Capítulo II
Capítulo II
efeitos colaterais
Quem vos fala: Lílian Evans
Hoje, 12 de janeiro, Segunda-feira
Onde: Em casa, preparando meu naufrágio
Comprei minha pipoca e fui feliz. Fiz meio litro de suco de laranja e eu já posso me afogar no sofá para ver Charmed, sem ninguém para incomodar. Deitei, com o balde de pipoca em cima de mim e com a jarra de suco do meu lado. Nada como Charmed no fim da tarde.
Plano perfeito.
Começou o episódio. O penúltimo da quinta temporada! Finalmente eu consegui alugar a quinta temporada de Charmed! Já que minha internet carroça não me permite baixar os episódios.
TRIM-DOM.
Droga de porta. Fucking porta. Eu já estava deitada.
Já estava a dois centímetros da porta quando Petúnia desceu correndo me empurrou para o lado – o que me fez cair de bunda no chão – e abriu a porta.
- Galera! – ela exclamou feliz. Se eu soubesse eu nem tinha levantado no sofá.
Dei uma espiada pela porta. DEVIAM TER UMAS 20 PESSOAS ALI. MELDELS. FESTA NA SALA NEM PENSAR.
- Vamos subindo gente, vamos subindo, meu quarto por favor. Ensinem o Jay aonde fica, ok garotas?– ela piscou. ECA. Nem quero saber o que eles vão fazer no quarto. Porquê tem milhões de meninas e um homem? Não é possível que elas vão revesar UM HOMEM!
Não, não deve ser. Deve ser um daqueles rituais de iniciação toscos que minha irmã e as panacas das amigas delas costumam fazer. Tudo bem, eu ignoro.
Voltei rastejando para o sofá, eu estava prestes a dar play no episódio quando Petúnia tampou a minha visão entrando na frente da TV.
Olhei em volta, já não tinha ninguém mais ali.
- Olha aqui feiosa, eu estou no meu quarto e você não vai entrar, não vai pensar, vai fingir que não tem esse tanto de gente aqui. Papai e mamãe saíram e devem voltar lá pelas duas da manhã. Eu tenho mais de seis horas de festa no meu quarto e eu espero não ser interrompida.
- Ta tanto faz, some daqui Petúnia. – resmunguei para ela, tampando meus ouvidos com as mãos.
A campainha tocou de novo, droga.
- Entrem! – Petúnia falou e a porta se abriu. Parecia que o time de futebol todo estava indo para o quarto dela. Eu mereço isso.
- Vai caber isso tudo no seu quarto? – resmunguei entre as almofadas. Mas ela pareceu não ouvir, estava muito ocupada encaminhando aquela manada para o quarto dela.
Eu realmente não quero saber.
CHRIIIIIIIIIIIIIIIIS. SEU FILHO DA PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUTA. AONDE VOCÊ PÔS O LEO?
- CALA BOCA AÍ Ô IDIOOOOOOOOOOTA! – berrou Petúnia lá de cima ouvindo meus gritos. Acho melhor eu parar de ver Charmed. :x Afinal, o quê está acontecendo lá em cima? Eu já vi chegando umas 500 pessoas e subindo. É melhor ninguém estar no meu quarto.
Enfim, me bateu aquela curiosidade mortal. Mortal. O que será que está acontecendo lá em cima? Eu quero saber? Mas se eu for Petúnia me mata. É melhor eu ficar com a opção mais segura.
Eu nem fiz os deveres. Droga. Sempre esqueço.
Dorcas - chamando...
- Alô? – Era Dorcas. Provavelmente fazendo o jantar para a irmã dela.
- Fala feiosa, tem dever? – eu disse. Ela iria me matar por isso, mas eu realmente não matei aula por querer.
- Sua rata, palhaça, idiota. Você matou aula e nem me chamou. ARG. – ela resmungou do outro lado da linha e eu revirei os olhos. – Na verdade tem, e muito, mas eu não vou te passar porque eu sei que você não vai fazer. Fora que eles são para segunda e terça que vem, mas eu acho que a professora de Lógica falou algo sobre um trab...
