Visitas Noturnas



CAPÍTULO 5


 


Hermione não poderia se sentir mais aliviada quando viu Franklin retornar ao chá social de Lady Pratt e Remus Wulf não. Tinha algo de irresistível em Lorde Wulf. Bem, ela se corrigiu mentalmente, tudo nele era irresistível. Mas ela tinha que evitá-lo.


 


Não havia sentido em irritar Franklin. Embora ela não pudesse evitar pensar, enquanto Lorde Penmore se aproximava dela vindo do outro lado da sala, por que Remus Wulf não poderia ser considerado uma boa escolha no mercado de casamentos, ao invés desse homem horroroso que Franklin queria forçá-la a aceitar.


 


- Lady Hermione. – o visconde disse, pegando sua mão e babando sobre ela. – Estou muito satisfeito de encontrá-la ainda aqui. Estou lamentavelmente atrasado.


 


Lamentavelmente grudado em sua cabeça, mas ela conseguiu sorrir. – Fico feliz em revê-lo, Lorde Penmore. – Hermione lutou para libertar sua mão e enxugá-la no vestido.


 


-          Boa tarde, Penmore - Franklin se juntou a eles. - Vejo que está formidavelmente atrasado - ele disse com desdém. - Pena que não chegou um pouco mais cedo para caçar o Lobo.[1]


 


Penmore ergue a sobrancelha - E que lobo seria esse?


 


-          Lorde Remus Wulf - Franklin falou pausadamente. - Parece que ele está interessado em minha pobre irmãzinha.


 


Hermione ficou chocada por Franklin discutir tal assunto com o visconde. O homenzinho se inflou como um sapo.


 


-          O maldito nunca mostrou qualquer interesse por um de nós anteriormente. Ele parece gostar mais de prostitutas. Ele piscou para Hermione. Ela não achou graça alguma no comentário.


 


-          A mulher que foi encontrada assassinada em sua propriedade - explicou-lhe Franklin - Era uma prostituta.


 


Hermione ainda não achou graça. Ela se ocupou com as dobras do vestido. - Eu não creio que Lorde Wulf, ou mulheres desse tipo sejam assuntos próprios para serem discutidos entre cavalheiros e damas.


 


Ambos a olharam de modo frio, como se ela não tivesse direito à opinião. Finalmente Lorde Penmore encolheu os ombros.


 


-          Perdoe-nos nossos modos rudes - ele disse. - Certamente encontraremos assunto mais prazerosos que o irmãos Wulf. Você sabe sobre a maldição que os assombra?


 


Apesar de não haver mudança de assunto, Hermione ficou curiosa sobre o homem - Maldição?


 


-          Insanidade - disse Lorde Penmore. - O pai se matou. A mãe o seguiu a sepultura pouco depois, e dizem que estava completamente louca antes de partir. Os filhos, quatro deles, embora ninguém saiba o que aconteceu com o caçula, estão marcados com o mesmo sangue, e vindo de ambos os lados, bem, não há como escapar. Nenhuma mulher decente se ligará a uma família com tal história. Eles fizeram um juramento, acredito, de nunca se casarem. Uma sábia decisão.


 


-          Talvez devêssemos mesmo falar sobre outra coisa - cortou Franklin - Você vai ao clube quando sairmos daqui?


 


Penmore concordou - Excelente idéia. Você deve se juntar a mim, Chapman. Talvez você consiga recuperar um pouco da fortuna que ainda me deve.


 


Hermione não pode deixar de notar que Lorde Penmore lembrou a Franklin de sua dívida, mas não estava interessada na conversa deles. Ela estava pensando em Remus Wulf. Que horrível para ele. Ser amaldiçoado com a loucura. Seria ele já insano? Ela não pensava assim. Mas certamente se estava no sangue tanto da mãe quanto do pai, acabaria o atingindo um dia. Teria ele feito um juramento de se manter solteiro? Seria essa mesma a sua decisão? Talvez a sociedade tivesse decidido por ele.


