Everybody's Changing.



Acordei com a cara inchada de chorar e com risadinha das meninas com quem dividia o quarto. Carmem, Jéssica e Sabrina estavam escolhendo as roupas e sapatos que usariam no primeiro dia de aula.
Eu me levantei sem falar nada e entrei no banheiro. Tomei um banho rápido, tentei tirar a raiva que sentia do mundo com a água do chuveiro, mas foi inútil. O banho realmente serviu apenas para eu ter o cheiro que Pat e Alex diziam que gostavam.
Vesti o uniforme rapidamente, sequei meu cabelo com a varinha e fiz um coque. Peguei meus óculos vermelho e coloquei na cara. Os livros do quinto ano estavam na cabeceira e a coruja roxa estava sobre eles, para me lembrar que eu não havia tido um sonho. Ou melhor, um pesadelo.
Desejei um “Bom dia” contrariado e um pouco irônico para as minhas companheiras de quarto e fui para o salão comunal. Alex já estava sentado lá, me esperando.
- Onde está Pat? – Eu perguntei.
- Ainda não está pronto. – Alex disse.
- Noiva. – Eu disse.
Patrick era tão vaidoso quanto eu, mas mais lerdo que eu, então ele sempre levava mais tempo para ficar pronto que eu. Daí cinco minutos ele estava pronto. Chegou perfumado e chamando a atenção de várias meninas, não tão diferente do ano anterior, mas com maior intensidade.
Eu tinha que admitir, eu achava Patrick bonito. O que eu mais me agradava além dos olhos dele era o nariz. Eu sempre tive um fraco por narizes e nunca entendi o porquê.
- Finalmente hein?! – Eu disse passando meu braço pelo ombro dele. – Há um monte de menininhas te olhando. – Cochichei. – Qual é seu segredo?!
- Não é segredo: Eu sou um cara charmoso. – Ele disse fazendo com que eu e Alex déssemos risada.
- Vamos comer? Eu estou com fome. – Alex disse.
- Claro. – Eu e Pat concordamos.
Fomos comer.

No Salão Principal, todas as meninas pareciam olhar para mim. Lógico que não era para mim, e sim para os dois rapazes ao meu lado.
Alex já fazia sucesso na ala feminina há certo tempo, talvez por conta do quadribol e da certa popularidade que o esporte lhe acarretou. Mas Pat não. Ele era considerado “bonitinho” pela maioria das meninas, até que... Hoje boa parte delas gostaria de estar no meu lugar: De braços dados com eles.
Enfim, talvez não... Minha relação com os dois sempre foi de explicitamente fraterna. Ainda assim, muitas delas se contentariam em ser amigas deles. Ou pelo menos ouvir um “Oi” de algum dos dois. Eu achei engraçado e ri. Depois dei um sorriso triste, porque eu iria sentir falta disso. Nós sentamos, comemos, conversamos sobre banalidades. Eu sabia que minha mãe queria me dar uma família, mas eu não entendia porque, uma vez que eu já tinha essas duas pessoas.

As aulas passaram rápido para mim. Para Pat não. Ele não era um bom aluno, aliás... Ele só passava de ano por minha causa. Eu o ajudava a estudar para passar de ano. E o pior de tudo é que ele realmente era inteligente. Sabe aqueles caras que são super inteligentes, mas não se dão o trabalho de aprender a matéria na hora? Pat é um deles. Ele se recusa a ser chamado de “nerd”. Para ele “nerd” são pessoas como eu, que estudam e tem orgulho e comemoram notas integrais. Ele diz “Eu estudo para passar. Nada disso vai me servir para nada Sofi. Só D.C.A.T. ok?!” e eu revirava os olhos e concordava secretamente. Patrick seria um grande fotógrafo. Ele fotografaria os jogos de Alex para minhas reportagens em um futuro não muito distante. Eu sei, eu sou uma sonhadora.

