Os Weasley [100%]
Uma jovem de longos cabelos negros saiu de uma das poucas lojas abertas de Diagon-All. Estava carregada com uma de livros e ao verificar que a grande rua continuava somente habitada pelas sombras da solidão, lançou um longo suspiro de desilusão.
Atrás de si, a porta que dava entrada à loja de onde acabava de sair, fechara-se com um pequeno chiar de falta de óleo. Nesta apareceu magicamente uma tableta velha e suja, onde se poderia ler, através das letras já gastas: FECHADO.
Alguns livros, da dúzia que os braços de Annya seguravam, escorregaram destes, caindo assim abertos no chão.
- Eu não mereço.- Murmurou desgostosa enquanto que apanhava estes.
As fracas badaladas de um relógio despertaram a sua atenção dos livros, chamando-a assim para este.
O relógio mágico encontrava-se numa pequena torre, que pertencia a um edifício antigo que se encontrava a norte da rua e que dividia esta em outras duas pequenas ruas pequenas e escuras.
Annya observou atentamente o relógio que marcava dez horas.
Ainda tinha muito tempo para aproveitar, visto que provavelmente a sua mãe não chegaria a casa tão cedo, talvez nem mesmo naquele dia.
Annya arrepiou-se com a ideia de que a sua mãe poderia estar em Azkaban.
Os seus olhos começaram a percorrer a rua. Annya sobressaltou-se quando estes atravessaram o outro lado da rua onde um pequeno homem, que tinha apontado a varinha a uma vassoura que começava a varrer a rua, a observava com um olhar sinistro.
A jovem olhou-o desconfiada mas, como não queria aumentar a tensão que começava a haver entre os dois, desviou rapidamente o olhar para outra parte da rua.
Os seus olhos passaram por uma vitrina de uma loja e pôde ver então, através do seu reflexo nesta, o motivo para o tão inquietante olhar do pequeno homem. As roupas que ela usava eram deveras diferentes das que as poucas pessoas que atravessavam aquela rua usavam. Annya vestia uns calções curtos de ganga clara, que cobriam pouco mais que as ancas, e uma T-Shirt preta onde estavam inscritos a branco os vários nomes de bandas de Rock/ Heavy Metal muggle que ela gostava. Estas vestimentas destacavam-se imenso dos longos mantos escuros e monótonos que os feiticeiros trajavam.
Ao verificar que o homem continuava a olhá-la perplexo, Annya deu de ombros e começou a dirigir-se na direcção Sul de Diagon-Al.
Todas as lojas da rua eram cobertas nas janelas e nas portas gastas por cartões que impediam a visão interior destas
As poucas pessoas que passavam pela rua, atravessavam-na com passos apressados, como se esta tivesse sujeita a algum tipo de maldição e a uma estadia um pouco mais demorada pudesse levar a algum tipo de morte horrenda. Por vezes, os seus passos abrandavam, para assim poderem contemplar perplexos, verificando se realmente os seus olhos estavam a ver bem, a bela jovem que caminhava descontraidamente com uma pilha de livros debaixo de um dos braços. Havia quem substituísse o seu olhar de perplexidade por um de admiração, outros substituíam-no por um de reprovação, comentando com quem achassem a seu lado.
Annya passava alheia por estes, muito pouco preocupada com os seus pensamentos e falas medíocres. O seu andar superior e afrouxado demonstrava exactamente o que sentia em relação àquela situação. Nunca se importara com o que os outros diziam ou pensavam, e isso não mudaria só com uma mudança de país.
A rua tornou-se de novo deserta, sendo Annya o único ser vivo que nela habitava. Nos seus escuros cantos ainda se podia encontrar os vestígios de alegria e vida que a rua tivera noutra Era. Alegria e vida que foram substituídas pelo esquecimento e pela sombria solidão.
Por vezes podia-se ver esvoaçar, paralelos ao chão, panfletos velhos de avisos e medidas que se haviam de tomar contra os Devoradores da Morte.
