O Reencontro [100%]




















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O homem abriu os olhos lentamente, enquanto sentia que algumas picadas na zona do abdómen insistiam em incomodá-lo.


 


Começou a levantar-se. Pôde ver, através de um relógio de parede, que eram sete horas da manhã. Num longo suspiro o homem pôs-se de pé e começou a vestir-se com roupas que se encontravam ao seu lado, numa cadeira de pinho. De novo a antiga ferida na zona do seu abdómen começou a latejar e apesar de a dor não ser muito forte, Tom fechou os olhos com uma grande intensidade.


 


Os seus dedos deslocaram-se até à antiga ferida começando a cutucar com leveza o local onde esta se encontrava. Faziam anos, maioritariamente anos em que ele nem sequer tinha corpo, desde que a ferida o incomodara pela última vez, a dor nem durara mais do que um dia, era estranho começar a incomodá-lo assim do nada. Tom comprimiu com alguma força os dedos no local da ferida, pode sentir uma marca que indicava onde ela se encontrava, pensava que esta já havia desaparecido. A ferida não era visível a olho nu e só se podia sentir se começasse-se à sua procura.


 


Num outro suspiro, Tom fechou os botões da sua camisa branca, colocou um manto longo e negro por cima do seu corpo, e começou a caminhar para o exterior do quarto, com uma enorme cobra a rastejar aos seus pés sem causar-lhe qualquer tipo de incómodo.


 


O homem atravessou um longo corredor, sendo sempre seguido pela gigantesca serpente. Parou somente quando se encontrava em frente a uma porta elegantemente decorada. Tom puxou a maçaneta da porta, abriu esta e entrou numa outra divisão de sua casa, o escritório.


 


Tom deslocou-se até à janela e, sem olhar para esta, retirou um copo que se encontrava em cima de uma mesa e encheu-o com whisky de fogo que se encontrava dentro de um frasco situado na mesma mesa.


 


Tom bebeu o líquido sofregamente, na falsa esperança que este lhe apagasse a estranha dor do seu abdómen.


 


Começou a dirigir-se até à sua secretária e sentou-se numa cadeira junto a esta, olhando vagamente para uma das brancas paredes daquele escritório. Num suspiro fechou os olhos, apoiou os cotovelos na mesa e por fim a cabeça sobre as suas mãos abertas.


 


Nos últimos tempos os planos não lhe corriam como pretendia, apesar de já dominar o ministério da magia e ver a sua “causa” estar a ser realizada com sucesso, o seu principal objectivo, matar o Potter, ainda não fora concretizado e parecia ainda estar longe de se concretizar.


 


Potter havia-se escondido suficientemente bem para não ser capturado por ninguém seguidor das ordens do Ministério da Magia, possivelmente encontrava-se junto ao fugitivo Black, mas até agora não havia quaisquer sinais de nenhum dos dois.


 


Tom passou as mãos pelo seu rosto. O seu olhar cansado atravessou o escritório inteiro procurando nalgum canto deste a resposta à questão que tanto lhe banira horas do seu sono.


 


De novo levantou-se e dirigiu-se até à pequena mesinha enchendo o copo, e de novo bebeu o líquido sofregamente. Tornou a encher o copo e dirigiu-se de novo à sua secretária sentando na cadeira junto a esta. Tornou a observar a sala vagamente.


 


Apesar de tudo o que passara nos últimos dezasseis anos, de toda a agonia capaz de fazer qualquer homem desejar o próprio inferno, a sua beleza cruel e crueldade nunca o abandonaram, pelo contrário, intensificaram-se. Os seus traços perfeitos tornaram-se mais cruéis mas aumentando ainda mais a perfeição no rosto deste. A quase nula benevolência que existira nos seus traços, abandonara-os com o seu retorno tornando-os mais cruéis do que alguma vez haviam sido, mas mesmo assim continuavam perfeitos. O seu olhar tornara-se mais cruel, rígido e frio, não transmitindo um único sentimento agradável à humanidade, transmitindo apenas o ódio, rancor e raiva que Tom sentia, um olhar capaz de aterrorizar qualquer humano a que este lhe fosse dirigido.


 


A cobra subiu para o colo de Tom deixando-o acariciá-la levemente, apesar de este não lhe prestar grande atenção, pois esta estava voltada para os planos que demoravam a concretizar-se.


