Presa em casa [100%]
Num longo suspiro Annya ergueu-se, sentando-se na única cama do pequeno quarto de Ginny, observou este desatenta tentando manter a calma que aos poucos desaparecia do seu corpo. Pela única janela do quarto de Ginny podia-se ver a lua já no topo da noite, cercada por minúsculas estrelas cintilantes. A brisa fresca das noites de Verão adentrou pelo quarto arrefecendo-o ligeiramente não tornando-o desagradável.
Era a segunda noite que Annya se encontrava na Toca, a casa da amável família Weasley, e era a segunda noite em que Annya era perturbada pela preocupação do que poderia ter ocorrido com a sua mãe. O Senhor Weasley tinha ido naquele mesmo dia ao Ministério, e Annya esperava-o ansiosamente para poder-lhe fazer perguntas sobre notícias da sua mãe.
Os seus olhos pararam na janela e olharam tristemente para a noite no seu exterior. Detestava estar ali, em Londres, sentia-se completamente sozinha, especialmente naquela altura em que não sabia onde se encontrava a sua mãe, nem mesmo a agradável simpatia da família Weasley a fazia sentir-se melhor.
Dobrou as suas pernas e abraçou estas com os olhos ainda fixos na noite tentando que de alguma forma esta a alivia-se da angústia que toda aquela preocupação lhe começava a trazer.
Fria, escura, triste e carregada de mortes e sangue, até agora era só isso que Inglaterra lhe mostrara, era pior do que ela alguma vez imaginara.
A porta do quarto abriu-se chamando a atenção de Annya para si. Ginny entrou no quarto sorridente e dirigiu-se até ao local onde Annya se encontrava para se sentar ao lado desta.
- Então?- Perguntou Annya ansiosa.
O sorriso de Ginny murchou para ser substituído por um ar de tristeza.
- O meu pai ainda não chegou.- Informou-lhe. Annya pôde notar a enorme preocupação que a ruiva tentava ocultar no seu fraco sorriso, isso fez aumentar ainda mais a simpatia que Annya sentia por esta, ambas sofriam do mesmo saco.
Ginny deitou-se na cama e olhou fixamente para o tecto tentando apagar as dores que afectavam Annya de igual forma.
Ficou assim durante alguns minutos até que um pequeno sorriso formou-se nos seus lábios. Ginny levantou-se e observou Annya, com o seu sorriso a alargar-se. Annya virou-se para a ruiva e olhou-a com uma enorme desconfiança.
- O que queres fazer?- Perguntou-lhe Ginny sorridente.
Annya franziu ainda mais o sobrolho.
- O que tu costumas fazer quando estás cá?- Perguntou-lhe em resposta.
O sorriso de Ginny desapareceu aos poucos.
- Costumo jogar Quiditch com os rapazes, mas nenhum deles está cá, e somos só duas por isso não dá.
- Nada para fazer.- Annya deitou-se e ficou a olhar para o tecto.- Isto costuma ser assim tão tediante?
- Por vezes sim.- Respondeu Ginny em voz baixa.- Pelo menos quando não vamos à Diagon All e não temos visitas deles.
Annya ergueu-se, apoiando o seu corpo somente nos cotovelos. Observou a cara angustiada da ruiva.
- Eles costumam atacar muito a loja dos teus irmãos?- Perguntou, tentando esconder a raiva que começava a sentir.
- Sim.- Respondeu-lhe a ruiva.- E não só.
- Que mais atacam?
Os olhos de Ginny fecharam-se para abrirem-se repletos de lágrimas.
- Por vezes, apesar de muito raramente, também nos atacam aqui.- Respondeu com uma enorme tristeza.
Annya cerrou os punhos com força.
- Anormais.- Murmurou, tentando conter o ódio.- Monstros, aberrações.
Ginny olhou para o chão, tentando esconder os olhos marejados pelas lágrimas.
- O que é que vocês fazem?- Perguntou-lhe Annya. Ginny ergueu os olhos do chão para encarar os de Annya com uma enorme tristeza.
- O que é que querias que nós fizéssemos? Matávamos um, vinha logo o triplo deles para matarem-nos.- Disse soltando um pequeno suspiro, depois olhou para a janela.- As noites de agora são as mais escuras que me recordo.- Murmurou mais para si do que para Annya. Aproximou-se da janela e ficou a observar o exterior desta.- Carregadas de sangue.
Voltou-se para Annya com o rosto rígido e com os olhos vermelhos molhados pelas lágrimas já secas.
- O que é que eles vos fazem?- Perguntou-lhe Annya observando-a seriamente.
Ginny soltou uma gargalhada abafada.
- O que achas que eles nos fazem?- Perguntou com melancolia.
Ginny sentou-se ao lado de Annya enxugando os seus olhos castanhos.
- Como conseguistes?- Perguntou.
- Consegui o quê?- Perguntou-lhe Annya confusa.
- Faze-los desaparecer e não tornar a voltar. Parecia que lhes controlavas a mente.
Annya soltou uma gargalhada.
- Talvez.- Disse rindo-se. Ginny esboçou um pequeno sorriso.
- Vamos mudar de assunto.- Disse calmamente, depois esboçou um ar pensativo.- Que costumavas fazer na Califórnia?
- Na Califórnia?- Annya soltou uma gargalhada rouca.- Desde ir à praia a ver filmes de terror e a explorar casas abandonadas, mas não me parece que aqui dê para fazer alguma coisa assim.
- Parecia ser giro.- Disse Ginny num murmúrio.- Muito mais giro do que isto aqui. Porque vieste para cá?
A expressão triste de Annya fez-se notar antes desta começar a falar.
- A minha mãe tinha cá coisas a fazer.- Respondeu tristemente.
- Coisas a fazer? Agora que estamos neste estado? Que coisas tinha a tua mãe a fazer para vir cá agora?- Annya lançou-lhe um olhar sério.- Ah! Já percebi, mas pouco resolve a tua mãe vir para cá agora, a Ordem está um caos não valia a pena ter vindo.
- Ela não sabia que isto estava assim tão caótico quando veio para cá!- Disse Annya em tom de defesa.- Ela quis vir desde que recebeu aquela carta, creio que o remetente era...- Annya pensou por alguns segundos procurando lembrar-se do nome- Albus Dumblodore.
Os olhos de Ginny arregalaram-se em sinal de espanto, esta abriu e fechou a boca diversas vezes. Annya franziu o sobrolho e observou a ruiva, curiosa.
