Capitulo 6




— Não ouse... – gaguejou Gina, mas teve que calar porque os lábios dele se fecharam sobre os dela.
As mãos de Harry a agarraram, sem delicadeza nem respeito. Gina sentiu a rigidez do corpo dele, possessivo e exigente, e a pressão embaraçosa das coxas fortes contra as suas. Nunca tinha sido beijada com raiva antes, nunca havia experimentado a violência das emoções excitadas ao máximo. Enquanto tentava reagir mentalmente à selvageria do abraço, seus sentidos vibravam de excitação. Não estava diante de um jovem inexperiente e desajeitado, mas de um homem experiente que sabia como despertar os desejos adormecidos de uma mulher.
Até aquele momento Gina não tinha tido consciência da violência com que podia desejar um homem, da devastadora profundidade das suas necessidades de mulher. Viu sob novo ângulo a perspectiva do casamento com Draco, e a lembrança do noivo trouxe de volta a sanidade mental perdida no turbilhão provocado por Harry.
Com um esforço sobre-humano livrou-se dos braços dele e levantou a mão para esbofeteá-lo, mas foi contida sem dificuldade.
— Seu... seu...
— Vagabundo? – sugeriu Harry, irônico.
— É! É! – gritou, sem perceber que seus seios arfavam sensualmente por causa da raiva, atraindo a atenção dele.
Mas Harry se controlou e esfregou a boca com as costas das mãos para se assegurar de que não havia nenhum sinal de batom que pudesse denunciá-lo. Apontou para a porta.
— Vamos continuar?
Trêmula, sem dizer mais nada, Gina abriu a porta e saiu para o vestíbulo, mas parou de repente ao ver Margot e a mãe. Harry quase tropeçou nela e sorriu ao perceber por que ela havia parado.
— Vai me denunciar? – perguntou Harry com ar de zombaria.
— Para embaraçar minha mãe? – replicou ela com desprezo.
— Já viu a casa, querido?
Era Margot, que apressou o passo para se encontrar com eles e o envolveu com o braço, num gesto possessivo.
— A srta. Weasley fez com que eu me sentisse à vontade, como se estivesse em casa – provocou Harry, sorrindo malicioso.
— O que achou, sr. Potter? – perguntou a sra. Weasley.
— Gostei muito – ele respondeu depois do que pareceu uma eternidade para Gina. Livrou-se do braço de Margot e foi até a janela admirar o jardim. — Mas não sei se é exatamente o que desejo.
—Querido...
— Não?
— Margot e a sra. Weasley falaram ao mesmo tempo, enquanto Gina cruzava os dedos atrás das costas. Antes de responder, Harry acendeu um charuto e deu uma longa tragada.
— É... maior do que eu pensava – admitiu, pensativo, ignorando a exclamação de protesto de Margot. — E as terras... pensei que Margot tivesse falado em quarenta ou cinqüenta acres.
— Cinqüenta e cinco – apressou-se a explicar a sra. Weasley — Mas a maior parte é cultivável e está a cargo de Flynns.
— Mas o preço que a senhora está pedindo... – olhou para o rosto contraído de Gina. — Para ser franco, acho muito dinheiro para investir em terras, para quem não tem experiência de fazendas. Tenho certeza de que sua filha concorda comigo. Um indivíduo urbano como eu acharia a vida em King’s Green um pouco... monótona.
Gina sentiu raiva. Sua mãe ia pensar que ela tinha desestimulado o comprador, o que não era verdade.
— As idéias de Gina são um pouco antiquadas – desculpou-se a sra. Weasley, lançando um olhar de reprovação à filha. — King’s Green fica só a duas horas de Londres, e o serviço de trens é excelente. Eu mesma vou sentir falta da paz que gozamos aqui.
Harry sorriu, aquele sorriso devastador, capaz de encantar os próprios pássaros, antes de responder.
— A senhora está quase me convencendo... mas não sei. Preciso pensar um pouco.
— Claro – concordou a sra. Weasley, apressando a explicar: — Para falar a verdade, tem alguns meses para pensar. Gina vai se casar em agosto e gostaria que o casamento fosse aqui.
O sorriso morreu no rosto de Harry, que ficou estranhamente sério.
— É uma pena.
— Pena? – repetiu a sra. Weasley. — Por quê?
— Pensava em efetuar a compra dentro de um mês no máximo. Quero sair de Londres, e quanto antes melhor.
— Harry está escrevendo seu quarto romance – Margot se intrometeu e recebeu um olhar furioso de volta.
— Talvez possamos chegar a um acordo que seja conveniente para ambas às partes... – propôs a sra. Weasley, mas a conversa foi interrompida pelo aparecimento da governanta, que vinha anunciar que o almoço estava servido.
Durante a refeição, farta e saborosa, toda feita com produtos da própria fazenda, voltaram ao assunto:
— Minha proposta... ou melhor, a idéia que me ocorreu agora é que podíamos fazer um acordo... e vocês continuariam aqui por mais seis meses.
— Sua proposta, sr. Potter? – interrompeu a sra. Weasley. — Acho que não estou entendendo.
— A senhora não disse que gostaria de continuar em King’s Green até o casamento de sua filha?
— Exatamente.
— E eu já não expliquei que quero sair de Londres o quanto antes?
— Sim.
A tensão na mesa cresceu a um ponto quase insuportável. Margot brincava com o cálice, numa agitação difícil de esconder, enquanto a sra. Weasley mordia o lábio, lutando para controlar a ansiedade. Foi Margot quem quebrou o silêncio que se seguiu.
— Não está querendo ser inquilino de King’s Green, está, querido?
A um olhar de Harry, Margot procurou refúgio no vinho, tremendo de indignação resignada.
— Como sempre, Margot tirou suas próprias conclusões – Harry se desculpou. — Só que desta vez ela tem certa razão.



Continua...


Obrigado a Tata Potter e Yumi Morticia voldemort pelos comentarios!

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