Um corpo que cai



CAPÍTULO 21 - Um corpo que cai

Harry olhou para os rostos igualmente tensos de Rony e Hermione. Voltou o olhar para a lâmina. Grossos filetes de sangue escorriam. Sabia o que encontraria do outro lado. Uma das pessoas que interrogara não fazia muito tempo, morta, com o corpo atravessado por esse objeto pontiagudo cuja ponta adentrara a sala. Quem seria?
O garoto respirou fundo e fitou novamente os amigos.
-Não tem jeito... Teremos que sair em algum momento – disse, fazendo um esforço enorme para pronunciar cada palavra.
-Tem razão – disse Hermione, com o mesmo esforço.
-Quem vai abrir a porta? – perguntou Rony, cuja cor do rosto havia desaparecido totalmente.
Harry segurou a respiração. Olhou do rosto apavorado de Hermione para o rosto sem cor de Rony. Acabaria sobrando para ele, não tinha dúvida... Tinha que abrir a porta. Em algum momento teria que abrir.
Aproximou-se relutante da porta, olhando com nojo para a ponta da lâmina.
-E se o assassino ainda estiver por aí? – disse Rony.
-Claro que não está... Provavelmente já saiu correndo... – falou Harry, segurando a maçaneta, e girando-a lentamente.
Fechou os olhos e escancarou a porta. Abriu os olhos lentamente. A visão foi entrando em foco... Era uma garota... E, quando ele viu o rosto da garota, sentiu um aperto no estomago e o coração gelar.
-Cho! – gritou Harry, pasmo.
Harry olhou para o objeto pontiagudo que atravessara a porta. Havia perfurado a garota na altura do coração. Era um objeto circular, rodeado de grandes lâminas pontiagudas. Uma penetrara o corpo da garota e a porta de madeira.
Harry olhou para o rosto de Cho. Com uma faca, o assassino escrevera, perfurando toda a face: “M.E.”. Na parte de baixo, o conhecido círculo, feito com sangue, ainda mais mal-feito do que os outros. Não havia X algum ao centro.
-“De lâminas afiadas ele é formado. Ele gira rapidamente. Tome muito cuidado, quando o sol se pôr no Oriente”.– citou Harry. – Mais uma vez seguiu o que disse!
-É... horrível – balbuciou Hermione, lançando breves olhares ao corpo de Cho. – Parece que a cada morte ele usa ainda mais da crueldade.
Rony, com uma expressão de nojo e revolta, olhou para o objeto de lâminas.
-Mas que coisa é essa? – perguntou, franzindo a testa.
-Eu não faço a mínima idéia – falou Harry, observando melhor. – Parece ser coisa de trouxas, mas eu convivo com eles e nunca vi coisa parecida.
-Eu também não – disse Mione, olhando de relance para o objeto. – Meus pais são trouxas, e, sinceramente, nunca vi isso, nem em jornal, nem nos noticiários.
-Bruxos não fabricam esse tipo de coisa, fabricam? – indagou Rony. – Quero dizer, se não for dos trouxas, não deve ser do nosso mundo, afinal onde se venderia algo desse tipo?
Harry sentiu uma lembrança aflorar-lhe no cérebro. A lembrança de um local que venderia um objeto como aquele... Uma loja mal iluminada, que visitara acidentalmente, quando utilizou pela primeira vez o Pó de Flu... Uma loja onde poderia encontrar ossos sobre o balcão, um baralho manchado de sangue e instrumentos pontiagudos no teto... Instrumentos pontiagudos que também deveriam ser vendidos...
-A Borgin & Burkes, na Travessa do Tranco! – exclamou, de repente. – A loja em que fui parar a cinco anos, lembram, quando utilizei o Pó de Flu?
-Claro! – falou Hermione. – Só pode ser esse o lugar onde o assassino conseguiu esse objeto estranho... Por mais que não tenha sido na Borg... Essa loja aí seja qual for o nome, com certeza foi comprado na Travessa do Tranco.
-Será que tem alguma arte das Trevas dentro dele? – perguntou Rony.
