Vamos tirar a prova!



CAPÍTULO 31 - Vamos tirar a prova!


Hermione libertou-se do choque quando a voz rude de Filch falou:


                -Você está encrencada. Irá parar atrás das grades, sua criminosa!


                As fortes mãos do zelador tomaram seu pulso com violência, tirando-a do chão. Hermione tentou se soltar, mas a força de Filch não se comparava com a sua.


                Ainda largada no chão de pedra, Úrsula gemia e chorava de dor. O ferimento transbordava em sangue, e o chão escuro do corredor estava com gotículas vermelhas.


                -Me solte! – pediu Hermione, ainda tentando se soltar, embora sabia que seu esforço era em vão. – Ela está fingindo! Eu não a cortei!


                -Como não, mocinha? – perguntou Filch. – Está tudo claro! Eu ouvi os gritos de socorro. E a faca? Como você me explica? Ela está ferida, e só existe você aqui neste corredor.


                -Mas eu não...


                -Seus dias de crimes acabaram – Filch olhou ao redor. – Droga, será que ninguém vai vir aqui me ajudar? – voltou-se para Úrsula. – Fique tranqüila. O socorro já vai chegar.


                -Está doendo muito – murmurou Úrsula, o braço ensangüentado estendido sobre a perna.


                -Você tem que estar feliz. Poderia ter sido muito pior. Se eu não tivesse vindo logo, talvez você já estivesse morta...


                -EU NÃO TENTEI MATAR NINGUÉM! – berrou Hermione, perdendo a calma.


                Filch a encarou com desprezo.


                -Como tem coragem de negar? Você não presta mesmo! Tomara que me permitam castigar você antes de manda-la para Azkaban. Adoraria fazer você ajoelhar-se sobre cacos de vidro pontiagudos, pendura-la na beira de um penhasco...


                -SEU IDIOTA! EU NÃO MATEI NINGUÉM. É MENTIRA DESSA MALUCA!


                Hermione sentiu a mão que a pressionava segurar seu braço com mais força.


                -Fique calada! Não adianta. Eu flagrei você – Filch pronunciou cada palavra com ênfase. – Madame Nora já foi atrás de Dumbledore e, quando o nosso diretor chegar, faça o favor de ficar calada. Nada vai aliviar sua culpa.


                -Você não compreende! Eu não fiz esse ferimento no braço dela. Ela mesma fez!


                Filch riu alto. Hermione sentia sua cabeça estourar. Estava desnorteada.


                -Quer dizer que ela mesma se cortou? – falou Filch, irônico, rindo novamente. – Essa foi a pior desculpa que você poderia dar. Eu ouvi os gritos de socorro.


                -Por favor... – gemeu Úrsula. – Está doendo muito... Ai...


                Novas sombras se formaram na ponta do corredor. O ruído de passos aumentou. Minerva McGonagall e o Professor Dumbledore apareceram, ao lado de Madame Nora.


                -Finalmente conseguimos capturar o assassino, Professor Dumbledore – falou Filch, segurando Hermione em sua frente.


                -Oh! – exclamou Minerva, pasma. – Não posso acreditar...


                Novas sombras. Mais passos. Rony chegou resfolegando pelo corredor. Logo em seguida, Harry chegou.


                -O que está acontecendo aqui? – perguntou Rony, preocupado.


                -Eu que lhe pergunto isso, Weasley – falou Minerva, censurando-o. – O que você e o Potter fazem por aqui no horário de aula?


                Rony ia explicar quando, por entre o Professor Dumbledore e McGonagall, ele viu Hermione, com uma expressão de puro pânico, com o braço imóvel pelas mãos de Filch.


                -Mione? O que...?


                Rony passou pelos professores e se encaminhou até Hermione. Filch impediu que ele se aproximasse muito.


                -O que pensa que está fazendo? – reclamou o zelador. – Perambulando pela escola enquanto devia estar estudando e ainda querendo libertar a criminosa?


