Vácuo - a passagem



Ainda encontrávamos no dormitório feminino da Grifinória. Eu a Hermione Granger, Minerva McGonagall e Alvo Dumbledore, o dia nem havia começado, podia ver a grande lua que estava no estreado céu lá fora e que nos iluminava através da janela.

Uma cena um tanto diferente não? O diretor e a vice no dormitório conversando com uma aluna como se tivessem tomando chazinho da tarde, com certeza uma cena nada peculiar. E sobre o que estávamos conversando? Humm vejamos, há sim sobre o vácuo, ou seja, o nada.

— Vácuo é um lugar vazio – Dumbledore era um gênio por isso tinha uma desculpa para sua loucura, mas McGonagall não! – um espaço real ou imaginário que não contem absolutamente nada.
— Este é o vácuo que maior parte da humanidade conhece – McGonagall olhava para mim seriamente – mas o vácuo que estamos falando não é apenas isso, o que está em pauta é conhecido como passagem para o espírito.

Eu me engasguei com a torrada, será que estava escutando bem?
McGonagall com aquela conversa, se fosse a Trelawney tudo bem mas McGonagall, eles estavam pregando uma peça em mim só podia ser, passagem do espírito até parece.

— Não é brincadeira Hermione – ELE LE MENTES, está confirmado – O vácuo que está em questão aqui é muito mais sério do que se possa imaginar e ao mesmo tempo fantástico. O vácuo consiste em uma passagem do espírito ou da alma para o futuro, seu corpo e tudo o mais ficam onde você está, no seu presente e apenas seu espírito passa pelo vácuo.

“É como se fosse uma fenda no tempo, você pode viajar através dela e viver o seu futuro, é extraordinário. Isso prova o que sempre digo, quando morrermos iremos começar uma nova viagem. Uma viagem além de nossa compreensão.

Eu acredito na teoria de que quando estamos dormindo nosso subconsciente fica livre e seu controle sobre nós fica mais forte, muitas coisa que não percebemos à primeira vista nosso subconsciente já percebeu então é como se ele nos mostrasse através de sonhos o que não vimos ou não percebemos. Muitos dizem que isso se chama intuição.”

— Então o senhor acredita que meu espírito viajou até o futuro – eu ainda não acreditava no que estava acontecendo – e meu subconsciente quis me mostrar algo que irá acontecer comigo, é isso?

—Exato – ele deu um soco no ar, era engraçado vê-lo ter atitudes normais – O seu espírito achou uma fenda no tempo e prosseguiu para o futuro, para uma cena em que você corria perigo, como se fosse um aviso para se preparar – ele se levantou animadamente – Você se lembra sobre o que estava sonhando?

— Faço um esforço Hermione – eu via claramente a ansiedade no rosto de McGonagall – é importante você se lembrar, pois é uma passagem do seu futuro, algo que você irá viver e se conseguir se lembrar talvez possa ajudá-la ou evitar que isso aconteça.

Eu estava confusa e ansiosa, eu não conseguia me lembrar do sonho, era apenas alguns flash.

— Eu não me lembro muito bem – eu vasculhava minha mente e nada me vinha – eu lembro que doía muito e que alguém me insultava – pense Hermione, pense, se Parvati não tivesse me acordado daquele jeito, talvez lembrasse melhor – estava escuro, isso estava muito escuro e eu não conseguia ver nada..e ... – eu não conseguia me lembrar de mais nada, frustrante – Eu não me lembro de mais nada, mas se eu lembrasse da cena não iria adiantar muito iria?

— Vejo que prestou atenção na história de Vivien – ele pegava um bolinho na mesa – Nós não iríamos mudar o que irá acontecer, mas sim prepará-la para o que está por vir. – Terminou ele dando uma grande mordida no bolinho.

— Como assim prepará-la Alvo – Minerva estava transtornada – Granger é apenas uma criança e veja como ficou, seu corpo sofreu muitos ataques além do crucio, quem estava lá sabia muito bem o que fazia – Ela olhou para mim, lembrou minha mãe me olhando – Ela é muito nova para enfrentar um duelo assim, estaríamos a mandando para a morte.

— Eu sei, e sinto dizer que é a única opção que temos – ele continuava comendo e olhando para o além – mesmo se ela se lembrasse de onde estava e quem estava lá não poderíamos fazer algo para mudar, pois algo muito pior iria acontecer depois então o que nos resta é prepará-la.