-Acho que não... O objeto é circular, o assassino deve ter lançado em direção a Cho. Nós ouvimos primeiro um baque na porta antes da lâmina atravessar o corpo de Cho e a porta. Ele deve ter empurrado a garota, provavelmente já sem forças, e lançou rapidamente esse objeto. Depois deixou seus símbolos, com notável pressa – olhem como o círculo está mal-feito – e saiu em disparada antes que abríssemos a porta.
-Pode ter sido qualquer um dos que foram interrogados... – suspirou Mione.
-Exatamente – concordou Harry. – E deve ter surpreendido Cho em algum corredor, pois, se já a tivesse pegado, Padma ou Parvati teriam visto.
-Ah, essa loja aí em que você esteve, na Travessa do Tranco...
-Borgin & Burkes... – falou Harry.
-Então… Nessa loja você viu o Draco e o pai dele! Eles freqüentam essa loja. Quem vocês acham que é o assassino? Só pode ser o Malfoy! Somente bruxos que não prestam mesmo freqüentam a Travessa. Nessa categoria, Draco se enquadra direitinho. Foi ele que comprou essa... coisa cheia de lâminas afiadas. Ele é o assassino!
-Acalme-se Rony – pediu Harry. – Temos muita gente pra suspeitar... Não afirme nada.
-E... O que faremos com o corpo da Cho, Harry? – perguntou Mione, parecendo aflita. – Se irmos logo atrás do Professor Dumbledore, eles irão querer ver o corpo para retirá-lo, e encontrarão a nossa sala. Ainda mais agora, que alguns pedaços da porta foram pro espaço e eles poderão perceber que há uma porta camuflada na parede...
Harry pensou por um ou dois minutos, e por fim, respondeu, algo que Rony e Hermione jamais desejariam ouvir, e que pela expressão de Harry, ele também não desejara falar...
-Teremos que tirar o corpo daqui.
Rony e Hermione se entreolharam. Nesse momento, nem lembravam que estavam encabulados um com o outro. Por suas cabeças, só se passava a sensação horrível que seria carregar um corpo.
-Não é uma idéia muito agradável, eu sei – falou Harry, ao notar as expressões dos amigos. – Mas, é a única forma de manter nossa sala secreta.
-Como faremos isso? – perguntou Rony. – Vamos pegando no corpo cheio de sangue? Sujando nossas vestes?
-Não. Temos alguns pergaminhos velhos na sala, onde poderemos embrulhar nossas mãos. Tiraremos primeiramente o objeto do corpo dela. Depois, não precisaremos mais nos aproximar tanto do corpo. Não se esqueçam que o corpo de Cho está sustentado em pé devido ao objeto. Ao tirarmos, o corpo cairá para frente. Deixaremos uma carteira na frente do corpo, para ele cair sobre ela. Levaremos a carteira até um dos corredores mais próximos e depositaremos o corpo lá. Em seguida, colocamos a carteira de volta aqui na sala, para que ninguém a encontre.
-Tantos cuidados com o corpo... Parece até que somos os assassinos – falou Rony.
-É necessário fazer isso para manter nossa sala em sigilo – respondeu Harry. – Vamos começar? Rony, por favor, busque alguns pergaminhos mofados para proteger nossas mãos.
Rony entrou na sala, deixando Harry e Hermione com evidente apreensão. Rapidamente o garoto voltou com vários pergaminhos velhos nas mãos. Harry apanhou alguns e segurou, protegendo as palmas das mãos. Rony fez o mesmo.
-Temos que puxar com extrema cautela – alertou-o Harry. – Aproxime-se com cuidado... Mais pro lado, Rony, olha a lâmina... Isso... Agora coloque as duas mãos como eu... Vamos começar a puxar. Cuidado, pois, devido ao impulso, podemos voltar para trás e mais um acidente acontecer...Pronto?
Rony confirmou com a cabeça.
-Um... Dois... Três... Puxa!
Depositaram todas as forças nas mãos, puxando o objeto. Harry se surpreendeu com a dificuldade. A madeira parecia prender a enorme lâmina que adentrara a porta. Mais um puxão. Nada. Outro puxão ainda mais forte. Harry sentiu todos os seus músculos trabalhando, e o suor escorrer-lhe por sobre a testa. Na outra puxada a lâmina pontiaguda se movimentou. O corpo de Cho balançou levemente. Harry olhou de esguelha para trás. Mione já havia trazido a carteira e se preparava para empurrá-la mais para frente no momento em que o corpo despencasse.