 


Um bater à porta apressado despertou a atenção de Tom para esta, fazendo Nagini erguer o seu longo pescoço e sibilar furiosa por alguém lhe ter interrompido a pequena sessão das raras festas do seu dono.


 


- Entre. - Disse Tom secamente ajeitando-se na sua cadeira.


 


Uma figura feminina entrou no escritório fazendo uma referência. Era uma mulher muito bonita de longos cabelos negros um pouco desgrenhados, olhos azuis-escuros com pálpebras pesadas, em volta dos olhos tinha algumas olheiras, dando-lhe um olhar extremamente cansado, a sua pele branca encontrava-se desgastada dando alguns indícios de um grande maltrato que sofrera.


 


O homem lançou um suspiro desapontado.


 


- Que queres?- Sibilou apreensivo com uma grande raiva por ter sido interrompido.- Não vos disse só para me importunarem quando apanhassem o Potter? E pelo que posso ver não o trazes.- Depois olhou-a e riu-se com sarcasmo.- A não ser que o tragas dentro de algum dos teus bolsos.- O seu sorriso sarcástico voltou a ser um ar extremamente sério e irritado.- O que queres Lestrange?


 


A mulher baixou o seu rosto marcado por manchas rubras de constrangimento.


 


- Trouxe-lhe o que me pediu.- Sussurrou, estendendo algo que se assemelhava a uma pasta.


 


Tom inclinou-se para a frente e pegou na pasta. Olhou de leve esta, nunca substituindo a sua expressão séria e fria.


 


- Podes sair.- Murmurou para a mulher.- E volta só quando tiveres o Potter.


 


A mulher fez uma reverência e começou a dirigir-se até à porta do escritório.


 


- Não deseja mais nada, milord?- Perguntou num pequeno murmúrio.


 


O homem que observava o copo à sua frente encarou-a com um olhar gélido.


 


- Não Lestrange. Eu não preciso mais dos teus serviços, só preciso que tu me captures o Potter.- Tom levantou-se e começou a dirigir-se até à janela.- Mas vejo que isso se demora a concretizar. Agora sai.


 


Lestrange sem dizer algo mais fez uma vénia e saiu do escritório fechando a porta atrás de si.


 


Ao ver que Lestrange abandonara o escritório, Tom tornou a a sentar-se deixando Nagini subir-lhe para o colo para tornar a afagá-la.


 


- Escória. - Sussurrou.- São todos uma escória inútil. Nagini sibilou em sinal de concordo.


 


Tom voltou a dar pequenas carícias ma cabeça da serpente enquanto pensava no que havia de fazer para tornar os seus planos concretizáveis.


 


Encontrar Potter havia-se tornado cada vez mais uma missão árdua. Apesar de não o querer admitir, Tom tinha que concordar com facto de que o moleque começava a adquirir uma boa capacidade em se tornar indetectável.


 


Num gesto de raiva o homem derrubou o copo espalhando o líquido deste pela secretária, fazendo Nagini erguer o pescoço assustada.


 


Não suportava a ideia de ainda não ter conseguido fazer algo que deveria ter concretizado dezasseis anos antes, fazia senti-lo fraco e incompetente, algo que Riddle não suportava sentir.


 


Tom levantou-se bruscamente fazendo Nagini deslizar do seu colo e cair no chão, esta olhou-o com irritação lançando-lhe sibilos irosos.


 


O homem começou a andar pelo escritório procurando a resposta às suas dúvidas nos próprios passos.


 


Caminhou pelo escritório durante alguns minutos não ligando aos sibilos de aviso que a serpente lhe lançava.


 


Um novo bater à porta despertou a atenção dos seus largos passos.


 


- Entra.- Ordenou com a raiva a transbordar-lhe pela voz.


 


Um homem alto entrou.


 


- Milord.- Murmurou enquanto fazia uma vénia.


 


Tom dirigiu-se até à sua poltrona sentando-se nesta e observando o homem que acabara de entrar.


 


- Que queres Rookwood?- Perguntou com desdém os seus olhos brilharam com a ira que sentia, fazendo o segundo sujeito tremer.- Não entendem o que é não querer ser importunado?


 


O homem baixou o rosto para não ter que encarar o olhar rígido do seu Senhor.