Annya soltou uma pequena gargalhada com a ironia daquela situação.
Em poucas horas desde a sua chegada a Londres já havia conseguido juntar as peças soltas que levavam ao esclarecimento da situação actual do mundo bruxo naquele país.
De novo alguns livros escorregaram por entre os seus braços, e de novo Annya bufou de raiva e baixou-se para apanhar os livros caídos no chão. Sacou a varinha, ao lembrar-se que poderia conjurar uma saca, mas logo tornou a guardá-la ao recordar que não podia fazer magia fora da escola, regras de Inglaterra.
- Que mal é que eu te fiz?- Perguntou desgostosa olhando de relance para o céu.
A ideia de que talvez ainda não tivessem activado o seu detector fê-la sorrir para depois este apagar-se. Não arriscaria.
Com um longo suspiro de indignação voltou a caminhar na direcção Sul se Diagon-Al. Caminhava com o seu passo elegante, superior e rápido por tenros segundos, até que parou com brusquidão.
A uma esquina de Diagon-Al, encontrava-se uma loja que em muito se destacava das outras, era até abalável a sua diferença. Ao contrário das outras lojas sem vida e cor, aquela, pelo menos a sua montra, esta era repleta por objectos de todos os formatos e cores, e em torno deles havia uma enorme quantidade de pequenos fogos de artifício coloridos. Tinha cor e luzes suficientes para trazer uma certa juvenilidade, vida e cor à rua.
Naquela atractiva montra podia ver-se de tudo um pouco, fazendo lembrar as montras das lojas de brinquedos muggles. Talvez fosse isso que aquela loja era, uma espécie de loja de brinquedos dirigida a pequenos feiticeiros. Annya observou atentamente a montra e sorriu ao perceber do que se tratava. Na Califórnia podia-se encontrar muitas lojas daquele tipo, lojas de partidas mágicas e coisas do género.
Os olhos da garota pararam num grande cartaz roxo com letras douradas onde se encontrava escrito: MAGIAS MIRAMBOLANTES DOS WEASLEY
Sem esperar que mais algum segundo passasse, Annya abriu a porta da loja e entrou nesta. Uma campainha tocou anunciando a sua entrada. Annya não se surpreendeu com o facto de os empregados não terem ouvido esta. Dentro da loja podia ver-se a vida que não se encontrava fora desta. Mais de uma dúzia de criancinhas corriam desenfreadas pela loja, parando apenas durante longos minutos para contemplar os estranhos objectos que existiam na loja.
Annya caminhou lentamente, observando ao pormenor a loja, tentando não atropelar, nem ser atropelada por nenhuma espécie de manada feita a partir de criancinhas, que ainda não lhe chegavam, sequer, às ancas.
A loja era ligeiramente grande. Tinha duas paredes repletas de prateleiras que iam até ao tecto, sendo uma delas, a do lado direito, a que tinha o balcão de atendimento. No meio da loja havia um conjunto de seis prateleira organizadas em forma de hexágono com, cada uma delas, dois metros de altura. Era no meio da loja onde se localizava maioritariamente a população infantil, que lançava tenras gargalhadas e doces exclamações de admiração. Ao fundo da loja podia-se ver, em vez de uma parede, uma longa cortina negra, que impossibilitava a visão para além desta.
Annya aproximou-se do centro tentando ver o que poderia causar tanta admiração em pequenas crianças.
Numa das prateleiras, a que era mais admirada pelos garotos, havia um conjunto de dez bonequinhos de madeira que, cada um, tocava alegremente um tipo de instrumento musical muggle. Formavam uma alegre orquestra, tocando diversos clássicos conhecidos muggles. Sempre que acabavam de tocar uma música levantavam-se e faziam uma vénia para os espectadores, para depois um deles ir buscar uma minúscula cartola que aumento dez vezes o seu tamanho, dando espaço suficiente para caberem alguns galeões. Sempre que alguém lançava uma moeda para a cartola, os bonequinhos sorriam agradecidos e faziam uma elegante vénia.
