Where is the party?
Finalmente o dia da festa havia chegado. Eu havia passado o dia inteiro me arrumando, cremes, produtos para cabelos, pele e tudo mais. Claro que fiz isso no banheiro dos monitores que ninguém usava, para evitar o transtorno que seria o banheiro do meu quarto. Claro que a Murta me irritou muito, mas sabia que ela me irritaria menos que as minhas companheiras de quarto. As meninas deveriam estar falando sobre coisas as quais eu não dou a mínima. Eu voltei para o quarto com meu cabelo (que não era longo como o da maioria das meninas) alisado. Ele batia no ombro. O de todas as meninas “populares” da escola iam até no mínimo a metade das costas. O meu ia até meu ombro, e só se eu o esticasse bem. Estava quase na hora que havia combinado com os meus meninos. Sai correndo da sala precisa com o cabelo arrumado. Patrick e Alex estavam prontos me esperando na porta do quarto das meninas. Eu sabia que era uma desculpa para ver como as minhas companheiras de quarto estava, por isso eu passei por eles apenas dizendo “Quinze minutos”.
Entrei no quarto, estava sozinha e suspirei de alívio. E me maquiei. Eu fiz meu olho completamente preto, cílios bem longos, blush rosa, batom da mesma cor. Passei meu perfume, vesti meu vestido, calcei meus sapatos e, catorze minutos depois sai do quarto.
- Uau. – Eles disseram juntos.
- O que? Nunca me viram arrumadas antes? – Eu perguntei.
- Creio que não. – Patrick disse.
Acho que aquela foi a primeira vez durante o meu ano todo que eu não entendi o que ele havia dito. Todo o ano não, toda a vida. Mas é claro que eu ignorei. Era mais fácil, não é?! Patrick estava com a camisa branca, calça jeans e all star azul marinho, como eu havia lhe dito para ir. Alex usava uma camisa pólo azul clara, calça jeans e all star branco. Os dois cheiravam aos perfumes comprados com a intenção de atrair meninas.
Eu sorri e dei o braço para os dois.
- Vamos. Está tarde. – Eu resmunguei.
- Talvez. – Patrick completou.
Caminhamos silenciosamente para chegar onde seria a festa: Sala Precisa. Entramos e a festa estava super agitada. Mal se conseguia diferenciar as pessoas que dançavam na pista de dança. Bandejas com bebidas diferentes flutuavam pelo salão cheio de cores e pessoas. A música estava alta o suficiente para me fazer querer dançar.
-Eles conseguiram ser diplomáticos dessa vez. – Simon disse chegando por trás de nós três. – São dois DJ’s, um trouxa e um bruxo, intercalando músicas.
Eu sorri e o cumprimentei com o beijo na bochecha que foi forçado e no susto.
- Oi Simon. Esses são Patrick e Alex. – Eu apresentei os meus meninos para ele.
- Grande astro do quadribol, Alexander Clark! – Simon apertou a mão de Alex. – Eu não sou muito do quadribol, mas ouvi falar muito de você.
Ele apertou a mão de Patrick apenas dizendo “Muito prazer.”, o que deve ter ferido o orgulho de Pat, se bem o conheço.
- Bem, posso pegar algo para você beber? – Ele me perguntou.
- Ela está bem. – Patrick disse. – Nós vamos dar uma volta ok?
Ele passou a mão pela minha cintura me puxou.
- O que foi isso? – Eu perguntei sem entender. – Me solta...
- Ele estava dando em cima de você Sofia. – Pat disse.
- Nós não gostamos disso. – Alex completou. – Irmã mais nova não pode crescer tão rápido.
- Eu já cresci. – Eu disse.
Um cara que devia estar no sétimo ano passou por mim e assobiou.
- Viu! – Eu disse.
Patrick ficou sem reação. Alex quase voou para cima do cara. Por sorte eu o segurei a tempo com uma força que eu não sabia que tinha.
- Parem. – Eu disse. – Sério, isso está ridículo. Eu não fico com ciúmes das menininhas se jogando em vocês dois!
- É diferente. – Patrick disse.
