Ameaças
CAPÍTULO 4
Remus seguiu a dama para dentro do salão. A conversa foi de um ruído para um murmúrio num piscar de olhos. Ele não estava vestido para uma visita social, mas mesmo que estivesse, ele duvidava que os presentes ficassem menos chocados de vê-lo ali.
- Lorde Wulf – a dama o anunciou, - O cavalheiro irá se juntar a nós para o chá enquanto meu marido conclui uma negociação sobre um cavalo.
Lady Pratt tinha de dizer a razão por que Remus estava lá ou teria de enfrentar a fofoca de ter mau gosto para convidados para o chá. Por anos o título ligado à propriedade da família, Wulfglen, havia sido reduzido para Wulf, o sobrenome da família. Era essa a razão da sociedade se referir a Remus como Lorde Wulf, ao invés de Lorde Wulfglen. Ele se sentou longe dos outros convidados, aceitando uma delicada xícara que parecia estranha em suas mãos grandes.
Uma vez que os murmúrios sobre ele se acalmaram, ele pesquisou pela sala sobre a borda de sua xícara. Ele reconheceu lady Hermione imediatamente, embora ela estivesse de costas para ele. Ela se sentava bem, com a coluna reta. Uma cascata de cachos brilhantes descia pelas suas costas, presos por um pequeno e bonito chapéu azul com um pequeno véu. Uma pena, ele pensou, esconder aquele rosto.
Sua pele parecia mais pálida em contraste com o véu escuro, suas maças do rosto e os grandes e expressivos olhos estavam borrados atrás da fina obstrução, mas sua boca – Deus, com o rosto parcialmente escondido fez com que seu olhar automaticamente se focalizasse sobre seus cheios lábios vermelhos. Ele se lembrava do gosto deles. Eles eram doces como frutas maduras.
Como se sentisse seu escrutínio, Lady Hermione olhou para ele. Seus olhares se encontraram e se fixaram, embora o véu manchasse qualquer reação que ele pudesse discernir em seus olhos adoráveis. Rapidamente ela retomou sua conversação, ignorando-o. Obviamente ela havia aprendido a lição sobre ficar brincando com homens perigosos. Uma pena, pensou. Ele adoraria ensiná-la outra lição.
Quando ela se separou do grupo e andou pela sala admirando as pinturas que cobriam toda uma parede, Remus não pode evitar observá-la. Ela não era nem alta, nem baixa. Sua cintura era pequena, seu quadril ondulava levemente sob seu vestido.
Embora modestamente vestida, a curva de seus seios se projetando com deleite sob seu corpete apenas fazia com que um homem sentasse e ansiosamente considerasse remover todo aquele tafetá para chegar até eles. Remus teve mais do que um vislumbre de seus abundantes encantos. Ele os tocou e beijou. Ele queria mais.
Ele levantou-se e colocou a xícara de lado, mas ao invés de sair da sala, como pretendia, ele se aproximou dela. Ela o atraia. Querendo ele ser atraído ou não.
- Percebo que já se recuperou do baile de Greenleys – ele disse assim que chegou ao lado dela. – E obviamente não aconteceu nada de mais pela sua ousada travessura ou a senhorita não estaria aqui agora.
Ela o olhou rapidamente: - Por favor, não me dirija a palavra – ela disse, voltando a prestar atenção às pinturas.
Normalmente, Remus não via problema em evitar mulheres. Era muito simples, na realidade. Um homem tem apenas de passar reto. Ele deu um passo para perto dela, fingindo achar a pintura berrante que ela estava estudando interessante.
- Duas noites atrás você me pediu para comprometê-la. Você teria me permitido arruinar sua reputação completamente. Hoje você me pede para fingir que nunca a vi. Mulheres. Instáveis como o pecado.
- Aproximar-me do senhor foi um claro erro de minha parte. – ela disse pelos lábios apertados. – Se o senhor tivesse um pouco de educação, faria o que lhe pedi e me deixaria em paz.
Ele coçou o queixo e considerou:
- Desculpe-me. Eu não tenho educação. Pensei que soubesse disso.
Ela se afastou dele e parou em frente a outra pintura.
- Tenho de discordar. O senhor tem boas maneiras, embora prefira permitir que a sociedade pense de outro modo.
Então, ela parou para pensar sobre isso. Obviamente apenas por um momento.
- Eu não me importo com o que a sociedade pensa. – ele disse. – A senhorita realmente acredita que eu não sei o que pretendia no Greenleys? Você se aproximou de mim num desafio. Você se balançou como uma isca para ganhar o favor de suas amigas. Teve sorte de eu não ter levado o jogo mais longe do que você pretendia.