- Também te amo Dorcas, tchau. - desliguei o telefone e fui arrumar a sala. Depois de desligar a TV, eu reparei que a tinha música alta no andar de cima. Droga, vou custar a dormir.
Subi as escadas com medo de qualquer-coisa-que-eu-viesse-a-ver mas parecia que a festa era só no quarto de Petúnia. Também pudera, o quarto dela é E-N-O-R-M-E com todas as letras, além da varanda imensa e o banheiro maior que o meu quarto. Tudo bem. Quando eu nasci, o quarto de brinquedos da Petúnia veio para mim, ou seja: Cubículo.
Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Meu som não estava lá. Meu quarta roupa estava aberto e eu nem queria saber aonde tinham colocado os meus travesseiros.
Peguei minhas coisas, entrei no banheiro do quarto da minha mãe (que estava fechado e graças a Deus com ninguém dentro) tranquei e fui tomar meu banho.
Eu já devia estar lendo a umas duas horas e ainda nem sinal da ‘festa’ estar para acabar. Eu não estou acreditando! Posso dormir na minha casa? E afinal, cadê os meus travesseiros? EUU quero meus travesseiros.
Eu realmente tenho preguiça da Petúnia. Estou deitada um amontoadinho de lençóis como travesseiro, e a culpa é dela. Maldita.
O barulho parou. PAROU! YES. YES. Dei uma espiadinha na porta para ver as pessoas saindo do quarto. Ninguém saiu. Outro minuto, ninguém saiu.
Tudo bem, pelo menos a música parou.
TOC TOC TOC.
Não não e não. Fingi que não ouvi. Provavelmente seria Petúnia querendo me expulsar do meu próprio quarto para fazer uma extensão da festa. Não vou.
Socaram a porta. Caramba! Eu não posso nem dormir em paz nessa casa? Levantei, resmungando. Petúnia vai ver, vou ligar para minha mãe e falar o que está ‘rolando’ na casa dela.
- PETÚNIA OLHA AAQUI... – comecei a berrar antes da porta, mas logo me calei quando eu vi que não era Petúnia quem estava do outro lado.
Prendi a respiração. Morri. Morri de novo.
QUEM ERA ESSE? JESUS-ME-CHICOTEIA!
Dei um sorrisinho sem graça e ele retribuiu. Estava com os travesseiros na mão. Ele era alto e pouco moreno, cabelos castanhos um pouco grandes um pouco desarrumados. Ele estava manchado de vermelho em várias partes, nas roupas, no rosto, no sapato... (pobre criança, a terrível iniciação da Petúunia, uuh, tremam).
Lembrei então que eu estava com uma trança mal-feita na cabeça e provavelmente estaria parecendo uma monstra com meu pijamão do Pikachu que parece um macacão.
Por isso que dizem: ‘ande sempre arrumada, o amor da sua vida pode aparecer em qualquer lugar’até na porta do seu quarto duas da manhã.
- Obrigada – murmurei esticando a mão para o travesseiro no maior estilo ‘me dá isso logo para eu poder abafar meu grito com ele’ e ele me entregou.
- Bem, tch...
- Uau, macacão do Pikachu! Eu via esse desenho quando era pequeno – humilhada. Vergonha... Desgraça... Humilhação para toda uma raça vergonha....
Ele deve ter percebido muito a cara de humilhação quero-um-saco-para-por-na-cabeça que eu fiz, pois logo depois ele acrescentou:
- Não que eu só visse quando era pequeno, digo, eu ainda gosto um pouco – e forçou um sorriso. Oin, ele fez isso só para me agradar? Que gracinha.
- A ‘festa’ ainda está rolando por lá? – perguntei sorrindo.
- Não sei, consegui fugir. Acho que elas não vão perceber - ele piscou, *calor*. Ele piscou? ELE piscou? Ele PISCOU? Ele piscou PARA MIM? - Enfim, queria conversar com alguém, já que nas últimas várias horas eu fiquei ouvindo e sendo violentado com tinta - ele apontou para a blusa.