                -Criminosa? – perguntou Rony. Os olhos do garoto baixaram e ele viu Úrsula caída, com o braço esfolado. Acompanhou a trilha vermelha feita pelo sangue e ele viu a faca afiada largada no chão. Olhou novamente para Hermione, perplexo.


                Harry também estava boquiaberto.


                -Deixe as explicações para depois, Minerva – falou Dumbledore. – Primeiramente, eu queria ouvir as explicações da Srta. Granger.


                -Eu não fiz isso... Eu não cortei a Úrsula... – Mione voltou a chorar.


                -Ela não se cansa de negar – intrometeu-se Filch. – Professor, acho melhor conversar primeiro com a vítima.


                -Eu sei o que é melhor fazer primeiro, Filch – cortou Dumbledore.


                -Não é melhor você conversar com a Granger em sua sala? – sugeriu Minerva. – É melhor ouvir a garota ferida agora. Ela tem que ir para a ala hospitalar imediatamente.


                Dumbledore aproximou-se de Úrsula, com uma expressão indiferente, e perguntou:


                -Você está bem?


                -Estou – respondeu Úrsula, com a voz fraca. – Não deu tempo de ela me ferir mais, pois o Sr. Filch chegou bem a tempo.


                -Como tudo aconteceu, Srta...?


                -Hubbard. Úrsula Hubbard.


                -Sim... Srta. Hubbard, por favor, conte-nos rapidamente: ela tentou te matar?


                Úrsula usou de dramaticidade e baixou a cabeça, suspirando:


                -Sim.


                -É mentira! Ela está mentindo! Eu não cortei o braço dela! Nunca tentei mata-la!


                Dumbledore virou-se para Minerva e pediu:


                -Por favor, acompanhe a Srta. Hubbard à ala hospitalar. Depois que Madame Pomfrey concluir o curativo, leve-a a minha sala para ouvirmos tudo o que aconteceu por aqui.


                Minerva abaixou-se e passou o braço sadio de Úrsula por seus ombros, oferecendo apoio. As duas iam se afastando lentamente, quando Dumbledore virou-se para Filch, que carregava Hermione e, com um sinal, pediu para que o zelador o seguisse.


                Harry e Rony seguiram os três.


                Estavam próximos á gárgula que guardava a entrada para a sala do diretor quando Salles apareceu, ás pressas. Dumbledore não parou de andar, embora ouvisse os passos do professor se aproximando.


                -O que aconteceu aqui? – perguntou ao diretor. – É verdade que capturaram o assassino?


                Dumbledore confirmou. Salles olhou furtivamente para Hermione, que estava presa por Filch, e depois para Harry e Rony.


                -Não acredito - suspirou.


                Hermione sentiu mais uma lágrima escapar-lhe por um de seus olhos.


                -A notícia já se espalhou como pólvora. Pirraça fez questão de me informar.


                Salles não parava de olhar para os garotos, com uma expressão enigmática. Harry não podia dizer o que Salles estava pensando.


                Dumbledore falou a senha e a passagem por detrás da gárgula apareceu. Filch soltou Hermione. Agora não havia como a garota escapar. Subiram as escadas e chegaram à sala do diretor, com seus inúmeros quadros pelas paredes. A entrada do grupo chamou a atenção de todos os retratados, que espicharam os ouvidos.


                Dumbledore sentou-se, colocou as mãos sobre sua mesa e olhou para Hermione.


                -Quero que a Srta se explique – pediu o diretor calmamente.


                -Eu não tenho o que explicar! Eu não sou a assassina! Eu não matei ninguém, tampouco machuquei a Úrsula...


                -Como se o assassino fosse confessar seus próprios crimes... – intrometeu-se Filch com arrogância.


                -Sr. Filch, por favor. Não lhe dei permissão para se intrometer nesse assunto até o presente momento – cortou Dumbledore, calando o zelador. – Continuando, Srta Granger... Tudo aponta contra você. A faca, o corte na garota... Por isso, pela magnitude que esse caso vai tomar, acho que a decisão não está em minhas mãos.