Fui atravessar o corredor, pois precisava responder a carta da minha mãe. Infelizmente.
Mas alguém me chamou, por “Moça!” no meio do caminho. “Moça” é diferente de “Menina”. Felizmente.
Eu olhei para trás e vi um cara do sexto ano. Eu não sabia o nome dele, mas isso não seria problema.
- Você me chamou? – Eu perguntei confusa, afinal ninguém além de professores ou dos meus meninos me chamava.
- Sim. – Ele disse se aproximando. Ele era moreno, alto, com um sorriso lindo. – Meu nome é Simon Carter.
- Prazer, Sofia Blaise.- Eu disse séria.
- Eu sei. – Ele disse sorrindo. – Então Sofia, você é do quinto ano certo?
- Sim. Como você sabia que meu nome era Sofia? – Eu perguntei.
- A namorada de um amigo meu é sua colega de quarto. – Ele respondeu. – Enfim, você vai à festa?
- Que festa? – Eu perguntei me fazendo de boba. Desde o terceiro ano eu e Patrick sonhávamos com a festa que é dada para alunos do quinto ano por alunos do sexto e do sétimo.
- A festa que nós do sexto e sétimo ano damos para os alunos do quinto. – Ele disse.
- Ah, sei.
- Você vai? – Ele me perguntou novamente.
- Talvez... – Eu disse sorrindo. – Eu tenho que convencer os meninos...
- Ah, tudo bem. – Ele disse. – Se você for então a gente se vê por lá.
- Tudo bem. – Eu respondi virando as costas e voltando ao meu trajeto. – Tchau!
- Tchau. – Ele disse decepcionado.

Só cinco minutos depois eu percebi que ele poderia muito bem estar interessado e mim. E eu vacilei. Eu era muito burra! Enfim, agora eu precisava escolher uma roupa extremamente bonita e sexy para a festa. Patrick iria comigo, esse era um fato. Eu precisava convencer o Alex a ir também, assim não parecia que eu e Patrick estaríamos juntos, o que agradaria os dois. Fui correndo pegar as coisas que eu precisava para a carta (a coruja roxa, papel, caneta e envelope) e fui para o quarto dos meninos.
-Eu fico aqui mais do que no meu quarto. – Eu disse me sentando na cama do Alex. – Vamos à festa? Alex por favor!
- Para? – Ele me perguntou.
- Não parecer que eu e a Sofi estamos juntos. – Patrick disse.
- E que nós vamos como amigos. – Eu completei. – Nós três!
- Alex! – Patrick disse. – Vamos, por nós.
- Tudo bem. – Alex disse.
- Fácil assim? – Eu perguntei para Patrick.
- Não entendi também. – Patrick disse.
- Tem uma garota. – Eu disse para Pat e me virei para Alex e perguntei: - Tem uma garota?
- Talvez. – Ele respondeu. – Não sei ainda.
- Tudo bem, faça seu suspense. – Patrick disse. – Eu vou tomar banho.
- E eu vou para meu quarto escolher a roupa da festa! – Eu disse me levantando e dando o braço para Patrick e andando com ele para a porta, no maior estilo “O Mágico de Oz”.
Fui para o meu quarto, tomei banho e abri minha mala. Fiquei um tempo observando as opções. Eu só tinha roupas pretas e jeans. Uma ou outra camiseta branca ou coloridinha.
Eu demorei muito tempo para decidir usar um vestido tomara que caia que minha avó havia costurado para mim após muita insistência da minha parte. Ele era preto de cetim com tule rosa por baixo. Colocaria minha sandália rosa com um laço de cetim rosa do mesmo tom que o tule do vestido. Eu me vesti e fiquei me olhando no espelho. Nesse exato momento minhas companheiras de quarto o invadiram e me pegaram com vestido e salto.
- Onde é a festa Blaine? – Carmem me perguntou assim que entrou no quarto e me viu vestida.
- Eu só estava experimentando o vestido caso eu decida mesmo ir à festa de Sexta à noite. – Respondi. – Você vai?
- Se alguém interessante me convidar... – Ela disse. – Você vai com alguém?
- Vou com os meninos mesmo. – Disse o óbvio.
- Achei que o Simon ia te convidar. – Ela disse com certeza para ver o que eu falaria.
- Não. – Eu respondi. Quase completei “Eu nem dei espaço para ele me convidar” – Ele só perguntou se eu ia.
- Ahm... Pelo jeito que a Sabrina disse ele iria te convidar. – Carmem falou.
- Sabrina? Quê? – Eu perguntei confusa e trocando o vestido que eu estava pelo uniforme da escola. – Que seja... Ele não me convidou. Agora tenho que ir.
Sai do quarto e fui me refugiar no quarto dos meninos. Bati na porta e Robert, um dos meninos que dividiam o quarto com os meus meninos.
- Oi Sofia. – Robert disse. – Patrick e Alex não estão aqui.
- Você se importar se eu esperar eles aqui? – Perguntei.
- Claro, eu estou mexendo na minha vassoura, ela deu um problema no treino hoje... – Ele disse sorrindo para mim. – É bom que você me faz companhia.
- Ok! – Eu disse me sentando na cama do Patrick. – O que aconteceu com a sua vassoura?
- Ela começou a querer me derrubar durante o treino. Alex me mandou ver o que havia de errado nela antes que eu caísse dela e me machucasse feio. – Robert disse.
- Alex é bem responsável. Fico orgulhosa dele. – Eu falei.
- Ele é um bom capitão para o time. – Robert disse. – Confio nele.
- Alex é uma pessoa que nasceu para liderar. Embora ele odeie o ser o foco das atenções. – Eu comentei. – E acredite em mim, não há ninguém que o conheça melhor que eu!
- Desde quando você o conhece?
- Desde sempre. Ele mora do outro lado do rio da casa da minha avó. Nós três, Patrick, Alex e eu, brincávamos as férias inteiras quando eu e meus pais íamos para lá. Depois que meu pai morreu e minha mãe me entregou para minha avó eu o via todo dia. Ele e Patrick. – Respondi.
- Bem, é realmente desde sempre. – Robert disse rindo. – Vocês são como irmãos então...
- Literalmente. Eu e Patrick brigamos o tempo todo. Alex fica no meio de nós dois, tentando apartar as brigas. – Eu disse.
- Isso eu já percebi. – Robert disse. – Mas sua ligação com o Patrick é muito forte também não é?
- Muito. Ele mora na cada do lado da minha. – Eu comentei. – Literalmente do lado. Um dia a gente contou... Deu mais ou menos uns 50 passos da casa dele até a minha. Mas devem ser menos agora, nós éramos mais novos e eu calçava 32 na época. Não que tenha muita diferença de 32 para 36.
- Verdade. – Robert disse. – Mas você é alta. Você calça 36? Como?
- Patrick diz que eu sou anormal. – Eu disse. – Não só por esse fato, mas esse fato justifica minha anormalidade, segundo ele.
- Hahaha. Vocês dois... – Robert disse.
- Eu vou escrever uma carta que eu estou enrolando para escrever. – Eu disse.
- Vai lá.
Eu peguei o papel e a pena e fui escrevendo...
Mamãe,