“ Não sabemos quando será, portanto as mediadas devem ser tomadas o mais cedo possível e os ensinamentos mais intensificados. Teremos que trabalhar muito na senhorita, principalmente seu psicológico, para quando for ataca consiga resistir o melhor possível, assim que voltar das férias começaremos seu ...”

—Hã professor – ele já estava viajando e deixando eu e McGonagall para trás – Se tudo aconteceu no futuro, por que meu corpo do presente foi atacado e teve as mesmas lesões do futuro?

— É que sua mente é seu corpo – ele alisava a barba sem perceber – Você só sentirá a dor se sua mente estiver no seu corpo, ou seja, quando seu espírito estava no futuro ele manteve uma conexão com seu subconsciente que sentiu tudo que você sentiu lá. O que resultou em uma costela quebrada psicologicamente e um dedinho da mão direita quebrado.

— Se eu só senti as dores, como posso ter quebrado o dedinho e colocado fogo na cada de Padma?

— Quanto mais poderosa for a pessoa, mais real será a ligação do presente com o futuro,ou seja, o que acontecer no futuro também acontecerá no presente. - Tudo era muito surreal pra minha cabeça, eu não sabia se ria ou se chorava – E quanto a senhorita Patil, você tem uma ótima varinha sabia...

— A varinha escolhe o bruxo – Minerva interrompera o diretor – o que cria uma ligação muito forte entre eles, como se fosse mãe e filho.

— Como sua varinha ficou no presente, ele pode sentir que você estava em apuros e tentou te ajudar, olhe sua mão direita. - completou ele.

Meu queixo caiu, não era só a mão, mas o braço também e subia até um pouco mais acima do cotovelo, era muito estranho. Meu braço continha um brilho muito fraco e estava na cor azul, sem falar das queimaduras horríveis que eu tinha na mão e no pulso, pareciam queimaduras, mas não eram.

Levantei a mão para poder examiná-la melhor e engoli em seco quando a vi mais de perto. Estava transfigurada, podia ver a pele crescendo e fechando as feridas, podia ver os nervos do meu dedo que ainda não estava cicatrizado quando o mexia, nem nos meus piores pesadelos imaginei ver algo assim.

Era assombroso, eu estava vendo meu interior!!

— Não se preocupe, temos uma ótima enfermeira aqui – Dumbledore examinava minha mão junto comigo – Apesar dos graves ferimentos que sofreu, Papoula fez um ótimo trabalho e sua mão será como antes daqui algumas horas e seu dedinho já foi emendado também.

— M-mas o que aconteceu comigo? – eu olhava abismada pra minha mão, se é que se podia chamar de mão – Isso não era pra ter vindo para o presente era? A costela quebrada não veio.

— E quem disse que isso é do futuro Hermione?– Ela me olhava com as sobrancelhas arqueadas, as duas ainda por cima – O que aconteceu em seu braço foi aqui no presente e um feito de sua varinha. – Meu queixo caiu.

— Como minha varinha? – eu olhava dela para Dumbledore – Eu não estava aqui para usá-la.- Bom eu estava, mas não conscientemente.

—Como Minerva disse antes, a varinha escolhe o bruxo e cria uma ligação muito forte entre ambos. Sua varinha esta noite sentiu que estava em perigo e tentou defendê-la. – Ele ainda examinava meu braço – Ela passou um enorme feitiço para a senhorita, algo realmente muito poderoso e antigo, tão forte que seu corpo não agüentou, acredito que foi por isso que não teve a costela quebrada e o psicológico afetado com a maldição crucio. Sua varinha a protegeu.
“ Geralmente quando alguém recebe esta maldição fica se contorcendo no chão e você pelo contrário quando a recebeu estava flutuando na cama. Você não possui o dom de voar ou levitar, o que aconteceu foi resultado da proteção da varinha, quando seu corpo começou a rejeitar o feitiço ou não agüentar a sua força seu braço automaticamente o lançou longe.”

— Parando na cama da senhorita Patil e pegando fogo – Eu estava sonhando?! - Os machucados feitos por feitiços na maioria das vezes não possui o mesmo efeito do que um realizado com algum metal ou outra coisa. Por exemplo: Se tivéssemos colocado fogo em seu braço, como parece, você estaria com dor até agora, pois queimaduras são muito mais difíceis de curar, reconstituir uma nova pele é doloroso, tão doloroso quanto os ossos. – Ela olhava pra mim com a expressão muito séria em seu rosto – Mas o feitiço que a envolveu era tão forte que seu corpo não resistiu e começou a definhar, e como a mão estava na fonte, foi a que mais sofreu ferimentos.
“Deu muito trabalho para Papoula para isso, ele tentou várias poções, até que uma deu resultado, sinceramente foi horrível ver seu braço quando cheguei aqui, era como se sua pele e nervos estivessem virando pó bem a minha frente e até mesmo suas veias, o sangue passando e sem derramar uma gota se quer e...”