 


- Milord lamento estar a incomodá-lo, mas Avery pediu-me…


 


- Avery pediu-te…- Tom lançou uma gargalhada carregado com sarcasmo.- Desde quando atendes a pedidos de segundos, Rookwood’


 


O homem baixou ainda mais a cabeça tanto de embaraço como de medo do olhar gélido do seu mestre. Abriu e fechou a boca várias vezes procurando a melhor resposta para dar a Tom, mas vendo que não a achava limitou-se a vergar a cabeça implorando, interiormente, para não ser submetido a alguma das muitas torturas do seu Senhor.


 


Tom ao ver que não obteria respostas do outro soltou um longo suspiro.


 


O que é que o Avery te pediu?- Perguntou a Rookwood.


 


O homem inspirou fundo tentando arranjar coragem para começar a falar.


 


- O Avery disse que estava com um problema em Dublin- Rookwood tremeu com medo da reacção que Tom poderia vir a ter- ele esperava que o senhor o pudesse ajudar, Milord.


 


Os olhos de Tom faiscaram fazendo Rookwood tremer de terror.


 


- Estás a servir de interlocutor, Rookwood?- Perguntou com enorme frieza na voz.- Sabes como detesto interlocutores.


 


Rookwood anuiu com a cabeça não escondendo o pavor que sentia do seu Senhor.


 


- Avery tem um problema…- Tom soltou uma gargalhada sem qualquer tipo de emoção. Levantou-se e começou a caminhar em torno de Rookwood como uma águia em torno da sua presa procurando o melhor momento para a atacar.- Porque não o resolve ele? A sua incompetência não lhe permite resolver problemas banais?


 


- É sobre a expansão, meu Senhor.- Murmurou Rookwood com alguma exitação.- Ele diz que precisa que o Senhor vá o mais rápido possível pois teme que esse problema possa afectar a expansão do nosso domínio.


 


Os olhos de Tom crisparam-se.


 


- Isso é alguma ordem, Rookwood?- Sibilou em tom de ameaça.


 


- Na…não Milord.- Apressou-se Rookwood a responder.-


 


Tom aproximou-se do Devorador da Morte apontando-lhe a sua varinha.


 


- Julgas-te alguém para me dares alguma espécie de ordem, Rookwood?- Os joelhos de Rookwood dobraram-se, devido a uma dor que este sentiu nessa área, fazendo-o prostrar-se aos pés de Tom.- Julgas-te superior ao Lord das Trevas?


 


O homem, ainda ajoelhado, olhou apavorado para Tom.


 


- Não, Milord, foi Avery que pediu o seu auxílio.- Disse o homem num pequeno murmúrio abafado pelos sibilos da serpente, mas mesmo assim este foi perceptível para Tom.


 


- Pediu ou exigiu?- Perguntou.


 


- Pediu, Senhor.- Respondeu-lhe Rookwood.


 


Tom pareceu avaliar a expressão de pavor de Rookwood por alguns segundos, para depois voltar a sentar-se na poltrona, aliviando a dor que Rookwood sentira até então nos joelhos flectidos.


 


- Qual a gravidade do problema?- Perguntou-lhe Tom com alguma serenidade, olhando para o dia exterior que se podia observar pela janela do seu escritório.


 


- Pareceu muito grave.- Respondeu-lhe Rookwood.


 


De novo os olhos de Tom faiscaram. Tom ergueu a varinha e em poucos milésimos de segundo, Rookwood encontrava-se no chão contorcendo-se enquanto gritava de dor e agonia.


 


Tom observou o homem durante longos segundos, até que cessou o feitiço não verbal desviando depois a sua varinha o homem estendido no chão.


 


Rookwood que começou a arfar freneticamente, mal teve tempo para inalar algum ar e recuperar algum dos movimentos corporais, pois logo foi erguido no ar por cordas invisíveis saídas da varinha de Tom, que, depois de erguer o servo, empurrou-o, num movimento feroz que fez com a sua varinha, contra a parede que se encontrava de frente para a porta aberta do escritório onde Tom se encontrava.


 


Ainda suspenso no ar pelas cordas invisíveis, Rookwood ergueu os olhos para encarar os frios de Tom, que se aproximou lentamente, sempre com a varinha apontada a este.


 


Um sorriso cruel formou-se nos seus lábios.


 


- Se há algo que eu mais deteste abaixo de muggles e sangues de lama imundos e acima de incompetentes são servos cobardes, Rookwood, e creio que já me conheces há tempo suficiente para saber isso.- Rookwood anuiu com a cabeça, fazendo Tom alargar o seu sorriso tornando-o sarcástico.- Bem me parecia. Então trata de avisar Avery que da próxima vez que venha ele mesmo falar do seu “problema” comigo, pois o castigo pelo uso de interlocutores pode ser bem pior do que o castigo que o problema lhe possa trazer.