Annya fez um leve sorriso. Os miúdos depois de verem o mini-espectáculo voltaram a dispersar-se numa grande correria e euforia. Annya continuou a ver os bonecos.
Alguém cutucou-lhe no ombro e esta virou-se com ferocidade. Um rapaz alto, ruivo e com olhos azuis sorriu-lhe entregando-lhe algo que parecia uma varinha. A jovem olhou-o confusa.
- Agite-a.- Aconselhou-a o rapaz educadamente num meio sorriso.
Annya olhou-o desconfiada, mas depois estendeu a mão para tentar pegar na varinha sem deixar cair os livros.
- Eu seguro-os.- Disse um outro rapaz pegando nos livros. Annya lançou-lhe um sorriso de agradecimento, surpreendendo-se com a igualdade deste com o primeiro, chegou por fim à conclusão que eram gémeos.
O outro gémeo voltou a estender-lhe a varinha com um sorriso malandro.
- Basta agitar.- Voltou a dizer. Os dois gémeos trocaram um pequeno sorriso o que serviam para aumentar ainda mais a desconfiança de Annya.
A jovem pegou na varinha e agitou-se levemente. Com um pulo de surpresa e uma pequena exclamação, que serviu para fazer os gémeos rirem-se, Annya viu a varinha transformar-se num belo ramo de rosas.
- Oh!- Exclamou ainda espantada. Depois sorriu.- Rosas vermelhas, as minhas preferidas.
Os rapazes tornaram a sorrir, fazendo um deles, o que deu a varinha a Annya, uma elegante vénia.
- Temos mais desse tipo e ainda outras doutro género. Desde umas que se transformam em galinhas de borracha quando agitadas até às que começam a bater na cabeça de quem as agita. O preço varia conforme a qualidade da varinha. São muito procuradas.- Disse sorrindo orgulhoso.- Essa é oferta da casa.
Annya lançou um sorriso doce.
- E posso saber o nome dos gentis Senhores?- Perguntou lançando um sorriso sedutor.
Desta vez foi o outro gémeo que se apressou a responder.
- George- disse apontando para si- e Fred Weasley.- Respondeu sorridente.- Ao seu dispor, Senhorita.
Fez uma vénia segurando firmemente os livros de Annya, que lançou-lhe um sorriso gentil, para depois fazer um ar pensativo.
- Weasley.- Repetiu o apelido dos jovens. As suas expressões pensativas foram-se substituindo por umas de compreensão, alargando ainda mais o sorriso dos jovens.- Oh! Vocês são…
- Os donos da loja.- Completaram os gémeos em uníssono.
Fred aproximou-se.
- E como estamos ao seu dispor, Senhorita, eu ofereço-me para guiá-la pela loja.- Fred lançou um sorriso vanglorioso para George que o olhou com fúria.
- Que tal mostrarmos os dois.- Sugeriu olhando com fúria para o irmão.
Annya mostrou-se surpreendida com a atitude gentil dos dois rapazes.
- Sinto-me honrada com o vosso convite.- Respondeu, depois fez um sorriso decepcionado.- Mas não quero ser nenhum tipo de estorvo.
- De maneira alguma.- De novo George foi o mais rápido a responder, irritando assim o seu irmão gémeo.- Seria um enorme prazer, falo pelo menos por mim, acompanhar tão bela jovem pela nossa humilde loja.
- E falas por mim também.- Apressou-se a falar Fred com raiva.
Annya observou o balcão todas as crianças eram atendidas por uma mulher de cabelo curto e loiro que parecia se encontrar bastante atarefada.
- Mas parece estar um pouco cheio.- Insistiu Annya, apontando para o balcão.
- A Verity dá conta do recado.- Disse Fred dando de ombros e segurando, para raiva de George, no braço de Annya puxando-a.
George seguiu-os irritado.
