A Bad Dream



Demorei a me levantar. Sentia-me extremamente derrotada. Derrotada e burra. E inútil e indesejada. Mas algo não me tirava da cabeça que eu havia mexido, mesmo que pouco, com Pat. E uma parte minha sentia pena de Robert, mas uma parte bem maior não me deixava pensar nele direito.


O dia passou arrastado, tudo foi chato, eu estava muito aérea. Não consegui me concentrar completamente em nada.


Algumas meninas brincaram, dizendo que estava assim de saudades de Robert. Elas talvez tivessem razão, se ele não tivesse viajado eu não teria voltado a pensar tão constantemente em Pat.


Enfim voltei para o quarto dos meninos e me deitei na cama de Robert. Fechei os olhos e tentei sentir seu cheiro, seu abraço. Impossível, ele estava longe, muito longe. E então ouvi a porta se abrir e, continuando de olhos fechados eu imaginei Robert olhando para mim e sorrindo, caminhando em minha direção, sentando-se ao meu lado e... Acho que por desejar tanto senti a cama pesar, como se alguém estivesse ao meu lado.


- Você está bem? – Patrick me perguntou.


Eu abri os olhos e olhei para o que eu desejava ser Robert.


- Fome. – Eu disse.


- Onde estão seus chocolates? – Pat me perguntou.


- No bolso do casaco, em cima da cama de Alex. – Eu disse.


Pat foi lá e, ao enfiar a mão no bolso do casaco retirou um pergaminho. Aquele pergaminho. O pergaminho da nossa conversa. Aquele que eu completei com “Apenas esteja sempre em algum lugar que eu possa te encontrar. Eu te amo.” Fingi que não vi que ele lia e fechei os olhos.


- Sofia? – Ele me perguntou.


- Hm.


- Você sente falta do Robert? – Ele me perguntou sério, com as mãos no bolso da calça e olhar, posso até dizer, aflito.


- Porque você está perguntando isso? – Eu me sentei na cama.


- Só responda.


- Eu não sei.  Ás vezes eu acho bom ele não estar aqui, ás vezes sinto a falta dele. – Eu respondi.


Ele ficou em silêncio.


- Isso te incomoda? – Eu perguntei.


- Sim. – Ele respondeu. – Muito.


- Por quê?


- Porque você sente algo por ele. Quando você diz isso... Eu te conheço. E isso dói. – Patrick disse se sentando na cama, de costas para mim.


Eu caminhei até e parei na frente dele. Honestamente não sabia o que fazer, até que ele abraçou minhas pernas e acomodou sua cabeça na minha barriga. Eu comecei a fazer carinho no cabelo louro dele.


- Olhe pra mim. – Eu disse.


Ele olhou. Eu sorri.


- Ele não é você. E nunca seria. – Eu disse.


- Isso conta pontos positivos para mim ou para ele? – Pat me perguntou.


Eu não soube responder, então eu apenas o beijei.


Certo, eu sabia que não deveria ter feito isso, eu tinha que respeitar o Robert, mas mesmo assim... A pressão era muita e, beijando Pat eu não precisaria respondê-lo.


Ele imediatamente me puxou para o colo dele, e, delicadamente me deitou na cama. Aquele beijo clareou tudo... Não precisou muito tempo pra milhões de pensamentos encherem minha cabeça. É estranho escrever isso, e muito clichê, mas a mais pura verdade: Tudo nele encaixava perfeitamente em todos os atributos que eu procurava em alguém para manter perto. O beijo dele era perfeito, delicado e ao mesmo tempo de tirar o fôlego. Eu honestamente cabia perfeitamente em seus braços, nós completávamos as frases um do outro, ele me conhecia melhor do que Robert qualquer dia pudesse me conhecer. Até o jeito como ele me irritava... Era o jeito que eu gostava de ser irritada, que me fazia querê-lo mais. (Eu sei, eu sou estranha.) Então eu parei de beijá-lo.


- O que foi? – Ele disse olhando em meus olhos.


