O passar do tempo



As férias de natal passaram muito rápido e logo estava na hora das crianças voltarem à escola de magia e bruxaria de Hogwarts.


- Não acredito que já tenho que voltar ao colégio! – Alvo estava com os braços cruzados, ele estava bastante chateado – Queria muito ficar mais um pouco aqui em casa.


- Você sabe que é importante você freqüentar a escola para ser um grande bruxo – o homem lembrou enquanto mexia no cabelo bagunçado do filho – Além disso, nas férias de verão você volta para casa.


- Tem razão! – concordou com a cabeça – Vou estudar bastante.


- É assim que se fala – sorriu – E você James? Também não quer voltar para o colégio?


- É claro que eu quero! – o outro garoto respondeu na mesma hora – Não vejo a hora de chegar ao colégio e rever a Juliet.


Harry sorriu. Seu filho mais velho estava crescendo, isso o fazia se sentir velho, mas, ao mesmo tempo, feliz.


Os meses seguintes passaram sem maiores problemas.


No inicio de Abril o tempo estava muito bom em Londres, não fazia frio nem calor. Gina deixou sua filha na casa da mãe e foi diretamente para a redação do Pasquim, precisava muito falar com a Amiga.


- A Luna Lovergood está? – perguntou para a secretária.


- Está sim! - respondeu – Deixe-me ver se ela pode atender.


Pegou o telefone e discou alguns números. Depois passou alguns segundos olhando para as próprias unhas.


- Senhorita Luna. A senhora Gina está aqui – passou algum tempo em que ela estava ouvindo – Está bem! – colocou o telefone no gancho e virou-se para Gina – Pode entrar.


Ela agradeceu e passou pela porta, encontrou a loira sentada em sua mesa olhando alguns pergaminhos.


- Oi Gina! – ela disse sem retirar os olhos da sua leitura – Sente-se.


Ela pegou uma pena e assinou alguma coisa, dobrando o papel logo em seguida.


- O que te traz aqui? – finalmente perguntou.


- Estava precisando conversar – respondeu – Aconteceu uma tragédia.


- O que houve? – começou a ficar assustada – Foi alguma coisa na sua casa?


- Não exatamente – estava encarando os seus próprios pés – Eu estou grávida.


- E você acha que isso é horrível? – riu levemente – É uma noticia maravilhosa Gina.


- Você sabe que não tem como esse filho ser do Harry – lembrou – Se ele descobrir vai ter certeza de que eu estou traindo ele.


- Vocês dois não estão mais vivendo como marido e mulher mesmo – continuou – Vai ser até bom. Assim vocês terminam logo com essa história de viver de aparências que não esta fazendo bem para nenhum de vocês dois.


- Não é tão simples assim! – suspirou pesadamente – Não posso acabar com o meu “casamento” assim. O que todos iriam dizer.


- Está bem! – concordou por fim – Mas você tem certeza de que está mesmo grávida.


- Certeza absoluta – balançou a cabeça afirmativamente – Já tinha algumas semanas que eu estava desconfiada, então eu fui até um hospital trouxa fazer o exame – explicou – Achei mais seguro do que ir ao St Mungus. Sabe como as noticias no mundo bruxo se espalham rápido.


- Tem razão! – sorriu levemente – E o Draco, já sabe?


- Fiz o exame ontem – responde – Você é a primeira pessoa para quem eu conto;


- Acho que você deveria conversar com ele antes de tomar qualquer atitude – sugeriu – Assim vocês dois podem pensar em alguma coisa juntos.


- Tem razão! – concordou.


Levantou-se para poder sair do local. Quando chegou em frente a porta parou.


- Mais uma coisa! – virou-se novamente para a amiga – Não comente nada que a gente conversou aqui.


- Pode deixar! – garantiu.


Foi diretamente para o seu trabalho na redação do Profeta Diário. Assim que chegou à sua sala pegou uma folha de pergaminho e escreveu uma carta para Draco o chamando para almoçar. Não demorou muito para receber a resposta aceitando o convite.


- Na hora do almoço. A ruiva foi se encontrar com o homem no local de sempre.


- Vou direto ao assunto! – começou a sim que se sentaram a sua mesa e fizeram os pedidos – Não gosto de ficar enrolando.


- Pode falar! – disse.


- Eu estou grávida! – falou rapidamente – E eu quero saber o que vamos fazer.


- E você ainda pergunta? – a olhou incrédulo – Vou falar hoje com a Pansy para pedir o divórcio. Você faz a mesma coisa o Potter e poderemos morar juntos.


- Não posso me separar do Harry agora! – tentou explicar – O que eu vou falar para a minha família?


- Estou começando a pensar que você não quer ficar comigo – ficou encarando a toalha – Acho que você tem vergonha de mim.


- Você sabe que não é nada disso. Eu te amo! – segurou a mão dele – Eu te peço três meses. Para os meus filhos voltarem para casa e eu poder explicar para eles o que está acontecendo. E você também poderá explicar para o seu.