- Pois é, ainda não nos disseste o teu nome.- Disse George aproximando-se de Annya.- Como é?
Annya sorriu.
- Annya.- Respondeu-lhe.- Annya Mattson.
Os gémeos sorriram.
- Vais para Hogwarts.- Murmurou George dando observando o nome dos livros. Annya fez uma cara de esgar. George riu-se.- É divertido vais ver.
Annya sorriu-lhes
Começaram a caminhar pela loja.
- As varinhas.- Disse Fred apontando para caixas com diversas varinhas que estavam em caixas diferentes dependendo da sua categoria. Fred pegou numa varinha.- Estas aqui são as mais caras, e também são as que trazem mais danos para a tua cabeça.
Annya riu-se.
Fred dirigiu-se a uma outra prateleira e tirou de lá algo que parecia uma pastilha elástica.
- Pastilhas Isybalda, uma boa forma de te baldares às aulas. Tomas uma e ficas com a aparência de quem está muito doente.- Disse Fred.- Toma, é outra oferta.
Annya pegou na pastilha que fora-lhe lançada por Fred e olhou-o surpreendida.
- Outra?- Perguntou abalada.
Os gémeos riram-se.
- És nova aqui.- Explicou-lhe Fred.
- É a nossa forma de atrair os clientes, damo-lhes coisas da primeira visita para depois eles virem cá.- Completou George.
Annya riu-se não muito convencida.
- Bem se é assim.- Guardou a pastilha no bolso dos calções. De novo olhou para o balcão, agora só com a empregada.- Bem estou a ver que isto faz um enorme sucesso por aqui.
Os sorrisos dos gémeos foram substituídos por um ar abatido. A jovem olhou-os preocupada.
- Disse algo de mal?- Perguntou-lhes preocupada.
- Não.- Apressou-se a responder George.- É só que isto já teve um sucesso incomparável ao de agora, esse sucesso desapareceu quando...
- O Quem Nós Sabemos chegou ao poder.- Completou Fred com o mesmo tom desapontado.
- As pessoas deixaram de vir, ou porque foram presas ou porque têm medo de sair à rua.- Continuou George que agora fitava os livros que ainda tinha nos braços.
Um arrepio atravessou a coluna de Annya ao ouvir a última frase.
Fred tornou a caminhar pela loja, sendo seguido por Annya e depois por George.
- Extintores de Borbulhas.- Disse apontando para uma caixa em cima do balcão, a alegria que existira na sua voz havia desaparecido. Nogado de Sanguechuva Nasal, é dividido em duas partes, se comeres a parte roxa, começa a haver um enorme corrimento de sangue, suficiente para te fazer ir para a enfermaria e faltares às aulas, ao digerires a outra parte o corrimento de sangue pára.
- Temos ainda Vumitilha, no mesmo kit, o funcionamento é mesmo só que em vez de escorrimento de sangue, faz-te vomitar.- Continuou George. Annya lançou um sorriso.- Ainda temos os Encantamentos Sonhadores Patenteados, que te levam ao mundo dos sonhos nas aulas sem correres o risco de seres apanhada.
Annya riu-se.
- Passa sonhar nas aulas não necessito disso.- Murmurou. Os gémeos trocaram sorrisos.
- Se for na do Binns podes crer que não.- Disse Fred rindo-se.
Passaram por uma outra prateleira onde se encontravam feitiços de amor.
- Produtos Especiais Super-Feiticeira. Totalmente eficaz.- Anunciou Fred apontando para os pequenos frascos de poções.- Duração de vinte e quatro horas, dependendo claro do rapaz referido e do encanto da jovem que usa a poção.
Annya tornou a lançar um sorriso sedutor, retirou o frasco e começou a examiná-lo.
- Poções de Amor.- Murmurou.- Não creio que seja algo que necessita.
O seu sorriso alargou-se ainda mais.
- Claro que não.- Apressou-se George a dizer.
Fred anuiu a cabeça em sinal de concordância com o irmão.
