A guarda de Hogsmeade
CAPÍTULO 22 - A guarda de Hogsmeade
Harry, Rony e Hermione tentaram, de todas as formas, não entrarem no assunto da investigação. No entanto, enquanto passavam pela estrada que levava a Hogsmeade, a conversa não se desviou desse assunto.
-Cho foi a penúltima pessoa a ser interrogada, e saiu antes de Parvati e Padma – raciocinava Harry. – Padma é um dos nossos principais suspeitos, senão o principal... Temos que perguntar a Parvati se a irmã não se afastou por um momento...
-Eis um novo interrogatório surgindo no ar – suspirou Rony.
-Ah, mas já vi que será melhor não convocarmos todos de uma vez – falou Harry. – Chamaremos apenas aqueles que nos interessam realmente no momento. Agora, por exemplo, seria interessante ouvir Parvati e Padma.
Chegaram a rua Principal, que estava cheia de estudantes. Harry não pôde deixar de observar que a massa de visitantes era formada somente pelos estudantes. Talvez os últimos acontecimentos ocorridos em Alerton Kollen tenham sido o pivô do temor de muitos bruxos saírem para dar um simples passeio.
Além dos estudantes, havia bruxos com vestes roxas brilhantes, andando por cada canto de Hogsmeade. Todos seguravam suas varinhas nas mãos, em posição estratégica para atacarem no momento mais imprevisível.
No vidro de uma loja fora afixado um cartaz avisando sobre a patrulha de Hogsmeade. Quando passavam em frente a loja, Harry viu o raio de sol que batia em suas costas ser interrompido por uma sombra. Virou-se e, no momento em que viu de quem se tratava, não pôde deixar de sorrir.
Lupin olhava-o com o mesmo ar de felicidade. Abriu os braços e imediatamente recebeu o abraço de Harry. Quando finalmente se soltaram, e após Lupin cumprimentar Rony e Hermione, Harry comentou:
-Não sabia que você seria chamado para essa patrulha. Pensei que só seria formada por bruxos do Ministério e aurores.
Lupin baixou a voz e aproximou o rosto do garoto.
-Dumbledore deu um jeito de colocar os membros da Ordem aqui. Ele disse que seria bom eu ver você... Ah Harry, lamento por não ter visto você antes e só ter lhe escrito durante as férias, mas é que... Acho que você já sabe o que aconteceu em Alerton Kollen...
-Sei sim – murmurou Harry. – Terrível...
-É – concordou Lupin, parecendo chateado. – A situação só tende a piorar, Harry. Com esse ataque, ficou mais do que evidente que Voldemort quer sim uma guerra entre bruxos e trouxas. Imagine quando ele utilizar os dementadores? Imagine a catástrofe? Tudo indica, infelizmente, que a guerra entre trouxas e bruxos é só uma questão de tempo...
-Você estava em Alerton na noite do ataque?
-Sim. Eu, Tonks, Quim, Olho-Tonto, e outros membros da Ordem... Infelizmente, perdemos dois dos nossos, que moravam em Londres... Yvy Maldorm e Lester Dable.
-Meu Deus – suspirou Rony. – E os meus pais? Estão bem, não é?
-Seus pais não foram para Alerton naquela noite – respondeu Lupin. – Dumbledore sabia da gravidade do ataque e resolveu deixa-los em segurança. Eles têm filhos para cuidar. Claro que Arthur quis ir para ajudar, mas Dumbledore conseguiu convence-lo.
-E... Belatriz? – perguntou Harry, com a voz carregada de ódio. – Ela estava lá, ajudando o Voldemort?
-Sim, estava. Foi ela que matou Yvy, aliás.
-Essa mulher é um monstro – vociferou Harry. – Se eu pudesse, matava-a com minhas próprias mãos. Ou melhor, com um “Avada Kedavra” para ela sentir a mesma coisa que Sirius sentiu...
