1 vez comensal, sempre comensa
Sala de Dumbledore. Lúcio Malfoy andava impaciente de um lado a outro, sua bengala batendo fortemente no chão enquanto falava rudemente ao diretor que permanecia sentado em sua poltrona olhando-o de forma inabalável.
- Isso é um absurdo. Quais são as garantias que você me dá de que meu filho não será atacado novamente?
- Senhor Malfoy, posso lhe dizer que esse ataque não passou de um acidente lamentável...
- Um acidente lamentável?! – ele bateu com força as mãos sobre a escrivaninha de Dumbledore. – Rá! Agora só falta me dizer que aquela infeliz não teve nada a ver com esse ‘acidente lamentável’
Dumbledore levantou-se bruscamente e Malfoy empertigou o corpo num sinal de imponência ao diretor.
- A senhorita Prym retirou seu filho do lago. Salvou a vida de Draco arriscando a sua própria. É revoltante que palavras como essa possam ser ditas sobre ela, ainda mais em minha sala.
- Revoltante é receber uma coruja em minha casa avisando que meu filho sofreu tentativa de assassinato dentro do lugar onde aurores estão vigiando.
- Pode ter certeza senhor Malfoy que esse incidente apenas nos alertou para uma brecha em nossa segurança. E como o senhor pôde constatar por si só, ao passar pelos nossos portões, temos os melhores aurores encarregados dela. Providências estão sendo tomadas quanto a isso. Não há porque se preocupar. Hogwarts continua sendo o lugar mais seguro pro seu filho estar hoje, senhor Malfoy. – a voz do diretor era calma, porém forte.
- Seguro? – ele abriu um sorriso cínico – Bem, acho melhor o senhor rever o conceito que tem sobre isso.
- Concordo com Lúcio! – a voz de Elisabeth interrompera completamente a conversa. Ela entrara na sala do diretor, ainda com um aspecto doente, seu rosto mais pálido que o normal, olheiras profundas marcando seus olhos verdes e um resquício da mancha negra persistindo sobre o ferimento em seu ventre. – Se alguém consegue alterar o curso das coisas bem debaixo do nosso nariz, então Hogwarts deixou de ser um lugar seguro há muito tempo.
- Senhorita Prym, a senhorita não está em condições de deixar a enfermaria. Peço que retorne imediatamente e saia de lá apenas quando não restar vestígios de Sadic em seu sangue.
- Não se preocupe Dumbledore, me sinto ótima. Melhor que nunca pra lhe ser sincera.
- Sua aparência diz o contrário. – insistiu Dumbledore indo até a porta de sua sala e abrindo-a indicando a saída a Elisabeth.
- As aparências enganam! – respondeu ela decidida a permanecer na sala. – E se nosso amigo aqui tem alguma coisa contra a minha presença neste castelo prefiro que fale na minha cara e não pelas costas como estava fazendo. – disse ela lançado um olhar vingativo para Lucio.
- Ouvindo atrás das portas, Elisabeth? O que diria seu pai se a visse agindo assim?! – respondeu Lucio abrindo um sorriso desdenhoso. Dumbledore vencido pela garota retornou a fechar a porta.
- Provavelmente papai teria me deserdado. Mas se não me falha a memória, acho que ele já fez isso. E quer saber... estou cagando e andando para o que ele faz ou deixa de fazer.
- Sempre muito espirituosa.
- Obrigada! – ela fez uma breve reverência debochadamente o que arrancou um riso frio de Lucio.
- Sabe fico pensando...como Dumbledore pôde te aceitar de volta a esta escola depois de tudo o que você fez. É muita coragem. Eu não me admiraria se tu mesmo não tivesse atiçado a Lula Gigante pra atacar meu filho, já que ele próprio disse que você o andou ameaçando.
- Senhor Malfoy! – interrompeu Dumbledore – Acho um tanto impertinente o senhor vir ao meu escritório e insultar meus funcionários sem nenhum fundamento ou prova concreta da acusação.
- Achei que a palavra de um aluno era suficiente Dumbledore, já que o senhor teima em ouvir as mentiras de Potter.
- Desculpe, mas devo lembrar que estamos falando do seu filho. – disse Elisabeth levantando a mão como se tivesse pedindo a palavra – e se ele puxou aos pais, que é o mais óbvio se tratando de Draco, acho que a palavra dele é meio duvidosa.
- Eu não admito que fales do meu filho na minha presença. Seu passado não a faz tão inocente assim Elisabeth pra querer acusar alguém.