- Seguimos.- Disse indicando o caminho.
Passaram por mais algumas prateleiras.
- Aqui- disse apontando para uma delas- podes encontrar as Orelhas Extensíveis.
George retirou um objecto, que parecia duas orelhas ligadas por um fio, e estendeu-o a Annya que pegou neste com relutância.
- São óptimas.- Disse-lhe, enquanto que o irmão o fuzilava com o olhar.- Podes ouvir conversas a longas distâncias sem correres o risco de seres apanhada.
- Podes levar.- Apressou-se a dizer Fred.
Annya arqueou as sobrancelhas.
- Assim dou-vos cabo do negócio rapazes.- Disse-lhes lançando um fraco sorriso enquanto guardava as orelhas no bolso dos calções, estes retribuíram o sorriso.
Os olhos de Annya pararam numa pequena gaiola onde pequenas criaturas saltavam alegremente.
- Oh!- Annya exclamou aproximando-se da gaiola. São tão adoráveis.
Fred seguiu-a. George caminhou atrás do irmão.
- É. São de facto adoráveis, e uma enorme fonte de rendimento. A população feminina adora-os.- Annya sorriu olhando ainda para uma das criaturas.- Temos sorte em que eles se reproduzem rapidamente. Chamam-se Pigmeus Penugentos.
Annya observou com atenção o pequeno animal que se encontrava à sua frente.
- São...
- Puffkeins em miniatura.- Completou George, Annya sorriu-lhe mas não escondeu toda a irritação que sentiu ao ser interrompida.
- São mesmo muito adoráveis.
- É.
Fred observou com uma enorme tristeza umas estantes vazias.
- Tínhamos ali truques de magia muggles, algo que até rendia, mas obrigaram-nos a tirar tudo.- Explicou George ao ver o olhar preocupado de Annya.- Novas leis do Ministério.
- Proibiram-vos?- Perguntou Annya curiosa.
- Tu és nova aqui não és?- Perguntou-lhe George.
- E estrangeira?
Annya sorriu tristemente.
- Sim. Sou americana.- Respondeu-lhes.
- Bem me parecia.- Murmurou Fred.
- O teu sotaque e as tuas roupas tão...muggles e livres não te deixam ir muito longe.- Disse-lhe George.- É até perigoso andares por aí assim vestida.
- Eu não temo o perigo.- Sussurrou a jovem, não sendo ouvida por nenhum dos dois gémeos.
- Mas então porque vieste para cá numa altura tão critica?- Perguntou-lhe Fred.
Annya tornou a encarar os gémeos com uma enorme amargura.
- A minha mãe achou que estava na altura de regressar.- Respondeu-lhes.
Os gémeos encararam-na intrigados mas não tiveram a oportunidade de lhe perguntar a dúvida que se formara nas suas cabeças, pois nessa altura a campainha assinalou a entrada de alguém na loja.
Os três voltaram-se bruscamente na direcção da porta.
- Fred! George!- Uma mulher de estatura baixa e com cabelos ruivos correu na direcção dos gémeos e abraçou-os com toda a sua força.- Que aflição que vocês me deram! Por que não nos disseram nada?
- Mãe!- Reclamou George libertando-se dos braços da Senhora Weasley.
- Já não somos nenhuns miúdos, mãe, acho que já sabemos tomar conta de nós!- Disse Fred com alguma irritação, mas a Senhora Weasley pareceu não os ter ouvido, pois nesse momento começou a encher-lhes a cara com beijos.
Os gémeos soltaram algumas exclamações de reclamação, mas estas não foram ouvidas pela Senhora Weasley. Annya que observava a cena foi obrigada a reprimir várias vezes a gargalhada.
- Molly larga os rapazes que ainda os sufocas.- Um homem de cabelos ruivos aproximou-se. Usava um chapéu de coco, e ao ver Annya retirou-o e fez uma pequena vénia.- Senhorita.