 


O homem anuiu de novo com a cabeça, caindo de seguida no chão, levantando-se e fazendo uma reverência.


 


- E já agora trata de avisar os outros de que o próximo que me importunar com qualquer assunto ridículo que em nada tenha a ver com o Potter, vai ter lugar junto aos traidores de sangue.- Falou num tom ameaçador. Fazendo Rookwood anuir com a cabeça em sinal de afirmação e depois tornar a fazer uma referência e a sair para longe do alcança do olhar do seu mestre.


 


Tom dirigiu-se até à porta do escritório e fechou para depois materializar-se.


 


O corredor frio da mansão Riddle foi substituído pelo grande átrio vazio do Ministério da Magia. O homem caminhou por este lançando um meio sorriso ao ver a escultura negra a meio do átrio.


 


Caminhou a passos largos pelo átrio atravessando-o com alguma irritação por ter que se encontrar ali.


 


Agradecia o facto de não haver ali ninguém devido à moça hora em que se encontrava, e ainda por aqueles poucos que se encontravam no Ministério não terem cruzado os seus olhares com o dele.


 


Aproximou-se de uma das portas douradas e tocou no botão ao lado desta, chamando ao elevador que se encarregaria de lavá-lo ao andar em que se encontrava Avery com o problema que obrigara Tom a dirigir-se até ali.


 


Pelo menos sempre teria algo para o abstrair do seu fracasso na captura do Potter, torturar Avery pela sua fraca competência que poderia ter arruinado longas semanas de preparação de planos. Talvez aquela ida ao Ministério até acabasse por ser agradável.


 


O elevador anunciou a sua chegada e anunciou a sua chegada e Tom entrou neste sem qualquer hesitação, dirigindo-se para um dos cantos do elevador e olhando depois para as grades douradas que se fechavam.


 


Tom encostou-se mais contra o canto olhando para os reflexos que as pequenas velas flutuantes faziam nas grandes douradas. A dor na ferida extinta começou a dar sinais de vida fazendo Tom fechar os olhos com leveza.


 


Lançou um longo suspiro de irritação ao ver que o elevador teimava em parar no local pretendido. Para sua surpresa, o seu suspiro foi correspondido por um outro, fazendo-o aperceber-se de que não se encontrava sozinha no elevador.


 


Tom fez um pequeno sorriso. Possivelmente a pessoa que se encontrava ao lado dele ainda não se havia apercebido de quem realmente ele era, talvez por não o ter visto ou então por não o ter reconhecido.


 


O cheiro do sujeito entrou pelas narinas de Tom, e ele pode reconhecer a essência doce e sensual que era facilmente identificada como a essência de um perfume de mulher.


 


Tom ficou alguns segundos a encarar a porta de grades douradas na esperança que estas se abrissem e dessem lugar ao desejado corredor, mas para sua irritação estas não decidiram obedecer aos seus desejos. Tom decidiu observar a mulher que começava a irritá-lo, cuja ignorância por parte desta começava a irritá-lo.


 


Os seus olhos pararam numa mulher alta, que lhe deveria dar pelos ombros, com um corpo destacado por belas curvas e que trajava um vestido azul muggle que ficava-lhe acima dos joelhos.


 


Tom lançou-lhe um olhar de grande nojo e desprezo. Os seus olhos pousaram no rosto coberto por caracóis negros e sedosos que lhe davam pelos ombros. Tom sentiu um arrepio subir-lhe pela espinha correspondido pelo seu estômago que deu uma grande volta. Sentiu ser-se empurrado ainda mais contra o canto onde se encontrava.


 


Aquela bela silhueta, aqueles cabelos, aquele perfume.


 


Sem qualquer ordem, o seu coração, se é que ele o tinha, começou a aumentar. Tom inspirou fundo inalando de novo o agradável cheiro.


 


- Não pode ser.- Murmurou para si mesmo.


 


A mulher como que adivinhando os seus pensamentos, começou a voltar o seu rosto na direcção de Tom, que envolveu a sua varinha, que se encontrava dentro do manto negro, com os longos dedos. À medida que a mulher voltava o rosto para Tom, a tenção existente no corpo deste começou a aumentar.


