Querendo explicações




- Vejo que temos visita. – Elisabeth entrara na enfermaria ainda sendo carregada por Dumbledore. Harry levantou da cama bruscamente ao ver a loira entrando. Gina acompanhou seu olhar.
- O que faz aqui senhor Potter? – o diretor ajudou Elisabeth a se sentar em sua cama ficando ela de frente para Harry.
- Ele desmaiou no saguão de entrada, senhor. Eu o trouxe pra cá pra que Madame Pomfrey pudesse medicá-lo. – respondeu Gina.
- E fez muito bem senhorita Weasley, mas não acho que seja necessário que a senhorita permaneça com o senhor Potter, pode ir pra sua sala. – a menina lançou um olhar preocupado a Harry enquanto o diretor a guiava até a porta.
- Tendo mais ‘visões’, Potter? – sussurrou Elisabeth com um sorriso desdenhoso, de forma que apenas o garoto conseguiu ouvi-la.
- Precisamos conversar!
- Não, não precisamos!
- Não estou pedindo! – ameaçou Harry. Elisabeth ergueu a sobrancelha nitidamente fascinada pela atitude dele.
- Que bom que o senhor a trouxe de volta diretor. Mais um pouco e terei que conjurar umas algemas pra mantê-la nessa cama. – Madame Pomfrey encaminhava-se para a cama de Elisabeth trazendo um frasco de sua poção. – Aqui... – ela lhe estendeu, a mulher pegou o frasco e bebeu todo seu conteúdo devolvendo-o em seguida para a enfermeira, em nenhum momento desviou seus olhos dos de Harry e ele fazia o mesmo. O diretor olhava deslumbrado o modo como ambos se encaravam, a forma como nenhum dos dois tinha a menor intenção de ceder. – Muito bem. E agora, a senhorita deve permanecer deitada. Repouso é essencial no tratamento. E quanto ao senhor, senhor Potter, creio que já possa retornar para a sua aula. Mas se sentir algum mal-estar novamente, venha me procurar, o.k.?! – Harry abriu a boca para responder, porém foi interrompido pela voz de Elisabeth que ecoou forte pelo aposento.
- Tempus Petrificus!
Harry olhou a sua volta e percebeu que todos presentes naquela sala haviam sido paralisados, parecendo bonecos de cera. Mas algo estava errado, ele conseguia ouvir passos e vozes e uma sensação de ânsia se instalou em sua barriga como se a qualquer momento pudesse vomitar. Ele olhou novamente para Elisabeth que permanecia sentada na cama olhando-o.
- Pergunte! – ela ordenou com um olhar desafiador brincando com a varinha de Harry entre os dedos.
- Isso foi magia das trevas. Você não pode usar isso em Hogwarts. Quem você pensa que é? – Harry parecia consternado, a ânsia não havia passado e sua cabeça começara a doer fraca, mas incessante.
- A questão não é ‘quem eu penso que eu sou’, mas ‘quem eu sou’! E francamente, garotão, eu te dou a chance de perguntar qualquer coisa e tudo o que consegue é ‘quem você pensa que é’?! É... acho que te subestimei de mais. – ela levantou a varinha para desfazer o feitiço.
- Espere! Eu tenho uma pergunta.
- Espero que seja mais inteligente que a última. – ela baixou a varinha, harry acompanhou com os olhos tentando entender como ela conseguiu retirar a varinha dele sem que percebesse.
- Apesar de ser um feitiço forte, ele não dura eternamente. - falou ela impaciente.
- Porque eu ando tendo visões sobre seu passado? Porque Voldemort quer tanto ver seu passado.
- Voldemort não precisa ‘ver’ meu passado pra saber o que acontece comigo. E se você está tendo estas visões pode ter certeza que não é obra Dele.
- então porque...
- Porque eu quero! Eu precisava ar uma olhadinha no seu passado pra saber com quem eu iria trabalhar, e como você deve imaginar, nada vem de graça. Eu abri minha mente pra conseguir penetrar na sua sem precisar usar Legiminencia, e com isso permiti que você entrasse na minha. Era um risco que eu estava disposta a correr, afinal o que um fedelho como você poderia fazer com as situações que via? Claro que tive que tomar umas precauções para que acessasse apenas aquilo que estava liberado pra ti, mas quando você viu Sam eu notei que havia ultrapassado esse limite, e fui obrigada a parar.
- Mas não deu certo! Agora a pouco eu te vi, com Sirius, no dia que ele foi preso. – Harry pôde perceber uma sombra de tristeza passar pelos olhos de Elisabeth, que respirando fundo, abriu um sorriso forçado e continuou como se nada a abalasse.
- Bem... nem tudo sai como planejado. Mas obrigada por me avisar, tomarei providências. Se não tem mais nada a dizer... – ela levantou a mão e Harry segurou seu pulso impedindo-a de continuar.
- Seu filho... quem é o pai?
- Como?
- Sirius é o pai, estou certo?!
- Não. Ele não é.
- Está mentindo.
- Não, meu marido é o pai. – ela se levantou indo até a porta da rua. Harry a seguiu. Os corredores estavam apinhados de estátuas humanas. Todos em poses bizarras e hilárias. Elisabeth passava rápido por eles desviando de todos.
- Você nem era casada quando aqueles homens invadiram tua casa.
- Como você pode saber? Hum? Não se esquece que você só via o que eu queria que você visse.
- Não aquela cena. Você mesmo disse.
- O que você quer, garoto? – ela parou de repente encarando Harry, a raiva crescendo em suas palavras. – Porque está tão obcecado em saber sobre minha vida ou do meu filho? Porque não coloca toda essa vontade... toda essa determinação em algo mais produtivo, como, achar o paradeiro de Voldemort, por exemplo?!
- Talvez porque eu seja igual a você. – ele devolveu o sorriso desdenhoso dela.
- Não! Você é “O Eleito” e eu não passo de um coadjuvante nessa história toda. Alguma semelhança entre nós? Não, nenhuma. Você é garoto bonzinho, pronto pra ajudar qualquer velinha a atravessar uma rua, enquanto, meu querido, sou aquela que empurra a velinha apenas pra ver seu corpo sendo arremessado longe. Definitivamente, não somos iguais.
- O.K. mas isso não responde minha pergunta. – insistiu Harry.
- Por Cristo... – ela olha ao seu redor e começa a gritar pras estátuas humanas. - Eu juro que da próxima vez que alguém vier me propor algum negócio relacionado com adolescentes inúteis apenas pra salvar minha alma, eu vou preferir passar a eternidade ardendo no inferno. Com certeza lá, não terei nenhum pentelho atrás de mim. – ela olhou novamente pra Harry. – Você quer saber se Sirius é o pai. Sim. Ele é o pai. Uau, isso ajudou muito a acabar com Voldemort. E agora, quer saber como nós nos conhecemos? Ou talvez esteja mais interessado nas noites que passamos juntos.
- O que aconteceu com Sam? – Harry não dava bola pras provocações de Elisabeth, não sabia por que, mas precisava saber o que acontecera com aquela criança. Afinal, ela era uma lembrança viva de Sirius, e ele não poderia simplesmente deixar aquela mulher lhe negar esse conhecimento.
- Você quer saber o que aconteceu com Sam? Você quer realmente saber o que aconteceu com Sam? – Harry concordou com a cabeça. Elisabeth o olhou raivosa e completou entre dentes – Me deixe mostra-lo...
E largando a varinha de Harry no chão, ela segurou o rosto do garoto com ambas as mãos. Nesse instante uma forte dor invadiu a cabeça de Harry, como se uma faca atravessasse seu crânio, e sem agüentar fechou os olhos soltando um grito ensurdecedor, enquanto agarrava as mãos de Elisabeth que continuavam firmes segurando-o. Harry sentiu o mundo a sua volta rodar e aos poucos imagens confusas surgiram em sua mente como se ele penetrasse num arquivo particular daquela mulher. Imagens desconexas deslizavam diante de seus olhos, até que a imagem certa parou e ele pode ver com mais nitidez o que acontecia.