Molly largou os filhos aborrecida com a intervenção do marido. Os seus olhos castanhos pararam nos verdes esmeraldinos de Annya, e foi aí que percebeu que naquela loja não se encontrava a sua família. Abriu um sorriso doce e constrangido e aproximou-se da jovem.
- Oh desculpa querida, não te tinha visto.- Desculpou-se. Aproximou-se de Annya e cumprimentou-a com dois beijos nos rosto.- És alguma amiga do Fred e do George.
Annya anuiu com a cabeça.
- É. Chama-se Annya.- Adiantou-se George a responder.
- Ela veio dos Estados Unidos, e vai agora para Hogwarts.- Continuou Fred.
Annya sorria enquanto se via ser apresentada pelos gémeos.
- Tu vais para Hogwarts querida? Para que ano?- Perguntou a Senhora Weasley com uma súbita excitação na voz.
- Sexto.
- Mas isso é óptimo!- A Senhora Weasley alargou ainda mais o sorriso.- A nossa filha, Ginny, está também no sexto ano, ela pode explicar-te como a escola funciona. Ginny chega aqui!
Em poucos segundos uma nova figura apareceu vinda de trás de uma das prateleiras. Era uma jovem muito bonita, alta, ligeiramente mais baixa que Annya, tinha olhos castanhos, cabelos compridos, que lhe chegavam à cintura, lisos e ruivos. Tinha sardas discretas no rosto, mas estas davam-lhe um certo encanto. O seu corpo era esbelto com belas curvas.
Ao ver Annya, a jovem fez-lhe um belo sorriso e aproximou-se com passos graciosos e compassados.
- Olá!- Exclamou.- Sou a Ginny, Ginevra, mas podes tratar-me por Ginny.- Depois sussurrou, para que a Senhora Weasley não pudesse ouvir.- Por favor não me trates por Ginevra, é horroroso!
Annya sorriu.
- Annya.- Disse estendendo a mão.
Ginny retribuiu o sorriso.
- Ginny.- A Senhora Weasley começou a falar docemente.- A Annya também vai para o sexto ano em Hogwarts, mas como é nova cá pensei que pudesses explicar-lhe como aquilo funciona.
- É claro que sim.- Respondeu Ginny alegremente.- És americana não és?
Annya anuiu.
- O teu sotaque não te leva longe.
Annya ergueu uma das sobrancelhas.
- O meu sotaque?- Perguntou acentuando na última palavra.
O Senhor Weasley que até então estivera a falar com os gémeos sobre novidades do Ministério, aproximou-se do grupo de mulheres.
- Desculpem interromper, mas à algo que tenho em questão.- O Senhor Weasley observou atentamente Annya.- Annya tu és dos Estados Unidos, mas tens alguém cá, origens ou algo que se assemelhe? É que a tua cara é me extremamente familiar, só que não consigo identificar de onde.
Annya sorriu docemente.
- Eu nasci nos Estados Unidos, mas a minha mãe viveu cá durante anos, aliás, só nestes últimos dezasseis anos é que ela não esteve cá.- Annya pode ver cinco pares de olhos a observarem-na com curiosidade, ela prosseguiu limitando-se a sorrir.- Ela veio agora para cá, disse que tinha coisas a tratar...
Annya mordeu o lábio inferior, não sabia até que ponto poderia confiar nos Weasley.
- Oh!- O Senhor Weasley soltou uma exclamação de compreensão, começava a entender do que se tratava, apesar de não fazer muito sentido.- Estou a ver, mas como se chama a tua mãe?
Os olhos de Annya brilharam e ela abriu ainda mais o sorriso.
- Talvez a conheça.- Murmurou.- Chama-se Rachel, Rachel Mattson.
Os olhos do Senhor e da Senhora Weasley abriram-se de surpresa.
- É claro que conhecemos a tua mãe.- Respondeu o Senhor Weasley.- Ela trabalhou comigo no Ministério. A Rachel teve uma filha? Não fazia a mínima, ela desapareceu mal houve a queda.
