Ala Hospitalar
Minha mão a esta altura já estava totalmente dormente e inchada, o pano que eu havia conjurado para enrolá-la estava ensopado de sangue, que por sinal estava numa cor estranha.
— MADAME POMFREY – cheguei gritando na enfermaria - É UMA EMERGENCIA – a ala estava vazia, qualquer lado que eu fosse não tinha ninguém - Uai, cadê ela? – me vi coçando a cabeça em um grande espelho que achei perto da sala da enfermeira que ficava nos fundos.
Eu estava horrível. Minha nossa !!
Como o pessoal não se assustou comigo quando sai da floresta? Talvez já estejam acostumados. Minha vesti tinha traços laranja, estava cheia de terra e musgo, sem falar dos pequenos gravetos e folhas tanto na roupa quanto no meu cabelo. Minha testa estava um pouco inchada e azulada em uma beirada próxima a raiz do cabelo, resultado do encontro com os centauros. Em resumo : ASSUSTADOR.
Continuei andando pela enfermaria, vi uma garota coberta de gosma endurecida dormindo em uma das camas, deve ter acontecido algo durante a prova de Herbologia da sua turma.
Mas havia um cheiro estranho ali, estava fraco e por mais desconhecido que fosse me era familiar de algum modo.
Segui o cheiro e conforme fui andando dei de cara com a porta da sala da Madame Pomfrey que não estava trancada, apenas encostada. A curiosidade era maior que sanidade naquela hora, pra que pensar em invasão? Não deixa isso pra lá...
Fui muito irresponsável, invadir a sala e a única parte boa do que aconteceu hoje foi que elas esqueceram essa parte.
Mas voltando... eu nunca tinha entrado na sala do fundo da enfermaria, nem sabia o que esperar e muito menos que iria parecer uma cozinha, igual a de trouxa com tudo branquinho só que sem fogão e tinha alguns aparelhos que não conhecia, olhando pro outro lado parecia um outro mundo, um escritório cheio de prateleiras e uma lareira.
Achei o cheiro que me parecia familiar, vinha do caldeirão que fervia perto de um balcão, cheguei mais perto para olhar e vi um roxo muito bonito.
— Que poção será ? – Peguei uma concha que estava em cima do balcão e coletei um pouco da poção pra examiná-la mais de perto – E agora, o que eu fiz? – entrei em desespero, a poção mudou pra um lilás e de repente o fogo ficou baixo.
Depois disso não aconteceu mais nada, esperei mais um pouco e nada.
— Calma Hermione – tentei me tranqüilizar – ela deve ter programado a poção com algum feitiço.
Voltei a olhar a concha que tinha na mão, eu nunca tinha visto uma poção como aquela, aquilo me intrigava, como poderia me lembrar do cheiro então? Minha mão estava começando a arde novamente, dei a volta no balcão e fui até a pia, coloquei a concha com a poção e a varinha ali do lado e desenrolei o pano, queria não ter feito isso.
Minha mãe estava pior que antes e continuava a sangrar intensamente.
— Vou morrer de hemorragia se Madame Pom...
— E vai mesmo se não der um jeito logo nesta aberração que tem na ponta do braço – dei um pulo para o lado com mão sangrando e tudo mais para pegar minha varinha, uma reação de reflexo – Ho não, não se assuste menina, não irei machucá-la apesar de que, pior não pode ficar.
Eu rodava no mesmo lugar procurando o dono da voz até que o encontrei em cima da lareira, era um quadro de um jovem, parecia ter uns 18 anos, pele clara com cabelos cacheados em tom escuro.
— Papoula teve que sair, foi ao St’Mungus com Minerva e Alvo – era muito belo para um quadro e simpático enquanto falava – Parece que alguém falou de um tal de veterinário para Minerva e ela estava eufórica para ajudar a bruxa que está moribunda – Fiz careta pra ele enquanto ele falava, como podia fala assim de Helena? – Eu ainda estou procurando o que possa ser veterinário, não acho em nenhum livro de poções ou artefatos, to começando a achar que Minerva está mexendo com Arte das Trevas – terminou ele coçando o queixo.