 


-          Você nos acompanhará amanhã?


 


Ele compreendeu que Penmore lhe fizera uma pergunta - Desculpe-me?


 


-          Não acho que seja uma boa idéia, considerando-se tudo - Franklin respondeu por ela.


 


-          Por favor, Chapman! Nós estaremos junto com ela. Quero só ver Wulf tentar sair da linha. Nós o espancaremos até ele virar uma polpa de sangue.


 


Franklin sorriu considerando a idéia, mas Hermione ainda não tinha certeza sobre o que eles estavam discutindo. - Desculpe, não entendi onde o senhor quer que eu o acompanhe amanhã, visconde.


 


-          Estou pensando em comprar uma parelha de cavalos para minha carruagem. - Explicou. - Wulf pode ser um assassino, e logo pode estar louco como seus pais amaldiçoados, mas ele sabe como criar cavalos. Eu pensei que você gostaria de ir comigo e seu irmão de criação quando da compra.


 


Agora Hermione entendeu o que Lady Pratt havia dito sobre negócios com cavalos. Ela podia ver a casa de Remus da sacada de seu quarto e se perguntava do porquê de um estábulo tão grande em uma casa de cidade.


 


Ela achava melhor não ir. - Negócios com cavalos é assunto masculino - disse, embora não acreditasse nisso. Ela era uma amazona competente e sabia muito bem julgar as qualidades do animal.


 


-          Mas eu quero que você vá. - Penmore zangou-se. Ele se voltou para Franklin com uma expressão muito séria - Eu a quero lá, Chapman.


 


Seu irmão de criação encarou o outro homem por um momento, depois deu de ombros - Não vejo mal algum em levá-la conosco. Como disse, ela estará protegida.


 


Hermione compreendeu que não tinha voz ativa com relação ao fato quando os dois começaram a discorrer sobre os clubes e quais eles visitariam depois do chá. Ela tentou visualizar Franklin e Penmore levando a melhor sobre Remus Wulf em uma luta. Apesar de tê-lo considerado um covarde no baile em Greenleys, ela não conseguia imaginar Lorde Wulf como perdedor numa batalha de socos. Ela o veria amanhã. Sua pulsação se acelerou com o pensamento.


 


-          O condutor a levará para casa assim que acabar essa reunião - Franklin a avisou. - Eu a verei depois de jogar um pouco. Discutiremos o que aconteceu no corredor, então.


 


Ela tinha sido tola ao pensar que seu irmão deixaria passar o fato. Será que ele bateria nela apenas por ter tido a infelicidade de cruzar com Lorde Wulf no corredor? Seu estômago se torceu ao pensamento. Prometia ser uma tarde muito longa, enquanto esperaria pelo retorno de Franklin. - esperando para ver que punição ele tinha em mente.


 


 


Caminhar de um lado para o outro parecia acalmar seus nervos. Hermione fazia isso, enquanto Lydia, sua criada pessoal, trocava as roupas de cama. Sua opinião sobre Lorde Penmore não havia mudado. O homem era repulsivo, como ela havia considerado da primeira vez que o tinha visto. Sua opinião sobre Remus Wulf havia mudado um pouco. Ela não o considerava mais um covarde. Ela não deveria ficar pensando nele. Mas mesmo dizendo isso a si mesma, Hermione foi até a sacada de seu quarto e ficou olhando para fora em direção à casa ao lado.


 


-          O que vou fazer?


 


-          Você deve fazer o que seu irmão de criação quer e encontrar um bom marido. - Lydia, a criada, respondeu, como se a pergunta tivesse sido dirigida a ela, quando na verdade ela havia apenas pensado alto. - Eu vejo o modo como ele a olha quando a senhorita está distraída. Não vai demorar muito para ele se arrastar até seu quarto durante a noite e subir em sua cama.