                Hermione arregalou os olhos.


                -Fique tranqüila – acalmou-a o diretor. – Você não será presa. Só deverá participar de uma audiência onde será julgada. No entanto, farei de tudo para que não te prendam antes dessa audiência.


                -Professor, mas... Ela é uma assassina! – bradou Filch.


                -Argo, já lhe disse que não dei permissão para o senhor se intrometer. Então, Srta Granger... Você permanecerá isolada aqui na escola por um curto intervalo de tempo, depois será enviada para essa audiência, onde será julgada...


                -Depois serei presa, não é? – perguntou Hermione.


                -Depende da decisão do júri...


                Mione chorou novamente. Ela seria condenada, isso era óbvio. Com o corte em Úrsula – que seria considerado como tentativa de homicídio – ela tinha nas costas todos os crimes de Michael Evans. Pegaria uma condenação enorme.


                Olhou para Harry e Rony. Os dois a olhavam com uma expressão estranha. Eles estavam acreditando que ela tinha cortado Úrsula, pensou Mione. Também, quem não acreditaria? Úrsula criara um plano perfeito.


                A porta da sala abriu-se naquele instante, e a Professora Minerva entrou.


                -A garota já está sendo tratada por Madame Pomfrey – falou para o diretor. – É preciso enviar coruja urgente para o Ministério da Magia, Alvo?


                -Claro – respondeu Dumbledore. – Você escreve para o Ministério?


                -Sim. Mas não acha que é muito cedo para escrever? – Minerva lançou um olhar triste na direção de Hermione. – Quero dizer... Não temos certeza de nada...


                -Eu sei, mas... É melhor escrever logo – suspirou Dumbledore. – De certa forma, uma hora eles iriam ficar sabendo...


                -Vou escrever agora mesmo. Com licença.


                Minerva retirou-se.


                Um silêncio inquietante tomou conta da sala. Harry e Rony tinham as cabeças confusas, sem nenhuma opinião formada. No entanto, o que viram fora suficiente para que não quisessem travar nenhuma conversa com Hermione.


                Após alguns minutos, a porta da sala voltou a se abrir. Por ela entrou a Professora Sprout, acompanhada de Úrsula, que trazia um curativo sobre o ferimento no braço ainda estendido, e vinha com a mesma expressão chorosa.


                Dumbledore levantou-se e dirigiu-se até a menina.


                -Como está?


                -Bem – respondeu Úrsula, com um tom de bondade que cutucou os nervos de Hermione. – Madame Pomfrey é uma ótima enfermeira. Logo tirarei o curativo e, com a Essência de Kaviazat que ela me passou, o corte vai cicatrizar rapidinho.


                -Você é uma garota de sorte – falou Filch. – Tantas pessoas já foram assassinadas aqui na escola, e você conseguiu somente esse corte. Foi muito esperta também. Se não tivesse gritado por socorro, talvez eu e Madame Nora não conseguiríamos chegar a tempo.


                Sprout despediu-se e se retirou. Harry concluiu que a notícia havia se espalhado por toda a escola, como o Professor Salles havia mencionado.


                Dumbledore virou-se para os dois professores que ainda estavam na sala:


                -Preciso conversar seriamente com a Srta. Hubbard. Precisarei, assim, de silêncio. Poderei contar com a colaboração dos senhores?


                Salles e Filch, tensos, confirmaram. Dumbledore fitou Úrsula novamente e, com sua serenidade, perguntou:


                -O que foi que aconteceu naquele corredor?


                Uma lágrima escapou do olho esquerdo de Úrsula. Mione não podia acreditar. De onde ela conseguia tirar aquela lágrima? Aquela expressão que parecia indicar a dor que a lembrança trazia?