Eu não agüentei e comecei a rir, como poderia achar que um veterinário seria um artefato ou uma magia das trevas. Hilário..
— Do que está rindo?
— De você – ele me olhou espantando com a clara pergunta: ”Por quê?” – é que veterinário é uma profissão dos trouxas, é como se fosse um curandeiro, só que ele cuida de animais. E você estava achando que era uma poção ou um artefato, até mesmo cogitou a possibilidade de a Professora McGonall estar mexendo com Arte das trevas...
O cheiro me embriagava agora, cada vez mais e eu não conseguia para de rir.
“ Pense Hermione, dá onde você conhece..”
— Agora que você diz – o que eu disse? Eu dançava naquele aroma – realmente é muito engraçado imaginar Minerva realizando a Arte das Trevas...
“Lembre-se Hermione, tire esse escuro da cabeça e lembre-se..” eu dizia isso a mim mesma varia vezes, já nem escutava o que o moço do quadro dizia sobre a professora.
“Escuro, não vejo nada, mas posso senti-los...”
— Co-como? Eu!? Envolvida com Ar.. – Eu via a McGonagall e Madame Pomfrey em frente a lareira mas estavam tão distantes. Como podiam? A sala não era tão enorme assim.
— Senhorita Granger o q... – quem falava agora? Não via mais a sala apenas o escuro.
“ Sentia a grama molhada em seu rosto e algo quente escorria da testa pela bochecha do lado direito.
— Vejam só a Sangue – Ruim se cortou – falava a voz com desdém – Como ousa poluir nosso ar e solo como esse sangue sujo? – E assim algo a acertara com tudo no rosto, parecia um tapa, mas não havia mão.
“Não faça isso Hermione, não de ales o que querem, não seja fraca!”
Escutava eles rirem com seu sofrimento, com sua dor” .
— GRANGER VOLTE! NOS ESTAMOS AQUI!! – escuro novamente, mas quem estava gritando? pedia pra voltar, mas quem? – Vamos menina, você tem que...
“ Os risos voltaram, o cheiro da grama molhada também.
— Ela não passa de um verme – a frieza com que dizia aquelas palavras feria a garota que encarava a grama – Acha mesmo que pode lutar contra nós Granger? Quanto mais acha irá agüentar? – Estava sussurrando em seu olvido, a castanha sentia medo, tremia de medo.
— Deixe-a ai – uma voz feminina que Hermione reconheceu na mesma hora – Vamos entrar e terminar o serviço.
O ódio que explodia em seu peito lhe deu forças, podia escutar eles se afastarem, mas não iriam embora tão fácil assim, não iria deixar.
— Onde pensão que vão? – a garota estava de pé, com a raiva estampada nos olhos e um sorriso sinistro nos lábios – a diversão só começou!
Pela primeira vez conseguiu enxergar, havia cinco comensais a sua frente na calçada de uma rua totalmente apagada. Dois deles estavam sem mascaras e a menina de 15 os reconheceu...
— Malfoy.. Lestranger – seu sorriso ficou torto – não sabiam que fugiam da raia!.”
Tumulto.
Era o que resumia o que se passava no quadro do jovem rapaz em cima da lareira bem a minha frente, eu via muitos rostos ali, muitos espantados e com olhos arregalados.
Podia ver a Professora e Madame Pomfrey novamente, mas estava diferente, elas estavam em baixo? Foi então que percebi que estava novamente flutuando, só que desta vez não estava deitada e sim de pé.
As duas logo em baixo estavam brancas igual cera. Eu queria descer mas não conseguia, pensava na minha varinha, porem não conseguia ver o balcão onde tinha deixado-a.
— Me ajude a descer?! – Pedia a Professora, ela parecia paralisada, e não mexeu um músculo sequer – Onde logo Minerva!. – Podia ver que a qualquer momento as lagrimas estariam chegando, precisava sair dali e tirar as imagens ruins da minha cabeça.
Dessa vez eu conseguia lembrar de tudo, lembrava da Lestranger, Malfoy e companhia, da rua.. de TUDO. Precisava descer dali logo e contar ao Dumbledore, assim encontrariam uma solução para o ataque que tinha visto.