 


A pouco e pouco os traços da mulher começaram a ser revelados, demonstrando a sua enorme beleza, perfeição e genuidade. Os belos olhos azuis profundos da mulher encararam os verdes esmeraldinos de Tom e a expressão de surpresa e choque que este fazia foi imitada pelos traços de Rachel.


 


Ficaram assim durante alguns segundos, a encararem-se em choque, paralisados, até que o elevador decidiu parar, abrir as suas portas, acabando por despertar Rachel do seu pequeno “transe”.


 


Rachel tentou mover-se com rapidez suficiente para escapar ao olhar intimidante de Tom e fugir daquele maldito elevador, mas antes de ter sequer o estímulo que lhe permitisse executar esse movimento, os braços de Tom pousaram na parede onde Rachel se encontrava, pousados lado a lado, prendendo Rachel no seu meio, impedindo-a assim de se escapulir.


 


- Mattson.- Murmurou-lhe Tom quando recuperou a voz do choque que apanhara. Um sorriso sarcástico formou-se nos seus lábios.


 


A mulher levou o seu corpo contra a parede, tentando assim afundar-se nesta e manter-se o mais afastada possível de Tom, olhou desesperada para as portas do elevador que se fecharam para depois encarar, apavorada, Tom. Ao ver o pavor dominar os traços da mulher, Tom alargou o seu sorriso.


 


Rachel manteve-se calada durante alguns segundos, até que conseguiu recuperar do choque e recuperar a voz.


 


- Pensava que isto era o Ministério.- Tentou manter a voz firme, mas esta saiu num pequeno abafo.- Pelos vistos estava enganada.


 


Tom fez um sorriso cruel.


 


- Isto é o Ministério.- Disse.- Um Ministério que não gosta de sangues de lama ou de traidores de sangue, esses têm um lugar especial em Azkaban.


 


A mulher tentou sacar a sua varinha mas, mais uma vez, Tom foi mais rápido e encostou a sua ao peito de Rachel.


 


- Não me parece Mattson.- Sibilou arrancando a varinha das mãos de Rachel e guardando-a no seu manto negro.


 


Rachel olhou de novo desesperada para a porta, lançando um olhar suplicante a esta, e pensando em mil e uma formas que a pudessem ajudar a sair dali sã e salva. Pode sentir os olhos de Voldemort observarem-na fixamente com crueldade e rancor, satisfeitos por finalmente apanharem aquela que consideravam a culpada pelos catorze anos de agonia que passaram.


 


Há dezasseis anos que esperava por aquele momento, esperava pelo momento em que a tornaria a ver e vingar-se-ia de tudo o que ela lhe fizera passar. Ela era mais culpada que o próprio Potter, ela merecia um castigo pior que o do Potter. Potter merecia morrer tanto pelo que a profecia dizia como pela afronta que este lhe fazia. Mattson, a maldita sangue de lama, merecia algo pior, algo pior que a morte (que para Tom era o pior dos castigos). Há dezasseis anos que esperava por aquela vingança, vingança que saber-lhe-ia melhor que a morte de Potter e domínio total de todo o Mundo Bruxo.


 


A porta do elevador tornou a abrir-se, Rachel olhou para esta tentando fugir do meio dos braços de Voldemort, que ao ver o que esta tentativas falhadas desta, sorriu. Antes que a porta do elevador se fechasse, Tom segurou num dos braços de Rachel e puxou-a para fora do elevador com enorme violência dando-lhe um grande balanço, para depois largá-la e faze-la cair à sua frente.


 


Antes de lhe dar tempo para levantar-se, Tom aproximou-se da mulher pegou num dos braços desta e começou a arrastá-la pelo corredor, fazendo a mulher soltar gemidos de dor.


 


Tom parou em frente a uma porta, abriu-a, ergueu Rachel e empurrou-a para dentro da divisão escura, entrando de seguida e fechando a porta.


 


Rachel foi contra uma mesa, caindo e erguendo-se com a ajuda desta, para depois voltar-se e encarar com o olhar carregado de frieza e ódio de Tom, que iluminava a sala com a luz que saía da ponta da sua varinha. As suas mãos foram parar às grandes marcas vermelhas dos dedos de Tom, que se encontravam nos seus braços., esfregando-as e tentando aliviar a dor que sentia nestas.


 


- Afasta-te.- Grunhiu para Tom ao ver este a aproximar-se.- Não quero respirar o mesmo ar respirado por um...


 


Tom encontrava-se suficiente próximo de Rachel para segurar-lhe na face com enorme força.