- Sorte? – Percebendo que falou muito alto, ela deu um passo para mais longe dele. – Sorte não teve nada a ver com isso! Mesmo levando-se em consideração sua má reputação, eu sabia que não corria sério risco. Nenhum homem é tão tolo em pensar que poderia seduzir uma inocente e não enfrentar as repercussões da sociedade. Nem mesmo o senhor.
- E eu sou um covarde.
Ela levantou a cabeça em sua direção – O que disse?
Remus se inclinou para ela. – Você acha que eu sou um covarde – ele repetiu. Você acredita que eu não tirei vantagem da situação com medo de represálias. Você esta certa. Mas a represália que eu temo não é a que você pensa. Estou muito tentado a pedir uma nova chance para provar que está errada.
Ele enrubesceu – Não haverá segunda chance – disse. – Cometi um erro. Um que não pretendo repetir.
Quando ela se afastou, Remus não a seguiu. Ele ainda tinha um pouco de bom senso, se bem que ele parecia abandoná-lo quando estava em companhia de Hermione. Pelo canto do olho ele a observava. Ela falou algo com a esposa do conde, recebeu informação e deixou a sala. Havia se retirado para o reservado, ele imaginou.
Remus também precisava sair. Ele tinha de concluir as negociações e quanto antes, melhor. Ele queria sair da casa, ir bem longe de Lady Hermione e do feitiço que ela havia lançado nele. Ele conhecia muito a respeito de feitiços e maldições para levá-los a sério.
Ele quase atropelou Hermione no corredor. Eles tentaram passar ao lado um do outro, os dois se movendo na mesma direção, depois se voltando ao outro lado. Era cômico. – Vamos dançar novamente? – ele provocou.
Ela não riu. – Deixe-me passar, por favor!
Seu humor desapareceu. – Você não parece nem um pouco amigável como da última vez em que nos encontramos. – Remus disse. – Você tem o hábito de se oferecer aos homens que não conhece? Se for assim, devo avisá-la de que da próxima vez você pode se dar mal.
- Eu já lhe disse, não haverá uma próxima vez, Lorde Wulf. – ela respondeu, sua voz fria. – Nosso último encontro foi uma mal passo de minha parte, e temo que tenha sido uma reação ao champanhe. Já fui aconselhada a ficar longe de bebidas alcoólicas, e, também, para não ser vista em sua companhia. Nenhum dos dois, agora está claro para mim, é benéfico para a saúde de uma mulher.
O corredor estava mal iluminado, mas Remus tinha uma excepcional visão no escuro. Agora que eles estavam face a face, ao invés de fingirem que não estavam conversando, como no salão, ele achou ter visto algo embaixo do véu que ela estava usando, algo que o perturbou. Quando ele se aproximou da leve obstrução, ela hesitou. Apesar disso, ele levantou o véu. O que viu gelou seu sangue.
- O que aconteceu com seu rosto?
Ela afastou sua mão e rapidamente abaixou o véu.
- Não é de sua conta, Lorde Wulf. Peço-lhe novamente, permita-me passar.
Quando ela tentou se afastar, ele bloqueou seu caminho.
- Não fui eu quem fez isso, foi? – Ele sabia que havia sido passional, mas rezava para que não tivesse sido rude com ela.
Seus olhos, meramente entrevistos através do véu se suavizaram. – Não – ela garantiu. – Eu sou terrivelmente desastrada. Eu tropecei tão logo cheguei do baile. Caí e bati meu rosto numa cadeira. Não foi nada de mais.
Remus levantou o véu novamente. Gentilmente tocou a pequena e redonda contusão. – Nunca vi uma mulher se mover tão graciosamente quanto você, quando atravessa uma sala. Você parece uma princesa, fazendo a corte.
Seus cílios se abaixaram. – Você sempre insulta uma mulher, Lorde Wulf, e depois recita poesias para elas no próximo minuto?
- Não – respondeu honestamente. – Nunca. E pode me chamar de Remus. Sermos formais um com o outro é um pouco estranho, considerando-se o que já passamos juntos.
Ela o olhou. Algo brilhou em seus olhos. Ele não tinha certeza se era raiva... ou desejo. – Vou lhe pedir mais uma vez para esquecer esse assunto.
- Já tentei – ele admitiu – Centenas de vezes.
Ela colocou a mão no pescoço. – Então deve tentar mais. Você não entende, eu não considerei o perigo...
- Sei. – Remus a interrompeu, e ele sabia, e se sentiu idiota por acreditar que, por um momento, ela poderia por os boatos de lado e julgá-lo de modo justo – Mas não tem mais dúvidas depois de ter sido informada com que tipo de homem esteve brincando no baile em Greenleys.
