Gryffinthor vs Slytherin [100%

Gryffinthor vs Slytherin [100%








 










Would you mind if I hurt you?
Understand that I need to
Wish that I had other choices
than to harm the one I love


(Você se importaria se eu lhe machucasse?
Entenda que eu preciso
Gostaria de ter tido outras escolhas
Além da de prejudicar quem eu)


What have you done now!

( O que você fez agora)

I know I'd better stop trying
You know that there's no denying
I won't show mercy on you now
I know, should stop believing
I know, there's no retrieving
It's over now, what have you done?


(Eu sei, é melhor eu parar de tentar
Você sabe que não há negação
Eu não mostrarei misericórdia por você agora
Eu sei que deveria parar de acreditar
Eu sei que não há salvação
Agora acabou, o que você fez?)


What have you done now!

(O que você fez agora)

I , I've been waiting for someone like you
But now you are slipping away ...oh
Why, why does fate make us suffer?
There's a curse between us, between me and you

(Eu sei, é melhor eu parar de tentar
Você sabe que não há negação
Eu não mostrarei misericórdia por você agora
Eu sei que deveria parar de acreditar
Eu sei que não há salvação
Agora acabou, o que você fez?)


What have you done! What have you done!
What have you done! What have you done!
What have you done now!
What have you done! What have you done!
What have you done! What have you done!
What have you done now!


(O que você fez? O que você fez?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez agora?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez agora?)


Would you mind if I killed you?
Would you mind if I tried to?
Cause you have turned into my worst enemy
You carry hate that I don't feel
It's over now
What have you done?


(Você se importaria se eu lhe matasse?
Você se importaria se eu tentasse?
Porque você se tornou meu pior inimigo
Você carrega o ódio que eu não sinto
Agora acabou
O que você fez?)

What have you done now!

(O que você fez agora)

I , I've been waiting for someone like you
But now you are sleeping away...oh What have you done now!
Why, why does fate make us suffer?
There's a curse between us, between me and you

(Eu, Eu estive esperando por alguém como você
Mas agora você está escapulindo...Oh, o que você fez agora?
Por que, Por que o destino nos faz sofrer?
Há uma maldição entre nós, entre você e eu)

What have you done! What have you done!
What have you done! What have you done!
What have you done now!
What have you done! What have you done!
What have you done! What have you done!
What have you done now!
What have you done now, What have you done?...

(O que você fez? O que você fez?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez agora?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez? O que você fez?
O que você fez agora?
O que você fez agora, o que você fez?...)


I will not fall, won't let it go
We will be free when it ends

(Eu não cairei, não deixarei isso continuar
Nós seremos livres quando isso acabar)


I, I've been waiting for someone like you
But now you are slipping away ...oh What have you done now!
Why, why does fate make us suffer
There's a curse between us, between me and you

(Eu, Eu estive esperando por alguém como você
Mas agora você está escapulindo...Oh, o que você fez agora?
Por que, Por que o destino nos faz sofrer?
Há uma maldição entre nós, entre você e eu)


I, I've been waiting for someone like you
But now you are slipping away ...oh What have you done now!
Why, why does fate make us suffer
There's a curse between us, between me and you

(Eu, Eu estive esperando por alguém como você
Mas agora você está escapulindo...Oh, o que você fez agora?
Por que, Por que o destino nos faz sofrer?
Há uma maldição entre nós, entre você e eu)



- Mattson.- Carrow murmurou o seu nome com desdém.- O que fazes por aqui mestiça?


 


Annya observou Carrow por alguns segundos, depois sorriu-lhe com igual desdém.


 - Ando à procura de uma cabine.- Respondeu docemente, não escondendo o seu sorriso de gozo.


 Carrow soltou uma gargalhada rouca e tirando de seguida uma varinha do seu manto, apontou-a a Annya. A garota mesmo assim não perdeu a sua postura superior.


 - Pelos vistos sempre vamos ter uma mestiça para torturar.- Disse Carrow satisfeito, aproximando-se de Annya com um sorriso maligno.- Se fosse a ti mestiça, pensava várias vezes antes de abrir a boca imunda. Os teus castigos hão-de ser muito piores que os dos outros.


 Annya gargalhou.


 - Gostava de ver.- Sibilou em desafio.


 Os lábios de Carrow fecharam-se formando uma linha firme, depois tornaram a abrir-se e este sorriu, fingindo não ter ouvido o comentário da garota.


 - Por falar em coisas imundas, como está a tua mãe, Mattson? Morta?- Provocou-a Carrow.


 Annya olhou-o com alguma raiva, mas de novo abriu um sorriso de gozo.


 - Eu não sei, esperava que me desses a resposta, Carrow, afinal não vos competia a vocês capturá-la?- O sorriso da garota alargou-se.- Mas é obvio que apesar de ser sangue de lama a minha mãe é muito mais esperta que vocês.


 - Sua pirralha nojenta.- Bradou Carrow aproximando-se ferozmente de Annya, apontando-lhe a varinha ao peito, esta continuou a sorrir-lhe com escárnio.- Eu não sei que troque é que usaste para conseguires passar como tendo um sangue puro...


 - Acredita que não usei troque nenhum, por mim estava a quilómetros daqui.- Interrompeu-o Annya.


 - Mas uma coisa garanto-te, és a única mestiça nesta escola e vais sofrer as consequências disso.- Ameaçou-a Carrow.


 - Que consequências? Vou ser posta de parte pelos sangues puros.- Disse num tom de gozo. Depois colocou a mão no peito e continuou.- Que horror!


 - Ainda gozas?- Perguntou-lhe Carrow surpreendido.


 - Que é que vai acontecer-me?- Perguntou Annya mais séria.- Vão matar-me?


 Annya arregalou propositadamente os olhos, depois sorriu.


 Carrow permaneceu com a varinha apontada ao corpo de Annya, com um ar ameaçador, mas estando no fundo um pouco receoso com a indiferença da garota.


 Algo lhe dizia que Annya não era o adversário ideal para ele. Algo lhe dizia que Annya não era apenas uma cara ou um corpo bonito, que era muito mais que isso. Talvez a forma como olhava para as coisas, talvez a forma como dirigia-se às pessoas.


 Para Carrow, Annya era muito diferente das garotas típicas da sua idade ou pelo menos aparentava ser. Não era só fisicamente, mas também psicologicamente, a garota à sua frente era muito mais adulta que muitas da sua idade, e sem dúvida que também era muito menos inofensiva que as outras.


 Ela não tinha o olhar que ele habituara-se a ver em todas as suas vitimas, e talvez fosse isso o que mais fazia-o receá-la. O brilho que bailava nos olhos da garota estava longe de ser o de medo, era um brilho que dava voltas entre soberania, imparcialidade e frieza, não era o brilho comum de se ver em alguém tão novo, nem mesmo comum em ver-se no mundo dos mais velhos. Carrow, que já estava habituado a viver no mundo da soberania, raramente via um brilho tão parecido entre os outros devoradores, talvez só tivesse visto um brilho assim nos mais cobiçosos, e no seu senhor.


 Carrow sentiu um arrepio, e involuntariamente recuou um passo. A garota sorriu com a reacção do homem.


 Carrow abanou a cabeça.


 Talvez a garota fosse só inconsciente, muito inconsciente para meter-se com eles.


 - O que vai acontecer-me?- Annya perguntou novamente em tom de desafio.


 Carrow observou-a por mais uns instantes e depois sorriu.


 - O que pensas que vai-te acontecer, Mattson?- Perguntou-lhe Carrow com um sorriso maligno.


 - Porque não mo demonstras?- Desafiou-o Annya.


 O homem deu um passo em frente, tentando amedrontar Annya, mas esta gargalhou, abriu os braços e ergueu o rosto.


 - O que pensas que estás a fazer?- Perguntou-lhe Carrow confuso.


 Annya sorriu.


 - Porque não me tentas atingir, Carrow.- Desafiou-o Annya.- Para provares-me o teu poder.


 - Com todo o prazer.- Disse o homem erguendo a varinha e lançando um feitiço na direcção de Annya. Esta que já encontrava-se à espera foi suficientemente rápida para desviar-se do feitiço.


 A garota gargalhou ao ouvir o feitiço partir uma porta de vidro que encontrava-se atrás de si. Dois rapazes que tinham acabado de entrar olharam assustados para os pedaços da antiga porta que encontravam-se à sua frente, depois olharam para Annya e de seguida para Carrow curiosos, mas ao verem o olhar enfurecido de Carrow apressaram-se a entrar numa cabine.


 - E falhaste.- Provocou-o Annya.

Carrow ergueu a varinha novamente pronto para lançar um novo feitiço.


 - O que vais fazer-me Carrow?- Perguntou-lhe Annya, distraindo-o.- Matar-me.


 Carrow gargalhou friamente baixando depois a sua varinha lentamente, mas ao ver que a garota havia dado dois passos na sua direcção tornou o seu rosto de novo sério e tornou a erguer a varinha numa forma ameaçadora.


 - A morte, garantir-te-ei eu que será aquilo que mais desejarás, Mattson.- Respondeu-lhe com o rosto sério.