- Fique a vontade - dei um sorrisinho sem graça.
Quem vos fala: Dorcas Meadowes
Hoje, 13 de janeiro, Terça-feira
Onde: Não sei, mas o Remus está comigo *-*
- Sim, Remus? – sorri alegremente. Estávamos sentados de frente à um rio congelado pela neve, com pelo menos dois quilos de roupa, tomando chocolate quente. – Você queria me dizer alguma coisa?
- Sim, bem, eu queria te dizer que eu te....
- DOOOOOOOOOOOORCAS. ACOOOOOOOOOORDA. MÃAAAAAAAAAAAAE A DORCAS MORREU! MORREU! –acordei com as pancadas de travesseiro que minha irmã dava.
Levei um minuto para perceber.
Levantei de supetão e tirei o travesseiro da mão dela, encarando-a incrédula.
- Meu sonho perfeito, - resmunguei baixinho, comigo mesma. Ela não fez isso.
Você vai sentir minha ira menina pequena, ou eu não me chamo Dorcas Meadowes. Bwahahahahaha.
- Dorc, porque você está me olhando assim? – ela perguntou, encolhendo os ombros. É melhor não saber da minha vingança fria, terrível, cruel e... fria.
Ok, minha irmã não tem culpa do fato de eu estar sonhando com um cara que eu conheci a aproximadamente sete horas atrás...
Afinal, porque diabos ela me acor....
Olhei para o relógio de relance.
- AI MEU DEUS. AI MEU DEUS. AI MEU DEUS. – gritei, socando dois cadernos na mochila e colocando o estojo.
Desci as escadas voando, parei na cozinha. Peguei uma panqueca e já subi correndo, nem reparando no milagre que era ter um café da manhã na mesa que não fosse de meu feitio.
Corri de volta, escovei rápido os dentes enquanto colocava a calça, vesti a primeira blusa que eu vi no guarda roupa e calcei o tênis. Nada de maquiagem hoje, droga, vou ir parecendo um monstro.
Meu celular... celular... cadê a droga do celular? Shit.
Revirei todas as cobertas, cadernos, folhas e pelúcias – meus livros ficaram intactos na estante, meus preciosos – e acabei encontrando-o do lado do meu pijama recém jogado no chão.
Desci correndo as escadas, peguei a mochila, e fui correndo para escola.
Olhei para o pulso na esperança de ver se tinha algum tempo sobrando para andar e reparei que eu estava sem relógio.
Esqueci o relógio! ESQUECI-O-RELÓGIO. Eu não sou nada sem um relógio. Mau dia, mau dia, mau dia.
Eu mal tive tempo de falar do meu vizinho gato maravilindo quando cheguei, Lily já nos arrastou para os banquinhos de entrada para nos contar sobre o cara que por uma acaso bateu na porta do quarto dela DUAS DA MANHÃ, ENTROU E FICOU SÓ CONVERSANDO.
Acredito. Muito. Ô.
Aliás, porque estamos aqui? Não tem aula?
- Nós não deveríamos estar em alguma aula gente? – resmunguei, procurando o horário na mochila. - Eu vim correndo igual uma desembestada para chegar no horário, não passei maquiagem e meu quarto está pior do que ontem e e....
Eu não acredito que o primeiro horário de terça é vago. Eu poderia ter feito tanta coisa...
- Acorda Dorcs, tem algo mais importante do que tempo para arrumar de manhã – Riu Emmy, cutucando-me e me tirando do meu mantra particular (algo como: eu sou retardada, eu sou retardada, eu sou retardada). – A Lily conheceu um cara bonito ontem, ui ui. Eles ficaram no quarto conversando...
- É verdade! Porque ninguém acredita em mim? – interrompeu Lily, depois de repetir pela milhonésima quinta vez que só ficou conversando com James.
- Porque você ficou com um cara bonito no quarto às duas da manhã só conversando, por isso. – disse Lene e Emmeline só soltou alguns risinhos.
- Posso contar?