Ele se encontrava novamente na sala de uma grande casa. Ele olhou a sua volta e viu Elisabeth segurando a maçaneta e o momento exato em que a porta explodiu fazendo o corpo dela e de Sam serem jogados até a parede oposta.
Sam chocou-se com uma coluna de madeira que havia no meio da sala, arrebentando-a e fazendo os escombros caírem sobre seu pequeno corpo. Elisabeth havia se chocado com um armário onde continha um computador e vários livros. O gesso que ornamentava o teto da sala descolou com a explosão indo de encontro aos dois, assim como a mesinha de canto e os restos da porta.
Elisabeth levantou a cabeça com dificuldade e olhou para o lado a fim de ver onde seu filho estava. Ao tentar se mover foi impedida pela perna esquerda que estava prensada com o peso de armário e um pedaço do gesso. Ela gritou de dor ao tentar puxar a perna. Sam continuava imóvel, para seu desespero. Neste momento cinco homens munidos de armas pesadas invadiram o local e caminharam sobre os pedaços de gesso e madeira.
- O garoto. Levem o garoto. – um policial falou enquanto olhava pro corpo inerte a sua frente.
- NÃO! ACCIO VARINHA! – Elisabeth tentava em vão localizar sua varinha em meios aos destroços. – ACCIO VARINHA! – vendo que não conseguia girou o corpo tentando soltar a perna, a dor insuportável a invadindo. Ela viu quando dois homens retiraram Sam e o levaram para fora da casa. – NÃO! SAM! SAM!ACCIO VARINHA!
O policial se aproximou da mulher e pisou em sua mão que estava estendida tentando desesperadamente chamar pela varinha.
- Sua desgraçada! – ele murmurou e com o cano de sua espingarda ele acertou-a na cabeça fazendo-a desmaiar instantaneamente.