- Quan...Quando é qu'ele t... t'enviou as cartas?- Perguntou Ginny, gaga, após alguns instantes sem fala.
- Há alguns dias atrás. Porquê?- Perguntou-lhe Annya curiosa.
Os olhos esbugalhados de Ginny abriram-se ainda mais. A garota levantou-se deu uma volta pelo quarto e depois tornou a sentar-se.
- Tens a certeza que era ele?- Perguntou com uma enorme ânsia.
- A minha mãe disse que era ele.- Respondeu-lhe com desinteresse.- Mas porque falamos disso agora?
- Mas podia ter sido outra pessoa, e ter escrito em nome dele.- Sugestionou Ginny.
Annya deu de ombros.
- Não creio.- Disse.- A minha mãe estava convicta que era ele. Ela disse que era a letra dele.
- Carta autêntica?- Perguntou Ginny sem fôlego. Os seus olhos eram cada vez mais abertos pelo espanto.
- Sim.- Respondeu Annya calmamente sem perceber a estranha reacção da ruiva.
- De certeza?
- Sim.- Tornou Annya a dizer.
Ginny levantou-se e ficou parada a observar Annya.
- Impossível.- Disse rouca.
Annya franziu o sobrolho.
- Impossível porquê?- Perguntou curiosa.
Ginny olhou-a bastante séria.
- Annya.- Disse num sussurro.- Dumblodore morreu.- Inspirou fundo e prosseguiu.- Morreu à quase dois meses.
- Bolas.- Rachel murmurou após uma quinta tentativa falhada de ligar o fogão.- Como é que se liga esta porcaria?
Passados mais meia dúzia de minutos, e após ter conseguido ligar o fogão, Rachel foi a uma pequena dispensa e retirou de lá uma saqueta com espaguete e tentou abri-la, mas o resultado foi de todo o conteúdo dentro da saqueta se espalha-se pelo chão da cozinha.
Rachel urrou com raiva e baixou-se para apanhar a massa crua caída no chão.
- Eu não mereço!- Resmungou enquanto apanhava a massa que se encontrava no chão.
Após ter feito isso colocou-as no balcão e pegou numa panela, depois olhou para a panela e para as massas.
- Já liguei o fogão, já apanhei as massas do chão, e agora o que é que eu faço?- Rachel olhou para a embalagem e procurou que esta tivesse a explicar como se faz espaguete, mas para sua infelicidade a parte de traz da embalagem havia sido rasgada ao meio na parte onde deveriam estar as explicações.- Porque é que eu não aprendi a cozinhar?
Rachel pousou a panela no balcão, dirigiu-se até à sala e pegou no telefone que se encontrava numa mesinha. Parou e ficou a observar este.
- Será que se eu telefonar a encomendar uma pizza ele considera isso uma fuga?- Rachel pensou.- Quer dizer eu não tenciono fugir na carrinha das pizzas, apesar disso até não ser uma má ideia.
Rachel observou o telefone por alguns segundos para depois tornar a pousá-lo.
- Que se lixe! Também não estou com fome.- Murmurou.
Dirigiu-se até às escadas e subiu até ao seu quarto.
Tinha esperado dois dias para ter a certeza que Voldemort não voltaria tão cedo, dando-lhe assim hipóteses de enviar as cartas a Sam e a Annya, que já se deveria encontrar preocupada.
Pegou na carta que havia guardado no baú preto, e leu-a baixinho, depois com um suspiro tornou a escrever.
P.S: Sam porque é que Dumblodore não faz nada? Que lhe aconteceu?
Pegou na carta dobrou-a em dois e desceu até ao jardim despreocupada com o que Voldemort lhe iria fazer se soubesse. Aproximou-se da sua coruja branca e atou-lhe num dos pés a carta.
- Encontra o Sam.- Disse num pequeno sussurro.
A coruja começou a voar desaparecendo rapidamente do angulo de visão de Rachel, esta dirigiu-se rapidamente para o seu quarto. Ao entrar neste pegou num pergaminho sem nada escrito e em uma pena e começou a escrever.
Annya
Estou bem e fico feliz por tu também o estares. Acredito que esteja longe do alcance daqueles...monstros, pelo menos de quase todos. Vou tentar ir dando notícias, mas se não as der não te preocupes é difícil, pelo menos no local onde me encontro.
Com muito amor e carinho da tua
Mãe
Rachel tornou a ler a carta e não pôde conter um riso triste.
Estava segura de quase todos os monstros, menos é claro do monstro-mor. Num abano de cabeça e num suspiro resignado, Rachel levantou-se e pousou a carta em cima da sua cama, e sou aí pôde ouvir uma respiração atrás de si.
- Querido Sam.- A voz de troça de Voldemort começou a pronunciar-se. Rachel voltou-se para encarar o belo e cruel homem que se encontrava à sua frente, sem puder reprimir um pequeno arrepio. Deslocou-se de modo a tentar cobrir a carta que acabara de escrever rezando para que o homem não tivesse dado conta dela.- Escrevo-te a dizer que voltei. Estou de volta! Eu e a Annya. Sei que disseste que se calhar o melhor era não ter vindo, mas tive que voltar. Talvez seja de mim. Sou do contra. Espero que esteja tudo bem contigo. Escreve-me de volta se conseguires. Com muito amor, Rachel. P.S: Sam porque é que Dumblodore não faz nada? Que lhe aconteceu?
Rachel lançou um olhar de ódio a Voldemort que soltou uma gargalhada fria.
- Que bonito! Quase fiquei comovido.- Disse em tom de troça. As suas mãos amachucaram o papel enquanto que os seus olhos fulminaram Rachel.- Creio que não percebeste bem o aviso.
Aproximou-se lentamente de Rachel com a varinha apontada ao peito desta.
- Pensava que isso só se referia a não poder pôr os pés de fora da porta.- Disse Rachel calmamente.
- E não foi o que fizeste Mattson?- Perguntou Voldemort no mesmo tom calmo.
Os olhos de Voldemort faiscaram. Rachel começou a sentir todos os seus órgãos internos contraírem-se dando-lhe dor e agonia e impossibilitando-a de respirar. A mulher caiu de joelhos no chão, tentando a muito custo conseguir respirar o que só ocorreu segundos depois.
Ao sentir que já podia inspirar o ar, Rachel começou uma respiração rápida e sôfrega. Aos poucos foi tentando levantar-se, mas Voldemort foi mais rápido e puxou-a de um modo brusco parecendo que lhe iria arrancar o braço, e fazendo Rachel não conter um gemido alto de dor.