- Pode. – Eu, Marlene e Emmy respondemos em coro. Emmy até guardou o celular no bolso, ignorando último BIP de mensagem.
- Foi assim... – Lily começou. – Eu estava reclamando comigo mesma mais uma vez sobre a música alta e ela parou. Abri uma greta da porta para ver se alguém ia sair e ninguém saiu. Voltei quando ouvi um toc toc...
- Alô – disse Lene, imitando voz de homem. – Aqui é o James eu estava querendo se você queria fazer alguma coisa, tipo assim, duas da manhã não dá para fazer muita coisa mas acho que você pegou a idéia...
Eu e Lene rimos. Lily simplesmente ignorou, menina má. :x
- Abri a porta e ele estava com o travesseiro que Petúnia tinha me roubado. Por algum milagre ele estava limpo, o travesseiro. Ele mesmo estava coberto de tinta vermelha, coitado. Eu estava com meu macacão-pijama humilhante do Pikachu, quase morri de raiva. Ele disse algo como ‘só gostava disso quando era criança’ e depois acrescentou ‘mas gosto um pouco agora’ e ele entrou no meu quarto e ficamos conversando até Petúnia bater na minha porta quarenta minutos depois perguntando aonde eu tinha escondido o James e chamá-lo pra sentença. Ai. Ai. Ai.
- Ai ai...? – perguntou Marlene, desconfiada.
- A conversa babaca. – resmungou Lily.
- Estamos cientes. – duplo sentido mode on. Cof cof.
- Vou bater em vocês – Lily disse, mais vermelha que um pimentão.
- Afinal – comecei, ficando de frente para as três – Vocês acham que aquela estrela realmente teve algum poderzinho? Porque, eu já fiz vários pedidos para supostas ‘estrelas cadentes’ e acreditem, não ganhei nem o jiló que sobra no prato de comida...
Tagarelei tagalerei sobre as minhas frustrantes experiências com estrelas cadentes e percebi que ninguém estava realmente prestando atenção em mim. Droga, falei a toa? Eu gastei saliva cara, eu podia morrer de amargura depois dessa.
- Ar... Dorcas?
- Eu... – virei o rosto e me deparei com o Remus. Havia esquecido ele! (Por um breve momento, juro). Meu vizinho lindo que hoje parece estar mais bonito que ontem, para falar a verdade. – Ei Remus!
Levantei e dei um abraço nele, puxando-o para sentar perto de mim.
Não não sou assanhada, só li o livro o poder do toque.
Me matem.
Ele deu um sorriso bobo, e eu retribuí. Lembrando que eu tenho um compromisso com o Rasputin, meu cachorro.
Claro, claro.
- Eu preciso da sua ajuda – ele disse, futricando a sua mochila. Depois ele pegou um papel e o analisou com cuidado. – Bem, eu preciso de estar na aula Cálculo avançado agora e depois eu ainda vou ter Geometria em algum lugar. Fora isso, você sabe aonde tem uma farmácia no bairro? Eu realmente preciso achar uma....
- Senhor Bins, posso entrar? - perguntei abrindo a porta da sala, sorrindo quadrado. Ele iria me matar, fato. O professor de história abomina qualquer aluno que chegue atrasado, e ele tem razão é uma totalfalta de compromisso ou de sorte. Muita gente faz isso só para perder a aula, porque, ela as vezes é meio cansativa, de fato. Mas não nos dá o direito de matar a pobre aula do Senhor Bins.
- Claro - ok, eu realmente não esperava ouvir isso. Ele nunca deixa, ele é cruel. Levei um tempo para realizar que ele tinha deixado e entrar na sala - Seus colegas me disseram que você estava ajudando um novato a encontrar a sala de alguma aula. - ele disse com desinteresse, olhando o livro.
Quem? Wtf? Ok, só não vou reclamar porque eu consegui entrar na sala.
Olhei em volta, à procura de Marlene, que estava sentada na última fila do fundo, segurando a cadeira igual à uma mamãe-leopardo protegendo sua cria.