                -Foi tudo muito estranho... – começou Úrsula. – Eu estava conversando com o Rony, o namorado dela – ela apontou para o garoto ruivo. – Eu e Rony nos despedimos e, de repente, ela apareceu do outro lado e me puxou com raiva para esse corredor. Talvez por ciúmes, sei lá... Começou a fazer ameaças, e dizia que iria me matar.


                -Ela está mentindo! – berrou Hermione, avançando para a garota. Foi contida por Filch, que imediatamente a imobilizou novamente.


                -Então... – Úrsula suspirou. – Ela começou a me ameaçar. Mas eu não conseguia entender o que estava acontecendo... Hermione sempre fora tão simpática e amiga... Parecia que não era ela, sabe? E, de repente, ela puxou uma faca de dentro das vestes... Uma faca enorme...


                -Não acreditem nessa maluca! Quem puxou a faca foi ela, e não eu!


                Mais uma lágrima saltou dos olhos de Úrsula. Ela estremeceu.


                -Fique tranqüila – falou Dumbledore. – Nenhum mal vai te acontecer.


                -A voz dela me causa... arrepios. Traz-me o medo que eu senti... O pavor... Ah, como eu queria esquecer que tudo aquilo aconteceu...


                -É necessário que você nos conte – pediu o diretor. – Precisamos saber exatamente como foi.


                Úrsula respirou fundo novamente.


                -Ela puxou a faca. Quando eu vi aquela lâmina enorme... Foi horrível. Sentia a morte se aproximando de mim. E a Hermione continuava a dizer, ameaçadoramente: Vou te matar. Essa faca vai perfurar seu corpo!... Aí eu não agüentei e gritei por socorro... Alguém poderia aparecer. Era minha última esperança. Quando eu gritei, ela falou: Não adianta pedir ajuda. Você vai morrer... Logo o meu cúmplice irá aparecer e eu e ele vamos acabar com você.


-Isso é um absurdo – murmurou Hermione. Filch apertou seu braço.


-Aquilo foi tão terrível que tive um impulso e comecei a correr. Quero dizer, nem comecei direito... Senti a mão dela me segurando. Caí no chão e ela empunhou a faca e cortou o meu braço. Ia se preparando para um novo golpe, mas os passos de Filch se tornaram audíveis. Ela jogou a faca no chão, acho que pra tentar disfarçar... E o Filch apareceu... Eu estava salva... Nem pude acreditar...


Novo momento de silêncio. Dumbledore continuava a encarar Úrsula, Salles lançava um olhar estranho para Hermione, Harry e Rony estavam com a mente atoladas de dúvidas e Hermione parecia estar presa ao chão.


                -Você nunca desconfiou de Hermione? – indagou o diretor.


                A mente maligna de Úrsula trabalhou rapidamente. Ela estava utilizando sua última cartada. Seu ás na manga. Formulara aquele plano desde que Harry, Rony e Hermione foram atacados num corredor. Treinara feitiços para conjurar a faca. Estava só esperando a hora certa para lançar seu plano de ouro. A informação saía de seu estoque de maldade naquele instante.


                Um dos ataques de Michael Evans... Quando Harry ficou hospitalizado... Rony também se ferira... Mas Hermione não...


                Úrsula jurara que aquilo seria útil... E agora seria...


                -Não... Se bem que... Foi intrigante um dia em que o Harry e o Rony foram atacados junto com a Hermione. Os dois foram feridos... Lembro-me que o Harry ficou muito mal... Mas a Hermione estava bem, sem ferimentos... Sem ferimento algum. E ouvi boatos de que ela segurava a lança que machucou o Rony...


                -Você enlouqueceu! Não a escutem! Por favor!


                Mione chorava. Era tudo mentira, mas o que Úrsula dizia fazia sentido.


                -Então... Acho que ela não teve ferimentos porque era cúmplice do assassino.


                Dumbledore, Harry e Rony estavam pasmos. Os dois amigos se entreolharam. Agora, tudo indicava que Hermione realmente ferira Úrsula. Não tinha nem como contestar aquela afirmação.