Minha cabeça naquela hora girava com milhões de pensamentos, estava tão afoita que nem havia percebido o que se passava na sala, que no quadro abarrotado de rosto apenas um par de olhos piscava, que as duas que estavam no chão não saíram da mesma posição quando falei, nem mesmo uma brisa dentro da sala.
— Garota se você me acerta de novo eu juro não te deixar dormir por dias – Era o moço do quadro que falava, o único que se mexia na multidão.
— Por que ninguém se mexe? – ele apenas me olhou – Por que tem tanta gente no seu quadro?
—Como assim? Não tem ni... – de repente ele parou de fala e me olhava com cara de quem via fantasma – O que você fez?
—Me tire daqui Minerva! Agora! – Era eu que falava, com tom autoritário, mas como podia falar assim com a McGonagall? – Já chega por hoje, não agüento mais.
— O que você está fazendo aqui? Cadê a garota de cabelos castanhos? – O moço do quadro perguntava no meio da confusão de rotos, que agora se mexiam muito e o empurravam pra lá e pra cá.
— O que acha que estou fazendo aqui criança? – Havia sarcasmos na minha voz – Aprendendo a voar. – o rapaz do quadro me olhava com assombro. – Dumbledore mande Minerva parar, eu já não suporto mais isto. – Foi ai que vi que Dumbledore estava ali também, ao lado direito , via-o me olhar do chão com aquele entusiasmo de louco.
— Acredito minha cara que fizemos alguns progressos hoje - seus olhos brilhavam enquanto falava – Já não estamos longe do final agora, ho sim! Não estamos. – Terminou ele enquanto se encaminhava até McGonagall.
—Cade a garota da Grifinoria – o moço do quadro ainda me olhava espantado ou aterrorizado? – A de cabelos castanhos, o que você fez com ela?
— Não ha ninguém além de nos aqui criança, pare de falar besteiras. – Ele abrira a boca para protestar – E acha mesmo que arriscaria trazer mais alguém aqui?
— Mas ela estava AI! – ele estava agitado e empurrava todos que estavam no quadro junto a ele.
— Mas de que garota você es...
“A sala sumiu, estava andando agora, o frio me castigava, estava em um corredor muito mal iluminando. Onde estava e por que fazia tanto frio? Me sentia horrivelmente cansada.
O corredor havia acabado, agora me encontrava numa pequena sala redonda, tinha apenas duas mesas ali, a maior tinha centenas de livros em cima e na outra um lampião que iluminava apenas metade da sala, ficando o resto no mais total escuro.
— Vamos criança, sai daí – Me vi dizendo para o lado escuro da sala. – Você tem muito que aprender ainda.
— Não quero, não há motivos para isso.- uma voz fraca me respondia.
— Não desista criança – eu estava do lado da mesa de livros e procurava um em especial – Nada será de pouca importância, você tirará proveito em algum momento. – Um suspiro vindo do escuro - Toma, você irá gostar do que vai aprender hoje. – E joguei o livro no escuro e esperei.
Logo ouvi alguém se mexendo e passos em minha direção.
— Você sempre diz isso – a voz estava perto agora.
Podia ver a silhueta magra agora chegando perto da luz, uma garota magra de cabelos castanhos, ela estava imunda, o rosto ossudo e castigado, os cabelos desgrenhados atrás da orelha.
— Então é isso que pretende me ensinar? – perguntava ela com o olhar travesso enquanto erguia o livro para mim - Então vamos começar Vivien. – disse ela se sentando perto do lampião.
“Claro que sim minha pequena criança, você estará mais forte quando voltar para o mundo”, com esse pensamento me dirigi até a menina.””
Estava de volta a enfermaria, o quadro já não tinha um monte de rosto, apenas o moço de antes com cara de pavor. Perto de mim no chão estava Madame Pomfrey, McGonagall e Dumbledore com a varinha apontada pra mim e eu com a varinha apontada para ele.
Eu não sabia o que estava acontecendo, o diretor me olhava com seu olhar entusiasmado novamente enquanto as outras duas com medo. Logo que percebi o que estava fazendo abaixei o braço e tentava descer.