 


- Tanto ódio.- Murmurou num falso tom magoado. Rachel tentou libertar o seu rosto da mão de Tom, num gesto de desdém.- Fiz-te algum mal?


 


Rachel lançou um olhar de rancor. O homem lançou uma gargalhada fria.


 


- Pois é.- Murmurou rindo-se friamente e aproximando os seus lábios frios do ouvido de Rachel, expirando neste e fazendo todos os pêlos da nuca da mulher arrepiarem-se.- Eu matei os teus amigos.- Aproximou-se ainda mais do ouvido da mulher, depois sibilou.- Não te preocupes, depressa vais fazer-lhes companhia.


 


O coração de Rachel começou a dar enormes pulos, parecendo querer fugir-lhe do peito, enquanto esta encarava Tom assustada.


 


Um dos seus principais receios havia-se concretizado, o receio que quase a levara a não regressar a Londres, mas também o receio que a obrigara a voltar àquela maldita terra, marcada pela dor e tragédia. O receio de o voltar a ver.


 


Rachel ainda se encontrava na infeliz ilusão de que aquilo não passava de um pesadelo igual àqueles que ela muitas outras vezes tivera, ilusão que tentava convencer aos seus próprios órgãos mas, que apesar de parte do seu cérebro tentar convencê-la do contrário, esta sabia que desta vez vivia num pesadelo onde não teria a felicidade de acordar. Tinha agora a certeza de que o seu regresso a Londres tinha sido uma das suas piores decisões da sua vida.


 


Rachel fechou os olhos tendo ainda uma pequena esperança de acordar, mas, assim como a maior parte de si já esperava, nada aconteceu. Pôde ouvir a gargalhada de prazer de Voldemort por, pela primeira vez, vê-la apavorada.


 


Não era o medo da morte que afectava o espirito de Rachel e sim o medo dos perigos maiores a que Annya poderia ficar sujeite se algo de grave lhe acontecesse.


 


A mão solta de Tom desceu até ao pescoço de Rachel, apertando-o. A mulher encarou-o com os olhos carregados de dor e rancor.


 


- O que fazes aqui Mattson?- Perguntou-lhe Voldemort ao ouvido. Rachel riu-se com a voz abafada.


 


- Vim ao Ministério, como é evidente.- Respondeu-lhe.


 


- Reformulo a pergunta.- Tom apontou a varinha ao peto de Rachel e apertou ainda mais o pescoço da mulher, cortando-lhe a respiração.- Sendo tu um asco da sociedade Bruxa, Mattson, o que fazes a sair do Ministério, quando na verdade deverias estar a ir para Azkaban?


 


Ao ver os olhos azuis de Rachel a começarem a querer sair-lhe das órbitas pela falta de ar, Tom largou o pescoço da mulher, fazendo-a cair no chão de joelhos aos seus pés, tossindo com as mãos na garganta. Tom observou-a durante alguns segundos.


 


- Como acabei de chegar a Londres e eles hoje já estavam cheios, mandaram-me para casa para preencher um estúpido formulário- disse com o pouco folgo que tinha- que voou.


 


Uma faísca atravessou os olhos de Tom.


 


- Eu arranjo-te lugar hoje, podes ter certeza.- Sibilou.- Não penses que te escapas!


 


A mulher riu-se sem gosto.


 


- Não sabia que nutrias um ódio especial por mim, Riddle.- Murmurou fraca encarando-o com um sorriso de gozo no rosto.


 


A mulher começou a levantar-se observando com satisfação as expressões enraivecidas que davam lugar às belas expressões serenas do belo rosto de Riddle.


 


- Sangues de lama e muggles são escória que merece ser exterminada.- Silvou enraivecido, cuspindo aos pés de Rachel.


 


- Assim como os mestiços!- Exclamou Rachel.


 


Uma violenta bofetada atingiu o rosto de Rachel fazendo quase cair, impedida de tal apenas pelas próprias mãos que seguravam o tampo da mesa atrás de si. Aos poucos uma dor forte atingiu-a na zona vermelha onde a mão de Tom lhe acertara.


 


- Pois nãos, são muito mais nojentos.- Disse a mulher num tom de desprezo.


 


Desta vez foi o seu pescoço que foi atacado pelas mãos de Voldemort que não se preocupou com a dor e sufoco que causava à mulher. Esta escorregou lentamente encostada à mesa, enquanto tentava, a muito custo inalar alguma quantidade de ar.