Lágrimas de ódio e dor se misturaram nos olhos de Harry, que fechou os punhos.
-Cuidado com o ódio que guarda no coração, Harry – alertou Lupin, colocando as mãos no ombro do garoto. – Você sabe que nunca teria forças para lançar uma maldição como essa. Sabe porque, Harry? Porque você tem uma alma boa, um caráter.
-Ela matou Sirius – disse com voz dura.
-Não adianta guardar esse ódio, Harry... Aqui se faz, aqui se paga – citou Lupin. – Um dia Belatriz terá o que merece.
-Tenho tanto ódio dela quanto tenho de Michael Evans – falou Harry, secando as lágrimas.
A expressão de Lupin mudou ao ouvir o nome. Somente Hermione percebeu a mudança, embora fosse bem aparente. Seu rosto ficara tenso e pálido. Antes que ele mudasse de assunto, Hermione resolveu perguntar:
-Lupin... Você sabe alguma coisa sobre Michael Evans?
Lupin mexeu-se, inquieto.
-Aquele maluco... – disse Harry. – Matou mais uma pessoa essa noite, Lupin! E não vai parar...
-Lamento, Harry – falou Lupin, tenso. – Acho que é melhor encerrarmos nossa conversa, alguém pode desconfiar...
-Lupin, você não respondeu! – barrou-o Hermione, quando ele se preparava para sair. – Você sabe alguma coisa sobre Michael Evans?
-Que Michael Evans? – perguntou ele. – Aquele da lenda? Como souberam dessa lenda? Faz tanto tempo que não se fala nela... Mas o que Michael Evans tem a ver com as mortes se não passa de uma lenda?
-Não é uma lenda – falou Harry. – Ele existe e está a solta na escola...
-Só posso lhes dizer que é um absurdo – continuou Lupin, embaralhado. – Agora tenho que ir... Cuidem-se! E parem de ligar para essas histórias absurdas.
Lupin afastou-se, desajeitado. Mione o observava com as sobrancelhas ligeiramente franzidas. O nervosismo de Lupin só significava uma coisa – que ele sabia quem era Michael Evans. Talvez, pensou Mione, até o tenha conhecido...
Resolveu não estragar o passeio com suas desconfianças. Recomeçaram a caminhar logo depois.
A Dedosdemel estava ainda mais agitada este ano. Havia inúmeras novidades de doces. Harry, Rony e Mione entraram com ansiedade, e logo o encanto de estar no meio de tantas guloseimas melhorou os ânimos dos três.
Quando provavam o novíssimo Bombom Explosivo (Explode na boca, lançando confetes coloridos nos sabores de menta, creme e pimenta) foram surpreendidos por uma pessoa que, embora os cabelos tivessem assumido tons diferentes, conservava o mesmo rosto.
-Tonks! – exclamaram os três, em coro.
Tonks sorriu, afastando a franja lilás que escorria por seu rosto. Harry observou com curiosidade que os fios lilás se misturavam com esverdeados e amarelados, cada qual com cores vivas e vibrantes.
-Seu cabelo está incrível! – admirou Mione.
-É, mas infelizmente alguns não pensam da mesma forma – suspirou Tonks. – Uma bruxa ridícula do Ministério falou que era uma “extravagância”, que eu não estava “indo para uma festa para usar esse cabelo colorido”... Quer saber? Ela sente é inveja... Tinham que ver os cabelos dela. Pareciam raízes de mandrágora...
Harry, Rony e Hermione sorriram. A simpatia de Tonks era contagiante.
-Encontramos com Lupin agora a pouco – contou Harry. – Ele nos contou como foi terrível o ataque em Alerton...
-Ah e como! – falou Tonks, exasperada. – Havia muitos Comensais. Corri um risco muito grande. Mas ser metamorfomaga me ajudou muito. Mudar a aparência às vezes é de uma utilidade que vocês não podem imaginar. Vocês nem imaginam o pavor que senti... Estava desprevenida, aí ouvi passos e passei para a cabeleira de Belatriz Lestrange. Se não fizesse isso, receberia um feitiço pelas costas do Lúcio Malfoy...
