco,  e adentrou a sala da professora sem muito pensar e com bastante estrondo.    

         - Mas que diabos? – Fez o professor Cole, assustando-se ao ver Lilian adentrar a sala ofegante. James e Severo fizeram a mesma feição de “o que você está fazendo aqui?!”. – Senhorita Evans, pensei que estivesse na Ala hospitalar, se recuperando.

         O professor Cole era o diretor da Sonserina e o professor de D.C.A.T. , era um homem de longe estonteante, com seus olhos verdes, seu corpo esquelético e seus cabelos arrepiados castanho-claro.

         - Estava, mas já estou melhor, e me avisaram que a senhora queria falar comigo, professora, então com licença. – Pediu ela já na metade da sala, no que a professora fez um gesto para que ela se aproximasse.

         - Eu gostaria de falar com você, sobre a noite passada, mas o Senhor Potter, Snape e senhor Black, já me esclareceram a situação e sua total falta de envolvimento com o ocorrido.

         Lilian olho para os três, imaginando que idiotices eles não haviam falado.

         - Mas e agora o que vai acontecer?- Perguntou Lilian  hesitando.

         - Eu e James vamos ser expulsos. – Sirius fechou apenas o olho esquerdo, como quem dizia “é, nós fudemos”. Lilian ficou boquiaberta, olhando para Severo com seu olhar mais mortal, como ele deixou que aquilo acontecesse?

         - Professora, sem querer ser indiferente com seu julgamento, mas  eu gostaria de falar com o professor Dumbleodore.

         Professor Cole caiu em uma risada maldosa.

         - Ora, ora, Minerva, e depois você reclamava da displicência dos meus, olhe só para os seus.

         - Senhorita Evans, o diretor esta muitíssimo ocupado com outros problemas para se preocupar com coisas que eu posso muito bem resolver sozinha. – Seu rosto estava púrpura de vergonha.

         James deu um beliscão no braço de Lilian.

         - Minerva, se a menina quer falar comigo, traga-a aqui! – Os seis ergueram os olhos para o retrato do professor Dumbleodore, Lilian abriu um largo sorriso, e recebeu em troca uma piscadela. Professora Minerva se agitou na cadeira contrariada.

         - Vocês estão dispensados, por enquanto. – Disse ela, frisando “por enquanto”. Levantou da cadeira, lançando um olhar de desprezo ao professor Cole. – Vamos, Evans siga-me.

         Lilian lançando um olhar de superioridade aos três, saindo nos calcanhares da professora.

         - Ai, ai, ai, o que essa maluca da Evans vai fazer?!

         - Uma coisa muito melhor do que nós três fizemos juntos, acredite. – Sussurrou Severo, depois que o professor Cole já havia saído.

         - Olha, Black, não fale comigo tudo bem? Ontem eu já pedi a Merlin muita paciência com você, por que se ele me desse força, eu te espancava! – Disse James, irritado, saindo da sala.

 

Lilian seguiu a professora por muitos corredores até chegar a ala oeste do castelo, pararam em frente a estatua de uma grande águia, com as asas abertas, ela pediu que Lilian ficasse debaixo das asas do animal, a ruiva ergueu a sobrancelha, mas obedeceu mesmo assim.

         - Tortilhas de abobora com mel. – Disse Minerva em sua voz mais irritadiça, e em um minuto a águia começou a girar, e girar, subindo por uma estreita passagem, até que ela, um pouco zonza,  pode ver o professor Dumbleodore sentado atrás de uma mesa grossa de madeira, com uma fênix em uma gaiola ao seu lado, ele parecia tão absorto no que estava lendo que nem ao menos percebeu a chegada da garota.

         - Professor? – Ela disse meio sem jeito, no que ele ergueu os olhos por cima dos óculos de meia-lua,  e sua feição séria e preocupada se desfez em um alegre sorriso.

         - Senhorita Evans, venha, sente-se! – Convidou ele, apontando para a cadeira a sua frente. Ela sentou-se a cadeira, seu rosto tão vermelho quanto um feijãozinho de sabor sangue.