- Entende uma coisa, Mattson- Riddle apertou o braço de Rachel com uma força excessiva fazendo-a fechar os olhos com força tentando assim controlar a dor.- Não gosto que criaturinhas nojentas como tu desafiem-me, isso irrita-me imenso.- Depois acrescentou num sussurro, com os lábios próximos ao ouvido dela.- A tua sorte é que hoje estou muito bem disposto.
- Algo raro.- Respondeu-lhe Rachel num sussurro, Voldemort fez um sorriso frio, e depois largou o braço de Rachel fazendo-a cair no chão.
- E quanto à pergunta que fizeste ao teu querido Sam- a voz de Voldemort saiu com um excessivo desprezo- Dumblodore está morto.
Voldemort deu uma gargalhada fria ao ver o rosto assustado de Rachel.
- Impossível.- A mulher murmurou.
- Eu matei-o à dois meses atrás.- Respondeu-lhe Voldemort com satisfação.
Rachel levantou-se e encarou o homem com ódio.
- Estás a mentir.- Disse-lhe convicta.
Voldemort segurou no pescoço de Rachel e puxou-a para perto de si.
- Eu nunca minto.- Sussurrou-lhe no ouvido.- Até te trazia o cadáver daquele velho ridículo, mas creio que isso não traria um bom cheiro à casa.
- Impossível.- Rachel repetiu, tentando reprimir o medo que aos poucos começava a aparecer.
Voldemort largou o pescoço de Rachel, e esta deu um passo atrás para se poder sentar na sua cama.
- Lamento informar-te que o teu querido velhote está morto, mas agora explica-me, tu crês que Dumblodore não estaria a tentar lutar contra mim fazendo propagando nos jornais ou onde quer que fosse se estivesse vivo?- Perguntou-lhe Voldemort, Rachel encarou-o com os olhos já vermelhos.
- Monstro.- A mulher sussurrou.
Voldemort riu-se do comentário da mulher, depois começou a encarar os olhos desta que começavam a ser cobertas por algumas lágrimas.
Rachel pôde ouvir uma gargalhada fria do homem.
- Não chores.- Murmurou Voldemort falso tom meigo, enquanto baixava-se para poder passar a sua mão fria pelo belo rosto da mulher.- Não tarda estarás junto a todos eles, a Dumblodore e aos teus amigos.
Depois gargalhou de novo.
- O que é que eu estou a dizer? Tinha-te dito que nunca mentia...- A mulher encarou-o surpreendida.- Eu não vou matar-te.- Disse sussurrando ao ouvido da mulher como se isso fosse um segredo.- Não. O teu destino vai ser muito pior. Contigo não à qualquer tipo de piedade possível.
- Annya! Ginny! Venham para baixo.- A Senhora Weasley chamou-as.- O pai já chegou.
Annya que até então olhava perplexa para a amiga desviou o rosto para ver a porta e, ainda paralisada, viu Ginny sair, bastante tensa, do quarto. Annya começou a caminhar a passos largos para apanhar a ruiva.
- Não contes nada disto aos teus pais, por favor.- Pediu a Ginny.
- Eu não conto, fica descansada.- Assegurou-lhe a ruiva.- Pai!
Ginny correu para os braços do Senhor Weasley e deu-lhe um grande abraço recebendo deste dois grandes beijos no rosto.
Annya fez um pequeno sorriso, não podendo deixar de sentir uma pequena inveja da amiga. O que ela daria para ter alguém a quem pudesse chamar de pai.
- Annya!- O Senhor Weasley libertou-se dos braços da filha e abriu-os para receber a morena.
Esta dirigiu-se até ao Senhor Weasley e abraçou-o recebendo também dois beijos no rosto.
- Então como tem sido o vosso dia?- Perguntou o Senhor Weasley enquanto despia o casaco que era segurado pela Senhora Weasley, esta foi colocá-lo num cabide que tinham na cozinha.
- Bom.- Respondeu Annya comum sorriso meigo enquanto Ginny anuiu a cabeça em sinal de concordância.
- Que fizeram?- Perguntou o Senhor Weasley curioso enquanto se sentava numa das cadeiras.
- Passeamos pelos prados.- Respondeu Ginny alegremente.
O senhor Weasley franziu o cenho.
- Foram ao bosque?- Perguntou, no seu rosto puderam-se notar algumas rugas de preocupação.
- Não.- Respondeu Ginny rapidamente, Annya olhou-a com som curiosidade.
- Ainda bem.- Disse o Senhor Weasley.- Se forem não se afastem muito do inicio, é muito fácil perder-se lá.
- O bosque?- Perguntou Annya curiosa, enquanto ela e Ginny se sentavam.
- Sim o bosque.- A Senhora Weasley respondeu, enquanto trazia uma panela para a mesa.- É aquele que podes ver lá ao fundo, o Fred e o George já o exploraram quando eram pequenos, e quase se perderam.
- Foi muito difícil encontrá-los.- Continuou o Senhor Weasley.- Não quiseram voltar lá. É um bosque onde quase ninguém entra, há quem acredite que tem uma ligação com a Floresta Negra. É muito provável que haja lobisomens nele, por isso não gostava que se aventurassem muito lá.
- Não vamos, pai.- Respondeu-lhe Ginny de imediato.
Annya olhou-a curiosa.
- Não gosto daquele bosque.- Disse num sussurro audível só para Annya.- Tenho que me esconder sempre lá quando eles vêm.
Annya anuiu a cabeça em sinal de compreensão.
- Senhor Weasley- Annya começou a falar ansiosa- já sabe algo sobre a minha mãe?
O homem fez um ar desanimado.
- Pelo que eu ouvi, a tua mãe saiu do Ministério e não voltou a este quando foi chamada, pensam que pôde ter voltado para os Estados Unidos.- Disse olhando fixamente para a comida que se encontrava à sua frente.
As expressões de Annya tornaram-se rígidas transmitindo um certo rancor.
- Que querem eles dizer com isso? Que a minha mãe foi para os Estados Unidos sem mim?- Annya não disfarçou a raiva que sentia.
- Claro que não querida.- A Senhora Weasley apressou-se a responder tentando em vão acalmar Annya.- Nós sabemos que a tua mãe seria incapaz disso. Ela provavelmente está escondida e não pôde ainda contactar-te.
Annya olhou para Molly voltando de seguida o seu olhar para Arthur, que fez um pequeno sorriso que não disfarçava a tristeza que se encontrava presente no seu rosto.