Puxaram novamente. Harry sentiu uma boa parte da lamina sair da madeira. Mais um puxão e tirariam totalmente.
-Atenção, Mione! É agora! – avisou ele.
Olhou para Rony, que também tinha algumas gotículas de suor na testa, e puxaram novamente. O impulso os levou alguns passos para trás. O corpo inanimado de Cho, preso à porta por uma das lâminas, despencou. Mione empurrou agilmente a carteira, fazendo com que o corpo despencasse sobre ela com um baque.
Harry e Rony seguravam o objeto.
-Muito bem... Agora eu vou até o próximo corredor e depositar o objeto no chão, antes que respingue sangue desse lado... Vai que eles examinam a parede e encontram a sala camuflada... Já volto.
Harry saiu. Rony lançou um breve olhar para Hermione. Só agora lembraram dos últimos acontecimentos entre os dois... E mais uma vez ficaram encabulados...
-Quem está aí?
Rony e Hermione sentiram, mais uma vez naquela noite, o sangue gelar. Conheciam bem aquela voz... Talvez o baque do corpo de Cho na carteira chamara a atenção dele... Era Filch.
Mione, embora apavorada, viu que tinha que pensar, e rápido... Olhou alguns pergaminhos que tinham sobrado. Apanhou-os e colocou-os no buraco que a lâmina tinha formado na porta da sala. Conseguira tapar o fio de luz que escapava pelo buraco. Na escuridão, Filch não perceberia.
Os passos dele estavam se tornando mais próximos. Rony e Hermione levantaram a carteira e, com dificuldade, saíram carregando-a, tendo o extremo cuidado de não derrubar o corpo. Se o corpo caísse, não haveria tempo. Estariam perdidos.
A carteira estava muito pesada. Os dois caminhavam em passos lentos. Dobraram o corredor e, mais à frente, divisaram a figura de Harry, já voltando.
Mione fez um sinal para ele ficar quieto. Quando ele se aproximou o bastante para escutar um sussurro, ela lhe informou, entre a respiração ofegante pelo peso que carregava:
-Filch...
Apesar da iluminação fraca, ela pôde perceber o pânico de Harry. O som dos passos se tornou mais audível. Filch já estava no corredor da sala. Rapidamente, Mione e Rony continuaram com a carteira nas mãos, desesperados, contando agora com a ajuda de Harry.
Era difícil. Tinham que ir rapidamente antes que Filch dobrasse esse corredor, mas também não podiam fazer nenhum ruído, tomando cuidado com cada passo que davam.
Dobraram mais um corredor, e mal tinham colocado os pés no mesmo quando os passos de Filch já ecoavam no corredor onde tinham acabado de estar.
Nesse instante, Harry viu algo que fez seu coração disparar ainda mais.
O corpo de Cho começava a escorregar por cima da carteira. Se caísse, o barulho chamaria a atenção do zelador, que viria rapidamente ao encontro deles.
Os passos de Filch pararam por um momento.
“Ele encontrou o objeto”, pensou Harry.
Lançou um olhar aflito para Rony e Hermione, apontando rapidamente, com uma mão livre, o corpo de Cho, que já estava inclinado na beira da carteira. Rony e Hermione sentiram uma nova aflição tomar conta de cada um.
Tinham que pensar rápido. O corpo de Cho rolou pela carteira. Iria cair no chão. Rapidamente, Harry abaixou-se e o amparou com o joelho, evitando com que caísse. Foi levantando devagar, enquanto Hermione, captando o que o amigo queria fazer, abaixava do outro lado. Quando o corpo rolou até o centro da carteira novamente, Mione levantou-se com rapidez. O corpo estancou. Recomeçaram imediatamente a caminhar. Os passos de Filch ainda não tinham recomeçado. Ele devia estar examinando cada canto do corredor onde encontrara o objeto com lâminas. Devia ter visto a lâmina suja de sangue, e agora estava à procura do corpo e de quem matara. Se visse os três com o corpo de Cho, eles estariam perdidos.