Ele se surpreendeu quando ela levantou a cabeça e o observou atentamente através do véu – Você é um assassino, Lorde Wulf?
Remus estava acostumado com sussurros pelas costas. Raramente havia alguém com coragem suficiente para confrontá-lo face a face. – O que você acha? Incomodava-o por honestamente querer saber sua resposta. Incomodava-o se importar de repente com o que alguém pensasse dele.
- Penso que se você fosse um assassino talvez não estivéssemos tendo essa conversa.
Ele sorriu com sua esperteza.
Ela o surpreendeu novamente dizendo – Você devia fazer isso com mais freqüência. Você não parece nem um pouco amedrontador quando sorri.
Remus sossegou. Ela podia não acreditar nos boatos sobre ele ser um assassino, mas não sabia toda a verdade. Ela não sabia sobre a maldição que pesava em sua cabeça. Ela não sabia que era um absurdo para ele estar conversando com ela. Ela era proibida para ele. Tanto quanto ele era proibido para ela.
- Prometa-me que de hoje em diante você vai ter mais cuidado sobre com quem você anda de carruagem, Lady Hermione.
A face de Hermione inflamou-se sobre o véu. Percebeu que estava flertando com ele, embora não tivesse muita pratica nessa área. Ela estava flertando e se lembrando.
Lembrando dos toques das mãos dele sobre sua pele, da boca dele se movendo contra a dela. Ele era perigoso, mas Lorde Wulf não entendeu que o perigo a que Hermione se referiu antes era Franklin. Quando ela viu Lorde Wulf no Greenleys ela ficou tão subjugada pela sua bela face que nem prestou atenção aos sussurros. Ela ouviu apenas o suficiente para perceber que ele era perfeito para arruinar sua reputação. Mas Franklin a avisou para ficar longe desse homem e se ele os visse juntos...
- Lorde Wulf – ela tentou se recompor e finalizar a conversação – Eu lhe sou muito grata. Foi muito bom que pelo menos um de nós tivesse um pouco de juízo. Quer dizer, que você não tenha ido mais longe do que foi. Acho que tive sorte de você ter sido...
- Um covarde?
Um arrepio correu por sua espinha. Como ele sabia que ela havia dito isso sobre ele? Ele não poderia tê-la ouvido. – Eu ia dizer um homem honrado. - Mas isso também não era realmente a verdade.
- Você pediu – ele lembrou - eu simplesmente fiz o favor.
Ele não fez o favor, mas ela não ia recomeçar novamente. Hermione precisava voltar para o chá. Ela não podia olhar para a boca de Remus sem se lembrar de seus beijos. Não podia olhar para suas mãos sem lembrá-las tocando sua pele nua. E ela pensou que havia imaginado o quão lindo ele era, mas estava errada. Ele era pecaminosamente bonito.
- Quando você me olha desse jeito, eu me arrependo de nosso primeiro encontro.
Ela rapidamente abaixou os olhos. – Eu também me envergonho de meu comportamento. Devemos tentar esquecer o que aconteceu.
- Eu quis dizer que me arrependo do que não aconteceu.
Hermione o encarou novamente. Ele tinha a impressão errada dela. Que homem não teria? Ela mesma não sabia o que pensar de si mesma. Ela nunca reagiu tão audaciosamente a um homem antes. Ela pensava que o romance era algo frio, impessoal, mas agora sabia que era diferente.
- Você não é um cavalheiro, Lorde Wulf!
Ele pegou sua mão e a trouxe aos lábios – Isso era algo que você já sabia. – ele disse, então virou sua palma para cima e beijou seu pulso. Sua pulsação se acelerou. Ela retirou a mão rapidamente como se tivesse sido queimada.
- Algum problema, Hermione?
Hermione ficou tensa. Ela olhou por sobre Remus. Aconteceu exatamente o que ela temia. Franklin estava parado olhando para ela, sua expressão calma, embora ela visse a veia que pulsava em sua testa.
- Não, Franklin – ela respondeu. – Eu já estava voltando para o chá.
Remus se voltou e olhou para seu irmão de criação. Ele o reconheceu dos clubes, embora nunca tivessem conversado. – Você deve me perdoar por manter Lady Hermione afastada da festa. Encontramos-nos acidentalmente aqui no corredor. Já que dançamos juntos em Greenleys e ela passou mal, queria saber de sua saúde.
- A saúde dela esta ótima – Chapman disse friamente. Seus olhos se moveram para Hermione, e Remus viu um brilho de raiva se acender nos olhos escuros. – Pelo menos por enquanto.