 Annya sorriu.


 - Tens certezas que me garantirás isso?- Perguntou rindo-se.


 Carrow olhou-a irritado.


 - Que vais fazer-me Carrow.- Perguntou-lhe Annya.


 Carrow ergueu as sobrancelhas.


 - O que te parece?- Perguntou seriamente.


 Uma riu-se, deixando Carrow ainda mais confuso. Seria aquela garota assim tão inconsciente?


 - Tens a certeza que consegues lançar uma cruciatus decente, Carrow?- Perguntou, deixando o homem a olhá-la espantado e de seguida irritado.- Quero dizer tu nem com um feitiço simples acertas-me…como podes ter a certeza que a tua cruciatus vai funcionar em mim.


 - Tu fazes ideia do disparate que estás a dizer, fedelha? – Perguntou-lhe Carrow aborrecido.- Tu fazes a mínima ideia de que nós somos?


 Annya fez um ar inocente.


- Quem são vocês?- Perguntou-lhe Annya.


 Carrow olhou-a com irritação.


 - Alguém com quem uma pirralha como tu não devia-se meter. Nem tu, nem ninguém.- Respondeu-lhe Carrow num tom ameaçador.


 - Porque não?- Perguntou num tom desafiador, aproximando-se lentamente, obrigando Carrow a erguer a varinha.


 Carrow abriu um sorriso, demonstrando os seus dentes já amarelos e gastos.


 - Podemos matar-te a ti e à tua família num estalar de dedos.- Disse-lhe sorrindo.- Porque neste nosso mundo, impuros como tu não sobrevivem.


 Annya permaneceu parada durante alguns segundos, os seus olhos fixaram-se nos de Carrow. O verde dos olhos da garota ganhou reflexos brancos. Carrow temeu saber o que se passava. Era impossível que uma garota daquela idade já conseguisse praticar Legimância, especialmente sendo ela uma mestiça.


 Carrow observou o ar sério da garota intrigado. Sabia que algo nela era diferente, mas duvidava que chegasse ao ponto de ela conseguir já praticar Legimância.


 Uma dor começou a afectar-lhe a cabeça, e Carrow sentiu que a sua mente começava a ser invadida.


 Abanou várias vezes a cabeça, para afastar uma ideia tão ridícula.


 - Consideraste superior, Carrow?- Perguntou-lhe Annya  ao fim de alguns segundos.


 Carrow fez um sorriso desdenhoso.


 - De criaturas miseráveis como tu, sou com toda a certeza.- Respondeu-lhe com orgulho.


 Annya permaneceu séria.


 - Assério?- Perguntou num tom de escárnio.- Isso é por teres um sangue completamente puro, sem vestígios de impureza como eu, não é?


 Carrow alargou o sorriso.


 - Obviamente.- Respondeu.


 - Mas parece que o teu precioso sangue não te valeu de muito.- Disse-lhe a garota.


 Carrow encarou-a surpreendido.


 - Como assim?- Perguntou-lhe.


 Annya deu alguns passos começando a andar a volta de Carrow.


 - Puseram-te como professor, Carrow, algo que tu odeias.- Explicou-lhe a garota.- Odeias crianças, não é Carrow? É por isso que não tens filhos.


 Carrow observou a garota intrigado, como poderia ela saber daquilo?


 - Querias estar no Ministério, mas puseram-te no infantário.- Continuou Annya.- Puseram o Yaxley no teu lugar, e o que é que ele fez? Lançou uma Imperius sob o Thicknesse, grande coisa!


 - Como é que tu sa…?


 - Puseram o Yaxley no teu lugar, a ganhar o triplo do teu salário quando as tuas linhagens de sangue são mais puras que as dele, quando tu presenciaste a morte de Albus Dumblodore e lutaste bravamente contra os da Ordem de Fénix.- Annya parou e encarou Carrow.- O teu querido Lordy preza muito, pois não? E pelos vistos também não segue muito as suas regras sobre o sangue puro e o sangue impuro, pois senão tu estarias colocado à frente de Yaxley.


 Carrow encarava Annya, admirado.


 - Como sabes do Thicknesse?- Perguntou estupefacto.


 - Não me admira que o teu Lordy não te dê grandes informações ou grandes missões.- Respondeu-lhe a garota.- Até uma criança ouvia os teus segredos mentais.


 Carrow ia abrir a boca para responder a Annya mas antes que pudesse fazer algo mais, foi interrompido.


 - Carrow!- Uma voz rouca e masculina chamou-o.


 Annya afastou-se e encostou-se a uma porta de uma cabine vazia. Aquilo prometia.


 Uns passos pesados e apressados de alguém a subir e logo a seguir um homem entrava na carruagem. Era mais alto que Carrow, magro, com cabelo grisalho, faces encovadas e expressões carrancudas, lábios finos e o nariz recto, olhos escuros e discretos, em torno dos olhos podiam-se começar a notar algumas rugas. Não tinha qualquer charme ou elegância, e seria bastante discreto se não trajasse um manto adornado com ouro.


 - Yaxley.- Cumprimentou o outro com algum desdém.


 Yaxley fez um sorriso presunçoso ao chegar a Carrow. Pareceu não ter visto Annya que ficara encostada a uma porta de uma das cabines. Esta observava os dois com muita atenção.


 - O que fazes aqui, Yaxley?- Quis o outro saber.


 - Vim certificar-me que não escondes aqui algum indesejável.- Respondeu o outro.


 As expressões de Carrow enrijeceram-se e este encarou Yaxley com raiva.


 - O que queres dizer?- Perguntou enfurecido.


 - Que com a tua incompetência ainda deixas que algum passe.- Respondeu começando a olhar para algumas cabines.


 - Seu…- Carrow rosnou.- Quem te deu premissão para tal?


 - O Senhor das Trevas.- Disse voltando-se para Carrow.- Alguma contestação?


 Carrow permaneceu calado.


 - Pois, bem me parecia.


 Carrow olhou para o outro com alguma irritação.


 - Faz o que tens a fazer.- Resmungou.- Mas em dez minutos temos que partir. Ordens do Senhor das Trevas.- Disse num sibilo.


 Yaxley deu de ombros e voltou-se na direcção de Annya.


 - Alguns dementors vão com vocês.- Informou. Os seus olhos pousaram em Annya.- Ora, ora, ora! Pelos vistos sempre levas escória no teu comboio Carrow.


 Aproximou-se rapidamente de Annya e segurando-a por um dos braços, puxou-a para perto de si. Carrow observou a garota, deu de ombros e voltou as costas.


 - Faz o que entenderes.- Disse.- Mas não te esqueças que em dez minutos temos que partir.


 Carrow começou a andar pelo corredor até entrar numa das cabines finais.


 - Não vou demorar muito Carrow.- Disse, Depois voltou-se para Annya.- Que fazes aqui Mattson?


 Annya olhou-o com desprezo.


 - Caso não te lembres, Yaxley, eu passei no teste.- Disse com um sorriso.


 Yaxley pensou durante uns segundos e depois com um sorriso malicioso começou a puxar Annya pelo corredor, ao contrário do que esperava, esta não debateu-se.


 - É exactamente disso que eu quero falar.- Disse-lhe enquanto a arrastava.


 Passaram por várias cabines, que na maioria encontravam-se vazias, mas Yaxley só parou ao encontrar-se em frente a uma porta, no fundo do corredor, que poderia notar-se logo de partida que não era uma porta de nenhuma cabine.


 Yaxley abriu a porta e empurrou a garota para dentro, entrando logo de seguida.


 Era uma arrecadação pequena e escura, caberiam nela umas dez pessoas sem estarem apertadas umas contra as outras. Nas duas paredes laterais encontravam-se duas prateleiras que iam do chão ao tecto da arrecadação e que ocupavam as duas paredes na totalidade. As prateleiras encontravam-se ocupadas por diversos frascos feitos de vidro e que possivelmente continham matéria inflamatória.


 Annya observou a estante com atenção, pensando numa utilidade que os materiais desta poderiam vir a ter.


 - Vamos divertimo-nos imenso.- Ouviu Yaxley dizer enquanto este fechava a porta e colocava um feitiço silenciador na arrecadação.


 Um sorriso frio apareceu nos lábios da garota.


 - Pelo menos eu.- Ouviu o homem sussurrar.


 Yaxley segurou no pulso da garota e puxou-o com violência suficiente para Annya ser arremessada contra a porta que encontrava-se atrás de si. O homem aproximou-se e encostou o seu corpo ao de Annya prendendo-o entre o seu e a porta, e de novo, para surpresa do homem, Annya não fez qualquer resistência.


 - Podes gritar à vontade, mestiça.- Disse.- Ninguém vai ouvir-te.


 Annya permaneceu calada, olhando fixamente para o fundo da arrecadação, um sorriso formava-se nos seus lábios. Mal acreditava que Yaxley tinha sido estúpido ao ponto de não lhe retirar a varinha.


 - Os ingleses são tão estúpidos como convencidos.- Pensava.