Mas no caso era Marlene protegendo uma cadeira. E ela só estava de olho na cadeira porque ela queria ouvir sobre o Remus. Safada.
Mas e daí? Realmente, nem eu acreditaria que eu - eu! Nerd, estranha, sem nenhum atrativo muito forte - iria conseguir sequer conversar com alguém como o Remus.
Sentei na cadeira antes que eu começasse a sonhar acordada no meio da sala.
Quem vos fala: Marlene McKinnon
Hoje, 13 de janeiro, Terça-feira
Onde: Escola, sala de história
- Comoquandoondeeporque? - perguntei, vidrada. Cara, aquela era a Dorcas. Será que ela pagou para aquele cara andar com ela? Meu Deus!
- Calma, calma Lene. - ela disse, olhando para os lados. Incrívelmente todas as pessoas do fundão - ou seja, as que não prestam atenção na aula - estavam com os olhos voltados para nós. Curiosos.
- Ok, fala baixo. - eu murmurei.
Dorcas revirou os olhos. Provavelmente pensando que eu era insana pelo fato de estar desesperadamente curiosa.
Mas não é minha culpa, tanto que estão todos curiosos. Como alguém como a Dorcas - perdão Dorcas, você sabe que você, eu a lily e a emme somos completas invisíveis.
Ok, não tãaaao invisíveis assim, nós subimos para o patamar de completamente ordinário, no estilo que você encontra na rua todo dia um igual.
- Pega - ela cochichou. Me entregando o caderno. Quando peguei, vários olhos acompanharam o movimento.
HÁ, morram de curiosidade agora.
''Curiosa, curiosa, curiosa. Aposto que se não existisse nenhum garoto bonito que por um acaso andou comigo estaríamos prestando atenção na aula de história''. DM
''Larga de ser chata...'' peguei a caneta e escrevi, ‘curiosidade é humano’. Se não fosse a curiosidade ainda seríamos primatas feiosos dentro de cavernas. "Você poderia contar antes que o Bins repare que estamos passando o caderno aqui atrás? Você sabe que quando ele pega, ele lê em voz alta, né?''.
''Ele é o meu vizinho.” Curta e grossa, medão da Dorcas. Vizinho!? Ai, como eu quero aquele vizinho para mim.
Ok, se a Dorcas lesse meus pensamentos ia ser meu fim.
Será que vai aparecer um vizinho gato para mim ficar trocando bilhetinhos pela janela? *-*
Infelizmente, não. Porque meu vizinho da esquerda é um menino chato de dez anos que tenta me ver trocando de roupa todos os dias de manhã.
Nem todos tem a sorte da Dorcas.
Fechei o caderno e devolvi à Dorcas, dando uma piscada. O senhor Bins já estava começando a nos encarar em certos intervalos de tempo – não que ele não faça isso com TODAS as pessoas do fundo – mas por via das dúvidas...
- Ok ok Emme, eu já vou ver o jogo com você, deixa eu só ir no banheiro – falei, virando para o outro corredor e indo ao banheiro. Este seria o primeiro treino do time de basquete do ano, depois do almoço e acho que todos os professores concordaram em liberar os alunos.
Emmeline estava animada porque Edgar estaria jogando, e ela queria chegar e sentar na primeira fila à qualquer custo. Eu falei para ela vigiar aquele cara, porque as animadoras de torcida já devem estar de olho.
Pobre Edgar.
Por outro lado eu acho que James também está nesse time, embora Lily não saiba. Se a irmã dela – Petúnia – que é animadora de torcida arrastou o James para algum tipo de iniciação é porque ele faz parte do time.
Pelo menos essa é a teoria.
Entrei no banheiro e encarei o espelho, séria. Ora, eu não sou tão ruim assim, será possível que eu vejo uma pessoa normal no espelho e as pessoas vejam um monstrão?
Não, claro que não.
Revirei os olhos para mim mesma. A menos que eu queria uma Emmeline enfurecida me arrastando pelos cabelos é melhor eu usar logo o banheiro e ir correndo para o estádio.