                Os olhos do diretor cintilaram em direção a Filch.


                -Por favor, Filch, peço que permaneça aqui junto à garota, enquanto esperamos os bruxos do Ministério chegarem.


                Olhou para Harry e Rony, que evitavam olhar para Hermione.


                -Vocês dois, voltem para a aula.


                Sem dizerem quaisquer palavras, Harry e Rony saíram da sala. Antes de fechar a porta atrás de si, Rony lançou um último olhar para Hermione, que ainda chorava.


                Agora ele compreendia a sensação de vazio que o tomara pela manhã. Sentia como se uma parte de si tivesse desmoronado. Suspirou, fechando a porta e sentindo um peso enorme dentro do peito.


 


* * *


 


                -Prenderam mesmo?


                -Sim. Dizem que o assassino está preso na sala de Dumbledore.


                -Assassino? Assassina! Ouvi falar que era uma garota.


                -Uma aluna da Grifinória. Foi o que eu ouvi.


                -Parece que foi aquela da entrevista... Que acabou com a própria amiga, lembram?


                -Só pode... Ela não presta.


                Realmente o burburinho sobre a prisão estava percorrendo toda a escola. Supunha-se que Pirraça, com seus ótimos modos, tinha se encarregado de espalhar a notícia.


                Todos recebiam a notícia com um certo espanto, porém, alguém na escola não estava entendendo nada.


                Prenderam a pessoa errada, e ele nem tinha precisado agir para que isso acontecesse. E isso era ótimo para ele. Agora tudo indicava que seu plano maléfico estava próximo de se concretizar, sem nenhum empecilho.


 


* * *


 


                Christian, James e Jennifer estavam na aula de Herbologia. A Professora Sprout havia saído por alguns instantes – e todos achavam que ela teria ido dar uma espiada na assassina.


                -Ah! Bem que nós avisamos! – zombou James. – Michael Evans não existe!


                Jennifer acompanhou as risadas do amigo. Christian, no entanto, mantinha uma expressão contrariada.


                -E quem disse pra vocês que a Granger não é Michael Evans?


                -É óbvio que não é – respondeu Jennifer. – Você e o Potter acreditaram nessa babaquice de “lenda viva”. Mas, pra mim, ela matou todo mundo porque quis.


                -Espere só ela dar um depoimento, e você vai ver que ela não é Michael Evans – falou James.


                -Como podem ter tanta certeza? – reclamou Christian. – Eu já avisei pra vocês que ainda vou provar que ele existe.


                O sinal tocou. A Professora Sprout chegou naquele instante, permitindo que eles fossem dispensados.


                Estavam subindo os degraus de entrada do castelo quando ouviram um forte ruído cortando o ar. Eram os bruxos do Ministério, chegando em suas vassouras.


                Pousaram bem em frente á eles. Desmontaram das vassouras e, sem pedir licença para ninguém, entraram na escola. Novos cochichos se formaram.


                -Vieram prender a assassina – falou Jennifer. – Mas... Será que ela realmente é a assassina?


                -Por que a dúvida? – perguntou James.


                -Por causa da faca ensangüentada que encontramos dentro dos pertences de Padma, esqueceram? Na noite da morte de Dino...


                -É... Tem razão – falou James.


                -Mas como se eles apanharam a Granger em flagrante? – perguntou Christian. – Eles têm certeza de que ela é a assassina.


                -Mas e a faca? – insistiu Jennifer. – A faca suja de sangue? Como explicar que aquilo estava na mala de Padma?


                -Bom... Se Hermione realmente estava tentando matar a garota... – raciocinou Christian. – Isso significa que não estamos lidando com um assassino...


                -E sim com dois – completou James, sombrio.


                -É, acho que o caso ainda não está terminado como imaginávamos – suspirou Christian.


                Naquele instante, Padma Patil descia as escadas. James aproximou-se dela. Christian e Jennifer franziram as sobrancelhas.


