Capitulo 5



— Podemos deixar de lado as explicações? – a voz de Harry era fria e segura. — Já percebi que você está achando desagradável a tarefa de me mostrar a casa. E eu posso passar muito bem sem a aula de história.
Sem se importar com o ar ofendido de Gina, ele abriu uma das portas do corredor.
— Um quarto? – ele entrou, examinando a amplidão do dormitório. — Muito bonito. E depois?
Controlando a raiva, Gina mostrou os outros cômodos do primeiro andar – quartos e banheiros – sem fazer qualquer observação.
— Há um segundo andar – explicou Gina – Como não o usamos, deve estar muito empoeirado. Mas os cômodos estão perfeitamente habitáveis.
— Não vou precisar de mais cômodos. Estou vendo que vocês têm aquecimento central. Espero que não tenha sido instalado durante a visita do príncipe regente.
— Não. Foi instalado depois da Segunda Guerra Mundial... – começou Gina, séria, mas calou-se ao perceber a ironia. Irritada por não ter percebido antes, apontou para a escada que levava ao segundo andar.
— Você não relaxa nunca? – perguntou Harry, seguindo-a até o andar superior. Como ela não respondesse, ele acrescentou: — Essas manchas na parede devem ser os lugares onde os quadros do seu... tataravô estavam, não é? O que aconteceu com eles? Estão guardados, estragaram... ou foram vendidos?
— O senhor deve saber a resposta, sr. Potter – retrucou Gina, irritada com a perspicácia dele. — Se tivéssemos uma coleção de quadros valiosos à venda, não precisaríamos vender a casa, não é óbvio?
— Não para um ignorante como eu – concordou Harry, solene.
Gina olhou para ele com o canto dos olhos, certa de que aquela era mais uma ironia.
— Por que quer comprar King’s Green, sr. Potter? – Gina parou no alto da escada. — Não é bem o seu... ambiente, é? Não prefere um... apartamento perto da cidade?
Harry sorriu. Um sorriso aberto que provocou um impacto inesperado nela. Gina já tinha admitido com certa relutância a atração dele, mas não fazia idéia do poder irresistível do seu sorriso.
— Ora, Gina! O que é que você sabe do meu... ambiente? Cuide de sua vida, coração!
— Não entendi, sr. Potter – afirmou, com todo o desprezo de que foi capaz. — Vamos descer?
— Já, já... – parou ao lado dela e segurou-a pelo braço. Gina sentiu o ameaçador magnetismo da proximidade dele. — O que foi que eu fiz para provocar tanto ressentimento? Não pedi para vir aqui. Fui convidado. Me deram a impressão de que sua mãe queria vender a casa. Mas se ela não quer, não vou perder meu sono por isso, srta. Weasley.
— Eu... bem... minha mãe quer vender a casa – admitiu, contrariada.
— E você, não quer?
— A casa não é minha.
— E se fosse?
— Eu... – sentindo-se vulnerável, Gina evitou encarar aqueles olhos verdes penetrantes como aço. — Acho que seria obrigada a vender.
— Mas não para mim – comentou Harry, frio, soltando o braço dela.
Gina se virou e começou a descer a escada sem responder.
Vários cômodos davam para o vestíbulo do andar térreo: o salão de recepções, a sala de música, a sala de jantar, a biblioteca... Gina não sabia o que mostrar primeiro e parou para esperar por ele. Mas Harry parecia não ter pressa alguma e levou muito tempo examinando o corrimão entalhado.
—Grinling... – começou Gina, mas foi interrompida.
—... Gibbons. Já sei. Só que Gibbons morreu em 1720. Como pode ter sido o entalhador do corrimão se a casa só foi terminada muito depois disso?
Gina sentiu o sangue subir ao rosto. Ninguém jamais havia questionado a autenticidade do entalhe. Por que logo ele?
— Eu... pode ser que.. que talvez um discípulo de Gibbons tenha terminado o trabalho. Mas é o estilo é dele, e isso é o que importa.
— Um conhecedor talvez discorde de você.
— E o senhor é um conhecedor, sr. Potter? – perguntou com toda frieza possível.
— Você, com certeza, acha que não – respondeu Harry, divertido. — Vamos ver o resto da casa?
— A sala de música – informou Gina, seca, abrindo a porta branca. A saleta era pequena, mas muito agradável.
— Você toca piano, srta. Weasley? – perguntou Harry, se aproximando do instrumento.
— Tocava.
Com um sorriso, ele se sentou ao piano e tocou uma música suave e romântica da moda, passando em seguida para um prelúdio de Chopin. Gina sentiu que ele colocava a própria alma na interpretação. Terminada a execução, os olhos dele procuraram os dela.
— Você toca muito bem – disse Gina, sentindo-se na obrigação de fazer um comentário, mas evitando olhar para ele. — Vamos?
A biblioteca era uma sala mais fria, que raramente recebia sol. Mesmo assim, era agradável e convidava ao trabalho.
— Seu pai trabalhava aqui?
— Trabalhava – respondeu, seca.
— O que ele fazia... seu pai? Era um nobre, ou precisava trabalhar para ganhar a vida, como todos os mortais?
— Os negócios do meu pai não são da sua conta, sr. Potter – replicou Gina, se preparando para sair.
— Deve haver uma razão para a sua antipatia por mim, srta. Weasley – observou, bem-humorado, sem sair de onde estava. — E eu gostaria de saber qual é.
— E o que a ocupação do meu pai tem a ver com isso?
— Digamos que estou interessado na sua história, como você obviamente está interessada na minha.
— O que quer dizer com isso?
— Ora, vamos... você me acha vulgar e ignorante, sem o refinamento necessário para ter a pretensão de possuir King’s Green
— Se está pensando que eu... faço objeções ao... ao senhor, porque o considero socialmente inferior, está redondamente enganado!
— Estou?
— Está! – Gina engoliu em seco antes de continuar: — Só não gosto é que... que Margot Urquart traga seus... seus namorados aqui, fingindo que tem dinheiro para comprar um lugar como este.
Percebeu que tinha ido longe demais quando viu o desprezo estampado no rosto de Harry. Afinal, não sabia quase nada sobre ele, e não podia insinuar que a compra da propriedade seria financiada por Margot.
— Então é isso que pensa? – comentou Harry sem se alterar. — Ora, ora, que cérebro maquiavélico! Acha mesmo que eu seria capaz de aceitar um presente desses de Margot?
Já que tinha ido tão longe, Gina não via por que voltar atrás.
— Por que não? É ela que paga o resto, não é?
Num instante ele estava a seu lado, a respiração ofegante, os olhos em chamas.
— Sua insignificante... – Gina, que nunca tinha sido insultada daquela forma, tremeu de medo. — Acha que tem o direito de fazer julgamentos morais a meu respeito e a respeito de Margot? Em que nossa maneira de viver prejudica você? E, depois, Margot tem o direito de gastar o dinheiro dela como quiser, sem dar satisfações a ninguém.
— Eu... eu... – momentaneamente paralisada pela violência do ataque, Gina tentou recuperar a dignidade. — Não me importa o que Margot faz, desde que... que não espere que sejamos coniventes – gaguejou, confusa. — E... tentando me intimidar não vai me fazer mudar de idéia, sr. Potter.
— Não? – ele olhou para o decote do vestido dela. — Quer que lhe dê um pouco do que está precisando?



Continua...


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Giovana Castro: Obrigado mas a história não é minha, é uma adaptação...Mas fico feliz por vc estar gostando =**

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