Todos banheiros estavam ocupados, a menos por um, que estava com a porta meio aberta e com a faixa verde de ‘livre’ virada para frente.
Empurrei a porta.
AI MEU DEUS.
Levei as mãos para os olhos e prefiro continuar com elas ali. Até eu achar realmente próprio enxergar alguma coisa de novo. What the hell? Eu entrei no banheiro errado? Não é possível! PORQUÊ TEM UM HOMEM NA CABINE????
- Desculpe, desculpe – falei dando as costas – Pode, terminar aí eu estou indo embora...
- Nada! – ele gargalhou – Já terminei.
Eu não ligo, ainda estou em estado de choque e não posso me mexer até eu conseguir respirar direito de novo.
Ok, eu estou sendo um pouco dramática, mas será possível que eu vi um homem no banheiro?
Abri os olhos e virei para a cabine, realmente um homem.
- Eu ou você estamos no banheiro errado? – ele disse, rindo. Ele tinha uma risada gostosa e grandes olhos azuis. Cabelos um pouco grandes (para um homem, grandes) e um físico másculo.
- Eu rezo, - comecei – para que seja você.
- Eu tinha quase certeza que tinha entrado no banheiro certo! Mas ainda acho que esse é o masculino... – ele ponderou.
- Nesse caso é melhor eu sair correndo – eu disse.
E me esconder no buraco mais próximo, lembrando de não sair nunca mais. Nunca mais.
Eu já estava começando a andar correr para fora, quando ele me segurou pelo braço e riu.
Ele vai enfiar minha cabeça na privada? OMG, pensei que meninos só fizessem isso com meninos!
- Vamos apostar – ele disse – Eu digo que estou no masculino e você no feminino. Se eu ganhar você me acompanha comigo no jogo agora...
- E se eu ganhar? – perguntei. Será que ainda dá tempo de mudar as placas com a força do pensamento? Haha.
Infelizmente - tanto para mim quanto para ele – eu tenho certeza que este é o feminino. Os homens não são muito detalhistas, mas deviam notar uma peculiaridade que fica colada na parede, popularmente chamada de mictório, presente no banheiro masculino.
Mas eles nunca prestam atenção.
- Não, se você ganhar.....
- Ela vai com você no jogo! – não era quem eu estava pensando que era, era?
Sim, era. Emmeline brotou do meu lado e eu a encarei, assustada. Será possível?
- Bem, parece que eu já perdi. – ele disse, embaraçado. Own, que fofo.
E eu acabei de ganhar a aposta mais fácil que eu já fiz na minha vida! Que básico. Eu devia apostar com ele mais vezes, e, outras coisas (6).
Ai meu Deus, como eu sou tarada, eu devia parar de pensar nessas coisas.
- E como prêmio... Você a acompanha no jogo. Bom jogo crianças, juízo! – Emmeline me deu uma piscada e saiu do banheiro, segurando o riso e pegando o celular.
Vou matá-la! Ela disse mesmo juízo?
- Eu, Sirius Black humilde camponês, posso saber o nome da minha companhia? – Sirius se curvou, cortês.
- Haha. Marlene McKinnon. – dei a mão a ele e ele a beijou. Eu ri mais ainda.
- Vamos logo, antes que percamos o jogo.- ele disse.
E fomos andando, conversando e rindo para a quadra. Eu falei das milhões de explicações que eu poderia ter pensado por achar ele no banheiro e, pela cara que ele fez, a que ele menos gostou era o fato de ser gay. Haha. A culpa não é minha, ele me deu margem para pensar.
Quem vos fala: Emmeline Vance
Hoje, 13 de janeiro, Terça-feira
Onde: Carro do Edgar
- Cara, você viu aquele lance? - disse Edgar, todo feliz, entrando no carro - Foi demais! Quer dizer, eu passei para o Mustafah (não, ele não tem esse nome. Mas os meninos do time de basquete adoram dar apelidos idiotas uns para os outros, o pobre Robert recebe o nome de Mustafah e eu nem quero saber porquê.), que estava livre e ele fez do meio de campo! Meio de campo cara!