 Sentiu os lábios de Yaxley passarem pelo seu pescoço, mordendo-o e depois passarem pelas suas clavículas. Annya conteve-se para não fazer nenhuma cara de nojo, as suas mãos deslizaram lentamente para os bolsos onde tinha a varinha estava escondida, com cuidado, tentando ao máximo dos possíveis não serem apanhadas.


 O mau hálito e o cheiro desagradável do homem enojavam-na.


 Sentiu as mãos de Yaxley aproximarem-se da sua blusa, e depois sentiu que esta era aberta violentamente, quase rompendo os seus botões.


 De novo Annya teve que conter o seu nojo ao sentir as mãos de Yaxley envolverem a sua cintura. Os olhos de Annya ganhavam um novo brilho.


 - És mesmo uma garota muito bonitinha, Mattson.- Ouviu Yaxley dizer. Annya cerrou os seus maxilares, tentando conter assim a sua raiva. As mãos de Yaxley passaram da cintura de Annya para as ancas desta. As mãos da jovem apertaram firmemente a sua varinha enquanto fechava os olhos com força e mordia língua, tentando assim conter a sua raiva.- Tens as curvas perfeitas no local ideal. Tal como a tua mãe.


 Yaxley gargalhou friamente, as suas mãos deslocaram-se pelas costas da garota, que o encarou com ódio, o que excitou ainda mais Yaxley.


 - Por falar na mamã, onde é que ela está?- Perguntou num sussurro, enquanto chegava ao sutiã de Annya e começava a tentar desapertá-lo.


 - Estás a abusar da minha paciência, Yaxley.- Disse Annya num silvo. Yaxley parou surpreso com a valentia da jovem.- E porque te deveria dizer onde está a minha mãe?


 Yaxley fez um sorriso frio e depois agarrando num dos braços de Annya atirou-a para o chão.


 - Ora, ora, ora. Estava a ver que não te assanhavas Mattson.- Disse Yaxley rindo-se.- Não tem piada quando não estão bravas ou chorosas (que é a maioria).


 Annya olhou para Yaxley com ainda mais ódio, as suas mãos seguraram a varinha, enquanto a garota se virava para ficar de barriga para cima e depois apoiava o seu corpo nos seus braços.


 - Queres saber porque me mais contar onde está a tua mãe?- Perguntou Yaxley.- Primeiro: porque isso talvez te poupe a vida. Segundo: porque antes de nos divertirmos os dois- disse enquanto abaixava-se- eu vou divertir-me torturando-te.


 Annya observou o homem e depois ela mesma gargalhou. Yaxley ficou surpreendido com a reacção da garota.


 -Qual é a piada?- Perguntou-lhe confuso.


 - Queres saber porque não vou contar-te?- Perguntou a Yaxley rindo-se.- Primeiro: Eu não sei onde é que ela está. Segundo: Tu és um idiota.


 Yaxley encarou Annya com um olhar fulminante e depois colocou a sua varinha na barriga da garota e deslizou-a lentamente até que esta chegasse ao umbigo da jovem.


 - Vou torturar-te lentamente.- Yaxley começou a falar enquanto girava a sua varinha no umbigo da jovem. Annya agarrou a sua varinha com força.- Depois se me disseres algo de útil verei o que farei contigo, mas garanto-te que não irás gostar de qualquer decisão que eu tomar.- Os olhos de Annya brilhavam cada vez mais furiosos.- E no final, vou procurar a tua mamã e torturá-la e enviá-la para Azkaban…quem saiba…talvez algo mais.


 Sentiu Yaxley ajoelhar-se em cima das suas pernas.


Annya sabia o que tinha que fazer, e isso não a assustava nada.


- O que me dizes, Mattson?- Perguntou Yaxley passando as suas mãos pelas pernas da garota.

- Cometeste um grande erro em vir ter comigo, Yaxley.- Pensou.


 Sabia o que tinha de dizer e o que tinha de fazer, num impulso Annya ergueu-se e erguendo consigo a varinha apontou-a directamente ao peito de Yaxley.


 - Crucius.- Brandou.


 O feitiço atingiu Yaxley directamente no peito. Este inclinou-se para trás arregalando os com olhos com a surpresa. O seu corpo caiu para trás, e em poucos segundos a sala foi preenchida pelos gritos de dor de Yaxley, que começou a contorcer-se como se estivessem a pegar-lhe fogo. Encontrava-se incrédulo com a eficácia da maldição e do poder com que esta o atingia. Mas não tinha muito tempo para pensar nela, pois a dor impossibilitava-o de fazer algo mais que berrar e contorcer-se.


 Lágrimas de dor escorreram pelos olhos de Yaxley. Annya olhou para estas com desprezo. Levantou-se, apertou a sua blusa, não ligando aos gritos do homem. Quase jurava ouvir as súplicas deste enquanto se contorcia, mas ela não ligou, sabia que ele não ligaria às suas súplicas caso ela as fizesse.


 - Tenho que agradecer-te o facto de teres silenciado a arrecadação.- Disse-lhe Annya.- Deu muito jeito.


 Yaxley parou de gritar e pareceu começar a sufocar, Annya de novo não lhe ligou.


 - A minha vontade era a de matar-te, devias estar-me grato.- Sibilou-lhe Annya. Ergueu a varinha e apontou para as próprias feridas, curando-as de seguida com um feitiço.- Finite Incantatem.- Disse após alguns segundos, apontando a sua varinha a Yaxley.


 O homem parou de gritar e começou a arfar, com os olhos arregalados e a gemer de dor. Ergueu-se rapidamente apoiando o seu corpo numa das mãos e depois, olhando para Annya com os olhos fulminantes, pegou na sua varinha pronto para atacá-la.


 - Expelliarmus.- Bramiu apontando a sua varinha a Yaxley e desarmando-o. A varinha deste ergueu-se alguns metros para cair distante deste. O homem olhou irritado para a varinha, mas logo de seguida levantou-se, pronto para atacar a jovem.


 - Ajoelha-te.- Ordenou-lhe a garota, com a varinha em punho, já preparada para um ataque por parte de Yaxley.


 Os joelhos de Yaxley começaram a dobrar-se involuntariamente envoltos numa dor aguda caso tentassem não dobrar-se.


 - Cabra!- Yaxley grunhiu.- Vou matar-te sua cabra!


 Annya apontou a varinha a Yaxley e fez surgir das paredes duas correntes que envolveram os braços de Yaxley, prendendo-o.


Yaxley começou a debater-se contra as correntes, mas sem qualquer efeito. 


- Eu vou matar-te! Eu vou matar-te!- Gritava. 


Annya aproximou-se do homem, baixou-se e ficando próximo do rosto do homem.


- Tenta.- Desafiou-o. Yaxley Inclinou-se para a frente com rapidez e força, mas as correntes impediram-no de tocar sequer em Annya. 


A jovem olhou para o homem com ferocidade e depois, olhando fixamente para as correntes começou a fazê-las encolherem-se, esticando assim cada um dos braços do homem. Este começou a gritar de dor, debatendo-se o que causava um encolhimento maior das correntes. Os cabelos do homem, que dantes estavam arranjados, encontravam-se agora despenteados e molhados pelo suor que escorria da testa de Yaxley. O rosto deste, tal como os cabelos, estava húmido pela transpiração e vermelho devido aos esforços que ele fazia. 


Annya apontou a varinha às correntes murmurando um feitiço que as fazia parar de crescer. 


- Vais pagar-me por isto, Mattson!- O homem uivava. 


Annya riu-se e olhou para Yaxley com desprezo.


- Assério?- Perguntou num tom de gozo.- Estou cheia de medo!


Yaxley inclinou-se para a frente e berrou de dor, o máximo que pode, esperando que alguém o ouvisse, mas isto só fez com que a sua voz se gastasse e ele tivesse que parar de gritar.


- Vais pagar-me por isto, sua cabra!- Disse com a voz já rouca.- Quando eu sair daqui eu vou matar-te! Vou matar-te a ti e à tua mãe.- Soltou uma gargalhada rouca.- Vou estuprar-te, a ti e à tua mãe! Estás a ouvir-me Matsson? EU VOU ESTUPRAR-TE!


Annya aproximou-se de Yaxley, dando uma volta ao seu corpo, passando por debaixo dos braços esticados deste, colocou-se atrás e no final sussurrou aos ouvidos deste.


- Quem te disse que vais sair daqui.- Annya pode sentir o medo do homem, mas isso não a emocionou.- Yaxley, calma. Ainda temos muito tempo para divertirmo-nos. Pelo menos para eu divertir-me, porque posso garantir-te que não vais gostar.


- Vais pagar…- O homem sussurrou.- Quando o Senhor das Trevas souber…


- Então vais contar ao teu Senhor?


O homem fez um sorriso frio.


- Lamento mas isso não vai ser possível.- Respondeu-lhe Annya calmamente, enquanto dava a volta ao corpo de Yaxley e se punha de novo à sua frente.


- Vais matar-me Mattson?- Gozou Yaxley.


- Não.- Respondeu-lhe a garota.- Isso traria demasiadas suspeitas. Eu vou simplesmente tirar-te a memória disto. 


O homem gargalhou.


- Não consegues.- Disse-lhe convicto.


- Acredita que consigo.- Respondeu-lhe a garota no mesmo tom.