- É machismo. – Completei pegando uma taça de uma das bandejas que flutuavam por aí. Virei as costas e fui dar uma volta pelo salão.
- Aonde você vai Sofia? – Alex perguntou.
- Por aí.
Caminhei sozinha durante um bom tempo, até Carmem me avistar. Ela usava um vestido branco e bem curto. Os cabelos cacheados estavam com uma presilha de strass de flor. Usava um sapato de salto muito alto preto.
- Gostei do vestido. – Ela disse.
- Obrigada. – Eu disse em resposta. – Gostei do seu também. – Menti.
- Está andando sozinha? Milagre... – Leve espetadinha, não é mesmo Carmem?!
- Os meninos estão para lá sendo assediados por milhões de menininhas. Algo que me irrita. – Eu disse bebendo um gole do drink que havia pegado. Era doce, muito doce.
- Entendi. Vamos, as meninas estão ali com os meninos da Corvinal. – Ela me convidou e eu resolvi acompanha-la. Talvez Simon estivesse lá.
E estava.
- Para quem não conhece essa é a Sofia. – Carmem disse.
Eu sorri para as pessoas e Simon piscou para mim. Eu não sabia o que a piscadinha significava, mas considerei algo bom.
Conversavam sobre banalidades. Coisas que eu não me sentia a vontade de conversar com eles. Só com Alex e Patrick. Olhava a meu redor procurando um dos dois sem querer admitir. Odiava aquela situação.
Finalmente meus olhos se cruzaram com o de Pat. Ele sorriu para mim, eu revirei os olhos. Daí se aproximou.
- Não vou te pedir desculpas. Prometo apenas nunca fazer nada parecido. Ou pelo menos tentar. – Ele me disse.
- Isso é um pedido de desculpas? – Eu perguntei.
- É. – Ele se rendeu.
- Onde está Alex? – Eu perguntei.
- Com a “galera” do quadribol. – Patrick zombou.
Eu ri. Patrick colocou seu copo em uma bandeja que passou por nós e retirou outro.
Começou uma batida que nós dois conhecíamos muito bem.
- É “Time of my life”? – Patrick me perguntou e eu sorri. – É não é?!
- Vamos! – Eu o peguei pela mão.
Havíamos passado nossas férias ouvindo essa música o tempo todo.
- Você não vai me fazer dançar! – Ele disse.
- Vou sim! – Eu disse começando a dançar. – Finge que você é o Patrick Swayze! Até o nome parece.
- E você quem?! A Baby? – Ele me perguntou me provocando.
- Idiota. – Eu respondi parando de dançar.
- Tudo bem. Vamos. – Ele disse.
Continuamos a dançar. Eu adorava dançar. Desde pequena. Quase morri quando tive de abandonar o balé para vir para Hogwarts. Era minha paixão. Mas já passou.
Enquanto a música tocava e eu e Patrick dançávamos, eu ignorava o fato de eu mudar, ficar longe dos meus amigos e tudo mais. Estavam longe todos os meus problemas. Mas a música acabou e começou outra que eu não conhecia. Eu sorri para Patrick e lhe disse:
- Vá procurar sua menina. – Eu lhe dei um beijo na bochecha e sai.
Fui para uma sacada que eu ainda me pergunto como estava dentro da sala precisa. Peguei mais um copo em uma das bandejas flutuantes e bebi. Aquele momento serviu para refletir em tudo que estava acontecendo. Tudo que eu estava evitando na hora da dança.
Eu poderia chorar se me esforçasse. Mas eu sorri. Aquele meu sorriso triste que estava substituindo todas as lágrimas que eu queria derramar.
Eu observava as pessoas dançando, se abraçando e se beijando e rindo e se divertindo e eu fiquei pensando em como eu, presa no meu mundinho protegido por Patrick e Alex não havia conhecido pessoas.
Eu havia beijado uma vez. Um cara em uma festa quando viajei com minha mãe para a França nas penúltimas férias. Eu não me lembro seu nome nem faço questão. Ele não foi nada além de um cara e não seria mais que isso.
De longe eu vi o Patrick beijando mais uma menina. Era uma menina da Corvinal chamada Rachel.Perdi Alex de vista depois de um certo tempo.