A Senhora Weasley fez um ar pensativo.
- Como é que não me veio logo à cabeça? Tu és a cara da tua mãe.- Annya sorriu.
- E por falar nisso onde é que ela está?- Perguntou o Senhor Weasley com curiosidade.
- Ela foi ao Ministério.- Annya respondeu calmamente.
Os rostos calmos e descontraídos dos Weasley tornaram-se rígidos, O Senhor e a Senhora Weasley trocaram um olhar, enquanto que começou a haver um burburinho ente os restantes. Annya sentiu um aperto no peito ao ver as reacções dos Weasley.
- Passa-se algo?- Perguntou com uma enorme preocupação. O seu ritmo cardíaco começou a elevar-se disparatadamente.
A Senhora Weasley olhou-a num misto de dó e tristeza.
- Não querida é só que...- A Senhora Weasley abriu a fechou a boca diversas vezes procurando pelas melhores palavras.- E o teu pai?
Annya olhou para os rostos sérios de todos os Weasley antes de responder.
- Não sei quem é o meu pai.- Respondeu num tom sério e grave.- O que é que aconteceu com a minha mãe?
Os olhos esmeraldinos de Annya encararam os do Senhor Weasley por uns segundos para depois irem ter com os da Senhora Weasley que a encarou com uma enorme preocupação.
- Estás sozinha?- Perguntou com a voz fraca.- E que tal se viesses até nossa casa, até teres notícias da tua mãe, a Ginny poderia então explicar-te como funciona a escola.
Annya recuou num passo.
- Não.- Respondeu friamente.- Não posso preocupar a minha mãe, o que diabo se passou com ela?
A Senhora Weasley soltou um pequeno gemido, mordendo de seguida o lábio inferior.
- Podes deixar um recado para a tua mãe.- Opinou o Senhor Weasley.- Não nos leves como malfeitores ou algo do género, é só que...a tua mãe pode demorar.
- Como assim pode demorar?- A voz de Annya elevou-se.
- Annya...- A Senhora Weasley começou a tentar acalmar a jovem.- Tem calma, vem connosco, amanhã o Arthur vai ao Ministério e traz informações sobre a tua mãe, não te vai valer de nada ficares sozinha e nervosa, mais vale ficares acompanhada e tentares abstrair-te do assunto.
Os olhos de Annya percorreram todos os Weasley que assentiam com a cabeça de forma a incentivá-la a aceitar o convite. Os olhos da jovem pararam nos olhos cansados do Senhor Weasley.
- Pode trazer-me informações sobre a minha mãe?- Perguntou tentando manter a voz firme.
O Senhor Weasley anuiu com a cabeça, as suas expressões continuavam tristes e cansadas, e após aquele movimento, encarou Annya fixamente, esperando a sua resposta.
Annya fechou os olhos e inspirou fundo, eles tinham razão. Iria fazer-lhe bem conhecer melhor os ingleses, a sua mãe queria que ela fizesse isso, arranjar novos amigos.
- Eu aceito o convite.- Falou fracamente.
A Senhora Weasley lançou-lhe u fraco sorriso, assim como os restantes.
- Tenho que ir só buscar as coisas a casa e deixar um recado à minha mãe.- A Senhora Weasley concordou.
- Eu posso ir contigo.- Ofereceu-se Ginny.
- Está bem.- Respondeu Annya num murmúrio.
George ergueu a varinha e conjurou uma saca, onde colocou, finalmente, os livros.
- Não entendo porque não conjuraste um saco.- Disse a Annya entregando-lhe a saca com os livros.
Annya riu-se.
- Não posso fazer magia fora da escola.- Respondeu-lhe tristemente.- Maldito Ministério.
O rapaz riu-se.
De novo a campainha assinalou a entrada de alguém. Dois homens com mantos negros entraram na loja.
- Devoradores da Morte.- Respondeu a Senhora Weasley a interrogação que se formara no rosto de Annya.