Yaxley sentiu os pêlos da sua nuca erguerem-se quando viu Annya abaixar-se, para ficar à sua altura. Podia agora ver melhor a beleza arrepiante da garota. Os traços de Annya tornaram-se cruéis, dando-lhe ainda uma maior beleza e sensualidade, uma sensualidade maligna que lembrava puramente o mal, mas uma sensualidade e beleza praticamente irresistíveis. Mas o que assustou mais a Yaxley, foram os olhos desta que encontravam-se verdes vivos, brilhantes, e repletos de ódio e rancor, sem parecerem ter qualquer emoção ou remorso Os mesmos olhos do seu senhor, com o mesmo brilho que os do seu senhor tinham quando este ia torturá-lo pelas suas terríveis falhas. A única diferença é que com o seu senhor ele sabia o que esperar, com aquela garota não.


- Yaxley- disse a garota com uma voz sedutora- nunca te ensinaram a não brincar com “os grandes”.


Yaxley olhou-a surpreendido.


- Consideras-te “grande” ?- Perguntou com desprezo.- Uma mestiça…


Annya riu-se.


- Sou maior que tu e que muitos outros.- Respondeu-lhe.- Muito mais poderosa.


- Prova-mo.- Desafiou-a Yaxley.


Annya riu-se e arregaçando as mangas do homem, passou a sua varinha pelos braços dele.


- Nunca ouviste dizer que quem brinca com o fogo acaba por sair queimado, Yaxley?- Perguntou-lhe Annya.- E tu tens brincado muito com o fogo.


Faíscas saíram da varinha de Annya e começaram a queimar a pele de Yaxley que gritou de dor e debateu-se contra as correntes, mas de novo não conseguiu nada.


Annya parou e olhou para Yaxley com menosprezo.


- Odeio pessoas como tu Yaxley.- Revelou-lhe Annya.- És nojento.


Yaxley começou a gargalhar.


- Vou fazer sentir-te nojenta.- Disse-lhe com a voz rouca.- Um dia vou acabar o que comecei hoje.


Uma açoitada proveniente da varinha de Annya fez um rasgão no rosto de Yaxley, salpicando para as roupas deste.


- Não creio.- Disse-lhe a garota.


Annya levantou-se e erguendo a varinha deu uma nova chicotada no braço de Yaxley, que gemeu de dor.


- Gostas delas bravas, não é Yaxley?- Eu vou mostrar-te o que é ser brava.- Dizendo isto Annya torneou o corpo do homem e voltando a erguer a varinha deu uma nova chicotada nas costas de Yaxley, este grunhiu de dor. Repetiu várias vezes o gesto, até começar a ver sangue formar-se na camisa de Yaxley. Depois parou.


Yaxley arfou deixando cair o seu rosto para a frente.


- Cabra.- Sussurrou.


- Não gostas Yaxley?- Perguntou-lhe irónica.- Não és tu que gostas delas bravas.


Annya olhou para o relógio que tinha no pulso e depois tornou a voltar as suas atenções para o homem. Sussurrou um novo feitiço e este tornou a fazer o homem gritar e a dizer uma infinidade de palavrões.


- Devias estar a agradecer-me estou a cuidas das tuas feridas das costas.- Disse-lhe chateada.


- Estás a queimar-me.- Gritou o homem.


- Isso faz parte do tratamento.- Respondeu-lhe calmamente, sem ligar aos gemidos do homem.


Passados alguns segundos o homem parou de bradar e deixou-se cair exausto.


Annya ergueu-se aproximou-se do homem e apontou a varinha à cabeça deste.


- Costuma-se retirar-se a memória quando a pessoa está inconsciente, dizem que é uma dor tão horrorosa que chega a ser pior que a cruciatus.- Sinceramente, eu não quero saber. Não sei se vives ou não, mas uma coisa garanto-te…vai doer.


 Sentiu o medo do homem aumentar, mas não ligou, então sussurrou algo inaudível, e em poucos segundos a arrecadação foi novamente inundada por berros de dor, e pelo barulho das correntes a serem movimentadas na tentativa de alguém se escapar delas.


 Um fio esbranquiçado saiu da cabeça de Yaxley e entrou na varinha de Annya, sendo acompanhado por gritos horrorosos que não duraram mais que cinco segundos, pois de seguida Yaxley começou a tremer freneticamente.


 Annya parou o seu feitiço e libertou o homem das correntes.


 - Provavelmente isso são convulsões.- Disse secamente.- Com sorte podes viver. Elas param daqui a sessenta segundos.


 Aos poucos as convulsões do homem pararam, Annya olhou para uma das prateleiras e depois sorriu.


 - Vais acordar com uma grande dor de cabeça, mas isso é explicado pela prateleira que caiu-te em cima, assim como as feridas e marcas das queimaduras.


 Dizendo isto apontou a varinha a uma das estantes e num movimento fez a estante cair em cima de Yaxley, que encontrava-se desmaiado. Vários frascos caíram em cima do homem, deixando-lhe arranhões e marcas de queimaduras.


 Annya sorriu, voltou as costas e saiu da sala.


 Não tinha corrido muito mal.- Pensou.


 

 


 Aos poucos Rachel foi acordando. Alguns arrepios percorriam o seu corpo, arrepios, que segundos mais tarde, Rachel descobriu serem provocados pelo frio.


 Encontrava-se envolta em algo sedoso e fresco, deitada sobre algo estranhamente confortável para ser o chão.


 Arrepiou-se diversas vezes até perceber que o que a envolvia não era a sua camisa de dormir.


 Sentiu uma sensação estranha cercar-lhe o estômago enquanto um peso era colocado sobre os seus pulmões, dificultando-lhe a respiração.


 Com o passar dos segundos Rachel apercebeu-se que não estava onde Riddle a havia deixado. Aquele local era muito mais confortável, mas mais fresco.


 Com as mãos foi apalpando o lentamente a superfície onde encontrava-se, tentando desvendar de que era feita e o que era. Os seus olhos continuavam fechados, talvez por ainda não ter forças para abri-los, talvez por não ter coragem suficiente para querer saber que local era aquele.


 Percebeu que a área onde encontrava-se era coberta por tecidos sedosos, macios e frescos. Possivelmente eram esses tecidos que cobriam igualmente o seu corpo e traziam-lhe uma sensação de frescura.


 Um grande formigueiro começou a percorrer todos os membros do seu corpo, à medida que uma pergunta formava-se na sua mente: onde estaria?


 De uma coisa tinha a certeza não estava no chão em que lembrava-se ter adormecido.


 Os dedos de Rachel percorreram o sítio onde tinha a sua cabeça pousada. Para além de confortável era fofo e era também coberto pelo mesmo tecido aveludado.


 Uma almofada.


 Rachel conseguia mexer os braços livremente, e nada apertava-lhe os pulsos, o que significava que estava livre das correntes que Riddle lhe havia posto.


 As mãos da mulher foram tacteando os tecidos que envolviam o corpo de Rachel, descobrindo que estes não passavam de meros lençóis.


 Teria algum membro da ordem conseguido salvá-la?


 A alegria e a esperança que surgiram depressa desapareceram. Era impossível alguém tirá-la dali. Aquele era o covil de Voldemort, quem lá entrasse só sairia de lá quando estivesse morto.


 Arrepios percorreram todo o corpo da mulher. O que teria acontecido?


 Rachel tentou lembrar-se do que acontecera depois de adormecer. Lentamente uma das suas mãos deslocou-se até à sua cintura. O pavor tomou conta do corpo de Rachel ao verificar que encontrava-se nua, somente com o lençol a cobrir o seu corpo.


 Sentiu os pêlos da sua nuca arrepiarem-se, enquanto constatava que de facto não tinha qualquer pedaço de roupa a cobrir o seu corpo. As suas mãos tremiam enquanto deslizavam pela sua cintura.


 Algumas lágrimas escorreram dos seus olhos, enquanto as suas mãos caíram sobre o lençol.


 Que teria acontecido?


 Inspirou fundo, tentando lembrar-se de tudo o que havia acontecido depois de adormecer.


 O único som que podia ouvir para além do zumbido que aparecera repentinamente nos seus ouvidos, era o som do bater descontinuou e apressado do seu coração.


 Nada. Não conseguia lembrar-se de absolutamente nada para além do escuro que a envolvera ao fechar os olhos.


 Rachel agarrou com mais força os lençóis que a cobriam, tentando assim aliviar tudo o que a afligia. Mais lágrimas escorreram pelos seus olhos, esta tentou com todas as suas forças apagar os soluços que começavam a surgir.


 Onde estaria?


 Rachel desejava não saber a resposta, pelo menos a resposta que tinha a certeza ser a acertada.


Sem aguentar mais, a mulher abriu os olhos e pode contemplar os tons negros e escuros dos lençóis que a cobriam.


 Virando o rosto, e deixando-o afogar-se na almofada, Rachel fechou novamente os olhos para não ter que ver os pormenores que já tão bem conhecia.


 O que teria acontecido?


 A mulher preferia nem saber. Não conseguia acreditar que aquilo lhe havia acontecido. Como pudera fazer tal coisa? Cometer tal erro novamente? Como pudera tornar-se de novo uma reles traidora?