Simon estava com a Carmem. Surpresa não? Não. Ele é um cara e ela é gostosa. O que é que eu poderia fazer?
Aliás, como é que eu iria viver na França? Eu estava tão sozinha naquele momento, mas eu não me importava porque mesmo sozinha meus amigos estava a poucos passos de mim.
Patrick se aproximou e se sentou ao meu lado.
- Eu estou bêbada. – Eu disse.
- Eu também. – Ele me respondeu.
- Quem era a garota? – Perguntei empurrando-o com meu ombro.
- Ninguém importante. – Ele respondeu colocando sua cabeça no meu colo.
Eu passei a mão em seus cabelos loiros, fazendo-lhe carinho.
- Isso é bom. – Ele me disse enquanto fechava os olhos.
Eu apenas sorri em resposta. Uma bandeja passou e eu peguei outra bebida. Dei um grande gole, ela era mais forte que as anteriores. Mesmo assim a bebi inteira.
Mal terminei a taça começou a tocar uma música que eu conhecia e muito bem. “Best of you” do Foo Fighters. Acordei Pat, que havia cochilado lhe perguntando bem perto de sua orelha se ele estava ouvindo que música estava começando a tocar.
- Claro. – Ele respondeu abrindo os olhos e sorrindo para mim.
Nós estávamos olhando um ao outro e sorrindo. Não sei se foi por conta da bebida ou se por eu estar indo embora daí alguns meses tudo havia mudado. Eu estava tendo milhões de pensamentos que não faziam o menor sentido naquela hora.
- O que foi? – Ele perguntou.
- Nada. – Eu respondi sorrindo. – Estava vendo seu olho que fica verde quando quer. O que você está olhando?
- Seu olho que fica preto sempre. E sua boca grande. – Ele disse me fazendo rir. – Acho que esta festa já deu o que tinha que dar.
- E eu ainda continuo bêbada. – Eu disse.
- Não se preocupe, eu também. Vamos sair daqui? – Ele me perguntou.
- Pode ser...
Ele se levantou e pegou na minha mão e foi andando comigo de mão dada pelo salão. A menina que ele havia beijado mais cedo estava nos olhando perplexa.
- Sua namorada está nos olhando. – Eu disse sem dizer o “perplexa”.
- Deixe-a. – Ele respondeu.
- Patrick, vá dizer pelo menos boa noite para ela. – Eu disse parando de andar.
Ele olhou para mim e em seguida para ela. Daí, ainda de mãos dadas caminhamos até ela. Patrick cochichou algo com ela que eu não consegui ouvir pela altura da música.
Ela e as amigas dela estavam me olhando com cara de desagrado, mas eu não me importava.
- Mas ela está mais bêbada que você! – Ouvi a menina da Corvinal gritar e me assustei.
Patrick não respondeu nada, apenas a olhou com desprezo. Até imaginava o que ele estava pensando: Quem essa menina pensa que é para gritar comigo e questionar você?!
Ele então voltou a caminhar me puxando pela mão. Eu conseguia sentir a raiva dele indo embora conforme a porta estivesse mais próxima. Era como uma equação.
Saímos de todo o barulho e estávamos sozinhos no corredor escuro de Hogwarts.
Patrick sussurou:
- Você trouxe sua varinha?
- Não. – Respondi também sussurrando. – Não trouxe bolsa e não tinha onde colocar né...
- Certo. – Patrick pegou em seu bolso a sua varinha e disse: - Lummus!
A luz foi tão forte que eu fechei os olhos rapidamente e, devido ao álcool presente no meu corpo, perdi o equilíbrio.
Por sorte Patrick me segurou.
- Você está bem? – Ele me perguntou baixinho.
- Luz, forte! – Eu disse fazendo bico.
Ele riu e tirou a minha mão dos meus olhos com muita delicadeza.
- Vamos logo, pára de drama. – ele disse.
- Chato. – Resmunguei.
Patrick nem me respondeu, apenas continuou me guiando.
Não demoramos muito até chegar ao Salão Comunal. Estava escuro e muito vazio. Patrick havia praticamente me carregado até lá, me segurando pela cintura.