Ele estava em cima de mim e eu não sentia nenhum peso.


- Ele não é você e isso é muito ruim para ele. – Eu disse. – Significa que ele não vai conseguir me segurar por muito tempo por mais doce e lindo que ele seja.


- Isso é bom. – Ele disse sorrindo e se deitando ao meu lado, me abraçando.


- Pra você. Pra mim é ruim, para Robert ruim... – Eu disse.


- Para você é ruim? – Ele me perguntou.


- É. Claro que é. Não muda nada, pelo menos com Robert eu não estou sozinha...


- Você não está sozinha. – Ele disse.


- Claro que estou. – Eu me levantei, ficando sentada na cama. – Você simplesmente não age na frente dos outro como você age quando estamos nós dois. Essa é a coisa que mais me faz sentir que estou sozinha.


- Você não entende, não é mesmo? – Ele me disse enquanto também se sentava na cama. – Você sabe a quanto tempo Robert fala sobre você? Sobre tudo que ele acha de você? Sabe quanto tempo ele demorou a conseguir criar coragem para te convidar para sair? Muito. E tudo por culpa minha. Eu tentei impedi-lo.


- Quanto tempo Patrick? – Eu perguntei nervosa.


- Pelo menos uns seis meses. – Eu disse.


- Porque você nunca me disse?


- Porque eu sou egoísta. – Ele me disse com um tom de arrependimento. – Eu te quero só para mim.


- Desculpe, não entendi. – E não havia entendido mesmo, aquelas duas frases haviam sido vagas e profundas.


- Eu não podia deixar ele chegar perto de você. Ele é um cara legal, você ia acabar se apaixonando por ele e eu não podia deixar isso acontecer. – Ele disse.


- Por quê? – Eu perguntei. – Não me venha com a desculpa de “ciúme de irmão”.


- Porque eu te amo. – Ele disse sem hesitar.


- Desde quando? – Eu gritei e me levantei da cama.


- Eu não sei.


- DIGA! – Eu gritei.


- Eu não sei!  - Ele disse e se levantou.


- Eu dormia na mesma cama que você achando que você era simplesmente meu amigo e você sentia algo mais? – Ele não respondeu. – RESPONDA!


- SIM. – Ele gritou. – Eu nunca fiz nada, você sabe que eu sempre agi como sempre.


- Você mentiu para mim. - Eu disse realmente chateada.


- É, menti. Pelo bem da nossa amizade. – Ele respondeu.


Certo, fazia sentido, mas eu estava nervosa.


- Eu te odeio. – Eu disse.


- O que?


- Esse tempo todo fingindo ser só meu amigo? Você tem idéia do mal que você me fez? Eu não posso confiar em você mais! – Sim, sou dramática.


- Eu ainda sou o mesmo Patrick. – Ele me disse.


- Não! – Eu comecei a chorar. – Você mentiu para mim.


- Você quer a verdade? – Ele falou alto e me segurou pelos braços, sem apertar, mas me forçando a olhar-lo nos olhos. – Aqui vai ela: Eu te amo desde quando eu não fazia nem idéia do que era amor. Quando eu descobri como realmente me sentia sobre você, você já era minha melhor amiga e, eu tive medo. Medo não só de rejeição, mas de tudo mudar, de você agir de forma diferente se eu dissesse “Eu te amo”. Eu preferi não arriscar. Pelo menos não sóbrio...


Ele parou de falar e me soltou.


- Eu... Sinto muito? – Eu não sabia o que dizer.


- Esse era exatamente meu medo. Agora vá. – Ele disse.


- O que? – Eu claramente não queria acreditar que ele havia me mandado embora.


- VÁ! – Ele gritou comigo.


Meus olhos se encheram de água e eu o obedeci.


Eu não dormi aquela noite.
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Queridos leitores, desculpe a demora! Mas o vestibular está aí e eu estou super corrida :/
Mas aqui está o capítulo 10, espero que gostem e comentem!

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