Eu não entendi a necessidade desse casamento ser tão urgente. Mas se você acha justo e se você o ama eu tenho que te apoiar. Mas eu não sei se a França é para mim. Para visitas quem sabe, mas eu não tenho todo esse glamour... Beauxbatons não é uma escola onde eu acho que eu vou me sentir bem mamãe, você me conhece. E também tem a vovó... Como que eu a deixo sozinha? Seria egoísmo, ela cuidou de mim até hoje.
Enfim, obrigada pela coruja. Ela é roxa. Adorei.
Boa sorte nos preparativos do casamento.
Com amor, Sua filha Sofia.



Estava bom. Demonstrava a minha falta de vontade de ir sem ferir os sentimentos dela. Nesse exato momento Patrick entrou no quarto.
- Sofia! – Ele veio correndo na minha direção e pulou na cama.- Eu preciso da sua ajuda.
- De novo? O que é? – Eu perguntei.
- Qual é minha melhor roupa? – Ele perguntou.
Eu revirei os olhos. O Patrick só perdia para mim em vaidade.
- Camisa branca, calça jeans e seu all star. Você não precisa de tanto. É para a festa? – Perguntei.
- Sim. Eu tenho um novo alvo. – Patrick me disse.
- Novo alvo? Uma garota? – Eu perguntei.
- Não só uma garota. A garota. – ele me disse. – E eu não vou te dizer para você não criticar.
- Tudo bem. Aposto que ela é impossível. – Comentei.
- Nada é impossível Sofia. – Patrick disse tentando me convencer de sua teoria.
- Certo. – Eu me levantei da cama, coloquei a carta num envelope e caminhei até a porta. – Vou enviar notícias à mamãe.
- Você disse “Não”, não é mesmo?! – Ele me perguntou.
- Nas entrelinhas. Teimar com ela é quase como teimar comigo. Não compensa. – Eu disse saindo do quarto.
- Você está certa! – Ele gritou de dentro do quarto.
- Eu sempre estou. – Respondi.
Fui para o corujal, entreguei a carta para a coruja roxa e desejei que minha mãe me entendesse.
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Queridos leitores:

Muito obrigada pelos comentários e desculpem a demora. Prometo tentar postar de quinze em quinze dias... É que as aulas começaram e está difícil agora :( Mais por culpa de tempo que de vontade de escrever, JURO!
Mas continuem comentando, que assim eu continuo postando!
Beijos queridos! =*

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