-Ele também estava lá? – perguntou Harry, alarmado.
-Sim. Apesar da escuridão, tenho certeza que era Lúcio. Pelo número de Comensais, todos os que fugiram de Azkaban há uma semana estavam lá.
Um momento tenso tomou conta de cada um. Por fim, Tonks resolveu animar os garotos e começou a conversar sobre as guloseimas da Dedosdemel.
-O Ministério pediu para ficarmos alertas em todo o momento. Mas vou confessar-lhes uma coisa... Tenho um fraco por doces! Seria uma tarefa quase impossível passar várias vezes na frente da Dedosdemel sem comer um Diabinho de pimenta, aliás é meu preferido desde a juventude... Adorava cuspir fogo nas pessoas que eu não gostava... Pena estar aqui em trabalho, senão ia soprar uma boa quantidade de fogo naquela bruxa nojenta que falou do meu cabelo... Seria ótimo!
-Tonks, você sabe o que vem acontecendo em Hogwarts? – perguntou Hermione, de repente.
-Sim, Dumbledore nos contou. Se não fosse ele, nem saberíamos, já que o Ministério está fazendo de tudo para que os assassinatos não se espalhem, embora acredite que isso vá ocorrer a qualquer momento.
-Michael Evans... Você já ouviu falar desse nome? – perguntou Mione.
Tonks levantou os olhos, pensando, a mão ainda segurando a varinha no bolso.
-Já ouvi esse nome... Ah, mas é claro! A lenda. Um jovem que teve a alma presa em um amuleto por Voldemort... Quem encontrasse o amuleto libertaria a maldição... Etc, etc, etc... Mas... Por que estão interessados nisso?
-É que acreditamos que a pessoa que está causando esses assassinatos seja ele em um novo corpo – respondeu Harry.
Tonks mudou seu cabelo para branco-pérola e achatou seu nariz.
Rony gargalhou, mas Harry e Hermione perceberam a manobra para desviar suas atenções.
-Por favor, Tonks, responda – pediu Harry.
Tonks ficou séria e baixou os olhos. Depois, levantou-os e encarou cada um dos três.
-Escutem, por favor... Só vou avisa-los para não tentarem se meter em encrencas. Não mexam com algo que já está sendo averiguado pelos professores da escola e por Dumbledore. Essa pessoa é mais perigosa do que vocês imaginam...
-Quem? Michael Evans?
Tonks esboçou um leve sorriso.
-Não... Claro que não... Eu quis dizer a pessoa que está cometendo esses crimes. Claro que não é esse Michael Evans, isso é uma lenda, eu já lhes disse... E... Bom, agora vou dar mais uma averiguada pelas outras lojas. Tenho que cumprir minha função.
-OK – falou Harry.
-Até logo, garotos… E cuidem-se.
-Você também – pediu Hermione. – Tome muito cuidado.
Tonks saiu, alerta, vigiando cada canto. Deveria haver fortes ameaças de novos ataques a povoados bruxos depois de Alerton Kollen. Afinal, só quando a situação era grave havia patrulha em Hogsmeade. E aquela guarda se revezava por vinte e quatro horas... A situação não era grave... Era gravíssima...
Após saírem da Dedosdemel com os bolsos cheios de doces, Harry, Rony e Hermione resolveram ir para o Três Vassouras.
Entraram no local. Estava um pouco mais vazio do que o habitual. Só os alunos de Hogwarts. Os bruxos das redondezas pareciam ter realmente se isolado...
Harry se ofereceu para buscar as canecas de cerveja amanteigada, enquanto Rony e Hermione escolhessem uma mesa. Quando ia se retirando, Rony e Hermione se ofereceram para acompanha-lo.
-Por que vocês não escolhem uma mesa juntos? – estranhou Harry.