 


-          Lydia! - chocou-se Hermione. - Você não deve dizer essas coisas! A criada não deveria dizer tais coisas, principalmente porque Hermione não queria encarar a possibilidade de seu irmão de criação ter desejos por ela. Já era horrível sofrer os abusos físicos. Ela tinha dado muita liberdade à criada, ou Lydia jamais teria coragem de dizer tal coisa a ela. Mas a jovem era a única amiga que Hermione tinha feito, ou provavelmente faria desde que Franklin a tinha enganado para vir a Londres com ele - desde que ele a prendeu em casa. Hermione prezava essa amizade, muito embora a sociedade torcesse o nariz com relação a tal combinação.


 


Sem considerar a advertência, Lydia deu de ombros - A senhorita acha que não conheço os apetites do senhor? - A criada estremeceu visivelmente - Toma o que deseja, aquele. - Da última vez que ele me ordenou a ir para a cama com ele, pensei que me mataria com seus modos rudes. Sangrei por uma semana, isso sim!


 


Hermione achou que seu queixo havia caído. Sua vida no interior havia sido plenamente protegida. Ela certamente já havia ouvido a troca de palavras vulgares entre as criadas, mas nada do modo como Lydia estava insinuando.


 


-          Lydia, você esta me dizendo que Franklin... que ele se impôs a você?


 


-          Ele acha que nenhuma mulher vá dizer não ao seu lindo rosto. - Lydia a olhou enquanto batia um dos travesseiros. - Mas nós sabemos que ele não é tão bonito por dentro, não é, Lady Hermione?


 


Hermione atravessou o quarto para se aproximar da empregada - Por que você não contou a alguém, Lydia? Por que você continua trabalhando aqui se sujeitando a tais atos contra sua vontade?


 


A empregada deu de ombros, novamente. - Não tenho família;  a senhorita sabe, E eu preciso desse emprego. O senhor disse que se eu não fizer o que ele manda, ele não me dará nenhuma referencia. Ele pode não ser de alta classe social, como a senhorita, Lady Hermione, mas ele pode tornar minha vida mais difícil do que já é.


 


Hermione levou uma das mãos à têmpora e a massageou. - É um comportamento inaceitável. Ele não pode continuar lhe tratando como se você não tivesse poder de decisão sobre algo tão íntimo. Como se você fosse apenas um objeto criado por Deus apenas para satisfazer-lhe os desejos, não considerando seus sentimentos.


 


Lydia tocou-a nos ombros – Ele já parou com isso. E eu temo pela senhorita embaixo do mesmo teto que ele. Faça o que ele pede e salve-se enquanto ainda pode. Se ele me chamar a sua cama novamente, eu juro que pulo dessa sacada antes de permitir que ele me estraçalhe como da última vez. Nenhuma mulher deveria sofrer tal humilhação.


 


Os olhos de Hermione passearam pela sacada como se considerando se ela não deveria pular ao invés de viver com o medo do que Franklin lhe faria ou de se casar com Lorde Penmore. Como a pobre Lydia, ela também não tinha família. Nenhum tio querido que viesse salvá-la, nem primos com quem procurar abrigo. Estava só no mundo, como a criada.


 


- Sinto muito, Lydia – disse suavemente. – Sinto pela sua vergonha e sofrimento. Falarei com Franklin sobre isso, pode ter certeza.


 


- Não, milady – Lydia sussurrou – Se ele souber que lhe contei, ele me machucará mais. Não faça nada contra ele. Não por minha causa.


 


Hermione abriu a boca para retrucar, mas uma batida soou na porta e, falando no diabo, ele entrou. Lydia abaixou os olhos rapidamente e fugiu pela porta. Hermione enfrentaria Franklin sozinha.


 


- Temos de conversar, irmãzinha.


 


Sentindo ainda o golpe da confissão de Lydia, e se debatendo se deveria chamá-lo a responsabilidade, ou não, apesar do pedido da criada, ela se manteve quieta. Mas começou a se defender, imediatamente.