Sendo um homem intuitivo, Remus imediatamente percebeu uma corrente oculta perturbadora entre Hermione e seu irmão.
- Retorne ao salão, Hermione – Chapman ordenou – Já irei me encontrar com você.
O olhar de Hermione passou de um homem a outro. – Pensei que você me acompanharia, Franklin.
- Faça o que estou mandando – Chapman disse de modo cortante.
Remus observou Hermione passar por eles e sair do corredor. Seus olhos fixos no balanço de seus quadris. Foi inconsciente, mas ele percebeu o que fazia e rapidamente desviou os olhos para Chapman.
- Ela é adorável, não é? – perguntou.
- Muito – Remus concordou.
O homem lhe deu um olhar duro – Fique longe dela.
Embora Remus não pudesse culpar o homem por ser protetor com a irmã, algo sobre Chapman imediatamente o incomodou de modo estranho. Ele estava acostumado a insulto, mas não estava acostumado a ameaças. Era fácil evitar confronto. Era só passar longe. Remus encarou o homem com seu próprio olhar frio.
- Lady Hermione não tem de temer nada de mim... e espero que ela não tenha de temer nada de você. - Ele não sabia por que disse essa ultima parte. Novamente, instinto.
O rosto de Chapman ficou vermelho – Não sei o que está insinuando, mas minha irmã é assunto meu.
- Irmã de criação, não é? – Remus continuou a instigar.
Chapman mudou de tática e sorriu, embora sua riso não tenha chegado a seus olhos escuros. – Sim. E embora não tenhamos laços de sangue, eu lhe asseguro que me preocupo muito com Hermione, Desejo vê-la se casando bem nessa temporada. Você sabe que qualquer atenção que dispensar a ela causará fofoca e porá sua reputação em risco. Duvido que você tenha honra, mas peço que leve o futuro bem-estar dela em consideração e evite comparecer em qualquer evento social desta temporada.
A audácia do homem surpreendeu Remus. O fato de que o mais velho dos irmãos Wulf raramente comparecia a eventos sociais estava fora de questão. No passado, a escolha tinha sido dele.
- É claro que você está certo – Remus disse, então sorriu em resposta, com a mesma expressão sem emoções que Chapman mantinha. – Eu não tenho honra.
Remus se voltou e continuou a andar pelo corredor, onde esperava, chegaria ao escritório do conde. Ele sentia o olhar de Chapman em suas costa. Ele tinha algo a dizer ao homem, e voltou-se.
- No futuro, mantenha suas mãos longes da “querida irmã” ou você vai ter que lidar comigo. E eu lhe prometo, isso é algo que você não desejaria a seu pior inimigo.
Franklin Chapman não respondeu, mas Remus não esperava que ele o fizesse. Por mais que se orgulhasse sobre aceitar sua cota na vida, permanecendo nas sombras com relação aos assuntos da sociedade, ele não era o tipo de homem que fica parado quando vê uma mulher sendo abusada. Talvez Hermione tivesse realmente causado seu ferimento, mas Remus suspeitava que esse não era o caso.
Ele analisaria a situação, julgaria sua reação e veria se, como sempre, ele não estava correto quando o assunto era seu instinto. E se Chapman colocasse as mãos sobre Hermione novamente, ele sairia machucado.
Remus tentou refrear seus pensamentos. Ele deveria rir do absurdo de suas noções. Ele protegendo Lady Hermione? E novamente não tinha certeza de que ela necessitasse de sua proteção.
Ele deveria estar mais preocupado em saber quem a protegeria dele. Ele quase perdeu o controle com ela no baile. Ele nunca tinha se sentido tão atraído fisicamente por uma mulher em toda a sua vida. Ele já pensava no curto passeio pelo gramado que os separava. Uma fronteira patética realmente – de pouca conseqüência para um homem com habilidade atlética.
Lady Hermione se comportou friamente com ele hoje. Ele queria senti-la quente novamente, ver seus olhos cheios de desejo, ver seus lábios separados num convite. Ele queria tudo o que haviam partilhado na primeira noite em que se encontraram... e mais. E ele iria conseguir. Ele sabia disso tanto quanto ele sabia que seu futuro estava maldito. Deus o ajudasse, ele não iria resistir.
~*~
Oioi, minhas crianças. -q
Enfim,
a pedidos *--* , voltei a postar a fic.
Estou MUITO feliz. Afinal, eu fui pra PRÉ-ESTREIA de HP e o príncipe mestiço. xD
MUITO bom por sinal. (y)
Espero que tenham gostado do capítulo. ;D
Ah! Não esqueçam:
COMENTEM BASTANTE. \OÕ/
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