Dobraram mais um corredor, com a mesma cautela. Tinham que colocar o corpo de Cho no chão. E Filch não podia encontrar a carteira. Mas como fazer isso em silêncio?
Harry inclinou-se para o lado, inclinando também a carteira. Hermione e Rony começaram a fazer o mesmo movimento. Agacharam-se e, aproximando bem a carteira do solo, inclinaram-na bem para o lado, fazendo com que o corpo de Cho escorregasse para o chão sem o menor ruído.
Os três recomeçaram logo a caminhar, agora com mais facilidade, carregando somente a carteira. Ouviram Filch adentrar pelo outro corredor. Apressaram-se ainda mais e dobraram mais um corredor. Avistaram a porta de uma sala. Se estivesse aberta, colocariam a carteira lá dentro. Rony largou a carteira e girou a maçaneta. Estava aberta.
Com o ligeiro temor de a porta ranger ao ser aberta, Rony começou a abri-la bem devagar. Seu coração quase saía pela boca. Já estava quase aberta... Não estava rangendo... Até que...
Rangeu.
Um rangido leve, mas que, com o silêncio daqueles corredores, tornou-se um barulho alto e, pior, revelador. Os três sentiram que estavam completamente perdidos. Os passos de Filch já iam naquela direção, e rapidamente.
Harry e Mione, sentindo que não tinham mais saída, fizeram a única coisa que poderia salvá-los naquele momento de serem descobertos.
Como estavam perto da curva que levava ao corredor, ouviram a aproximação de Filch e praticamente arremessaram a carteira para cima do zelador, quando perceberam que ele estava bem perto, tomando o cuidado de não lhe revelar os rostos. Filch tombou para trás com o impacto e deu um grito de dor. Harry, Rony e Hermione começaram a correr, antes que ele se levantasse.
Correram sem parar, olhando para trás em alguns momentos. Harry desejou ter o Mapa do Maroto consigo. Era horrível ser perseguido sem saber qual era à distância em relação ao perseguidor...
Quando alcançaram o retrato da Mulher Gorda, estavam suados, vermelhos, resfolegantes, sentindo cada batida forte do coração. Disseram a senha e o retrato lhes revelou a passagem. Passaram por ela e se largaram no sofá da sala comunal, estirando as pernas e secando os rostos.
-Este é o ano mais agitado que já tive – falou Rony.
-Que sorte que tivemos – disse Hermione. – Estivemos a um passo de nossa expulsão...
-Só expulsão? – observou Harry. – Se Filch nos pega, seriamos os prováveis assassinos de Cho, e iríamos parar em Azkaban na certa!
-Quem teve a brilhante idéia de arremessar a carteira? – brincou Rony, tentando amenizar o clima de pânico.
-Ah eu e Mione juntos. Afinal, quando estamos em perigo, somos capazes de ter as idéias mais malucas – disse Harry.
-Acho melhor subirmos – falou Hermione. – Filch irá correndo contar ao Professor Dumbledore o que ocorreu. Vai que eles cismam de fazer uma verificação nas salas comunais para descobrir se há algum aluno fora da cama...
-Dois alunos – corrigiu-a Harry. – Filch é bobo, mas não é cego. Ele viu que foram dois pares de braços que arremessaram a carteira em cima dele.
-Se corremos esse risco, vamos subir logo – falou Rony, levantando-se do sofá. – Não vejo a hora de dormir...
Enquanto subiam, Hermione comentou sobre o quão seria horrível “eu, uma monitora, ser acusada de assassinato. E você também, Rony. Temos que rever nossos conceitos... Droga! Não sei porque me nomearam monitora! Desobedeço tanto as regras...”.
Mione lembrou a Harry para pingar a Essência de Kaviazat sobre o ferimento em cicatrização. Se não fosse o aviso, acabaria esquecendo, devido à enxurrada de emoções que lhe tomava o cérebro.
Tomou a essência quando já estava deitado, debaixo dos cobertores. Se alguém viesse verificar os alunos, era melhor verem que ele estava dormindo.