- Eu vi aquele sim, - eu disse, olhando pela janela do carro. As pessoas nos encaravam descaradamente. Elas encaravam Edgar porque ele é lindo e joga no time de basquete. As pessoas me encaravam porque acharam que eu era aluna novata.
Pra variar.
Ninguém nunca soube quem sou eu e quando eu comecei a sair com alguém bonito e conhecido começaram-se os comentários. A Lily me contou que tinha gente achando que ele era meu primo e andava comigo por educação.
Desaforados.
- As pessoas estão olhando – eu disse e soltei uma risada sem graça. – Acho que eles pensam que eu vou sacar uma faca e te matar a qualquer momento.
- Acha mesmo? – ele perguntou, virando para meu lado, procurando quem eu tinha dito.
- Verdade, olha! Eles parecem que vão me tirar um pedaço! Principalmente elas. Se você chegar com um arranhão na escola eu nem preciso voltar para lá – ok, soou meio exagerado.
Mas essas meninas são medonhas.
Principalmente as líderes de torcida. Cara, eu não agüento o jeito que a Bellatrix me encara! A Narcisa então? C-R-E-D-O.
Mas a Narcisa é só uma a mais para ajudar a me fazer sentir um lixo com a Bellatrix, já que ela tem aquele Lucius Malfoy. Ele é realmente lindo, mas dá um medo que eu prefiro nem chegar perto.
- Haha, larga de ser boba Emme. – ele disse, dando a partida no carro. Ele me ofereceu uma carona e eu não pude recusar. Não por preguiça nunca, cof cof e sim por causa da carinha de cão sem dono que ele fez quando falei que não precisava.
Ele é tão fofo, quero morder.
Será que posso? Haha.
Eu devia parar de pensar essas coisas, Marlene já me disse que às vezes quando eu penso eu fico fazendo caras e bocas. E nem todas são muito bonitas.
Sim, Marlene-sensei, vou seguir piamente seus ensinamentos para não ter que pagar de boba na frente do meu príncipe.
- Emme, quer jantar comigo hoje? – Edgar perguntou, bem do nada, me pegando desprevinida. Ele era bem desinibido e soou tão natural que eu assustei. Quer dizer, isso é um relacionamento novo certo?
Isso é um relacionamento?
- Ah, sim, claro – eu disse, engasgando nas palavras. – Onde?
- Uhm, não sei. Eu vou encontrar algum lugar legal. – ele sorriu – Te pego às sete?
HÁ, contemplem, pela primeira vez um cara que não fala ‘te pego às oito’, o nome dele é Edgar e ele diz às sete. Palmas!
- Ok! – será que vai ser um restaurante muito chique? Tenho que vestir apropriadamente. Tenho que assaltar o guarda roupa de alguém! Quem estaria com o guarda roupa disponível a essa hora?
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Para: Lílian Evans
Lily, eu preciso ir na sua casa pegar roubar umas roupas para ir jantar com Edgar, ok? Por favor, você é a que mora mais perto da minha casa e eu não quero sair correndo daqui a essa hora da tarde.
Beijos, Love ya, EmmyV.
Guardei o celular no bolso e tirei do silencioso – eu sempre deixo no silencioso por causa da escola, mas ele sempre acaba ficando no silencioso.
Fase 1: Roupas Confere.
Fase 2: Convencer o chefe da família Shit, ele não vai deixar.
Edgar parou em frente à minha casa, estava toda fechada, inclusive as janelas. Droga, meu pai não está em casa. Vou ter que ligar...
- Beijos Edgar – eu disse, saindo do carro.
- Até mais tarde – ele piscou.
- Te espero – mandei um beijo soprado para ele, que retribuiu.
Estávamos em um restaurante um tanto chique, bem arrumado com um lustre enorme de cristal no teto e alguns caras tocando violino no fundo.
As pessoas estavam bem chiques com jóias e vestidos longos e eu com uma calça jeans e uma bata! Uma bata emprestada[?].
Eu vesti mais para McDonalds e não para um restaurante chique. Já posso enfiar a cara no chão?