         Ela deu uma passada rápida de olhos sobre o jornal acima da mesa do diretor, e teve uma surpresa.

         - Você –sabe – quem atacando em Austeront? – Austeront era o condado bruxo mais próximo a Hogsmead, logo, o segundo mais próximo a Hogwarts.

- Sim. – Alvo soltou um suspiro. -  Sabe Evans, vivemos em tempos difíceis, dizem por ai que há até comensais da morte em Hogwarts! Aprendendo aqui, para utilizar a favor de Voldemort.

         Lilian sentiu um arrepio ao ouvir aquele nome, nós últimos anos o mundo bruxo estava envolto por uma atmosfera de tensão absoluta, trouxas e bruxos morriam quase todos os dias, ou desapareciam misteriosamente. Haviam boatos de todos os tipos, desde que Voldemort vinha a Hogwarts, tomar o lugar, matar Dumbleodore e todos os nascidos trouxas, desde que ele estava em Londres, confabulando  com o ministério. Além de tudo, nós tempos de hoje, ninguém mais podia confiar em ninguém, já que por toda a parte haviam comensais da morte infiltrados, sugando informações e conhecimento para ele. O caos era tanto, que foi convencionado que ele só fosse mencionado como “aquele-que-não-deve-ser-nomeado” ou “você-sabe-quem”.  O nome, ou personagem que ele criará acabou por se tornar uma espécie de maldição imperdoável, e dizer “Voldemort” era uma grosseria.

- Eu, e todos os alunos confiamos na sua proteção, e em quanto Hogwarts é segura, professor. – Disse Lilian com seu sorriso mais bondoso.

         - Ora, James tem razão, você é mesmo um amor. – Lilian ficou se perguntando  quando diabos  James havia conversado com o professor Dumbleodore, ainda mais sobre ela! – James te contou que é meu afilhado?

         Lilian ficou de queixo caído, como assim?

         - Não,na verdade nunca.

         - Oh, eu sou amigo de longa data dos Potter, muito mais longa do que eu gostaria de admitir, na verdade. -  Ele soltou uma risadinha. – Mas a senhorita  não veio aqui para ler jornal, ou saber de minhas amizades não foi, senhorita Evans, conte-me, o que te aflige tanto ao ponto de tomar coragem de vir até aqui.

         - Bom o senhor deve saber sobre a noite passada. – Alvo assentiu. – Eu não sei o que James, Sirius e Severo disseram a professora Mcgonagall, mas eu não acho certo eles serem expulsos contando uma mentira.

- Entendo, continue. – O professor olho-a com atenção.

- Então eu vim até aqui contar a verdade ao senhor. – Ou versão melhorada dela, pensou Lilian, mordendo o lábio inferior. – Bom, mesmo que Severo odeie demonstrar isso, por que ele é um ridículo, eu e ele somos amigos a muito tempo, então na noite  passada decidimos que iríamos juntos averiguar algumas denuncias de omissão dos monitores enquanto o toque de recolher, então estávamos vendo isso, quando vi Remus, Peter, James e Sirius passarem em direção a floresta proibida e eu idiota fui tentar impedi-los, só que o que eu não sabia é que na verdade, Remus é um lobisomem, como o senhor deve saber. – Era obvio que Dumbleodore sabia, provavelmente muito antes de James, Sirius e Peter suspeitarem. – E... Uma coisa que eu vou contar ao senhor e que eu confio que o senhor entenda. James, Peter, e Sirius são animagos e eu duvido que sejam registrados, mas eu imagino que não seja uma coisa que surgiu da vontade deles, uma vez que o senhor sabe que um lobisomem só oferece perigo aos humanos e não a animais deve chegar a mesma conclusão obvia que eu ao pensar que eles fizeram isso para ajudar Remus. – Lilian tomou ar, prosseguindo. – E então como eu fiquei muito tempo dentro da floresta, Severo deve ter se preocupado e entrado na floresta atrás, então me encontrou com James, por que ele havia me salvado, por que Remus havia tentado me atacar, claro, coitadinho. Então Severo e James começaram a brigar por que Severo pensou que James tinha feito alguma coisa comigo, ai o Lobisomem foi atacar Severo e James se transformou em um cervo e...