- Acho que você está certa! – concordou com a cabeça – Mas vou falar com a Pansy hoje. Não estou mais agüentando.


- Só não diga o meu nome! – pediu – Essa história não pode se espalhar.


- Pode deixar! – balançou a cabeça afirmativamente – Eu te amo!


- Eu também te amo! – sorriu antes de se beijarem.


As primeiras semanas não foi difícil para Gina esconder a gravidez do marido. O maior problema foram os enjôos, mas isso dava para disfarçar.


Mais a partir dos três meses a barriga começou a aparecer melhor e foi ficando cada vez mais difícil dizer que não estava acontecendo nada.


Uma noite, ela estava na sala de casa lendo um livro quando percebeu um barulho vindo da direção das escadas. Quando olhou para trás viu Harry indo se sentar ao seu lado.


- Finalmente a Lilian dormiu – suspirou pesadamente – Ela quis que eu contasse uma história para ela.


- Eu já disse que você mima demais essa menina – comentou – Isso não é legal. Sabe que quando ela for para Hogwarts vai estar mal acostumada.


- Ela é minha única filha! – lembrou, embora soubesse que isso não era bem verdade – E pelo jeito, vai ser para sempre.


- É verdade! – concordou.


- Sabe Gina! – a olhou de cima a baixo - Eu não pude deixar de reparar que você engordou nos últimos meses.


- Isso não é uma coisa muito gentil para se falar a uma mulher! – respondeu, não pode deixar de ficar nervosa naquele momento.


- Desculpe-me! – disse logo em seguida – Mas é verdade, eu só estou de alertando.


- Acho que você está certo! – concordou – Vou começar a fazer uma dieta.


- Está bem! – deu de ombros.


Ela não disse mais nada, apenas se levantou e foi diretamente para o seu quarto.


No dia seguinte, Rony e Hermione estavam saindo de casa para almoçar na casa do melhor amigo. Assim que pararam o carro saltaram e foram em direção a porta.


- Espera Rony! – a mulher segurou a mão dele o fazendo parar – Eu estou com vontade de comer uma torta de nozes. Quer ir comprar para mim.


- Mais agora? – fez cara de cansado – Acabamos de chegar.


- Por favor! – fez cara de cachorro sem dono – Eu queria muito.


- Será que você está grávida de novo? – rui divertido – Está agindo igual a última vez;


- É claro que não? – revirou os olhos – Agora vai lá. E não demora.


- Está bem! – riu antes de caminhar de volta para o carro.


Ela riu também antes de tocar a campainha.


- Mione? – Gina parecía espantada por vê-la lá – O que está fazendo aquí?


- Vim almoçar! – respondeu como se fosse uma coisa muito obvia – O Harry não te contou?


- É verdade! – parecia se lembrar – Espero que não se importe, mas eu estou de saída. Tenho muito coisa para fazer no profeta diário.


- Tudo bem! – balançou a cabeça afirmativamente – Eu entendo como o trabalho é importante.


Sorriu antes de voltar a caminhar.


- Espera Gina! – disse fazendo a “cunhada” parar – Você, por acaso, está grávida?


- O que faz você pensar isso! – sorriu nervosa, não sabia que já estava tão evidente.


- Pela sua cara, você parece grávida! – deu de ombros – Mas acho que eu me enganei.


- É verdade! – respondeu – Agora eu preciso ir.


Entrou na casa, foi quando viu uma menina ruiva correndo para abraçá-la.


- Tia Mione! – disse parecendo bastante feliz – Esta doida para que você chegasse.


- Que bom Lilian! – se ajoelhou em frente à menina.


- Onde está o Rony? – Harry quis saber.


- Foi comprar a nossa sobremesa – explicou – Daqui a pouco ele está aqui.


- Será que eu posso tomar conta da Dominique para você? – a garota pediu – Eu estou treinando há meses com a minha boneca.


- Está bem! – concordou – Mas toma cuidado com ela.


- Pode deixar! – a pegou a prima no colo e foi subindo a escadas bem devagar.


- Ela falou sobre isso o dia inteiro! – o moreno disse rindo – Quer parecer bastante útil.


- Ela tem que se acostumar com isso – continuou – Já que parece que ela vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha.


- Como? – não estava entendendo nada.


- É bobagem! – deu de ombros – Só achei que Gina estava grávida.


- Isso é impossível Mione! – riu.


- Por que é impossível? – não estava entendendo mais nada.


- Já estamos um pouco velhos para termos um bebê agora – explicou – Nem temos a mesma disposição para cuidar de uma criança pequena.


- Isso não quer dizer que é impossível – continuou – Pode acontecer.


- Talvez! – deu de ombros, mas não tinha a menor possibilidade.


- De qualquer maneira, acho que é bobagem minha – suspirou pesadamente – Gina disse que não está.


- Bom! – comentou – Por falar em filhos. Não acha que está mais do que na hora de contarmos a verdade sobre a Rose.


- Pela milésima vez! – falou bem baixinho, Rony poderia chegar a qualquer momento – Ainda não está na hora de contarmos.