-Não precisa, Harry – falou Rony. – Vamos juntos... Hoje têm muitas mesas para se escolher, está mais vazio.
Harry os encarou com a testa franzida.
-Vocês estão muito esquisitos, sabiam? – disse ele. – Não sei... Não conversaram desde que chegamos ao povoado, aliás, não conversam normalmente desde que saí da ala hospitalar... É uma mudança sutil, mas dá para perceber... Afinal, o que está acontecendo? Vocês brigaram?
Hermione olhou de esguelha para Rony.
-Não é isso, Harry... Eu e o Rony só tivemos uma pequena discussão por esses dias... Mas não estamos brigados. Não é, Rony?
-É... É verdade – concordou o garoto.
-Então, venham comigo – disse Harry. – Mas espero que voltem a se falar normalmente.
Os três se dirigiram ao balcão, onde Madame Rosmerta atendia neste momento um grupo de alunos. James Smith, Christian Baker e Jennifer Yumi tomavam cada um uma caneca de cerveja amanteigada, ao lado de Laurie Sawyer, que já ia fazendo uma nova remessa.
-Manda mais uma rodada! – pediu ela para Madame Rosmerta. – Eu pago para todos de novo! E olha que depois iremos a Dedosdemel encher os bolsos de doces!
Jennifer, James e Christian comemoraram. Madame Rosmerta virou-se para encher as canecas, enquanto James, terminando a sua, resolveu perguntar:
-Mas onde você conseguiu tanto dinheiro, Laurie? – perguntou ele.
Antes que Laurie respondesse, Harry adiantou-se:
-É isso que eu também desejava saber.
Laurie virou o restinho de cerveja amanteigada que ainda restava em sua caneca em cima de suas vestes ao ver Harry. Apanhou, com as mãos trêmulas, um paninho que estava sobre o balcão e começou a se limpar. Harry continuou:
-Por que o nervosismo, Laurie? Eu só fiz uma pergunta simples... Onde conseguiu tanto dinheiro assim? Ganhou algum prêmio?
-Tudo bem que você está investigando os assassinatos, Potter – respondeu, com a voz pastosa. – Mas isso não lhe dá o direito de querer averiguar cada detalhe da minha vida...
-Mas eu não estou averiguando nada que possa ser tão... “secreto” assim – falou Harry. – Só perguntei onde arranjou tanto dinheiro, já que está pagando para todos os seus amigos...
Laurie largou o pano e olhou diretamente nos olhos de Harry.
-Eu ganhei do meu pai. Ele me deu esse dinheiro de aniversário.
Madame Rosmerta voltou nesse momento, depositando as quatro canecas cheias no balcão e entregando o troco para Laurie.
Várias moedas de sicles tilintaram nas mãos da garota.
-Demorei mas consegui trocar – falou Madame Rosmerta. – Também, você tem que trazer trocados de vez em quando, mocinha! Pagar cerveja amanteigada com galeões!
Harry lançou um olhar furtivo para as moedas e depois para Laurie, que parecia ter ficado muito nervosa pela frase de Madame Rosmerta.
-Nossa! Quanto dinheiro, Laurie! – exclamou Harry, com malicia. – Suponho que você tem muito mais galeões guardados? Não sabia que sua família é tão rica...
-Na verdade nem eu sabia – intrometeu-se Madame Rosmerta, que trazia as canecas de Harry, Rony e Hermione. – O pai dela, Coddy Sawyer, sempre vinha com poucas moedas aqui, nos tempos em que estudava em Hogwarts. Ele deu uma passada aqui faz um ano mais ou menos, e também não trouxe muito dinheiro. Vocês ganharam algum prêmio, querida?
Laurie parecia querer afundar para debaixo do balcão.
-Então, Laurie, você tinha dito que seu pai lhe dera uma mesada? – perguntou Harry, novamente.
A garota manteve-se em silêncio, dando goles na cerveja amanteigada e desviando o olhar de Harry.