- Então porque se encontra tão abatido?- Perguntou Annya olhando fixamente para o Senhor Weasley. Os olhos deste brilharam tristemente.
Passaram-se alguns segundos antes do Senhor Weasley responder, este olhava para as três mulheres à sua frente que o olhavam curiosas. Num longo suspiro o Senhor Weasley começou a falar.
- Temo por ti.- Disse a Annya, esta olhou-o ainda mais curiosa.- Temo que eles se aproveitem disso para te perseguirem e torturarem dizendo que querem saber do lugar onde a tua mãe se encontra.
A Senhora Weasley levou as suas mãos ao peito, lançando um olhar ao marido carregado de afecto e ternura. Annya fez um pequeno sorriso demonstrando agradecimento pela preocupação que este sentira por ela.
- Arthur não te precisas de preocupar por ela.- Disse a Senhora Weasley para o marido de forma carinhosa.- Nós estamos aqui para protegê-la, a Ordem toda pode protegê-la.
Annya sentiu um aperto no coração ao ver que, apesar de a terem acabado de conhecer, o Senhor e a Senhora Weasley já sentiam um amor paternal por ela, como se ela fosse sua filha e conhecida desde sempre. Eram sem dúvida pessoas magnificas e muito bondosas e mais uma vez Annya não pôde reprimir o afecto que sentiu por eles.
Ginny riu-se baixinho.
- Já têm sete filhos mas querem sempre acrescentar mais um à conta.- Disse a Annya rindo-se, a morena fez um pequeno sorriso.
- Eu consigo proteger-me.- Disse Annya calmamente.- Eles não me assustam.
Os olhos dos Weasley brilharam intensamente.
- Infelizmente não é tudo assim tão fácil.- Disse o Senhor Weasley num sussurro.- Mas mudando de assunto, Annya como é a vida nos Estados Unidos?
Annya fez um sorriso triste.
- Muito boa e muito mais livre que esta.- Disse calmamente.
- Calculo que seja.- Murmurou o Senhor Weasley pondo uma garfada na boca.- Vocês têm problemas com os muggles e com quem sinta interesse por eles?
A Senhora Weasley lançou um olhar de censura ao marido, este fez-lhe um pequeno sorriso.
- Como eu tinha dito o meu país é muito livre pelo menos na política bruxa.- Disse Annya com um sorriso triste.- Nós nunca agimos contra os muggles, até convivemos bastante com eles. Por exemplo no inicio, quando ainda somos pequenos, andamos nas mesmas escolas que os filhos deles, e as nossas escolas de magia imitam as escolas públicas deles, isto é voltamos para casa ao final do dia em vez de ficarmos na escola o ano quase todo. Além disso vivemos em bairros muggles e temos muitos amigos muggles, eu por acaso tinha bastantes.
O Senhor Weasley soltou uma pequena exclamação.
- E não há ninguém que seja contra isso?- Perguntou impressionado.
- Claro que há.- Respondeu Annya.- Mas são uma minoria que nada podem fazer. Muitos dos bruxos dos Estados Unidos eram bruxos ingleses que emigraram por se encontrarem fartos de não se sociabilizarem tanto com os muggles.
- Impressionante.- Foi a única coisa que o Senhor Weasley respondeu.- Creio Molly que era um bom sítio para irmos.
A Senhora Weasley levantou-se e pegou nos pratos dela e de Ginny que já haviam acabado de comer, depois soltou uma gargalhada com o comentário do marido.
- Como se nós tivéssemos essas possibilidades.- Disse enquanto acenava com a varinha e punha toda a loiça a lavar.- Ginny ajudou-me com o resto da loiça se fazes favor.
Ginny pegou nos pratos de Annya e do Senhor Weasley assim como no resto da loiça que se encontrava em cima da mesa e caminhou apressada para junto da mãe, a quem entregou a loiça que havia apanhado.
- Tem calma.- Resmungou a Senhora Weasley.- Ainda me partes a loiça toda.
Ginny deu de ombros e voltou para o seu lugar onde a animada conversa continuava. Após alguns minutos e depois de ter passados a água, através de magia, por toda a loiça, a Senhora Weasley tornou a sentar-se no seu lugar para poder ouvir a conversa que aí se desenrolava.
- E vocês usam objectos muggles?- Perguntou o Senhor Weasley curioso e entusiasmado.
- Claro.- Respondeu Annya rapidamente.- Usamos desde televisões, carros, telemóveis, Mp3 e até mesmo a roupa igual à deles. Além disso frequentamos muito os seus locais, como o cinema ou até mesmo jogos deles.
- Mp3?- Perguntou o Senhor Weasley confuso e curioso.
- Sim. É um instrumento muggle que permite ouvir várias músicas sem necessitar de CD.- O Senhor Weasley anuiu com a cabeça apesar de ainda demonstrar um ar confuso, Annya sorriu-lhe.- Um dia destes mostro-lhe o que é. Aliás acho que o tenho lá em cima.
O Senhor Weasley fez um grande sorriso.
- Não devias ter dito isso, Annya.- Disse-lhe Ginny sorrindo.- O meu pai é louco por coisas muggles e agora não te vai largar.
Annya sorriu.
- Assério? Ainda não havia reparado.- Disse rindo-se.
Ginny, assim como os restantes, começou a rir-se.
- Que tipo de jogos muggles te referes?- Perguntou a Annya após alguns segundos. O Senhor Weasley também a olhou curioso.
- Aos mais famosos. Basketball, baseball, football americano e claro ao hockey no gelo.- Respondeu sorrindo.
- Não jogam Quiditch?- Perguntou-lhe Ginny curiosa.
- Sim, mas não temos um grande interesse nesse desporto. Quase todos os bruxos americanos preferem baseball ou football.
- Estou a ver.- Murmurou o Senhor Weasley um pouco desinteressado.- Parece ser sem dúvida uma óptima terra.
- O Fred e o George não vêm?- Perguntou a Senhora Weasley pronunciando-se pela primeira vez na conversa.
O Senhor Weasley que até então se encontrava a olhar distraidamente para a parede que se encontrava a sua frente, olhou para a Senhora Weasley com um ar absorto.
- Não.- Respondeu ao fim de alguns segundos.- Eles ficam no quarto que têm por cima da loja.
A Senhora Weasley lançou um pequeno suspiro.
- Então parece que hoje somos só nós os quatro.- Murmurou com alguma tristeza.