- Vamos, eu te levo para seu quarto. – Ele disse.
- Eu acho que quero ficar um pouco na sacada. – Eu disse.
- Você está passando mal? – Ele perguntou preocupado.
- Não, só não quero dormir agora.
- Então vamos lá para o quarto que eu te faço companhia. – Ele disse.
Eu lhe segui até o dormitório masculino.
Me sentei na cama e olhei pela janela as estrelas.
- Lembra quando a gente estava aprendendo o que nós podíamos fazer com magia? – Eu perguntei.
- Você ficava escrevendo seu nome com as estrelas. - Patrick disse se sentando ao meu lado.
- É. – Respondi sorrindo.
- E quando a gente descobriu a poção polissuco? – Patrick disse.
- E o Alex fingiu que era seu pai quando o senhor Barney foi dizer que você havia quebrado a janela da casa dele, de novo! – Eu disse rindo e me deitando. – Como você era bobo Patrick!
Patrick ficou sério e tentava se concentrar.
- Porque você está bravinho, hein? – Eu perguntei cutucando ele do jeito que eu sabia que lhe irritava.
- Não estou bravo... – Ele respondeu se deitando do meu lado. – Eu só estava pensando quem é que vai te proteger quando você estiver na França. Da última vez que você foi pra lá você beijou um cara que você nem lembra o nome...
- Foi uma escolha minha esquecer o nome dele Pat. Ele não era importante, meu coração não acelerou quando ele me beijou, então para mim não fez diferença nenhuma! – Eu lhe disse. – E eu não preciso de proteção...
- Não é proteção. Eu me expressei mal. É que fico imaginando... – Ele disse se virando de lado para poder olhar para mim. Eu fiz o mesmo.
- Fica imaginando o que? – Eu insisti.
- E quando alguém der em cima de você lá? – Ele perguntou. – Nem eu nem Alex vamos estar perto.
- Esse é seu maior medo? Eu arranjar um namorado? – Eu perguntei controlando meu nervosismo.
- Não! Não é isso... – Ele respondeu fechando os olhos.
- É o que então Patrick? – Perguntei também de olhos fechados.
- Não sei se é melhor eu saber ou não... – Ele disse me puxando para perto dele.
Os três segundos que demorou entre ele ter me puxado para perto dele e o beijo que a gente deu só serviu para eu pensar em uma coisa: O cheiro do perfume dele era quase imperceptível, uma vez que eu só conseguia sentir o forte cheiro do álcool que nós havíamos ingerido.
Quando percebi, eu já estava beijando meu melhor amigo. Ou pelo menos um dos meus melhores amigos.
Foi um beijo delicado, embora de dois bêbados em posições completamente desconfortáveis. O cheiro forte de bebida foi sumindo e, eu tão perto dele senti seu cheiro familiar e reconfortante. Foi incrível como eu só parei para pensar que ele era o Patrick depois que ele tirou os lábios do meu. Bem depois.
Eu continuei na posição desconfortável, com a respiração dele quente na minha bochecha. Então eu abri meus olhos e vi Patrick.
- O que a gente está fazendo? – Eu perguntei.
- Eu não tenho a mínima idéia. – Ele me respondeu.
- Acho melhor eu ir pro meu quarto. – Eu disse tentando me levantar.
- Não. – Ele me puxou de volta para a cama. – Dorme aqui.
Eu tirei meu sapato e me deitei novamente na cama.
- Ok, mas a gente tem que deitar direito. Eu estou toda torta. – Reclamei sorrindo.
Ele sorriu e nós nos deitamos na cama corretamente.
Eu estava de olhos fechados quando ele me abraçou. Eu assustei e me mexi.
- Eu prometo que não vou fazer mais nada. – Ele disse, por conta do meu susto.
E eu juro que o que eu mais queria era que ele tentasse me beijar de novo.
______________________________________________________________
Gente, estou muito feliz com os comentários! :~ Muito muuuito obrigada mesmo! Continuem comentando?! Eu juro, quanto mais comentários mais rápido eu posto e todos ficam felizes!
Beijos queridos leitores
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!