 


- Foi um acidente meu encontro com Lorde Wulf no corredor, no chá de Lady Pratt – ela disse. – Eu jamais o procuraria propositadamente depois da advertência que você me fez.


 


Franklin levantou uma sobrancelha. Ela sabia que, apesar dele não demonstrar, ele estava secretamente satisfeito de entrar no quarto e, imediatamente, vê-la balbuciando sobre sua inocência como uma idiota sem coragem. O medo a transformou numa covarde. Mas Hermione não poderia se manter em silêncio com relação à criada.


 


- E... você não deve tocar em Lydia novamente.


 


Sua ordem apagou a expressão orgulhosa do rosto de seu irmão de criação:


 


- O que aquela vagabunda andou te falando?


 


Hermione se afastou inconscientemente quando ele se aproximou.


 


- Ela – eu – quer dizer... – ela se esforçou a se manter firme. – Ela acidentalmente deixou escapar que você tem exigido certos direitos que não são seus para exigir, Franklin. Ela disse que não estava disposta e que você a forçou.


 


Ele se aproximou e agarrou seus ombros, enterrando os dedos fortemente em suas carnes. Hermione retrocedeu, mas não se acovardou.


 


- Os serviçais dessa casa não são de sua conta – ele rosnou – Você vai levar em consideração a palavra de uma criada, uma prostituta, ao invés da minha? Posso lhe garantir que ela veio se insinuando em minha cama, esperando ganhar um pouco mais. Eu não peguei nada que ela não estava disposta a oferecer. Como você ousa me confrontar com esse assunto! Você não tem nenhum direito aqui, Hermione, não sob meu teto!


 


Quando mais ele enterrava os dedos em sua pela, mais difícil era para Hermione permanecer forte frente ao inimigo. E Franklin era o inimigo. Ela não tinha nenhuma dúvida. Seus dedos apertaram mais fortemente e Hermione não conseguiu segurar o lamento que escapou de seus lábios.


 


- Eu entendo, ela murmurou. – Por favor, Franklin, você está me machucando!


 


Como se precisasse de mais vontade do que ele era capaz, Franklin a soltou e deu-lhe as costas.


 


- Você consegue me deixar nervoso. Você vive se esquecendo que sua situação atual é totalmente diferente daquela a que você estava acostumada. Seu pai me expulsou, sabia? Eu considerei a idéia de ser capaz de expulsá-la, ou jogá-la aos cães, ou fazer o que eu quisesse com você.


 


- Isso foi há muito tempo atrás – Hermione o relembrou, esfregando os pontos doloridos nos ombros. – Eu era uma criança, você um jovenzinho, mal saído das calças curtas. Eu não tive nada a ver com a partida sua e de sua mãe. Na realidade, eu chorei quando a duquesa me disse que tinha de partir. Eu senti muita falta de sua mãe todos esses anos. Foi por isso que eu vim com você, esqueceu? Para vê-la.


 


- Claro que eu sabia de seus sentimentos para com ela, e os dela para com você. Por isso eu sabia que você viria. Você veio para uma armadilha, idiotinha! – ele a insultou. – Agora, voltando para assuntos mais urgentes. Amanhã cedo você acompanhará  Penmore e eu até a jóia e orgulho de Lorde Wulf aí ao lado. Seus estábulos. Espero não haver mais nenhum problema entre Lorde Wulf e você. Eu odiaria ter de espancá-lo. Como disse a Penmore, Wulf ficou apavorado quando eu o adverti.


 


Hermione controlou sua língua, mas duvidava seriamente de que seu irmão tivesse apavorado Lorde Wulf. Nesse momento, ela falaria qualquer coisa para que Franklin a deixasse sozinha. Raramente eles podiam ficar sozinhos sem que ela o irritasse.


 


- Se você quer que eu vá, eu irei – ela disse. – Posse ver sua mãe agora à tarde? Tenho sido desleixada em minhas visitas e desejo compensar.