O Senhor Weasley começou a levantar-se.
- Bom- Começou a falar- vão para cima se quiserem, eu creio que vou ficar aqui a ler o jornal.
A Senhora Weasley sorriu enquanto que as garotas levantavam-se. O Senhor Weasley dirigiu-se até um pequeno sofá, pegou num jornal e começou a ler, Ginny sentou-se ao lado do pai e Annya seguiu-a.
- Hoje apetece-me ficar cá em baixo, se não te importares.- Disse a Annya.
- Não faz mal.- Respondeu a segunda.
A Senhora Weasley que se sentara numa das cadeiras conjurou com a varinha uma peça de lã e duas agulhas grandes, e começou a tricotar.
Ficaram assim durante longos minutos, em silêncio, este era somente cortado pelos resmungos do Senhor Weasley e pelo pequeno som das agulhas a baterem-se. Por vezes ouvia-se suspiros por parte das garotas, mas nenhuma se atrevia a pronunciar.
- Onze da noite.- Murmurou Ginny ao ouvir o relógio dar sinal de vida.
Annya anuiu com a cabeça em sinal de confirmação. Os olhos de Ginny foram parar à janela aberta que se encontrava atrás de si. De inicio os seus olhos semicerraram-se para esta tentar perceber os movimentos que pensava ver na escuridão do jardim de sua casa. Ficou alguns segundos assim, parada, com Annya a observá-la curiosa, mas sem perguntar-lhe o que se passava.
A ruiva fez um movimento brusco ao voltar-se de novo para a frente, um movimento que a fez bater braço direito do seu pai, que soltou um resmungo.
- Que se passa Ginny?- Perguntou Annya preocupada ao ver que o rosto da amiga perdia as poucos a única cor que tinha.
O Senhor e a Senhora Weasley olharam-na preocupados, mas esta pareceu não reparar em nenhum deles. Levantou-se e cambaleou para a frente na direcção de sua mãe, pousando a mão no peito e tentando respirar calmamente. A outra mão pousou em cima de uma das cadeiras para poder amparar o corpo da ruiva que tremia descontroladamente.
- Mãe.- Disse num sussurro sufocado.
A Senhora Weasley, assim como o Senhor Weasley e Annya, levantaram-se e foram ter com Ginny que se encontrava extremamente pálida.
- Que se passa amor?- Perguntou a Senhora Weasley enquanto passava com a mão na testa da filha.
- Mãe.- Ginny tornou a repetir. O seus rosto até então caído, ergueu-se e encarou os olhos verdes de Annya, que se encontrava ao seu lado direito. A garota inspirou fundo de modo a conseguir ganhar folgo para falar.- Eles estão aqui.
Os olhos da Senhora Weasley arregalaram-se enquanto escondia o rosto que em centésimos de segundo ficara do tom da neve, o rosto do Senhor Weasley empalideceu e tornou-se rígido. Este pousou o jornal em cima da mesa e retirou a varinha do manto, olhando meigo para a mulher que levantara o rosto e o encarara com os olhos cheios de lágrimas.
- Ginny, Annya.- Falou para as garotas que se encontravam ao seu lado, uma que tinha o rosto apavorado e outra que o encarava calmamente.- Saiam pela porta das traseiras.
Annya endireitou-se pronta para falar, mas antes que o pudesse fazer, Ginny puxou-a com toda a força que ainda existia indo na direcção da porta das traseiras e levando a morena para o exterior e obedecendo à ordem do seu pai.
- Molly vai com elas.- As garotas ainda poderão ouvir Arthur dizer, logo de seguida ouviu-se um estrondo.
Annya parou pronta para voltar para trás e ajudar o Senhor e a Senhora Weasley, mas de novo Ginny impediu-a puxando-a na direcção do bosque.
As ervas que enchiam o prado chegavam à altura dos joelhos das garotas, com o vento forte balançavam todas na mesma direcção, juntando-se por vezes umas às outras e lembrando as ondas do mar. Ginny que baixou-se, ficando de cocras, de modo a ser coberta pelas ervas e impossibilitando ser vista a quem a procurasse por uma das janelas da casa, depois puxou Annya para que esta a imitasse. A morena assim o fez, mas quando a ruiva começou a caminhar de gatas, Annya permaneceu parada.
Ginny ao ver que não era seguida voltou-se para trás e encarou a amiga.
- Anda.- Ordenou-lhe num sussurro, mas Annya não fez qualquer movimento.- Anda.
Annya começou a fazer menção em levantar-se, Ginny vendo o que Annya pretendia fazer, levantou-se pondo-se de novo de cocras para depois começar a correr com as costas abaixadas.
- Nem penses nisso.- Disse a Annya puxando-a para baixo e fazendo-a cair.- Não tentes armar-te em heroína. Não são dois e sim vinte, possivelmente os outros dois informaram-no e ele mandou um dos seus pequenos exércitos.
Ginny pôs-se de gatas encarando Annya com os olhos vermelhos, prontos para começarem a lacrimejar.
- Não estou a armar em heroína.- Respondeu Annya friamente.- Tenciona ajudar os teus pais apenas.
Ginny fechou as suas mãos em torno da terra de modo a tentar controlar-se, inspirou fundo e começou a falar.
- Em nada vais ajudar.- Disse tentando fazer voz firme mas deixando que esta saísse tremida.- Vais acabar por atrapalhar. Não tentes interromper-me- disse vendo que Annya ia começar a falar- eu sei do que estou a falar. Eu já voltei muitas vezes atrás e em nada ajudo, aliás só pioro.
Annya observou o seu rosto marcado pelo sofrimento.
- Sofres tu e sofrem eles.- Lágrimas começaram a cair sobre as mãos de Ginny esta mordeu o lábio inferior.- Não ouviste o meu pai? Eles vão aproveitar-se disso para acusarem os meus pais de protegerem mestiços, sangues de lama e talvez mesmo o Harry, mesmo que isso não seja verdade. Eles estão à espera dessa oportunidade à muito tempo...
- Eu posso ajudar os teus pais.- Disse Annya séria.- Queres que isto continue.
- Não percebes?- Ginny berrou, um berro que foi abafado pelas suas lágrimas e soluços.- Não zelo pela tua ou pela minha vida, não neste momento. Não me preocupa o que pode acontecer-te a ti ou a mim se formos agora para lá tentarmos armarmo-nos em heroínas, tentarmos ser o Harry Potter, o menino que sobreviveu, pouco me importa o que me acontecerá ou o que te acontecerá, neste momento o que zelo é pela vida dos meus pai e sei que se fores lá o único sítio onde eles irão parar é Azkaban. Não me peças para suportar vê-los presos num sítio que a única esperança que se pôde ter é a da própria morte. Não me peças isso!