-Você tem que prestar mais atenção no que diz, Laurie – continuou Harry. – Ontem, por exemplo. Disseram-me que você tinha visto a Padma Patil saindo da sala comunal da Corvinal com uma faca na mão... Depois você me disse que não tinha visto, que era apenas uma brincadeira. Só que agora fica provado o que eu disse, quando você se intrometeu no depoimento de Padma... Você a viu saindo da sala comunal sim, com uma faca na mão, e só tentou desmentir porque fez uma chantagem. Você a ameaçou e pediu dinheiro em troca de seu silêncio.
-É um absurdo... – vociferou Laurie, exaltada.
-Os Patil possuem uma boa condição financeira, todos sabem – falou Harry, desafiando-a. – Esse dinheiro todo veio da Padma Patil!
-Nunca ouvi tanta besteira! – exclamou ela. – Eu vou embora daqui.
E saiu, batendo a porta do Três Vassouras e chamando a atenção de todos os clientes. Christian, James e Jennifer continuavam sentados, só que agora com as canecas imóveis e boquiabertos.
-Harry... – murmurou Christian. – Você tem certeza disso?
-Absoluta – confirmou Harry. – Padma pagou para Laurie ficar quieta.
-Vamos sentar, Harry – pediu Mione. – Você precisa se acalmar.
E, com as canecas espumantes nas mãos, os três se dirigiram até uma mesa afastada.
* * *
Enquanto isso, próximo a Casa dos Gritos, onde não havia nenhum estudante, tampouco um dos bruxos que faziam a guarda, Úrsula e Kevin aguardavam Draco, que estava num beco com Gina – o local mais sigiloso que a garota encontrara.
Finalmente, Úrsula e Kevin avistaram o garoto pálido que corria em suas direções, ofegante. Quando Draco chegou, Úrsula foi logo lhe perguntando:
-E então, foi seguido por algum dos guardas? – perguntou, aflita.
-Não. Tenho certeza.
-Ótimo – disse ela. – Agora temos que combinar rapidamente o nosso plano. Para que ele dê certo, só preciso do grito de Kevin, para colaborar com o meu.
Draco e Kevin se entreolharam, intrigados.
-Não estou entendendo nada – falou Draco. – Que plano mais maluco...
-Maluco só na aparência – respondeu Úrsula, sorrindo. – Vai ser hilário... Vamos provocar o maior alvoroço neste povoado...
-Úrsula, veja lá... – disse Kevin, preocupado. – Está cheio de bruxos do Ministério por aí. Não vai nos meter em uma encrenca.
-Fique sossegado, seu medroso... Não precisaremos agir muito. Tudo o que precisava, eu já consegui. Soube que têm alguns repórteres e fotógrafos de jornais bruxos por aqui... Ah, tudo vai dar certo, tenho certeza.
-Mas... Por que você precisará dos repórteres e fotógrafos?
-Não tenho tempo para lhe explicar, Draco – respondeu Úrsula. – Vá agora mesmo atrás de Gina e venha dar uns beijos nela bem aqui. Kevin, você vem comigo. Ah, o espetáculo está para começar.
* * *
-Oi, Gina! – cumprimentou Draco, após chegar no beco.
-Por que demorou tanto? – perguntou a garota.
-É que... Eu dei uma passada no Correio, enviei uma carta para minha mãe... Sabe como é, quando se escreve para os pais...
-Compreendo – sorriu a garota, beijando Draco.
-Tenho um lugar melhor para ficarmos juntos – disse Draco, sorrindo. – Um lugar onde ninguém vai nos ver e é bem mais confortável do que esse beco.
-Que lugar?
-Na frente da Casa dos Gritos. Sei que parece estranho, mas hoje não tem ninguém por lá, está praticamente deserto...
-Não é perigoso? – perguntou Gina, alarmada.