         -  Senhorita Evans. – Interrompeu Dumbleodore com uma risada. – Acalme-se eu já entendi.

         Lilian assentiu, corando ainda mais.

         - Então tudo corria normalmente, e esse encontro não passou de uma desventura do destino?

         - É. – Disse Lilian meio incerta, mordendo o lábio inferior.

         - Eu entendo, essa é realmente a melhor versão dessa história, obrigado.

- E então, James e Sirius vão ser expulsos?

- Não, mesmo se fosse Sophie Potter viria aqui pessoalmente lançar um avada em mim, por você-sabe-quem.

Uma piada um tanto tensa, mas Lilian sorriu, feliz por ter ajudado James.

- Eu sabia que o senhor entenderia. – Lilian estava para se levantar quando lembrou-se – Ah, professor, amanhã é o casamento da minha irmã, eu e James havíamos combinado com a professora Mcgonagall de irmos para Londres hoje, ainda podemos?

- É claro! Não perca o casamento de sua irmã, nunca faríamos essa maldade com a senhorita, aproveite com seu namorado.

- Ah... Não, eu e James não estamos. – Lilian deu uma risadinha, envergonhada. – Namorando.

- Ah, suponho que essa condição não seja por ele não querer. – Dumbleodore deu uma piscadela, voltando a uma carta que estava escrevendo. Lilian assentiu e saiu.

 

- O que você fez? – Foi a primeira pergunta que Lilian ouvio assim que adentrou o salão comunal da grifinória com um sorriso resplandecente estampado no rosto. Ela viu cinco pares de olhos a observarem com curiosidade. Quatro. Peter estava tão envergonhado com o que acontecera ontem entre os dois que nem a menos teve coragem de olhá-la.

- Salvei a pele de vocês, vocês me devem pro resto da vida. – Disse ela se sentando no sofá ao lado de James, que passou a mão por cima de seu ombro. Lilian se aconchegou nos braços do rapaz.

- Mas como?! – Perguntou Sirius, que fazia carinho nos cabelos de Lilith.

- Contando a verdade. – Lily deu de ombros.

- MASOQ? – Lilith gritou. – Estamos todos ferrados então?

- Ta. Eu não contei exatamente a verdade, mas contei a versão mais próxima.

 

- O que você disse? – Perguntou Peter.

- Ai gente, a história toda tirando a parte da peça idiota do Sirius e da Lilith.

- Ah. – Ouve um coro.

- Mas... Você contou a Dumbleodore que somos animagos? – James ficou imaginando quanto tempo demoraria para que ele e Sirius recebessem o berrador de sua mãe.

- Sim, e ele entendeu.  

- Lilian, você é realmente brilhante.- James se aproximou um pouco demais dela. Lilian corou, se endireitando, James soltou um suspiro.

- Er.. Bom, Lily, você vai pro casamento da sua irmã amanhã então? – Remus tentou mudar o assunto, vendo a frustração nos olhos do amigo.

- Ah, sim! A propósito, vamos logo James se não, não chegaremos em Londres hoje. – Ela o puxou pela mão.

 

A estação de Hogsmead, Grimm’s, era a única próxima a Hogwarts que ligava esse lado do véu, ao outro, no caso, a estação King's Cross, em Londres.

A vigem foi tão silenciosa quanto tensa, cada um olhando para um lado da janela.  Lilian observava cada mudança de paisagem como um filme emocionante, enquanto James ficava a encarando, imaginando por que diabos ela fazia aquilo com ele.

Por que o fazia pensar que estava tudo bem, quando não estava? Por que o fazia ele se apaixonar e depois fingia que não sentia nada? Por que ela o beijava em um dia e no outro o ignorava?

Ele soltou um suspiro carregado de frustração, pelo visto a viagem a Londres seria mais longa do que o esperado. 
    
(... continua ) 

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