— O QUE VOCÊ FEZ SUA BRUXA VARRIDA? – Perguntava o moço do quadro que puxava os cabelos com força – Pra onde você me levou? Onde se meteu, cadê a Lena?
— Se acalme Victor – Dumbledore dizia a ele – logo esclareceremos as coisas, se não ficará careca antes de ficar velho.
Ele continuava apontando a varinha para mim e olhava como se esperasse algo.
— Por favor, me tirem daqui – Disse olhando para eles, qualquer um.
— Alvo.. – McGonagall começara a falar mas perdera a voz.
O que estava acontecendo? Será que desta vez foi pior que a primeira?
Olhava em volta e não via nada fora do lugar, minha visão estava um pouco embaçada, mas fora isso tudo parecia igual.
— Se acalme Hermione – Dizia ele calmamente – O pior já passou, mas você precisa se acalmar para que possamos fazer algo.
Me acalmar, como poderia me acalmar? Queria saber até onde foram os estragos desta vez, não tinha coragem de olhar meus braços, o do lado esquerdo estava dormente até o cotovelo e o direito eu sentia uma forte pressão, mas não doía.
O pavor naquele momento tomava conta de mim, a expressão das duas presentes na sala não melhorava em nada o meu estado de espírito. O clima estava tenso ali.
— Não nos olhe assim Hermione – ele sorria como se pedisse desculpas – só poderemos fazer algo quando você deixar.
Minha visão ficava pior, estava embaçando mais ainda. Eu estava cansada, minha cabeça doía muito, queria minha cama quentinha e macia que ficava na torre da Grifinória. Como ela parecia um tesouro naquela hora, algo realmente único e inestimável.
— Veja, vou lhe mostrar por que não posso fazer nada enquanto você não deixar.
Dumbledore levantou ainda mais a varinha e fez alguns movimentos estranhos, de repente da ponta de sua varinha saiu uma ave de luz, não conseguia velá-la direito, seria um patrono? Minha visão ficava pior, fechei o olho com força e abri novamente mas não adiantou, a ave vinha na minha direção, quando chegou perto o suficiente para me tocar pude ver que estava de olhos fechados. Algo estava errado, patronos não tem traços tão definidos, como aquela ave podia ter? Aquilo não era um patrono...
A conclusão veio um pouco tarde, pois a ave abriu os olhos, uma cor tão intensa e bonita, um dourado que me deixou sem fôlego, me inclinava para ela sem perceber, queria poder vê-la melhor mas a visão ficava mais ruim ainda, quanto mais me aproximava pior ficava minha visão. Ficar perto da ave me dava um sensação gostosa, mesmo quando ela abriu as asas e colocou as em volta de mim não tive medo.
Eu tentava ignorar a falta de visão e a cabeça explodindo. Queria ficar ali com a ave, porém o escuro veio novamente e sensação boa se foi.
O medo, a angustia, todos os sentimentos ruins que eu tentei reprimir tomavam conta de mim, as lagrimas que eu tanto segurei agora caia sem pudor algum. Que pesadelo era aquele?
—Bruxa varrida abra os olhos, nos ainda estamos aqui. – escutava o moço do quadro falando comigo – E você também.
Eu abri os olhos e vi que nada aconteceu, a não ser minha cabeça estourando de dor e que a ave havia sumido. Minha visão começava a ficar normal agora, me sentia vazia, mal tinha forças para levantar as pálpebras.
— Alvo.. a qualquer momento – era Minerva que falava, percebi que mal respirava. Ela também esperava ansiosamente acontecer algo.
— Sim, Sim. – ele continuava apontando a varinha pra mim.
E seu sorriso brincando em seus lábios foi a ultima coisa que vi antes de cair na inconsciência.
Quanto tempo será que fiquei assim? Me sinto cansada ainda, tenho muito sono também. Porém preciso colocar pra fora tudo que aconteceu antes que eu esqueça algo, vai que as poções de Madame Pomfrey tenha efeito colateral. Um risco que não quero correr.
Tem umas flores na mesinha aqui do lado, junto com as minhas coisas, pelo visto os meninos estiveram aqui. Como já é noite, vou dormir.
Mias uma noite na Ala hospitalar pra coleção. Ho Merlyn, queimei sua barba em outra vida?
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