-Claro que não – respondeu Draco, dando um beijo na jovem. – Agora, você vai à frente e eu vou te seguindo logo atrás. Tudo bem?
-Claro – falou Gina, saindo discretamente do beco.
Draco saiu logo atrás, seguindo-a. Lançou um olhar furtivo para a garota de cachos dourados que observava a vitrine da loja Escribas, que lhe confirmou com um movimento das mãos.
* * *
Harry, Rony e Hermione estavam dentro da Loja de Penas Escriba, examinando os novos modelos de penas que haviam chegado na remessa desse ano.
Enquanto observavam uma pena preta com fios dourados, Hermione levantou os olhos para a rua e viu Úrsula Hubbard na direção de um dos guardas que faziam a patrulha.
A perna de pau era inconfundível. Mione já ia mostrar Olho-Tonto para Harry e Rony quando viu que os olhos do bruxo giraram perigosamente, como se ele estivesse alarmado com alguma coisa.
Hermione olhou para Úrsula. A garota tinha as mãos sobre os olhos, apavorada. De repente gritou, tão alto que Hermione pôde ouvir de dentro da loja:
-É um ataque! Eu ouvi gritos! Só podem ser os bruxos das trevas atacando!
Harry e Rony derrubaram a pena no chão. Nas ruas, os estudantes começaram a correr, desesperados. As pessoas que estavam dentro da loja também saíram. Harry, Rony e Mione recolocaram a pena no lugar e saíram para a rua em disparada.
Era um pandemônio. Até os donos das lojas saíram para ver o que estava acontecendo.
De repente, um grito alto, desesperado, foi ouvido por todos, sobrepondo-se a todos os barulhos.
-Socorro! Aqui, na Casa dos Gritos!
Os guardas se reuniram. Os três divisaram as figuras de Tonks – devido à cabeleira branco pérola – e Olho-Tonto Moody – devido à perna de pau que dava pequenas batidas no chão e o olho mágico que olhava para todos os lados.
Úrsula, na frente deles, esperneava:
-Eu não disse? Alguém está sendo atacado!
-Por favor, acalme-se e se proteja – pediu a voz bondosa de Lupin.
-Atenção! – pediu Olho-Tonto, pondo-se à frente dos guardas. – Vamos até a Casa dos Gritos! Alguém está precisando de nossa ajuda. Varinhas em punho! – todos levantaram as varinhas. – Então, vamos.
Todos os guardas começaram a caminhar em direção a Casa. Embora fosse pedido para todos os estudantes e os demais bruxos para que ficassem em proteção, quase nenhum resistiu e começou a seguir a guarda de Hogsmeade.
Harry, Rony e Hermione estavam logo atrás dos guardas, atentos. Harry tocava a varinha por dentro das vestes, caso precisasse utiliza-lá com urgência.
Caminharam no maior silêncio e cautela possível, para apanhar os possíveis Comensais com surpresa. Começaram a subir a ladeira que levava até a Casa dos Gritos. Harry pensou com pesar que a pessoa que pediu ajuda já devia estar morta...
Quando se aproximaram do final da ladeira, o coração de Harry disparou. Seria Voldemort em pessoa?
Porém, quando avistaram a Casa dos Gritos, Harry, assim como os guardas e todos os outros, viram uma cena ainda mais difícil de se imaginar.
Draco Malfoy e Gina Weasley se beijavam, em frente à cerca da casa. Continuavam se beijando, sem perceber a presença de todos. Olho-Tonto Moody pigarreou, chamando a atenção do casal, que se soltou e olhou para a multidão que os observava.
Gina arregalou os olhos, sentindo o rosto esquentar. Draco também parecia nervoso. Dois bruxos com máquinas fotográficas se adiantaram, driblando os guardas.
-Vai ser um furo de reportagem! – exclamou um deles, dando um clique.
Úrsula olhou para o rosto aturdido de Harry. Depois, lançou um sorriso para Draco. O plano havia dado certo.
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