Annya deu um passo à frente compreendendo o sofrimento da ruiva, e em respeito a esta e ao resto da família desta começou a gatinhar em direcção à floresta, sendo seguida pela ruiva que gatinhava lentamente tentando arranjar forças para a longa caminhada.
Andaram durante alguns minutos e quando já se encontravam a poucos metros de distância da entrada do bosque, algo chamou a atenção das duas, algo horrível, algo que magoava somente ao ser ouvido. Um grito de dor, um grito de alguém que parecia estar a ser queimado, um grito que conseguia trazer agonia e dor a quem o ouvisse. Um grito feminino proveniente da Toca, o grito de Molly Weasley.
Os soluços da ruiva tornaram-se ainda mais audíveis, e esta sem se aguentar baixou-se mais, deixando que os seus cabelos ruivos tocassem no chão. Todo o seu corpo tremia, não por frio mas sim pelo medo pela vida dos seus pais. A máscara dura que ela havia colocado no rosto finalmente caíra demonstrando o seu rosto frágil, marcado pelas lágrimas de dor.
- Estão a torturá-la.- Gritou.
Annya levantou-se e correu para ajudar a amiga.
Aos gritos de dor da mulher juntaram-se uns de um homem, gritos graves.
Annya agarrou Ginny tentando erguê-la, mas esta não se movimentou, estava imóvel, inerte. As mãos desta taparam os seus ouvidos como se os gritos que ouvia ferissem estes. Abriu a boca e com as poucas forças que ainda continha ela mesma gritou e guinchou de dor, como se fosse ela mesma a ser torturada em vez daqueles que amava.
Ficou assim a gritar de dor e agonia durante segundos. Gritos que não puderam ser ouvidos pelos Devoradores da Morte, pois eram cobertos pelos gritos dos Weasley, que ainda estavam dentro de casa, e pelo som das folhas das árvores a baterem umas nas outras. Os gritos da ruiva aos poucos cessaram e ela sentou-se no chão com os olhos imóveis parados sobre este. Tremia bastante ao mesmo tempo que soluçava.
Annya aproximou-se da ruiva e ajudou-a a erguer-se. Com esforço caminharam as duas até à entrada do bosque, sem ligar ao facto de poderem ser vistas por uma das janelas da casa. Ao chegarem à entrada do bosque, Ginny deixou-se cair, junto a uma árvore, ainda com as lágrimas a escorrerem-lhe pelos olhos.
-Lumus.- Annya acendeu uma luz e colocou-se ao lado de Ginny. Começou a observar o bosque em seu redor.- É mesmo sinistro.- Disse ao fim de alguns segundos.
Ginny nada lhe respondeu, os seus olhos continuavam fixos na sua casa. Annya pôde ver que esta estava com frio e com um movimento da varinha e conjurou um casaco que entregou á ruiva, mas esta não fez qualquer movimento para segurá-lo, então Annya colocou o casaco sob os ombros da ruiva, tentando assim que ela se aquecesse.
- Deveria estar ali.- Disse a ruiva rouca ao fim de uns dez minutos em silêncio.- Deveria estar ali com eles. A lutar com eles. A ser torturada com eles.
- Tu mesma disseste que não valeria a pena.- Tentou acalmá-la Annya.
- Mesmo assim, estaria com eles.- Disse num sussurro.
A ruiva encarou Annya pela primeira vez.
- Sou uma cobarde.- Disse com amargura.- Fui para os Grithindor mas não passo de uma cobarde.
Annya olhou-a tristemente.
- Não creio.- Respondeu-lhe Annya calmamente.- Poucos são os cobardes que enfrentam-me tão bem como tu me enfrentaste, se fosses cobardes ter-me-ias deixado ir combater os Devoradores da Morte. E não foste tu mesma que me disseste que já havia sido torturada.
- Mesmo assim- continuou Ginny a falar tristemente- eu deveria ter continuado a ser torturada, desde que os meus pais fossem.
- Disseste-me que isso só poderia atrapalhar.- Contra-argumentou Annya.
- Eu estaria com eles, porra!- Gritou Ginny irritada, mais lágrimas apareceram nos seus olhos.- Que pior tortura pôde haver do que ouvir os seus gritos quando são torturados?
- Vê-los serem torturados.- Respondeu-lhe Annya.
Os olhos de Ginny pousaram nos de Annya e esta observou a morena durante alguns segundos para depois virar o rosto de novo para a casa. Apesar de a ruiva não ter dito mais nada Annya pôde perceber que esta havia concordado com ela.
Minutos passaram-se, minutos que se transformaram em horas, e que ao transformarem-se em horas, trouxeram chuva que molhou todo o terreno e tornou a terra seca em lama. As garotas continuavam imóveis, apenas com uma pequena luz que as iluminava da escuridão profunda do bosque. Imóveis apesar da força da chuva, apenas com os rostos a transbordarem dor e aflição.
Ginny continuava com os seus olhos fixos na Toca, esperando por um sinal para poder sair dali, e num desses momentos ela levantou-se e sem avisar Annya começou a dirigir-se a passos largos para casa.
Annya levantou-se e correu atrás da amiga.
- Que pensas que estás a fazer?- Perguntou irritada.
- Olha- disse apontando para cima do telhado da casa- é a marca negra.
Annya olhou para onde a amiga apontava e pôde ver uma caveira com uma cobra a sair-lhe pela boca.
- Marca negra?- Perguntou confusa.
- Sim marca negra, a marca dele.- Explicou-lhe Ginny.- Isso significa que eles já se foram embora.
Ginny começou a correr o mais depressa que pôde, não ligando às dores que sentia no corpo, correndo mais do que as suas forças lhe permitiam, não escorregando uma única vez na lama. Atrás de si vinha Annya, que mal a conseguia apanhar, tal era a bravura com que a ruiva corria.
Ao aproximarem-se da Toca, as garota poderão ver a verdadeira destruição que esta sofrera. Para além de não haver um mero sinal de vida, o lado esquerdo da casa começava a ser dominado por grandes labaredas que chegavam a sair pelas janelas.
A aflição já existente na ruiva aumentou, fazendo-a correr ainda mais depressa. Annya acompanhou-a na mesma velocidade deixando que a preocupação também começasse a dominá-la.