Após dois goles, colocou o cálice na mesa de cabeceira e cobriu-se até a cabeça. Rony já estava até roncando. Ele, porém, ficou debaixo dos cobertores, com o pensamento vagueando... As lágrimas se formaram em seus olhos...
Só agora, ali, no silêncio da noite, caiu a ficha de que a nova vítima do assassino não era apenas um amigo ou outra pessoa qualquer... Era Cho Chang... E ele gostara muito de Chang...
Algumas lembranças vieram... O beijo na sala da AD... Quando foi com ela para Hogsmeade... O quanto era bom perceber, que fosse apenas numa frase, como ela gostava dele...
Harry pensou, com amargura, o que fizera para merecer tudo aquilo. Sirius se fora não fazia muito tempo, e agora ele perdia Cho... Sabia que a Segunda Guerra acarretaria em algumas mortes, mas não mortes dentro da escola, com pessoas que ele realmente gostava.
Cho... Como podia imaginar que perderia Cho?
Como poderia imaginar que um servo de Voldemort já tinha sido reservado por ele para tirar a paz e o sossego de Hogwarts? A guerra não estava acontecendo somente para trás das fronteiras da escola, como Harry imaginara... Havia uma guerra acontecendo lá dentro, cujo causador ele sabia o nome, mas que dispunha agora de uma nova face. Ele vira essa face na reunião dos suspeitos. Mas como saber qual seria?
Mais uma lágrima rolou pelo rosto exausto de Harry.

* * *

Harry, Rony e Hermione acordaram cedo no domingo. Era dia de visita a Hogsmeade, e, por mais que não tivessem reposto todas as energias gastadas na noite anterior, o passeio talvez pudesse melhorar os ânimos de cada um.
Apesar da proximidade do inverno, o sol brilhava no céu naquele dia, sendo o calor interrompido em alguns momentos por um vento de ar gelado.
Enquanto saboreavam o café da manhã perceberam que o assassinato de Cho já era assunto. Os alunos da Corvinal eram os mais revoltados. Todos tinham expressões de revolta ou de dor no rosto.
Harry, que sonhara com Cho á noite inteira, comeu mais um pedaço de torta, tentando evitar prorrompesse em soluços e lágrimas na frente de todo mundo.
Alguns alunos que participaram da reunião de suspeitos (Gina, Padma e Parvati) vieram manifestar o pesar que significava a morte de Cho. Outros (Christian, James, Laurie e Jennifer) vieram procurá-lo com os olhos arregalados, mostrando temor, perguntando se Harry já chegara ao nome do assassino.
Quando terminaram de comer, Harry, Rony e Hermione foram para a tradicional fila formada por Filch, que conferia os nomes de cada um e se tinham permissão de visitar o povoado.
Só que dessa vez Filch estampava um mau humor no rosto e ameaçava em altos brados todos os alunos que se encontravam na fila:
-Eu pegarei os infelizes que estão provocando esses tumultos na escola! – bradava ele. – Eu sei que são dois... Se eu pegar esses dois, farei com que sofram as punições antigas administradas aqui nessa escola! Farei com que se ajoelhem em cacos de vidro e que fiquem pendurados por semanas do lado de fora da torre mais alta do castelo!
Harry, Rony e Mione trocaram olhares significativos.
Enquanto os três eram inspecionados, Draco Malfoy e Úrsula Hubbard já se encontravam na estrada em que levava a vila. Como sempre, os dois estavam escondidos dos olhares dos estudantes que caminhavam pela estrada, num lugar pouco confortável, atrás de um matagal.
-Então o seu plano será posto em prática hoje? – perguntou Draco para a garota.
-Sim... – respondeu Úrsula, baixinho. – Você não disse que quer que o “romance” entre você e a Granger se torne público, para atingir o Harry? Pois é, eu o colocarei em prática hoje...
-Mal posso esperar... Nunca imaginei que uma visita a Hogsmeade pudesse ser tão interessante – disse Draco, esfregando as mãos, com ansiedade.
-É o que eu lhe disse... Até os bruxos do Japão saberão sobre vocês dois. Será o acontecimento do dia – e virando-se para Draco, com os olhos faiscando, disse: - Fique sossegado. Harry Potter não perde por esperar.

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