 Sem aguentar, Rachel começou a soluçar. O seu corpo tremia, tal era o estado nervoso em que a mulher se encontrava.


 O cheiro dele cobria todo o local que rodeava Rachel, e esse cheiro trazia ainda maior nojo a Rachel, tanto dela como dele.


 Ela odiava-o, odiava-o com ódio puro, mas o ódio que nutria por ele não chegava a metade do ódio que nutria por ela mesma, por ser uma traidora.


 Talvez tivesse sido forçada.- Uma voz tentava acalmá-la.


Mas Rachel não acreditava nisso. Sabia que Riddle nunca teria o poder de forçá-la ao quer que fosse. Parte da sua mente tentava arranjar mil e uma justificações para o sucedido, justificações que Rachel escolhia uma a uma. A outra parte, a parte que Rachel sabia ser a mais verdadeira, acusava-a, dizendo-lhe tudo o que a magoava e a fazia sentir um maior nojo próprio.


Rachel afundou a cabeça o mais fundo que pôde, tentando assim deixar de respirar. Morrer. A única coisa que queria naquele momento. Morrer.


 Porque fizera aquilo novamente? Porquê?


 Rachel espetou as suas unhas na almofada, até não ter forças para mais, chorou até as suas lágrimas se esgotarem e começarem a arder-lhe os olhos. Depois deixou o seu rosto ficar caído na almofada, a observar com os olhos ofuscados os lençóis negros que a envolviam. Não tinha forças para nada, para gritar, chorar, ou soluçar, a única coisa que queria era morrer.


 Traidora, era novamente uma traidora. Talvez não o tivesse deixado de ser, talvez tivesse nascido já marcada com as marcas de uma traidora.


 Passos de alguém a aproximar-se.


 Rachel fechou os olhos e virou o rosto com a vergonha que sentia, os cabelos cobriram-lhe a face.


 - Talvez ele me mate.- Pensou.- Talvez ele faça-me esse favor.


 Mas as suas esperanças depressa desapareceram ao lembrar-se que Voldemort não tinha qualquer tipo de misericórdia.


 Ouviu um fraco ruído que a calma soltou, quando alguém se deitou nela. Rachel fechou os olhos com mais força, espetando ainda mais as suas unhas na almofada.


 - Mata-me.- Suplicou em pensamentos.- Mata-me.


 O cheiro dele tornava-se cada vez mais intenso. Rachel tentou novamente afogar-se na sua almofada, mas nada.


 Permaneceu durante alguns segundos assim, a suplicar interiormente para que ele a matasse, mas ao ver que ele nada fazia calou-se. Involuntariamente deslocou a sua cabeça ligeiramente para o lado, e espreitou.


 Os lençóis negros foram a primeira imagem que pode captar, logo a seguir sentiu uma mão percorrer as suas costas lentamente, arrepiando-a. Sem ter coragem para ver algo mais, Rachel tornou a fechar os olhos. Sentiu o calor do corpo dele próximo do seu, aquecendo-o involuntariamente.


 Algumas lágrimas escorreram dos seus olhos, mas imediatamente foram secas por uma das mãos dele.


 - Porque ainda não me matas-te?- Pensou. Os seus lábios estavam fechados com uma linha invisível, impossibilitados de se abrirem e pronunciarem-se.


 Sentiu o corpo dele erguer-se ligeiramente e depois sentiu os lábios dele percorrerem a sua espinha.


 Encravou as suas unhas cada vez mais na almofada. Os arrepios e o formigueiro, na zona onde sentia que os lábios dele tocavam, tornavam-se cada vez mais incontroláveis, assim como um desejo repulsivo.

Rachel castigava-se mentalmente por tudo aquilo, mas a sua mente pairava entre a dor e o desejo numa batalha sem fim.


 As suas mãos largaram a almofada e lentamente o seu corpo foi erguido pelas mãos de Riddle.


 Uma lágrima escorreu dos olhos da mulher, mas Riddle enxugou-a com os próprios lábios, deslizando os seus lábios de seguida para os cabelos da mulher, aproximando-os dos ouvidos desta.


 Rachel encontrava-se de joelhos em cima da cama, as mãos de Riddle abraçavam o seu corpo. Ela não queria quilo, nada daquilo, mas os seus membros deixaram de ser controlados pelo seu cérebro, apenas pela sua vontade.


 Rachel sentiu o seu coração palpitar com mais força. Seria aquela a sua vontade?


 Não podia ser. Não podia ser! Ela não queria aquilo, nada daquilo. Ela não queria Riddle, apenas os seus amigos de volta, apenas a sua filha de volta. Ela queria nunca mais ver Riddle, queria ter uma vida normal longe daquele pesadelo. Ela queria que Riddle desaparecesse da sua vida, apenas isso.


 Ela não o amava. Ela não o desejava.


 Então porque não controlava os seus próprios membros?


 Talvez estes tivessem sido paralisados por ele.


 As suas mãos deslocaram-se até aos ombros de Riddle, sentiu que os lábios de Riddle deslocavam-se até ao seu pescoço.


 Os seus membros não tinham vontade própria, apenas seguiam a sua vontade mais íntima, mais secreta, apenas seguiam o seu grande desejo.


 Mais lágrimas desceram dos seus olhos azuis. Ela não podia amá-lo, ela não podia desejá-lo, não podia tê-lo.


 Riddle abraçou a cintura de Rachel, e deslocando os seus lábios do pescoço da mulher, beijou os olhos desta, seguindo depois para as faces desta, limpando-as de qualquer vestígio de lágrimas, depois retornaram aos ouvidos da mulher.


 - Não deverias chorar por coisas sem importância.- Disse-lhe num sussurro, arrepiando todo o corpo da mulher com as suas palavras e o seu tom luxurioso.- Eles não te interessam mais. Nunca mais.


 A mulher deixou-se convencer pelas palavras sedutoras que Riddle proferia nos seus ouvidos, pelo menos uma parte, porque a outra chorava internamente por se sentir mal pela traição para com os seus amigos.


 - Rachel…- Sussurrou o homem com desejo.- Bela, inteligente e infedel.


 A mulher sentiu asco de si mesma, enquanto uma dor profunda afectava o seu peito. As lágrimas eram somente internas, e a dor era facilmente substituída pelo desejo.


 Riddle apertou mais o seu corpo contra o da mulher, as suas mãos deslizavam com desejo pela cintura desta. Os lábios da mulher deslocaram-se involuntariamente até aos de Riddle, beijando-os calmamente, as suas mãos pelo contrário, prenderam-se aos cabelos negros de Riddle agarrando-se a estes ferozmente.


 Ela não queria aquilo, nada daquilo, mas perdera o controlo sob o seu corpo há muito tempo. Ou seria sobre o seu coração?


 O homem afastou-se dos lábios da mulher, e largando-a alargou um sorriso frio.


 - A tua infidelidade para com os teus amigos deve ser recompensada.- Murmurou o homem com um sorriso cruel, Rachel sorriu-lhe contra as ordens que a sua mente pronunciava. No que estaria ela a tornar-se?-  Rachel Mattson juras fidelidade para comigo, teu Senhor, cumprindo todas as ordens que eu te darei e, caso seja necessário, dando a vida por mim?


 O sorriso da mulher alargou-se.


 - Não! Não! Não!- Gritava no seu interior, mas os seus lábios não lhe obedeceram, e responderam em voz alta.- Sim, eu juro.


 A repulsa que sentia de si mesma tornara-se tão grande, que só a morte a poderia acalmar. A sua repulsa contrastava com o sorriso glorioso do homem que pegou na sua varinha e aproximou os seus lábios dos da mulher.


 - Morsmordre.- Disse apontando a varinha para o braço da mulher. Esta sentiu-o queimar, como se tratasse-se de um ferro quente.


 O que fizera?


 Os lábios dos homem colaram-se aos de Rachel, e beijando-a com luxúria, impedindo-a de gemer de dor por ter recebido a marca. Riddle foi deixando o corpo de Rachel cair sobre a cama, deixando cair o seu em cima dele.


 - Agora és definitivamente minha,- Ouviu-o sussurrar, enquanto sentia os lábios dele deslizavam pelo seu pescoço. Lágrimas queimavam-na interiormente. Queria morrer. Não queria ser aquela traidora. Rachel fechou os seus olhos e desejou a morte.- Minha e só minha…


 O homem beijou-a com todo o seu ardor, cobrindo o corpo da mulher de desejo e fazendo-a afastar a dor.


 - Traidora! Traidora! Traidora!- Gritava ela mesma interiormente. Mas o seu corpo já não a escutava, já não escutava a sua dor.


 


 Rachel abriu os olhos de repente. O seu coração palpitava furioso, as suas mãos tremiam, e o seu rosto estava húmido provocado pelo suor. Tentou erguer-se, mas as suas tentativas não foram permitidas pela fraqueza que possuía o seu corpo.


 Inspirou e expirou diversas vezes, depois observou o quarto calmamente.


 Estava onde deveria estar e onde nunca sonhara em gostar de estar. Presa por correntes saídas das paredes, no chão, no meio do quarto, mas longe o suficiente da cama. Longe o suficiente dele.