                -Olá, Padma! – cumprimentou. – Você tem tempo para conversarmos um pouquinho?


                Padma hesitou por um momento, mas concordou.


                -Claro. Mas tem que ser bem rápido!


                James deixou a garota e foi até os amigos.


                -Você pirou? – perguntou Christian, aos sussurros. – Caminhar com a principal suspeita?


                -Relaxa – respondeu James, também cochichando. – Eu gosto dela de verdade. Mas também tenho consciência disso. Misturarei as duas coisas. Negócios com prazer.


                Sorriu para os dois e voltou para junto de Padma. Ofereceu sua mão para a garota, que a tomou. De mãos dadas, os dois se dirigiram para o jardim ensolarado.


                -Que coisa essa prisão da Hermione, não é? – perguntou James.


                -É... Mas foi bom. Assim, não precisaremos nos reunir mais naquela sala, com o Potter acusando qualquer um em qualquer momento...


                -Você acha que tudo isso tem realmente a ver com Michael Evans?


                -Sei lá... Acho que não. É uma história muito fantasiosa. Mas meus pais acreditam.


                -É?


                -É. Principalmente minha mãe. Certa vez... – parou e olhou para James. – Olha, se eu te contar, não é pra abrir a boca pra ninguém. Nem pro Potter eu contei isso...


                -Tudo bem. Eu não contarei pra ninguém.


                -Bom... Certa vez eu entrei no quarto dos meus pais sem bater, e minha mãe estava lá dentro, segurando uma foto, e chorando. Estranhei aquilo. Aproximei-me lentamente e espiei por cima do ombro dela. Na foto, ela estava abraçada com um rapaz... Na borda da foto, estava escrito: de Michael para Ludmylla com amor.


                James estava boquiaberto. Mas escondeu a reação. Queria apurar mais.


                -E... A foto tinha sido tirada aqui na escola?


                -Não... Não sei que lugar era aquele. Tinha muito verde no fundo. Era como um enorme jardim... Cheio de árvores e flores... E tinha um pequeno riacho que cortava o jardim...


                -Mas... Esse era Michael Evans?


                -Claro que podia ser qualquer Michael... Existem tantos... Mas acontece que não parei por aí... Ela nem percebeu que eu tinha visto a foto. Saí do quarto e continuei espiando. Ela colocou a foto no fundo falso de uma gaveta, que parecia estar lotado! Naquele dia, meu pai estava trabalhando e minha mãe iria sair para umas compras no Beco Diagonal. Levou Parvati com ela, mas eu falei que queria ficar em casa... Quando elas saíram, corri para o quarto dela, e, pelo fundo falso, achei a foto. Mas não havia só ela... Cartas, outras fotos, declarações de amor...


                -E tinha o nome Michael Evans lá?


                -Tinha! Muitas cartas... De meu pai e de um outro namorado... Mas a grande maioria eram cartas assinadas pelo nome “Michael Evans”... Eu sabia que já tinha ouvido aquele nome em algum lugar... Aí lembrei da lenda. E fiquei pasma. Ele só existia em alguns livros, já era até uma lenda ultrapassada. As lendas o pintavam como alguém do mal... E minha mãe tinha fotos ao lado dele! Imagine o choque que levei... Pelo choro dela, presumi que, realmente, Michael não existia mais. Fiquei na minha e ela nunca soube que eu descobri o romance do passado entre ela e Michael Evans...


                -Então ele... Realmente existiu? – perguntou James, com a boca seca.


                -Sim. É duro acreditar, mas... Existiu. E ele realmente deve estar matando todos os alunos.


                James passou a mão sobre a testa.


                -Nossa... Mas... Vamos mudar de assunto?


                -Claro – falou Padma. – Mas já está tarde, e...


                James tapou a boca dela com o dedo.


                -Será que você não percebe que eu estou louco por você?


                Padma relutou por um momento, mas cedeu. Os dois beijaram-se. O beijo foi longo, e só foi interrompido pelo estalo de Padma, que se lembrou do tempo.