- Eles nunca fizeram isto- Gritou Ginny.- Não de uma maneira tão grave.
Num passo rápido Ginny entrou em casa acompanhada por Annya. De inicio nada mais viram para além das labaredas que chegavam a quase metade da sala.
Ginny deu um passo em frente procurando pelos pais, e sem que Annya percebesse o que se havia passado, Ginny vai ao chão dando um enorme guincho que foi depois acompanhado por soluços.
Annya correu para junto da amiga e então viu o que havia acontecido. No local onde Ginny pousara as mãos encontrava-se o corpo inerte do Senhor Weasley e ao lado deste o da Senhora Weasley.
Annya inspirou fundo, tentando controlar ela mesma as suas lágrimas, encerrou os punhos e depois pegou na varinha, ergueu-a e gritou com toda a raiva que sentia no momento.
- AGUAMENTI MAXIMUM.- Um enorme jacto de água saiu da sua varinha apagando todas as labaredas ali existentes.- REPARO.
Todos os objectos partidos ou queimados regeneram-se voltando depois aos seus lugares anteriores.
Annya tornou a inspirar fundo e voltou-se para Ginny com o corpo a tremer, esta encontrava-se paralisada, a chorar sobre o corpo do Senhor Weasley, de tal forma angustiada que não percebeu que Annya se baixava para ficar junto aos corpos dos Weasley.
Ainda a conter as lágrimas colocou a sua cabeça sobre o peito de Arthur Weasley e tentou escutar um sinal de vida nesta, depois colocou dois dedos sobre o pulso deste fazendo uma ligeira pressão, ainda com a respiração pesada e um enorme aperto no coração fez o mesmo com Molly Weasley.
Levantou-se e encarou Ginny por alguns segundos, esta ergueu pela primeira vez a cabeça para encarar Annya com os seus olhos vazios pela dor.
- Estão vivos.- Anunciou Annya.
Os olhos de Ginny brilharam intensamente num pedido de auxílio. Annya fez um sorriso triste e ergueu a sua varinha apontando-a para o corpo da Senhora Weasley.
Um fio de luz azul clara escorreu pela ponta da varinha da morena, sem que esta tivesse mexido sequer os lábios, e entrou pela boca fechada da Senhora Weasley, de seguida Annya fez o mesmo com o Senhor Weasley.
- É um feitiço que me ensinaram na escola. Elimina qualquer vestígio da maldição cruciatus, inclusive a dor e depois desperta as pessoas desfalecidas.- Explicou a Ginny.
Annya dirigiu-se ao balcão da cozinha, pegou em dois copos de água e encheu-os, colocando-os depois junto ao Senhor e Senhora Weasley, que a pouco e pouco começavam a despertar.
- Eles vão pagar por tudo o que fizeram.- Murmurou a Ginny.- Acredita em mim.
Voldemort levantou-se e dirigiu-se ao pequeno baú preto e abriu este contra os protestos de Rachel.
- Pára!- Gritou-lhe a mulher.- Não tens o direito.
O homem soltou uma gargalhada fria. Num aceno da varinha conjurou cordas que prenderam Rachel à cama.
- Porquê Mattson? Vais impedir-me?- Perguntou com escárnio.
Rachel começou a debater-se contra as correntes mas isso só fez com que estas se apertassem mais, acabando por magoá-la.
- Deixa-me ver...- Voldemort pegou num molho de cartas e começou a remexer nestas.- Querida Rachel...
- Pára.- Ordenou-lhe Rachel furiosa, contorcendo-se para tentar livrar-se das correntes.
De novo a única coisa que conseguiu obter foi uma gargalhada de Voldemort.
Passados alguns minutos ele parou de ler as cartas e encarou Rachel bastante sério.
- Este Sam é um membro da Ordem de Fénix, não é?- Perguntou com uma ligeira raiva. Num aceno da varinha desacorrentou Rachel.
- Cuja família mataste à uns dezoito anos atrás.- Disse-lhe Rachel friamente.
- Que pena, sou capaz de lhe enviar as minhas condolências.- Murmurou sarcástico.
Rachel começou a levantar-se e sem que Voldemort visse pegou na carta que escrevera a Annya e escondeu-a no bolso de trás das suas calças.
- Sabias que manteres contacto com um membro dessa ordem te leva a Azkaban?- Perguntou-lhe Voldemort, depois exibiu um sorriso cruel.- Mas creio que para ti, como és uma sangue de lama, isso te levaria a um beijo de um dementor.
Rachel riu-se.
- Graças a Deus!- Disse sarcástica.- Por momentos pensei que fosse um beijo teu.
Voldemort deu um riso falso, depois, num gesto com a varinha, fez Rachel cair de joelhos curvando-se perante ele.
- Já não te disse para aprenderes a venerar aqueles que te são superiores?- Perguntou Riddle irritado.
- E quem me é superior?
O homem aproximou-se de Rachel e ergueu a cabeça desta.
- Eu sou superior a ti, Mattson.- Sussurrou ao ouvido desta.
A mulher soltou uma gargalhada de gozo.
- Isso depende das...posições.- Disse rindo-se.
A mão de Voldemort foi parar de novo ao rosto de Rachel com força, fazendo esta virar o rosto e gemer baixo de dor.
Rachel levantou-se e depois encarou Voldemort com ódio.
- Não digas que és superior a mim, mestiço.- Disse com ódio.
Uma das mãos de Voldemort agarrou o pescoço de Rachel apertando-o e cortando-lhe a respiração.
- Vais aprender a venerar-me e respeitar-me, Mattson, custo o que custar.- Sibilou.- Agora dá-me o papel que tens no bolso das tuas calças.
A mulher olhou-o surpreendida, mas não mudou o seu olhar de desdém.
- Não.- Respondeu calmamente.
Voldemort largou o pescoço desta.
- Dá-mo.- Ordenou-lhe.- Não me obrigues a tirar-to.
A mulher riu-se.
- Tira-mo então.- Disse rindo-se.- Ou pelo menos tenta tirar-me.
Um brilho vermelho atravessou os olhos verdes de Voldemort.
- Mattson- Voldemort falou num tom calmo apesar deste transmitir toda a raiva que ele sentia- último aviso.- Aproximou-se de Rachel e sussurrou a um dos ouvidos desta.- Vais ser uma menina boazinha e vais dar-me o papel e depois vais ajoelhar-te perante o teu Senhor.