 


- Tens razão Mattson.- Sibilou Tom num dos ouvidos desta, enquanto que apertava-lhe o pescoço com uma enorme força.- Era um desperdício de tempo tentar arranjar-te lugar já um interrogatório com a Comissão de Registo de Sangues de Lama. Azkaban não serve para ti, ainda me infectavas os que já são infectados, não, tu precisas de algo melhor (pior para ti), e eu tenho o local perfeito.


 


A mulher que até então tentava debater-se contra as mãos de Tom, olhou-o receosa.


 


O homem largou o pescoço de Rachel para lhe segurar firmemente num dos braços. Depois sem aviso prévio materializou-se com ela.


 


Ao fim de segundos de tontura, Rachel pode começar a distinguir o traçado da rua que rodava na sua cabeça. Sentiu o seu corpo cair e ficar de joelhos, para depois sentir Tom segurar-lhe o braço já dormente pela força que lhe era exercido. Sentiu-a ser erguida e encaminhada para uma casa. A mulher parou e encarou esta perplexa. Sentiu a sua boca abrir-se pela admiração.


 


- Como sabias?- Perguntou a Tom.


 


O homem riu-se.


 


- Eu sei tudo.- Respondeu-lhe, enquanto a puxá-la para a entrada da casa.


 


A mulher começou a debater-se até se libertar dos para se libertar das mãos de Tom.


 


- Nem penses que entras na minha casa.- Vociferou.- Não a quero contaminada.


 


De novo pode-se ouvir a gargalhada fria de Tom.


 


- Ela já está contaminada.- Disse empurrando Rachel contra a porta da casa.- E eu entro nas casas que bem me apetecer, não és ninguém para me impedir, Mattson.


 


Dizendo isto o homem abriu a porta apesar das objecções de Rachel, e de novo o homem empurrou Rachel para dentro da casa, fazendo-a cair no chão de mármore negra.


 


Rachel levantou-se e dirigiu-se à pequena mesa encostada ao lado da porta , onde se encontrava um papel com um recado de Annya.


 


<i>Mãe,


Fui aprovada em Hogwarts (para minha tremenda infelicidade!!) vejo que é quase dominada por totós, tirando os Weasley, é claro!!! (Ao meu lado tenho aqui uma).


Não te preocupes por não estar aí, fui para casa de uns amigos novos ( vês!!! Já fiz novos amigos, como tu querias!!!) por isso não te passes por não me veres aí.


Os meus novos amigos são os Weasley, calculo que os conheças.


Diverte-te na minha ausência :P


Beijos,


Annya


 


P.S: Escreve-me assim que vires este recado, estou preocupada.


P.P.S: Os Devoradores da Morte são tão...</i>


 


Rachel soltou um suspiro de alívio ao verificar que a filha estava em segurança.


 


- Isto é mesmo uma espelunca muggle.- Ouviu Tom dizer.


 


Tomada pelo susto Rachel voltou-se para encarar Riddle que observava a sua sala e não tinha reparado na distracção dela. Rachel depressa escondeu o pedacinho de papel debaixo do telefone, garantindo que Tom não o vira.


 


- Se não gostas faz o favor aos dois e sai!- Exclamou após ter largado a ponta do telefone, suspensa no ar, em cima do papel, cobrindo este.


 


Tom virou-se para Rachel e olhou-a fixamente.


 


- Como já te disse, entro e saio quando muito bem me apetecer.- Sibilou-lhe.


 


Rachel deu de ombros e começou a dirigir-se às escadas, a meio do seu percurso parou e virou-se para Riddle.


 


- Calculo que esta vai ser a minha prisão.- Disse.


 


- Não imaginava que houvesse algum tipo de inteligência em ti.- Respondeu com sarcasmo. Depois as suas expressões ficaram rígidas.- Vais ficar aqui até te pôr no local onde sei que te tratarão muito bem. E sem varinha é claro.


 


- Mas sem correntes?- Perguntou Rachel com um pequeno sorriso esperançoso.


 


O homem riu-se.


 


- Não vais fugir.- Disse-lhe confiante.


 


- Como podes ter tanta certeza?


 


- Eu apenas tenho-a.


 


Rachel começou a andar até às escadas.


 


- Não me voltes as costas Mattson.- Vociferou Riddle.- Deves-me respeito e obediência, sangue de lama!