 A mulher arrastou-se até perto da parede e suspirando aliviada tocou na sua camisa de dormir e sorriu. Depois arregaçando rapidamente, mas sem deixar de tremer as suas mãos, a sua manga esquerda tocou e observou o seu braço, verificando que a marca também não passara de um maldito pesadelo.


 De novo suspirou e sorriu aliviada, ao fim das várias vezes que verificara que a marca não existia no seu braço esquerdo.


 Encostou-se à parede e abraçou as suas pernas, tentando perceber o que havia acabado de se suceder. Sentiu algumas lágrimas escorrerem pelos seus olhos, os tremores das suas mãos não haviam desaparecido, nem tão pouco o seu coração deixara de pular furioso.


 As recordações que à muito pensava estarem apagadas tornaram a surgir-lhe na mente.


Porque sonhara com aquilo?


Rachel inspirou fundo e encostou a sua cabeça à parede, limpando as suas lágrimas com as mangas da sua camisa.


 Desde à muito tempo que deixara de acreditar que sonhos eram apenas sonhos, mas sim algo mais, desde desejos a medos e a premonições. Se sonhara com aquilo era porque algo deveria estar muito mal. Talvez a sua consciência a quisesse relembrar das suas terríveis recordações, lhe quisesse mostrar como era fraca e traidora.


 Sentiu algum receio apoderar-se do seu corpo. As imagens do sonho apareceram como flechas na sua mente. Como poderia ter permitido tal chegar àquele ponto? Porque não o parara?


 Teriam mesmo os seus membros, seguido a sua vontade?


 Rachel negou com a cabeça. Sabia que isso era impossível. Naquele sonho ela tinha sido um ser repugnante, e isso era algo que ela não era, pelo menos não o era desde há muito tempo.


 O sonho tinha algum significado, mas Rachel sabia que o significado dos sonhos nunca era sempre o mais aparente.


 Rachel fechou os olhos. Fosse o que aquele pesadelo fosse, Rachel só sabia uma coisa, não queria voltar a ter nenhum igual.



 


Annya desceu apressadamente do comboio, parou e olhou para o céu, abrindo de seguida os braços e sorrindo.


Pela primeira em toda a sua viagem de comboio não estava a chover e isso era animador. A temperatura também não estava má, encontrava-se amena, não estava frio, nem calor, o ideal.


 Annya alargou mais o sorriso e começou a encaminhar-se para um local mais isolado, encostando-se a um pilar.


 Ginny e a outra garota, Luna, pelo que Annya lembrava-se, haviam-se juntado ao grupo do sexto e sétimo ano, respectivamente, ela tinha que esperar ali por um professor, por ser uma aluna nova.


 Os seus olhos pousaram nos vários grupos que afastavam-se, todos silenciosos e tristes, talvez sofressem do mesmo que ela sofria, desprezo àquela escola.


 Um pequeno sorriso apareceu nos lábios da garota. Talvez aquela fosse a melhor altura para fugir.


 Annya começou a caminhar na direcção contrária à que os outros estudantes seguiram, mas depois de caminhar alguns metros parou abruptamente. Os seus olhos pararam num rapaz que se encontravam a alguns metros, a pouca luz dificultava-lhe a visão do seu rosto, mas Annya focou a sua visão no vulto do rapaz. Surpreendeu-se ao ver que este era o rapaz com quem ela dera um encontrão no comboio. Isso significava que ele também tinha sido transferido para ali.


 O rapaz, que até então estivera encostado a um pilar, desencostou-se e começou a olhar numa direcção, depois começou a deslocar-se nessa mesma direcção. Annya observou curiosa o local para onde o rapaz segundos antes olhara, e só depois viu que um vulto aproximava-se.


 Annya começou a seguir o mesmo caminho que o rapaz havia seguido, mas como andava a passadas mais largas e apressadas não tardou a aproximar-se deste.


 O rapaz que caminhava descontraidamente não deu conta da presença da garota. Annya aproximou-se cada vez mais com passos cada vez mais rápidos, mas suaves o suficiente para passarem quase despercebidos.


 A garota aproximou-se o mais discretamente possível e depois, quando encontrava-se a poucos metros do rapaz, encaminhou-se até este. O seu aproximou-se propositadamente das costas do rapaz, e quando já se encontrava lado a lado deste, deixou que o seu ombro bate-se nas costas do outro, que apanhado pela surpresa virou-se ligeiramente para o lado.


 - Oh! Desculpa não te vi.- Disse Annya secamente.- Esta miopia dá cabo de mim.


 O rapaz encarou-a irritado enquanto pousava a mão no ombro e o deslocava para trás. Depois olhou para a garota de soslaio e continuou o seu caminho. Era mais alto que Annya, esta dava-lhe pelo queixo.


 - Pensava que a miopia dificultava a visão ao longe ou dificultava a visão de coisas pequenas.- Respondeu o rapaz no mesmo tom seco, continuando o seu caminho sem olhar para Annya.


 Annya deu algumas passadas rápidas, quase acompanhando o outro.


 - Assério? Então deves ser mesmo pequeno.- Disse irónica.


 O rapaz olhou Annya de cima a baixo, e depois tornou a olhar em frente.


 - E tu deves ser mesmo muito estúpida.- Respondeu-lhe rudemente, afastando-se de seguida a passos largos na direcção de uma mulher que vestia um manto preto e um chapéu bicudo igualmente negro.


 O corpo de Annya endireitou-se e enrijeceu, enquanto a garota observava com fúria o moreno afastar-se.


 - Estou a ver o teu género…- Murmurou a garota irritada.


 A jovem aproximou-se da professora fingindo não ter ouvido o rapaz, depois parou ao lado deste e, sem prestar-lhe grande atenção, esperou que a mulher começasse a falar. Esta fez um pequeno sorriso triste ao ver Annya, parecendo recordar-se de algo, de seguida encarou os dois estudantes, erguendo os olhos acima das pequenas lentes redondas dos seus óculos.


 - Senhorita Mattson e Senhor Conner?- Perguntou olhando de um para o outros. Os dois anuíram afirmativamente com a cabeça.- Acompanhem-me, por favor.


 A mulher voltou as costas e começou a andar, os dois seguiram-na sem saberem para onde iam. Annya olhava para a professora, estranhando o facto de irem pelo caminho contrário ao que os outros haviam seguido.


 A uns cem metros da estação onde o Expresso de Hogwarts havia parado, a mulher tornou a parar e olhou para Annya e para o outro rapaz que a acompanhava com um ar sério.


 - Quantos anos têm?- Perguntou.


 Annya olhou para a professora estranhando a pergunta desta.


 - Dezasseis.- Conner respondeu.


 Annya olhou então para Conner surpresa com a sua idade, no mínimo pensava que este tinha dezoito. Depois tornou a voltar-se para a sua professora e respondeu-lhe.


 - Dezasseis.


 A mulher encarou os dois com um olhar sério.


 - Sabem materializarem-se?- Perguntou.


 Annya e Conner anuíram com as suas cabeças. A professora pareceu não ficar muito surpreendida e após reflectir alguns segundos encarou de novo os jovens com um olhar sério.


 - Conseguem materializar-se até às redondezas daquele castelo?- Perguntou fazendo um gesto com a cabeça na direcção de um castelo grande que encontrava-se num plano mais alto e muito distante do local onde eles se situavam.


 Os dois anuíram de novo com as cabeças.


 - Muito bem.- Disse a professora num suspiro.- Hogwarts fica muito distante para ir-se a pé, por isso preciso que materializassem-se até à entrada deste. O castelo está rodeado por uma barreira protectora que vos impedirá de materializarem-se nos seus terrenos, portanto encontrar-nos-emos na entrada que é possível vislumbrar-se daqui.


 Ambos anuíram com a cabeça em sinal de compreensão e, segundos depois, desapareceram.


 Annya sentiu, literalmente, o chão fugir-lhe dos pés, e de seguida o seu estômago deu várias voltas. As imagens passavam em centésimos de segundos, assim como as vossas, sentia-se andar à roda do seu próprio corpo, e ao mesmo tempo parecia encontrar-se parada e direita enquanto o mundo girava à sua volta. Sentia-se tonta e enjoada. Não era uma sensação nada agradável, mas Annya sabia que era necessária, por tanto sacrificava o seu bem-estar físico. 


Em poucos segundos, que se assemelharam a minutos, Annya aterrou num terreno cercado por algumas árvores, o seu corpo ficou deitado sobre o chão, com alguns arranhões nos braços. Annya olhou irritada para tudo em seu redor e depois. O castelo encontrava-se a alguns quilómetros de distância, e a barreira que a mulher lhe falara parecia estar a alguns dez metros longe de si.


 Conner apareceu segundos depois de Annya ter aterrado, só que ao contrário desta, ele ficou de pé. Os seus olhos fixaram-se em Annya, e ao vê-la levantar-se, fez um pequeno sorriso de troça. A garota fuzilava-o com o olhar, mas este pareceu não preocupar-se muito com isso.