- E quando será a hora certa! – parecia estar bastante bravo – Depois que a Rose estiver casada e com filhos.


- Quando estiver preparada eu te conto! – ficou encarando os próprios sapatos – E nós dois vamos conversar pessoalmente com a Rose.


- Já reparou o quanto o Alvo e a Rose são próximos? –lembrou – É melhor contarmos logo a verdade, antes que eles descubram que são irmãos, da pior maneira possível.


- Tenho certeza de que os dois não vão querer namorar – levantou-se – Eles são somente amigos, da mesma maneira como nós dois quando tínhamos a idade dele.


- E olhe só o que aconteceu conosco – comentou – Não nós casamos, mas acabamos tendo uma filha juntos.


- Você sabe que isso não conta! – teve vontade de gritar, mas não pode, estavam sozinhos em casa – Se não considerarmos a Rose, que é um dos maiores orgulhos da minha vida, essa noite foi um grande erro.


Ela se virou para ir embora, mas o moreno foi mais rápido a segurando pelo pulso e a puxou para mais perto fazendo com que se olhassem nos olhos.


- Um grande erro? – repetiu as palavras dela – Eu não diria isso.


Hermione começou a dar vários chutes na perna dele, que não pareciam não fazer efeito algum.


- Se aquela noite foi um erro – a apertou com mais força, estava começando a machucar – Saiba que esse foi o melhor erro da minha vida.


Foi então que ele a beijou profundamente. No inicio a morena tentou se afastar, mas acabou correspondendo ao beijo e colocou a mão atrás do pescoço dele. Depois, foram caminhando em direção ao sofá e o homem caiu por cima dela, sem nunca interromper o contato.


Enquanto isso, Rony finalmente estacionou o carro em frente a casa da irmã e do cunhado. Demorou um pouco para achar a torta que a “esposa” queria, mas, finalmente conseguiu e pode voltar.


Percebeu que a porta estava aberta, achou muito estranho, mas, mesmo assim, foi entrando, quando chegou a sala se deparou com uma cena inacreditável. Seu melhor amigo estava beijando a mulher da sua vida, estava se sentindo duplamente traído. Deixou a sobremesa em cima da mesa e foi embora antes que alguém reparasse. Iria para casa, aquilo havia acabado com o seu dia.


Harry e Hermione estavam completamente alienados ao mundo a sua volta, só conseguiam pensar um no outro e no beijo. De repente ele se separou e ficou encarando a mulher a sua frente.


- Eu te amo Hermione Granger! – sussurrou perto do ouvido dela.


- Eu te bem te amo Harry! – disse da mesma maneira.


- Vou me separar da Gina! – roçou o seu nariz no dela – E você pode se separar do Rony, assim poderemos nos casar.


- É uma boa idéia – concordou antes de voltarem a se beijar.


Continuaram dessa maneira por algum tempo. Às vezes parando para respiras, mas sempre trocando selinhos. Foi quando a morena olhou diretamente para mesa a viu a torta de nozes que havia pedido ao “marido”.


- Isso não é bom! – foi se levantando e empurrando o de olhos verdes delicadamente.


- O que houve Mione? – não estava entendendo nada.


- O Rony esteve aqui! – explicou rapidamente – A torta que eu pedi para ele comprar está aqui.


- Ele deve ter visto a gente se beijando – concluiu – Isso não é bom.


- Pode ter certeza de que não é – concordou – Acho que chegou a hora de contarmos a verdade. Sobre tudo.


- Mas agora? – estranhou.


- Quando as crianças chegarem, em uma semana! – sugeriu – Assim reunimos todos e não precisamos ficar repetindo a história.


- Concordo! – balançou a cabeça afirmativamente.


Ela decidiu pegar a filha caçula e ir embora imediatamente, não havia mais clima para um almoço.


Enquanto caminhava lentamente atrás de um beco para aparatar com segurança foi pensando em tudo que havia acontecido entre ela e Harry. Tudo que disse, foi no calor da discução e, durante o beijo, também foi sem pensar. Pelo menos era o que queria acreditar.


Quando chegou em casa, encontrou o ruivo cozinhando.


- Oi Rony! – se aproximou dele e deu um rápido beijo em sua bochecha – Por você não voltou para a casa do Harry e a Gina?


- Não encontrei a torta que você me pediu – inventou a primeira desculpa que veio na sua cabeça – E achei que você ficaria com raiva se eu aparecesse de mãos vazias.


- É claro que eu não faria isso! – rio levemente.


- Quando eu desisti de procurar a torta, fui buscar o Hugo na casa dos seus pais – continuou.


- Espero que ele tenha se divertido – comentou.


- É claro que sim! – sorriu.


- Que bom! – balançou a cabeça afirmativamente – Vou até lá em cima tomar banho deu um rápido beijo nos lábios dele antes de sair pela porta.


Ambos sabiam que o outro estava mentido, mas decidiram não falar nada. Não queriam estragar nada.

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