O Senhor Weasley deu um passo à frente escondendo Annya e Ginny.
- Precisam de algo meus senhores?- Perguntou o Senhor Weasley educadamente.
Um dos devoradores lançou-lhe um olhar de nojo.
- Viemos ver se têm o Indesejável Nº1 aqui escondido.- Respondeu com desprezo. Pegou numa das prateleiras e lançou-a ao chão, partindo todos os objectos nela existentes. Ginny lançou um pequeno gemido, enquanto que os gémeos fuzilaram-nos com o olhar, tentando conter-se para não partirem para cima deles.
Mais uma prateleira foi derrubada. Fred cerrou os punhos enquanto que George mordeu a língua.
Annya deu um passo para o lado, enquanto que brincava distraídamente com as rosas vermelhas do seu ramo, observando-as sem lhes prestar atenção.
- Se partem, pagam.- Disse num murmúrio suficientemente alto para todos a ouvirem.
Os Weasley olharam-na apavorados.
- Annya!- A Senhora Weasley chamou-a num sussurro.
Os homens procuram quem tivera tal ousadia e ao verem Annya começaram a lançar gargalhadas graves.
- Ena! Ena!- Disse um deles.- Parece que tens aqui guardada uma Sangue de Lama, sabes que isso dá para ir para Azkaban, Weasley?
Annya olhou-os com fúria.
- Não me parece boa ideia.- Murmurou.
- Como?- Perguntou o outro Devorador da Morte incrédulo e furioso com a calma e ousadia da garota.
Annya observou-os atentamente, com um olhar bastante severo.
- Não sabem contar?- Perguntou sarcástica.
- Como te atrev...- Um dos homens começou a caminhar a passos e largos e ameaçadores na direcção de Annya.
A Senhora Weasley tentou puxar Annya para trás de si, mas não conseguiu nada.
- Nós somos seis, vocês dois.- Explicou-lhe Annya.- E pelo que eu aprendi, isso significa que estamos em maioria, e normalmente a maioria ganha.
Todos os presentes olharam-na admirados.
Um dos devoradores aproximou-se.
- Vocês não se atreveriam. Pois seu fizessem algo era o próprio Lord das Trevas que viria cá, e acho que vocês não querem isso.- Ameaçou lançando uma gargalhada seca, sendo acompanhado pelo outro.
Annya sorriu.
- Iam fazer queixinhas?- Perguntou com escárnio.- Que feio!
Desta vez foi Annya que se aproximou, indo contra as suplicas da Senhora Weasley.
- Aconselho-os a irem embora.- Advertiu-os Annya.
Os Devoradores da Morte lançaram longas gargalhadas frias.
- E o que é que tu nos vais fazer, bonequinha?- Perguntou um dos Devoradores num tom de deboche.
Os olhos dos homens fixaram-se nos de Annya. Um raio que exprimia ódio atravessou os olhos desta, e em milésimos de segundo os sorrisos dos homens desfizeram-se, tornando-se num ar sereno e petrificado. Para quem estivesse perto destes poderia ver que os olhos destes pareciam estar envoltos numa neblina.
Os Weasley observavam-nos tentando compreender o que se estava a suceder.
- Saiam daqui, e esqueçam o que se passou hoje.- Ordenou-lhes Annya em pensamentos.
Os homens voltaram-se para a porta e saíram sem dizer mais nada.
Os Weasley olhavam tanto para Annya como para a porta, tentando compreender o que se havia sucedido.
- Eles não voltam.- Disse Annya séria.- Mas creio que o melhor é irmos embora.
Os Weasley obedeceram à jovem sem fazer qualquer tipo de questão, olhavam-na apenas com alguma perplexidade e admiração.
Annya observou a loja, tinha um pressentimento que algo de importante estaria para acontecer para breve.
Desculpem a demora.
Tenciono postar o resto até amanhã, a parte que vos deve interessar mais :P
Obrigada Ivana e Penélope por comentarem, inda bem que gostaram.
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