 


Franklin encolheu os ombros – Suponho que deva. Acabei de mandar servir o chá para ela. Uma mistura especial de que ela gosta muito. Dê-lhe minhas lembranças.


 


O modo como ele fez o último comentário foi sarcástico, mas Hermione estava muito feliz por vê-lo partir para se importar. Ela caminhou até o espelho, aplicou pó para esconder o pequeno ferimento da face, pegou sua cesta de costura e subiu ao terceiro andar.


 


A duquesa cochilava numa cadeira perto da janela. O remanescente de seu chá matutino estava colocado em uma mesa junto a ela. Mary, a governanta, estava ocupada em limpar o quarto sombrio.


 


- Ela está melhor hoje? – Hermione perguntou à governanta.


 


A mulher sacudiu a cabeça – Não consegui tirar um pio dela já por dois dias. A mente dela parece estar em outro lugar. Ela está tão terrivelmente cansada que eu quase não consigo mais tirá-la da cama e colocá-la na cadeira para evitar que fique com feridas.


 


Hermione se ajoelhou perante a madrasta e tomou-lhe as mãos geladas entre as suas.


 


- Boa tarde, Sua Graça. Sinto muito não ter vindo visitá-la com mais freqüência. Eu prometo melhorar meu comportamento com relação a isso. – Ela se voltou para Mary – Ficarei com ela um pouco. Tenho certeza que você tem outros afazeres.


 


- Deus a abençoe, tenho mesmo. – admitiu a governanta. – O senhor Franklin nos mantêm apurados.  São poucos de nós para fazermos todo o serviço que precisa.


 


A diminuição de serviçais foi obviamente uma necessidade  dos agora parcos fundos de Franklin, juntamente com a diminuição dos móveis lá embaixo. Hermione tinha certeza que o irmão de criação vendeu tudo o que era valioso na casa para alimentar seu vício em jogo e pagar seu reduzido número de criados.


 


Após Mary sair da sala, Hermione tentou pensar em algo alegre para conversar com sua madrasta. Ela não esperava que a dama respondesse. Os olhos da duquesa estavam sempre fechados, como se ela não vivesse mais nesse mundo, mas tivesse fugido para outro. Hermione desejava poder fazer o mesmo, nesse momento. Ela esperava poder represar suas emoções, mas os ombros ainda doloridos e a perspectiva de permanecer em uma casa onde o abuso estava se tornando uma companhia habitual levaram a melhor sobre ela. Abaixou a cabeça e se permitiu a fraqueza de chorar. Um momento depois, a mão da madrasta lhe tocou os cabelos.


 


O toque gentil da mulher, num mundo que havia se tornado violento, apenas trouxe mais lágrimas. Hermione continuou a chorar enquanto a senhora, seus olhos ainda encobertos e fixados num ponto cego,  acariciava seus cabelos.


 


Ficaram assim por um tempo; então a mão da senhora caiu, revelando que ela havia adormecido. Hermione se levantou, pegou uma manta da cama e cobriu a duquesa. Ela ficou em seu trabalho de costura até Mary voltar para fazer companhia à pobre senhora.


 


À noite, Mary preparou um banho morno para Hermione e ela permitiu que a água perfumada aliviasse suas dores externas. Nada poderia aliviar o turbilhão interno. Ela precisava de um salvador.


 


Uma visão do lindo rosto de  Remus Wulf surgiu. Talvez porque ele se parecesse com um anjo com sua linda cabeleira loira. Mas não, ela sacudiu a cabeça para apagar a visão. Ele não era um anjo. Mas seria ele um assassino? Seria louco?


 


Hermione deslizou para a cama com essas perguntas girando em sua mente. Estava quase adormecida quando sentiu uma presença em seu quarto. Seu primeiro pensamento foi de que Lydia estava certa sobre as atenções não naturais de Franklin com relação a ela e que ele havia conseguido destrancar sua porta.  Ela se sentou, seus olhos procurando pelo quarto imerso em sombras.  Uma sombra escura estava parada perto da porta da sacada.