 - Precisas de ajuda?- Perguntou num tom sarcástico, aproximando-se com o mesmo sorriso trocista.


 Annya olhou-o mais irritada, levantando-se lentamente.


 - Não obrigada.- Murmurou rudemente. Depois limpou as mãos e passou por Conner, dando-lhe um encontrão, mas sem pedir-lhe desculpas.


 Sentiu os olhos de Conner fixos em si, não soube se a olhavam por troça ou por irritação pelo encontrão que esta lhe dera. Annya não ligou e continuou a andar, parando poucos metros da barreira que os impediria de materializar-se, cruzou os braços e observou o castelo irritada, não olhando sequer para trás.


 Tinha que admitir que o rapaz era dotado de uma grande beleza e atracção- alto com cabelos desalinhados e negros e olhos de igual cor, pele clara, nariz recto e fino, lábios cheios, traços e expressões prefeitas mas sombrias, o corpo muito bem constituído- mas apesar disso tudo, Annya achava-o uma pessoa demasiado irritante e presunçosa para considerar-se sequer alguém com quem fosse agradável de se estar. 


Poderia ser uma antipatia à primeira vista, mas desde que se cruzaram pela primeira vez, Conner parecera-lhe tudo menos simpático e bem-educado, pelo contrário representava tudo aquilo o que esperava encontrar num inglês. 


Só um novo estalido a fez voltar-se para trás. A professora, tal como Conner, aterrou de pé, depois, sem dar grande importância à viagem que acabara de passar, deslocou-se até Annya e Conner.


 - Vamos ter que andar até ao castelo.- Anunciou no seu típico tom de voz sério Depois permaneceu estática durante alguns segundos.- Creio que ainda não me apresentei- disse- bem, eu serei a vossa professora de Transfigurações, sou a Professora MacGonagall.


Fazendo depois um pequeno sorriso fez um gesto para que os dois prosseguissem o caminho.


Annya que começou logo a andar, encontrava-se à frente, ao contrário de Conner, que observava tudo com atenção, Annya só olhava em frente, para o castelo, desejando entrar neste o mais depressa possível para sair do frio que começava a aumentar, no exterior.


Os olhos da garota observaram então, com extrema atenção, o castelo. Era muito mais sombrio do que imaginara, apenas com iluminação no primeiro piso, as paredes eram negras, talvez por ainda estar escura, mas algo dizia a Annya que em dia as paredes não tornavam-se muito mais claras. O castelo devia ter no mínimo uns oito pisos, possíveis de se ver. Todos eles encontravam-se às escuras, não contando com o primeiro.


Annya parou por alguns segundos, observando a grande porta de ferro que dava entrada para o castelo.


 Por entre uma pequena densidade de árvores que pareciam envolver algo, e que encontravam-se a alguns quilómetros de si e próximas do castelo, Annya pôde ver os reflexos da lua serem reflectidos no que pareciam ser as águas escuras de um lago. O recito exterior de Hogwarts era formado por pequenos aglomerados de árvores, e grandes extensões de relva verde e fresca. A muitos quilómetros do castelo, depois de um casebre que mal se via àquela distância, encontrava-se uma floresta com uma grande extensão de árvores negras. Annya calculou que a floresta estendia-se muito para além da área que pertencia a Hogwarts. Do lado direito e também a quilómetros de Hogwarts, ladeado por uma grande quantidade de árvores, encontrava-se o enorme edifício redondo, que Annya calculou ser o estádio de Quiditch.


Os olhos de Annya fixaram-se então nos aglomerados de árvores. Apesar de ter grandes extensões de relva, o pavimento exterior de Hogwarts era na maioria coberto por árvores. Estas à noite davam um ar ainda mais sinistro à escola.


 Annya sentiu vários arrepios subirem-lhe pela espinha. Aos poucos Annya foi apercebendo-se que estes não eram somente provenientes do frio. Os olhos de Annya deslocaram-se lentamente para o denso nevoeiro que de repente começara a envolver algumas árvores.


 Viu Conner passar-lhe à frente, este parecia ter-se abstraído da paisagem. Os olhos do rapaz pousaram por segundos em Annya, curiosos, mas logo de seguida tornaram a olhar em frente.


 - Senhorita Mattson?- A Professora MacGonagall chamou-a ao vê-la parada.- Passa-se alguma coisa?


 - Não. Nada.- Mentiu.


 Annya esfregou os braços, tentando assim aquecê-los.


 - Está apenas demasiado frio.- Murmurou.


 A Professora MacGonagall sorriu.


 - Então o melhor é avançarmos depressa.- Murmurou.- Está sem dúvida a arrefecer bastante.


 A Professora MacGonagall começou a avançar, mas Annya permaneceu parada ainda por mais alguns segundos.


 - A arrefecer demasiado depressa para ser considerado normal.- A garota sussurrou enquanto observava o nevoeiro à sua frente.


 Annya começou a caminhar com passos rápidos, mas mesmo assim os seus olhos fixaram-se no nevoeiro que formava-se junto a algumas árvores. Não era nada normal, ela sabia-o.


 Conner parou já perto da entrada do castelo, os seus olhos fixaram-se em Annya, parecendo observá-la com curiosidade.


 Os dedos de Annya escorregaram involuntariamente para a sua varinha, como se adivinhassem o que vinha aí.


 A Professora MacGonagall ao chegar perto de Conner fez exactamente o mesmo, esperar pacientemente por Annya.


 O frio aumentava, e Annya pode sentir os seus cabelos esvoaçarem ao sabor de um vento que não existia.


 Tristeza. Algo começou a transmitir-lhe tristeza.


 Em poucos segundos as expressões de Conner e da Professora MacGonagall alteraram-se drasticamente, indicando a Annya que o que ela previra encontrava-se atrás dela. A Professora MacGonagall arregalou os olhos dando alguns passos para trás mas retirando logo de seguida a varinha; Conner pelo contrário olhou-a espantado, mas a sua reacção não durou mais que um centésimo de segundo, pois logo de seguida retirou a varinha e começou a avançar na direcção da garota. 


Annya voltou-se lentamente para trás, tendo tempo suficiente para ver um dementor que esvoaçava a alguns centímetros acima de si, retirar o capuz demonstrando a sua garganta escura sem fim.


 Num movimento rápido a garota ergueu a varinha e murmurou.


- Expectrom Patronum. 


Conner parou, os seus olhos fixaram surpresos os três frios prateados que começaram a sair da varinha de Annya. O do meio, o mais longo, deslocou-se lentamente até à garganta do dementor, que ficara imobilizado no ar, os outros dois foram crescendo lentamente, indo na direcção da criatura.


A Professora MacGonagall que viera atrás do rapaz, parou a seu lado e olhou com a mesma surpresa os fios que saíam da varinha da garota.


- É o Patronum dela?- Perguntou estupefacta.- Onde está o animal que a deveria proteger?


Conner desviou os seus olhos de Annya para a professora.


- Ela não o tem.- Respondeu ainda surpreendido.- Pelo menos não quando utiliza este Patronum.


A professora olhou confusa para o rapaz.


- O que quer dizer com o ‘pelo menos quando usa este Patronum'?


- É um Patronum usado para matar dementors, não para afastá-los, é só usado por feiticeiros de níveis muito superiores.- Respondeu.


- Nunca ouvi falar de tal.- Disse a Professora MacGonagall enquanto via os dois fios envolverem o corpo do dementor.


- É normal.- O rapaz respondeu.- Há séculos que não é ensinado. Somente pessoas com poderes acima da média os conseguem fazer.


O rapaz observava Annya com atenção.


- Sabia que ela era poderosa, mas nunca pensei que chegasse a tanto.- Murmurou para si mesmo.- Pelo menos nunca pensei que já ela tivesse tão bem treinada.


A professora observava tudo com bastante atenção.


- Do que se trata?- Perguntou curiosa. Pelos vistos ia aprender mais com aqueles alunos num ano do que aquilo que aprendera com vários professores durante décadas.


- O fio prateado do meio entra no organismo do dementor, destruindo-o interiormente enquanto liberta as memórias presas neste. Os outros dois prendem-no e no final desintegram-no.- Respondeu-lhe Conner calmamente.


- E as almas?- Perguntou, enquanto observava o dementor tentar-se libertar dos dois fios que o prendiam.


 - Almas? Que almas?- Conner perguntou confuso.


 - As almas que os dementors sugam ao darem o seu beijo.- Respondeu a professora sem perceber como é que Conner não poderia saber de algo tão básico como aquilo.


 - Dementors não sugam almas, isso são mitos.- Respondeu secamente.- É impossível sugar-se uma alma, pois a alma é algo abstracto, algo que não se tem a certezas se existe. A alma é aquilo que nos diferencia dos animais e é algo que não pôde ser tirada contra a vontade própria.- Conner viu o dementor desintegrar-se no ar.- O que os dementors sugam quando dão o seu beijo não são as almas e sim todas as memórias. As memórias fazem de nós aquilo que nós somos. Ficar sem elas é destruir a nossa identidade, é como nascer de novo. Ninguém aguenta viver num mundo escuro sem saber quem é, e sem terem ninguém que as ajude a lembrarem-se quem são. Vivem no meio de quatro paredes escuras, sem saberem quem são, sem terem memórias que os animem nas noites frias, sem terem nada. Aos poucos deixam de falar e de comer, e morrem


 A Professora MacGonagall observou tristemente o dementor desintegrar-se no ar.