- Como já te havia dito uma vez: Vai-te fuder Riddle.- Disse Rachel calmamente.
Um novo golpe atingiu o seu rosto, a força deste golpe fê-la cair no chão. Riddle puxou-a para a frente de modo a pô-la de joelhos e depois com a varinha convocou a carta que Rachel tinha guardado no bolso das calças.
- Vês Mattson, como consegues ser muito obediente.- Disse Voldemort pegando na carta e desdobrando-a.- Vamos ver: Annya, estou bem e fico feliz por tu também o estares. Acredito que esteja longe do alcance daqueles...monstros, pelo menos de quase todos. Vou tentar ir dando notícias, mas se não as der não te preocupes é difícil, pelo menos no local onde me encontro. Com muito amor e carinho da tua- Os olhos de Voldemort semicerraram-se e as suas expressões ficaram subitamente rijas.- Mãe.
Demorou algum tempo a dizer algo pois os seus olhos continuavam presos à última palavra da carta. Quando tornou a encarar Rachel, que o olhava assustada e furiosa, as suas expressões haviam ficado sombrias.
- Uma...cria- murmurou tendo algumas dificuldades em dizer a última palavra.- Tiveste uma...cria.
Rachel fez um pequeno sorriso de desdém.
- Sim, tenho uma filha.- O sorriso desta aumentou.- Que por acaso está em Hogwarts.
Voldemort olhou-a surpreendido.
- Como?- Perguntou estupefacto.
- Aquilo que acabaste de ouvir.
- Não é possível.- Murmurou incrédulo.- Uma sangue de lama não pode...
- Quem te disse que ela era sangue de lama, Riddle?- Perguntou Rachel com satisfação.
As expressões de Riddle tornaram-se enraivecidas.
- Que sangue puro te iria querer, Mattson?- Perguntou furioso.- Uma sangue de lama nojenta.
Rachel riu-se.
- Muitos.- Murmurou.- Muitos mesmo.
- Uma mestiça.- Sibilou. Voldemort começou a andar pelo quarto. Os seus olhos pararam numa parede que continha diversas fotos de Rachel e Annya em bebé.- Onde está a tua mestiça, não a vejo aqui.
Rachel riu-se.
- Acreditavas mesmo que eu te ia contar, Riddle?- Os olhos de Voldemort semicerraram-se.
- Não me desafies Mattson.- Rachel levantou-se ainda rindo-se.
- Não me assustas Voldemort, nunca me assustaste e não vai ser agora que vais começar a assustar-me.- Disse calmamente.
Riddle aproximou-se e puxou Rachel pelo braço, os olhos deste brilhavam por toda a fúria que sentia naquele momento. O braço que não continha nada envolveu a cintura de Rachel, puxando-a para junto dele e deixando que os seus rostos ficassem a uma distância quase nula.
Rachel tentou afastar-se de Riddle, mas a força deste era impressionantemente grande.
Os lábios de Riddle passaram junto ao rosto de Rachel, que sentiam vários arrepios em todo o seu corpo, e pararam no ouvido desta.
- Entende uma coisa, Mattson- Riddle começou a sibilar puxando Rachel mais para junto do seu corpo e fazendo os pêlos da nuca desta erguerem-se enquanto que o coração deste aumentava de velocidade- queiras ou não queiras agora eu sou o Senhor do Mundo Bruxo, e queiras ou não queiras tu pertences a uma raça inferior e abominante, uma raça que merece ser exterminada, uma raça que tem que ser nossa escrava, escrava aos bruxos puros. Logo queiras ou não queiras és minha escrava, e sendo minha escrava tens que me tratar com veneração e respeito.- Voldemort apertou ainda mais Rachel contra o seu corpo e depois, com a outra mão, apontou a varinha às costas de Rachel e sussurrou aos ouvidos dela.- Nasceste para me servir, Mattson, eu sou o teu Senhor. Crucio.
Riddle segurou Rachel com força para que esta não caísse. Os seus braços envolveram a cintura da mulher com força. Esta soltou pequenos gemidos de dor e mordeu o lábio inferior para que não gritasse. As mãos de Rachel correram aos ombros de Tom e cravaram as unhas nestes de modo a tentarem aliviar a dor. A mulher fechou os olhos e quando tornou a abri-los um mar de lágrimas de dor saíram destes. A mulher combatia uma feroz luta contra a dor, tentando por tudo resistir-lhe e não começar a gritar, e isso enervou ainda mais Tom.
- Grita.- Sussurrou ao ouvido desta.- Contorce-te. Pede pela misericórdia que eu nunca terei por ti. Pede-me que eu te mate, mesmo sabendo que eu nunca a terei. Faz-me sentir misericórdia de ti, torna-te o único humano pela qual eu terei misericórdia e matarei. Torna-te história, Mattson, apesar de eu duvidar muito que o consigas.
A mulher gemeu um pouco mais alto, mas logo mordeu o lábio inferior para tentar acalmar a dor, as suas unhas enterraram-se com mais força no ombro do homem.
Voldemort deixou-a assim durante longos minutos até que decidiu desistir e com um longo suspiro desapontado parou o feitiço.
O seu braço segurou Rachel com mais força impedindo-a de cair.
- Nem te atrevas a sair ou a enviar cartas a quem quer que seja, Mattson.- Sibilou.
- Nem mesmo à minha filha?- Perguntou Rachel docemente.
O homem riu-se friamente.
- A quem quer que seja.- Respondeu-lhe Voldemort.
- Bem podes esperar que eu cumpra isso, mas espera deitado pois se não cansas-te.- Disse Rachel rindo-se fracamente.
O homem cravou as suas unhas nas costas de Rachel fazendo-a gemer de dor.
- Nem te atrevas.- Sibilou.
Riddle largou Rachel fazendo-a cair no chão este não se levantou.
- Bolas Mattson, já conseguiste tirar-me a boa disposição.- Disse fazendo-se falsamente magoado. Depois dirigiu-se até à porta do quarto, mas antes de sair ainda se voltou uma última vez para Rachel.- Já sabes, sangue de lama, se tentares fugir ou enviar uma carta...vais ser severamente castigada.
Dizendo isto saiu do quarto e materializou-se.
A mulher observou a porta por onde ele havia desaparecido.
- Já estou a ser castigada, Riddle.- Murmurou a mulher tristemente.- Há muito, muito tempo.
Desulpem a demora, obrigada ppelos comentários Ivana e Penélope, ainda bem que gostaram
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