Fora que Edgar estava lindo, naquele terno sem gravata e com seu cabelo bagunçado. Me levou para uma mesa lá fora, numa espécie de varanda onde ficamos olhando a cidade inteira acesa.
- Aqui é muito chique – comentei. Será que soou muito ‘da roça’?
- É sim – ele disse, rindo. Eu sempre vinha jantar aqui com minha família, mas de uns tempos para cá paramos de vir todos juntos.
- Que pena. – comentei. Eu não sei bem o que dizer nessas situações, são tão constrangedoras. Fora o fato que ele está tão bonito nesse terno que eu fico até um pouco desconcertada.
Comemos o resto do jantar conversando sobre nossas famílias e planos para o futuro. Eu me abestalhei quando fui comer com todos aqueles garfos, colheres e facas mas fora isso ocorreu tudo bem. Ficamos apreciando a vista um pouco e na hora da conta eu ofereci meu cartão de crédito, mas Edgar não aceitou e disse que mulher não paga a conta e blábláblá.
Machista.
Pior pra ele, saí ganhando nessa.
- A próxima eu pago – impus, mas ele pareceu não ligar. Tinha que ser machista senhor?
Ok, se ele não fosse machista ele seria perfeito demais para existir. Prefiro ficar com algo que exista. Mesmo que esse ‘algo’ seja machista.
Eu devia parar de reclamar.
Olhei para o relógio. Nove horas.
Chegou a hora do meu mantra pessoal: Meu pai não está em casa. Meu pai não está em casa. Meu pai não está em casa. Meu pai não está em casa. Meu pai não está em casa. Meu pai não está em casa, Meu pai...
O carro parou e eu olhei para fora da janela do carro e a luz da sala estava acesa. Droga. Meu pai estava em casa.
Não vai ser tão ruim assim, vai?
Por via das dúvidas eu vou pular a janela para entrar no meu quarto...
‘O que você é Emmeline? Uma mulher ou uma couve? Enfrente seus problemas!’ a voz da minha consciência disse e eu não pude ignorá-la.
Presa em meus resmungos que chamo de pensamentos eu nem vi que Edgar havia se levantado para abrir a porta para mim.
- Que gentil – eu ri para ele. – O cavaleiro vai me acompanhar até a porta?
- Claro, minha nobre dama. – ele disse, fazendo reverência e logo depois puxando minha mão. – Quem eu seria, senão alguém para admirar tamanha beleza e glória? Um ninguém.
E riu. Ele estava se referindo aos cavaleiros que sempre adoravam uma dama e lutavam pelo seu coração. Own.
- Certamente – eu disse, soando formal e indo para porta. Fiz uma reverência e já estava abrindo a porta, quando ele me puxou e aproximou seu rosto do meu.
- Poderia então eu, pedir um beijo da graciosa dama que está na minha frente?
- Cavaleiros costumam pedir?
- Não sei, mas tanto faz – e riu. Logo depois eu já pude sentir seus lábios nos meus e o calor de seus braços em volta da minha cintura, me trazendo mais para perto.
Ficamos por mais um tempo, mas não tenho certeza de quanto. Perdi totalmente a noção do tempo e depois eu só conseguir abrir a porta de casa – com os joelhos bambos – e escorregar e ficar sentada atrás da porta.
Vou acender umas 543 velas para essa estrela.
N/A: HÁAA, TERMINEI! Eu queria colocar ela chegando e encontrando o pai dela, mas vamos deixar confusões para depois. haha. Demorei um pouco para postar mas está aí e o terceiro não vai demorar tanto, juro. Anyway, queria agradecer pela capa mara que a gaby me fez e por continuarem lendo - mesmo que sejam só três pessoas. Obrigada pelo apoio e pela força e eu vou postar, ninguém vai precisar ficar com vontade de me matar, ok? BEEIJOS.
Estou sem beta, e nessão eu sei que você está lendo de algum lugar então eu estou te consagrando minha beta[?] e você quer ser[?].
Beijos gentem, continuem lendo
Chel Prongs ♥
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