Ela estava terrivelmente abalada, não conseguia terminar a frase e eu pude ver um lagrima escorrer pelo seu rosto. Nesse momento percebi que McGonagall não era apenas a melhor bruxa que eu conheci ou a mais inteligente e tudo o mais. Só que além de tudo isso ela era uma mulher, uma velha mulher e frágil apesar de tudo.

— Não se preocupe professora – Lhe estendi o lenço que ela me emprestara – Ficará tudo bem, veja só, já esta quase completa. – Lhe mostrava apenas o lado de cima da mão, pois a palma ainda estava em carne viva – Viu só, está muito melhor, e veja não tenho mais aquela mancha horrível que ganhei numa aula de Herbologia.

Ela ria com o que falei e até mesmo Dumbledore sorria, mas acho que ele sorria por eu tentar consolar a professora, pois ele podia ver perfeitamente a palma da minha mão, que diga-se de passagem estava muito feia.

Ficamos em silêncio por um tempo, minha cabeça estava a mil, eram tantas a perguntas que eu tinha a fazer que nem ao menos sabia por onde começar. Toda essa história parecia algo de outro mundo, mundo como o da professora Trelawney ou até mesmo de Lilá que gostava dessas coisas e não o mundo ao qual eu pertencia.

Se me dissessem que eu era sonâmbula com certeza eu aceitaria o fato muito melhor do que isso o meu espírito saindo do meu corpo e viajando para o futuro. Ou seja, ele tava fazendo um tour pelo espaço e tempo e me deixando aqui, inconsciente e mortalmente vulnerável.
Por mais que foi sem querer eu ainda estava me sentindo culpada pela cama de Padma, poderia ter acontecido algo realmente ruim com ela. O meu Merlin o que será de mim com um espírito viajante?

— Como posso parar isso Professor? – Eu não queria continuar a viajar pelo tempo sem saber o que poderia me acontecer, era algo muito incerto e perigoso para se fazer – Como posso controlá-lo?

— Ho sim, sabia que perguntaria algo assim – Ele parou de alisar a barba e olhou seriamente para mim – Como lhe disse antes, Vivien era a única que podia fazer tal feito e que tinha conhecimento sobre isso. Ela me passou poucas informações sobre o vácuo, ela apenas me explicou como funcionava nunca falou como controlá-lo e – ele fungou antes de continuar – creio que não tenha como parar, quando Vivien veio me procurar era para ajudá-la em um feitiço para poder parar essas viagens. Mas nunca soube se ela havia conseguido terminá-lo, ela sumiu assim como apareceu... – Ele estalou os dedos uma vez. Em um estalar de dedos.

Então a minha única esperança era uma bruxa da qual ninguém sabia o paradeiro e encontrá-la era como procurar bondade em Voldemort, algo realmente impossível. Talvez se eu conversasse com Tonks, ela poderia me falar como funciona melhor o disfarce de uma metamorfoga e quem sabe assim eu começasse a pesquisar não achasse algo sobre essas viagens nos livros. A causa não estava totalmente perdida, havia esperança.

—Eu vou hoje mesmo procurar a respeito disso nos livros. – eu estava me animando – Nem que eu tenha que pedir o acervo da professora Trelawney emprestado, ela deve ter algo e vou falar com Tonks a respeito do disfarce ... –

— Não quero acabar com suas esperanças querida – nem havia terminado de falar quando McGonagall vinha com um balde de água fria – mas achar Vivien é algo impossível, Alvo a procurou por anos e nunca a encontrou.

Não se pode encontrar aquilo que não quer se encontrado - Uma das frases inteligentes de Dumbledore, que no caso não ajudou em nada – E eu também conversei com Tonks a um tempo atrás, e apesar das maravilhosas informações que recebi sobre os disfarces de uma metamorfoga ela também me garantiu que não havia como encontrá-la se ela não quisesse isso.

Balde de água fria era pouco com o que esses dois haviam feito comigo, eles praticamente me enterrara na neve com apenas uma roupa muito fina. Eu podia ver o vento levando minhas únicas esperanças junto a ele e me deixando lá nos braços do frio e do desespero. Sim, era isso que tomava conto do meu ser: DESESPERO.