- Meu passado? E quanto ao seu passado? Dumbledore sabe quem você é? Lucio?!
- Pra mim chega! – ele vira-se para Dumbledore – eu tenho contatos no Ministério e é só estalar os dedos e tiro você desse cargo seu velhote. É só meu filho aparecer com um arranhão que seja e você diz adeus a tudo isso. – ele apontou a sua volta com a bengala.
- Seu... – Elisabeth foi partir pra cima de Lucio, porém Dumbledore segurou delicadamente seu braço.
- Se não tem mais nada pra dizer senhor Malfoy... – ele apontou a porta.
Sem responder, apenas lançando um olhar assassino para Elisabeth, Lucio sai da sala do diretor batendo forte a sua bengala.
- Aquele filho da mãe. Quem ele pensa que é?
- Agora, a senhorita fará o favor de retornar a enfermaria pra terminar de tomar as poções, e quero vê-la novamente apenas quando estiver completamente curada.
- Professor, o senhor não vai querer que eu fique deitada numa cama enquanto lulas andam atacando os estudantes.
- Não estou pedindo senhorita Prym! – ela abriu a boca pra contestar, mas fechando-a novamente, muito contrariada, ela sai do escritório deixando o diretor pra trás com um ar preocupado no rosto.
Ao passar pela gárgula, Elisabeth seguiu pelo corredor correndo a fim de alcançar Lucio. Não demorou muito para conseguir, rapidamente ela se postou na frente dele impedindo que ele continuasse caminhando. Com uma dor dilacerando sua pele, Elisabeth se curvou colocando a mão sobre o ferimento antes de se endireitar e perguntar num tom defensivo.
- O que você faz aqui? E não me venha dizer que veio até aqui ameaçar Dumbledore porque eu te conheço muito bem Lucio, você não é de dar ponto sem nó.
- Você deveria escutar Dumbledore. Isso está com uma cara horrível. – falou ele apontando com a bengala para o ferimento de Elisabeth onde a mancha preta começava a se alastrar pela barriga novamente, bem lentamente.
- Não mude de assunto Lucio. Você sabe muito bem do que estou falando. – cuspiu ela sentindo a raiva crescer dentro do peito. – aposto mil galeões como você veio até aqui só pra confirmar se realmente eu tinha voltado.
- Quanta imaginação! Mas não, eu vim aqui unicamente pra ver meu filho.
- Porque isso me soa tão falso? Você só liga se teu filho vai seguir seus passos no futuro. Se ele vai ser mesmo um Comensal da Morte.
- Você está ultrapassando uma linha perigosa, Elisabeth. – ele falou num sussurro frio.
- Acho que já ultrapassei essa linha há muito tempo, Lucio. E pode ter certeza que eu só descansarei quando pegar cada um de vocês com minhas próprias mãos.
Ao ouvir isso, Lucio empurrou-a com violência contra a parede, apertando seu pescoço com o braço. Elisabeth sentiu como se sua pele estivesse rasgando tamanha queimação. Com o rosto a centímetros de distância de modo que Elisabeth conseguia sentir o bafo quente que saia de Lucio, ele tornou a falar entre dentes.
- Acho que você não está em condições de ameaçar ninguém, pequeno diamante. – ao ouvir isso Elisabeth tentou empurrar Lucio pra longe de si, mas por estar debilitada ele logo a atirou novamente contra a parede. O choque contra o concreto fazendo a dor aumentar.
- Gente da sua laia me enoja. – ela falou a respiração totalmente descompassada.
- Gente da nossa laia! Não esqueça disso. Não é porque você mudou de lado que deixou de ser quem é. Você joga sujo, tem sede de sangue, de vingança, você é mais podre do que qualquer um de nós. – ela não respondeu seus olhos verdes penetrando nos olhos azuis de Lucio.
- Achei que já estivesse saído do castelo senhor Malfoy! – ao ouvir a voz de Dumbledore atrás de si, Lucio largou Elisabeth que, por não sentir mais as pernas, caiu sentada no chão. Encostando-se à parede ela levantou com dificuldade, a mão sobre a ferida. Seus olhos se cruzaram com os de Lucio uma segunda vez.
- E então? – insistiu Dumbledore, Lucio apenas girou sobre os calcanhares e seguiu seu caminho. – Eu não devia ter deixado você sair sozinha. – ele passou o braço dela pelo pescoço e a guiou até a enfermaria. Ambos permaneceram calados pelo percurso.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!