 


- Não devo respeito a mestiços.- Respondeu-lhe Rachel calmamente.


 


Uma onda de dor e agonia dominou-lhe o corpo. Dor e agonia que foram mais fortes do que aquelas que a atingiram dezasseis anos antes pela mesma maldição cruciatus. Pode sentir que Voldemort a havia aperfeiçoado ainda mais, assim como aperfeiçoara o seu ódio. Poderia sentir na maldição todo o ódio que Voldemort nutria por ela.


 


Rachel caiu e lançou um pequeno gemido, o que não satisfez Riddle.


 


Desta vez a maldição não começou no grau brando, como dezasseis anos antes, e aumentou para o máximo, desta vez a maldição começou no máximo e por lá ficou. Não havia picadas, nem facadas banhadas em fogo, desta vez a dor era causada pela separação dos seus músculos e quebramento de todos os seus ossos.


 


Apesar da terrível dor, Rachel não gritou nem contorceu-se, quer por não ter forças para tal, quer por ter orgulho.


 


Nos raros momentos em que tinha força para pensar, tentava arranjar fracas palavras de encorajamento que não eram sequer ouvidas pelos seus músculos.


 


Os músculos que eram separados e os ossos que eram quebrados foram banhados por chamas ardentes que começaram a queimar qualquer vestígio indolor de uma minúscula parte que existisse no seu corpo.


 


Fechou os olhos, mas logo abriu-os ao ver que as pálpebras destes ardiam ao fecharem-se. Uma visão turva do tecto, e não contendo mais, lágrimas escorreram dos seus olhos, queimando a sua pele como se fossem feitas a partir de ácido. Mesmo abertos os seus olhos ardiam e Rachel começou a ver pequenas figuras irregulares girarem em volta de um ponto fixo no tecto.


 


Rachel cravou as suas unhas nos finos espaços entre cada quadrado de mármore, tentando assim conter a dor e não gritar.


 


Ao inspirar, em vez do tão esperado oxigénio que a poderia ajudar a aliviar a dor veio fogo que entrou pelos seus pulmões e começou a queimar estes.


 


A dor era tanta que Rachel deixara de sentir o seu próprio corpo. Não sabia se gritava ou se contorcia-se, mas calculou, pelo ódio que sentia na maldição, que ainda não tinha dado esse prazer a Voldemort.


 


Aos poucos a dor foi cessando e Rachel pode começar a sentir o corpo dorido, o ritmo descompassado do seu coração que parecia querer fugir-lhe do peito, as pequenas figuras continuavam a girar em torno do mesmo ponto.


 


Rachel começou a inspirar de modo sôfrego, como se temesse que o ar se extinguisse por alguma razão. Começou a ouvir passos a aproximarem-se, passos que lhe feriram os ouvidos com o som estridentes e alto que faziam.


 


Alguém baixou-se e colocou-se a seu lado de cocaras, expirando no seu ouvido, Rachel contou que fosse Voldemort.


 


- Vejo que ainda aguentas uma cruciatus sem gritos e sem te contorceres. Pena.- Sibilou. Rachel sentiu que Tom tocou-lhe no braço que tremia freneticamente, assim como todo o resto do seu corpo.- Isto é uma pequena prova do que te vai acontecer se tentares fugir ou desobedeceres-me.


 


Riddle levantou-se e erguendo Rachel por um do ombros, fazendo-a soltar pequenos gemidos de dor.


 


- Nem te atrevas a pôr um pé que seja fora daquela porta- disse apontando para a porta- pois eu saberei.- Depois soltou Rachel com desprezo e nojo.- Já perdi demasiado tempo precioso contigo.


 


Rachel cambaleou até à grande mesa preta de jantar e ficou encostada a esta enquanto Tom caminhava até à saída.


 


- Ah!- Exclamou voltando-se para Rachel, fazendo um sorriso sádico.- Talvez te arranje lugar na cela onde esteve o teu amigo Black, que te parece?


 


Rachel num acto de fúria, que estava a acumular-se em si desde o momento em que vira Riddle, pegou no jarro que se encontrava em cima da mesa e lançou-o à cabeça de Tom que num movimento rápido da varinha desfez o jarro em milhares de pedaços que voaram em diversas direcções, alguns deles arranharam os braços e rosto de Rachel.


 


- Entendo isso como um sim.- Dizendo isto o homem saiu pela porta deixando Rachel sozinha com o medo a dominá-la aos poucos.


 


 


 

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