Harry sentiu seu corpo ser puxado de volta, mas ao invés de Hogwarts, ele encontrava-se numa sala totalmente acolchoada e branca. Na sala havia apenas uma cadeira simples de madeira onde Elisabeth encontrava-se sentada, agarrada aos próprios joelhos, olhando catatônica por uma janela gradeada sem vidro, com os cabelos sujos e emaranhados e vestindo uma camisola de hospital branca. Harry pode notar uma lágrima escorrer pelos seus olhos que fitavam além daquela paisagem árida do Texas.
- Você vai se entregar assim? – Harry se assustou com a voz de Dumbledore invadindo o lugar, e ao virar-se se deparou com ele mais jovem olhando bondosamente para a mulher que parecia nem notar sua presença. – Isso não vai trazer Sam de volta, e eu sei que essa é a única coisa que você realmente quer nesse mundo. – ele se aproximou vagarosamente dela ajoelhando-se a sua frente e colocando as mãos sobre seus joelhos. Mesmo assim ela continuava perdida no nada. – Eu sei que é difícil, mas você precisa tentar. Elisabeth, você precisa tentar.
- O tempo acabou, velho! – o policial que Harry havia visto anteriormente abriu a porta do quarto e entrou seguido por dois enfermeiros, ambos foram até a mulher. Um deles segurou-a enquanto o outro levantava a manga de sua camisola e passando um algodão com álcool, segurou seu braço e aplicou-lhe uma injeção. Harry viu quando Elisabeth fechou os olhos e abriu-os mais vazios do que antes.
- Isso é realmente necessário? – perguntou Dumbledore.
- Não é da sua conta. Acabou a visita.
E contrariado Dumbledore deixou o local juntos dos enfermeiros. O policial aproximou-se de Elisabeth e sorrindo sussurrou em seu ouvido.
- Não se preocupe boneca. Estamos cuidando muito bem do seu filinho. – ele passou a mão pela sua perna. – Nos vemos mais tarde. – num momento Harry pode ver o policial segurar a maçaneta da porta e no outro momento Elisabeth enfiava o pé da cadeira em suas costas. Harry não sabia como, mas tudo aconteceu rapidamente, ela havia reagido, quebrara a cadeira e pulara sobre o policial que agora tinha o seu sangue escorrendo e manchando o chão.
- Seu desgraçado! – Seus olhos estavam vidrados. Ela deixou o corpo dele cair aos seus pés e apoiando-se nas paredes caminhou pelo corredor escuro sabendo que estava sendo vigiada.

Harry sentiu seu corpo ser puxado mais uma vez, e ao abrir os olhos percebeu que estava novamente no ‘museu humano’ de Hogwarts. Elisabeth soltou seu rosto e ambos caíram ajoelhados no chão, extremamente cansados e sem fôlego. Encarando um ao outro. Harry sentiu a cicatriz pulsar violentamente e fechou os olhos. Quando reabriu o feitiço havia passado e as pessoas voltaram a se mexer como se não soubessem o que havia acontecido a elas. Elisabeth já não estava mais ali. Harry levantou com dificuldade, suando e olhou em todas as direções, mas a mulher desaparecera.

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N/A: Gente desculpe a demora pra postar, mas é que tive um problema enorme pra resolver e acabou tomando muito meu tempo, mas prometo não demorar tanto pro próximo capítulo, o.k.?!

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