 - Quando um morre- disse apontando para o ar- as memórias dessas pessoas são recuperadas?


 - Não sei.- Respondeu o rapaz.- Talvez sim.


 Os olhos de Conner fixaram-se no negrume que encontrava-se ao longe. Fechou os olhos e depois voltou-se para a professora.


 - Penso que é melhor a senhora ir avisar que já chegamos.- Disse.- Vêm mais.


 A Professora MacGonagall olhou preocupada para Conner, mas depois ao ver Annya aproximar-se anuiu com a cabeça e aproximou-se da entrada do castelo.


 Conner andou na direcção de Annya, esta observou-o com um sorriso no rosto.


 - Calma, Casanova.- Disse rindo-se.


 Conner olhou para a garota, irritado.


 - Aconselho-te a andares depressa, Mattson.- Disse Conner friamente.- A não ser que queiras virar o jantar dos dementors.


 A garota riu-se enquanto pegava na varinha.


 - Ainda dou conta de uns quantos.- Disse.


 Conner puxou a garota pelo braço impedindo-a de utilizar a varinha.


 - Pela velocidade a que tu matas um e pela quantidade que eles são, Mattson, acho que ficavas vazia em pouco mais de dois segundos.- Respondeu o rapaz enquanto a puxava pelo pulso.


- Larga-me, Casanova.- Annya sacudiu o pulso obrigando Conner a largá-la.- Vê e aprende. EXPECTROM PATRONUM!


Uma luz prateada saiu da varinha da garota e iluminou o espaço em seu redor. 


- Não tens nenhum animal?- Perguntou-lhe Conner surpreendido.


Annya sorriu.


- Ele é um pouco tímido.- Respondeu sorrindo.- Não estou a brincar.


O rapaz afastou-se de Annya e conjurou ele mesmo o seu patronum, da sua varinha imergiu um tigre que apressou-se a atacar os primeiros dementors que apareciam ali, afastando-os.


Após afastar os primeiros dementors Conner apressou-se a dirigir-se à garota, cujo patronum começava a falhar.


- Anda.- Sussurrou puxando-a.


- Calma.- Respondeu-lhe Annya soltando-se de novo.


Annya observou um aglomerado de árvores próximo de si, algo dizia-lhe que estava a ser observada, mas antes que pudesse fazer algo sentiu Conner puxá-la para longe deste, encaminhando-a para a entrada do castelo.


- Porque fizeste isso?- Perguntou-lhe irritada, mas antes que pudesse dizer algo mais as portas abriram-se.


As portas abriram-se deixando os dois alunos passarem. Annya foi à frente, sem ligar ao aspecto grandioso do salão, este apesar de grandioso não deixava de ser tão escuro como todo o resto do castelo. Neste não presidia a alegria, mas sim o silêncio e a opressão, todos os poucos alunos que encontravam-se no castelo e nas suas mesas comiam silenciosamente mal fazendo barulho mesmo com o tilintar dos talheres nos pratos. Alguns olharam curiosos ao verem Annya e Conner entrarem, mas logo desviaram os seus olhos para a comida, havia ainda alguns, sem dúvida mais corajosos, que começaram a cochichar algo aos ouvidos uns dos outros.


Conner também não parecia muito interessado num ambiente tediante que desenrolava-se na mesa dos alunos, este observava a mesa dos professores com atenção parecendo procurar alguém. Mas os seus olhos pousaram numa das três cadeiras vazias, a que encontrava-se mais distante de todos, a que não atraia muitas atenções.


Os sons das solas dos calçados dos dois estudantes a baterem no pavimento do salão foi o som que se tornou mais audível em todo o salão.


Um chapéu negro e velho encontrava-se em cima de uma cadeira, Conner sem necessitar que alguém lhe indicasse para onde teria que seguir, aproximou-se da cadeira retirou o chapéu desta, sentou-se e colocou o chapéu na cabeça. Este apressou-se a gritar.


- SLYTHERIN!


Sem qualquer emoção no rosto o rapaz levantou-se e dirigiu-se até à mesa, onde alguns slytherins aplaudiam-no e cumprimentavam-no, este cumprimentou-os educadamente, mas depois sentou-se numa ponta, junto de alguns slytherins, mas sossegada o suficiente para agradar-lhe.


Annya que esperara que Conner sentasse-se, aproximou-se da cadeira e fez ela mesma o mesmo rito.


Viu alguns olhos observarem-na com curiosidade, especialmente os de Carrow que deslocaram-se do seu prato para a garota.


O chapéu que parecia imobilizado no inicio, depressa ergueu-se parecendo indeciso.


- Tu és uma mistura de sangues, garota.- Disse na mente de Annya.- Bela e inteligente, características de uma revenclaw, mas mesmo assim não parece que o teu sangue te leve para esse caminho. Corajosa, sem qualquer dúvida, mas demasiado astuta e manipuladora para ser um desperdício para os slytherins. Gryffinthors ou Slytherins, onde te porei eu? Em ambos poderás fazer grandes feitos…- Pareceu pensar durante alguns segundos.- No teu sangue trava-se a batalha entre estas duas equipas, mas sem dúvida que a mais evidente é SLYTHERIN


Annya levantou-se e colocando de novo o chapéu em cima da cadeira começou a deslocar-se até à mesa dos Slytherins, sem esperar grandes aplausos. Pôde ver os olhos de vários professores observarem-na surpresos, os slytherins que se mantiveram calados começaram a cochichar uns com os outros olhando para Annya de cima a baixo. Ginny mordera o lábio inferior e disse algo que Annya entendeu como um desejo de boa-sorte. Conner foi o único que pareceu não ficar surpreendido, os seus olhos observaram a garota, mas mais depressa que os de todos os outros, deslocaram-se para a porta ao ouvirem o barulho desta a abrir-se.


Annya que ainda descia o primeiro degrau dos três que ainda tinha que descer para sair daquele pavimento superior, parou e observou quem havia entrado.


O pequeno murmúrio que começara a aparecer no salão em poucos segundos desapareceu, assim como as respirações cessaram. Professores e estudantes, todos olhavam na direcção do sujeito encapuzado que entrara no salão, estavam surpreendidos e aterrados. Ginny baixara de imediato o rosto e todos a seguiram. Ninguém ousou sequer olhar em frente, ninguém sem contar com Conner e Annya que permaneceram nos seus lugares.


Alguns estudantes e professores tremiam, nenhum se atrevia a erguer os olhos. Annya desceu mais um degrau. O homem começou a caminhar, os seus passos ecoaram por todo o salão, dando ainda um ar ainda mais sombrio a este.


Annya observava o homem com curiosidade provocada pelo medo que ele exercia nas pessoas.


O homem caminhava parecendo não ligar a nada do que decorria à sua volta. Os seus olhos só olhavam em frente. A garota pode perceber que se alguém, independentemente de quem fosse, caísse à frente deste, ele pisá-la-ia sem qualquer ressentimento.


Annya desceu mais um degrau. Os seus olhos não desviavam-se do homem, este caminhava a passadas largas, com um porte poderoso e soberano, era-lhe praticamente impossível passar despercebido.


Ninguém ousava falar, ou fazer qualquer movimento, incluindo os próprios Devoradores da Morte.  Em todo o salão o pavor dominava, ninguém ousava olhar para ninguém, ninguém ousava sequer respirar. Os corações das pessoas palpitavam com tal força que quase eram possíveis de se ouvir no centro do salão, onde Annya encontrava-se.


O homem encontrava-se agora a poucos metros da jovem, os seus olhos, pela primeira vez voltaram-se para o lado e foram ao encontro dos dela.


Eram verdes, extremamente verdes, e eram familiares a Annya. Esta sentiu o seu estômago dar uma volta, não por medo mas sim por exaltação. Percebeu que os olhos de Riddle a avaliavam ao examiná-la, ela mesma fez isso com ele. Apesar de o capuz ocultar praticamente todo o rosto do homem, Annya conseguiu perceber as feições perfeitas deste. Mas os olhos deste eram a característica física mais evidente. Frios, cruéis, sem humanidade, sem remorsos.


 Os olhos de Riddle revelavam a sua falta de sentimentos, pelo menos até uma certa altura. Ao fim dos primeiros segundos em que os seus olhos focaram Annya, um novo brilho apareceu nestes, um brilho que demonstrava um sentimento demasiado intimo para se conseguir conceber com um só olhar, um sentimento que para ser puro necessitaria no mínimo de várias palavras. Um sentimento que aparecera de imediato nos olhos de Riddle ou então um sentimento que ele conseguira imitar demasiado bem.


 Em apenas alguns segundos, os olhos de Riddle encararam Annya com ódio, com muita raiva e ódio.


 Os olhos da garota desviaram-se dos dele, e sem deixar passar mais um segundo que fosse, Annya caminhou até à mesa, sendo assim um único corpo, para além de Riddle, que se movia naquele grandioso salão.


 







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