Não tinha como não pensar nas coisas terríveis que podia acontecer na minha próxima viagem e se eu descobrisse algo que eu não aceitaria e tentasse mudar e só piorasse as coisas. E quando eu contar a Herry e Ron, será que Ron ficaria a meu lado para que Harry não me usasse como uma luneta para o futuro. Harry não faria isso comigo, ele era meu amigo, não podia pensar coisas assim a seu respeito.

Viu só como eu já estava delirando, eu não sabia o que fazer. Eu tinha medo do meu futuro e estava com medo de mim mesma, como era possível algo assim?

Eu não sei, mas estava acontecendo.

— Compreendemos que esteja assustada com tudo isso – Ela transmitia confiança enquanto falava – Mas nós a ajudaremos nesse novo caminho, um caminho novo para todos nós. Será como abrir um livro e encontrar as páginas em branco para você as preencher, colocar sobre suas descobertas, seus tombos e escorregões, suas vitórias e conquistas. – Ela estava conseguindo, eu estava me acalmando, minha respiração começava a ficar regular de novo – Um livro em branco esperando por uma Nova História .

— Sim sim – ele sorria – Nós a ajudaremos nessa nova aventura Hermione, mas lembre-se que em todo aventura sempre haverá além das coisas boas os perigos.

— Alvo acho que podemos deixar Hermione dormir agora – Ela se levantava da cama e com um giro da varinha fez a mesa de comida desaparecer – Ela precisa digerir todas essas informações e aceitá-las, agora elas serão uma parte importante de sua vida. – Ela já estava na porta quando terminou de falar.

O diretor a acompanhou quando de supetão soltei sem pensar.

— Professor como o senhor subiu as escadas? – Depois que fui pensar no que havia falado – Se me permite perguntar.

Ele ria com a pergunta e olhava para as escadas, onde Minerva havia acabado de descer.

— Muitos acham que tudo que tem em Hogwarts é muito complicado e complexo – Ele sorria ainda mais – Mas nem tudo é assim, no caso dessas escadas, um feitiço muito simples é a resposta. – Eu o esperei termina, não me atrevi a perguntar qual. – O que a senhorita usaria para algo que não para de se mexer?

— Ham... eu usaria – Uma cena me veio a cabeça e me fez sorrir - Petrificus Totalus .

— Viu como é simples, mas devo adverter que nada é tão simples assim em nossa escola. – Ele se encaminhou para a porta e se virou novamente – E espero que não faça má uso dessa informação – Me deu uma leve piscada, sim, ele piscou pra mim – e tenha bons sonhos!

Dormir, quem iria dormir depois de tudo isso?

Eu estava elétrica com tudo que aconteceu e precisava colocar tudo pra fora, é o que estou fazendo, sentada na janela vendo o sol nascer e junto com ele as minhas esperanças. A fé também voltava como um furacão criado com as palavras de McGonagall, ela estava certa! Eu não devo temer o novo caminho que se estende a minha frente, eu devo seguir por ele sem medo de cair, de tropeçar, de ter que voltar a traz. Por que eles estarão comigo, se eu cair eles me ajudarão a levantar, se eu não mais conseguisse enxergar eles me ajudarão com a luz. Harry e Ron também irão me ajudar nessa nova etapa da minha vida, tenho certeza. Eu não estarei sozinha na trila do desconhecido.

Pensamentos assim são tão reconfortantes, não acha?.

Eu preciso me levantar e ir fazer minhas coisas, mas a paisagem desta janela está tão bonita, gostaria de poder guardar sempre na memória algo tão bonito. Mas nossa memória falha e sei que um dia vou esquecer.

Vou esquecer-me do calorzinho do sol tocando minha pele apesar das brisas frias vindas do norte, os jardins todos encobertos pela neve, a floresta proibida toda branquinha, nem parecia tão assustadora assim. O lago congelado, o céu que estava em azul magnífico, tão límpido e vivo, e com tons laranjadas e amarelados pelo nascer do sol. Que eu nunca esqueça algo tão belo Merlin.

Chega de sonhar né, vou voltar a realidade e vou me apressar para começar o dia, logo as meninas chegaram e começará aquela briga pelo banheiro.

Mal espero encontrar Ron, meu ruivo mais lindo, e Harry para contar as novidades e ver qual será a reação deles.

Até mais tarde.

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