 


-  Franklin? -  ela sussurrou, o medo agitando seu coração.


 


Ele entrou em um facho de luar deixado pelas portas abertas da sacada e ela viu que não era seu irmão. Talvez Hermione devesse ter ficado mais amedrontada pela sua identidade, mas ela ficou estranhamente aliviada.


 


- O que você está fazendo aqui, e como conseguiu entrar?


 


Remus Wulf, vestido em uma camisa de tecido branca aberta no pescoço, e calças pretas justas, deu um passo para frente.


 


- Você não deveria dormir com suas portas abertas – ele disse – E a grade aí fora não e difícil de escalar, não se o homem estiver determinado.


 


Hermione puxou as cobertas para cima do pescoço. – Determinado a fazer o que?


 


Ele a encarou por um momento, longo o suficiente para preencher de tensão o ar entre eles. Então disse.


 


- Conversar com você em particular.


 


- Conversar comigo? – Teria ela detectado desapontamento na própria voz? – Conversar comigo sobre o que?


 


Remus se aproximou dela.


 


- Sobre esse machucado em seu rosto. Tem me incomodado.


 


Suas narinas se alargaram levemente enquanto ele se aproximava. Lorde Wulf tinha um cheiro especial. Não era nem um pouco desagradável. Não era resultado de nenhum perfume, mas natural. Ela não conseguia identificá-lo exatamente, mas lembrava a ela de perigo. Ou masculinidade. Ou algo selvagem.


 


- Eu lhe disse sobre minha falta de jeito – ela o relembrou. – Você não deveria estar aqui. E você não é tão desprovido de boas maneiras que não consiga compreender isso.


 


- Seu irmão de criação deveria estar aqui? – ele questionou – Em seu quarto, a essa hora da noite? Você pensou que eu fosse ele um momento atrás.


 


Ela torceu para que a escuridão escondesse o embaraçoso rubor que subiu pelo seu pescoço.


 


- Por que não deveria? Ela respondeu. – Ele é o dono da casa. Faz sentido que eu pensasse que fosse Franklin, talvez vendo se eu estava bem.


 


- É um hábito dele?


 


Hermione engasgou quando ele ousou sentar na beira de sua cama. Ela se afastou para longe dele, tanto quanto permitia seu colchão.


 


- Não, não é, e mesmo que fosse, não é da sua conta. Você deve ir embora já. Não é apropriado que fique aqui.


 


- Já lhe disse que além de ser covarde, não ter honra e modos, eu não dou a mínima para o que seja apropriado?


 


- Eu sou perfeitamente capaz de perceber isso sozinha – ela lhe assegurou. Hermione pensou em gritar. Mas Franklin seria o único homem a vir em seu socorro. Ela estava certa de que Remus Wulf era o menor de dois males. Ainda assim, ela não poderia deixá-lo acreditar que era aceitável que ele deslizasse para seu quarto no meio da noite.


 


- Se você não sair imediatamente, eu gritarei pelo meu irmão. Ele disse que você morre de medo dele.


 


Os dentes de Remus brilharam brancos na escuridão do quarto quando ele riu.


 


- E você acreditou nele?


 


O tom sarcástico em sua voz confirmou as suspeitas anteriores que ela teve. Remus Wulf a deixava nervosa, mas Hermione não estava certa de que o frio em seu estômago e sua falta de ar eram resultado de medo.


 


- O que você quer? – ela exigiu.


 


Ele passeou os olhos sobre ela. – Você sabe o que eu quero.


 




[1] N.T. - Wulf tem o mesmo som de wolf = lobo. Trocadilho.


 


~*~


 


desculpa a demora gente. :x


fiquei um tempo ausente na F&B. ^-^


abrigada a galera que comentou, principalmente a  Charlotte Vansseur e a  ADRY BLACK.


Esse capitulo é dedicado a vocês, catz. ;D



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