                -Temos que ir... Ou vamos nos atrasar...


                -Tem razão – respondeu James, sem fôlego. – Vamos? – ofereceu a mão.


                Padma segurou a mão do garoto e os dois, juntinhos, voltaram ao castelo. James estava feliz por finalmente conseguir beijar Padma, mas sua mente também estava confusa pela história que a garota lhe contara.


 


* * *


               


                Os bruxos do Ministério ouviam o depoimento de Úrsula com atenção. Mione tentara intervir, mas um dos bruxos a emudeceu com um movimento de varinha acompanhado de um Silencio!


                Úrsula usava de uma dramaticidade exagerada. Tremia, chorava... A mesma história utilizada por ela para contar ao diretor estava sendo usada novamente.


                Quando a garota terminou num suspiro longo e profundo, os bruxos voltaram-se para Dumbledore.


                -Não existe dúvida de que a garota é culpada – disse um deles.


                -Vamos leva-la para Azkaban imediatamente – falou o outro.


                Hermione agitou-se, mas seu grito era sufocado pelo feitiço. Dumbledore levantou-se, indignado.


                -Como podem leva-la sem nem convocaram uma audiência?


                -Nem é preciso... São vários assassinatos e uma testemunha ocular – apontou para Úrsula. – A condenação será óbvia. Mas... Se fizer questão... Tudo bem. Mas de qualquer forma ela vai para Azkaban agora!


                -Não concordo – protestou o diretor. – Isso não está...


                -Está certo. A prisão deve ser efetuada agora mesmo. Essa menina é um perigo. Vai agora mesmo!


                Hermione esperneou. Filch ainda a segurava. Algemas foram conjuradas e passadas por seus pulsos e correntes amarraram-lhe os pés.


                Foi carregada pelo zelador, a pedido de Dumbledore, para evitar o esforço físico.


                Hermione chorava. Antes de sair, viu de relance o olhar triunfante de Úrsula, acompanhado da frase em voz chorosa.


                -O mal deve ser encarcerado... – ela fez uma expressão perfeita onde se misturavam ódio e medo. – Para que o amor possa reinar em paz – concluiu, com um sentido que somente Mione entendera: era uma indireta sobre Rony.


                As correntes pesavam sobre os pés dela, imobilizando-os e prejudicando o movimento. Mione sentia as mãos rudes de Filch a segurando.


                Ela desceu com pesar. A passagem pelo saguão foi a pior. Os alunos que se encontravam lá a olhavam com expressões indignadas. Gritavam em coro:


-Assassina! Assassina!


Aviõezinhos e bolas de papel eram enfeitiçados e arremessados em sua direção.


                Quando lançou um olhar para a escadaria de mármore, Mione viu Harry e Rony, com as faces tristes, mas sem coragem de se aproximar.


                Eles achavam que ela era a assassina. Todos na escola achavam.


                E agora ela iria para Azkaban. Longe de todos. Longe de Rony.


                Úrsula destruíra sua vida.


 


* * *


 


                -Não posso acreditar – murmurou Rony, indignado, enquanto Mione saía, presa.


                -Nem eu – falou Harry.  – Por isso, temos que tirar a prova.


                -O que?


                -Não acreditamos que foi Hermione... Mas tudo indica que foi ela... Para se ter certeza, só há um jeito.


                -Qual?


                -Descobrir quem é o assassino! De qualquer forma, haverá outro. Se não foi Hermione e se foi, já que Úrsula disse que Mione lhe falou sobre um cúmplice.


                -É...


                -Nós vamos descobrir quem é esse assassino, Rony. Está na hora de desmascara-lo. E junto com ele, tiramos a prova se Hermione é culpada ou não.


                -Tem razão... Vamos agir! E não podemos sossegar enquanto não descobrirmos quem é o assassino.


                -Agora a gente vai com tudo! – exclamou Harry. – Vamos levar o culpado para trás das grades! Vamos tirar a prova!

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