Uma visita inesperada
Katherine, Johansen e Anna estavam reunidos mais uma vez no castelo suíço. Sentados próximos ao fogo devido ao frio noturno, mantinham-se em silêncio observando o movimento das labaredas.
-E Markus, o que aconteceu com ele?- Perguntou Katherine.
-Ninguém sabe. Ele desapareceu.- Disse Anna, sem emoção. Ela bocejou.- Talvez milorde o tenha pego. Pode ter descoberto que ele fugiu no dia em que nos juntamos à ele.
-Não, ele é insignificante demais para isso.- Disse Johansen, deitando-se no tapete felpudo.- Provavelmente Rik não apagou sua memória direito e ele fugiu com medo.
-Impossível, o feitiço de esquecimento de meu irmão é perfeito.- Replicou Katherine. Ela se levantou e foi até a janela, abrindo o vidro. Um frio vento entrou por ela, balançando os cabelos da garota.- O que será que ele está fazendo agora?
-Não se preocupe com ele, Kath.- Disse Anna, passando o braço pelos ombros da amiga. Johansen soltou uma interjeição de nojo.
-Não sei o que aconteceu com você Katherine, porém desde que se mudou para Londres tornou-se uma sentimentalóide. Isso não combina com você. Isso não combina com nenhuma de vocês. Vou pegar uma bebida.
Ele se levantou de um pulo e foi atrás de sua bebida. Anna observou-o se afastar, ansiosa, e depois voltou-se novamente para a amiga.
-E então, o tal Draco? Ele é gatinho. Já rolou alguma coisa?
-O quê? Pirou de vez? Por que diabos rolaria alguma coisa entre mim e ele?
Anna lançou-lhe um meio sorriso travesso que fez Katherine se afastar.
-Eu senti a química que rolou entre vocês quando se conheceram.
-Química? Qual química? A da parte em que ele me chamou de estúpida ou da parte em que eu chamei ele de idiota?
-Não seja chata Kath, eu sei que rolou alguma coisa. E se não foi com ele foi com outra pessoa. Dá para ver isso de longe.- Katherine enrubesceu, o que deixou a outra ainda mais confiante.- Eu não disse? Me conte Kathyy, quem foi?
Katherine começara a responder quando ouviu um barulho vindo da porta: Johansen havia derrubado sua garrafa de cerveja amanteigada. Anna foi até ele e deu-lhe um peteleco.
-Há quanto tempo você está escutando, bobão?
-Eu acabei de chegar!
Katherine levantou-se e limpou a sujeira com um aceno de varinha. -Não minta para mim, Johansen. Você é um péssimo mentiroso. Estava ai desde o começo de nossa conversa, não?
O garoto abriu a boca para responder, porém nada disse. Anna percebeu que Katherine se irritava e correu ao socorro do amigo.
-Tanto faz afinal, não acha Kathy? Não é como se ele tivesse ouvido algo muito importante e ele nunca mais vai ficar espiando por trás das paredes, não Johan?
Johansen confirmou timidamente com um aceno, porém Katherine continuava irada.
-Certo. Então acho que não sou bem vindo aqui…- Disse ele, dando alguns passos para trás.- Vou cair for a e se você quiser discutir isso algum dia (sem varinhas), você sabe onde eu vou estar.
Ele desapareceu com um estalo e Katherine guardou sua varinha dentro de sua bota de cano alto. Anna deu uma desculpa qualquer e aparatou logo em seguida, deixando Katherine sozinha na grande sala. Jogou-se em uma poltrona, as mãos cobrindo o rosto.
“Katherine, preciso lhe pedir um favor”, disse a voz de Morgan.
“Oh, titia, há quanto tempo. Tem andado um tanto quieta ultimamente, não?”
“Não comece. Isto é um assunto extremamente importante, para nós duas.”
“Não creio que seja possível confiar em seu julgamento de coisas importantes para ambas.”
“Pois contente-se em acreditar que é. Katherine, você deve apagar as imagens que Severo nos mostrou.”
“Oras, o que é isso Morgan? Está com medo de que o Milorde descubra?”
“Caso tenha se esquecido, Katherine, Tom não gosta de traições. Se ele conseguir ler isso em suas memórias provavelmente irá matar a nós duas. É de vital importância que você as apague. Mantenha apenas as memórias referente à Katherine, todo o resto deve desaparecer.”
“Não consigo acreditar que voê esteja falando sério. Você realmente quer que eu lance um feitiço em mim mesma?”
Morgan não respondeu e Katherine não insistiu. Lembrou-se das memórias de Snape, memórias com Morgan, quando ainda estava viva… Decerto, não eram nada agradáveis para ela, que nada tinha a ver com aquilo. Porém preferiu esperar que seu irmão chegasse em casa para pedir à ele que apagasse.
E foi o que fez, assim que Rik chegou em casa no final da semana seguinte. Puxou-o até seu quarto e trancou-os, colocando um feitiço na porta para que não os ouvissem.
-Creio que isso está se tornando um hábito para você.- Disse ele, sentando-se na cama da irmã. Ela lançou-lhe um olhar severo e então sentou-se junto a ele, pedindo colo. Ele abraçou-a e fez-lhe cafuné.- O que aconteceu desta vez, Katherine? Algo envolvendo seu lorde novamente?
-De certa forma sim. Oh Rik, eu queria poder contar-lhe tudo o que tem me acontecido!- Ela afundou seu rosto no peito do irmão, que abraçou-a mais forte.
-Se você não deveria contar seria melhor que não contasse. Mas você sabe que eu sempre estarei aqui para ajudá-la da forma que puder.
Katherine deu um meio sorriso para o irmão. A garota não costumava sorrir, o que tornava aquele sorriso ainda mais especial.
-Rik, eu quero te contar. Eu preciso te contar. Mas temo que ela não deixe que eu…- Katherine parou por um instante para notar o que Morgan fazia. Não, não prestava atenção na conversa com o irmão.- Oras, chega. É minha vida, eu decido o que farei. Rik, lembra-se de nossa tia Morgan?
-Não exatamente lembro, mas sei de quem você está falando. O que tem ela?
-Pois bem. Ela fez uma horcrux antes de morrer, Rik.- O jovem pareceu surpreso com a informação. Sua irmã lhe havia explicado o que eram horcruxes na época em que ela pesquisava sobre artes das trevas.- Mas isso não é tudo. Ela fez uma horcrux em mim. Ela está em mim neste momento.
-O quê? Mas como… Isso é possível?
-Espere, tem mais. Morgan era a mulher do Lorde, e fez a horcrux para poder retornar para ele. Porém ela não se lembrava que quando morreu estava fugindo dele. Severo… Snape. Eles foram amantes. Ele havia apagado as memórias dela, porém mostrou-nos tudo no dia em que ocorreu a operação em Hogwarts… Rik, você tem que apagar essas memórias de mim.
-Você quer que eu apague suas memórias?
-Não, não as minhas. As dela.
Rik permaneceu em silêncio, absorvendo a informação que acabara de receber. Concordou silenciosamente.
-Muito obrigada, irmão.- Disse Katherine, afastando-se do irmão para poder olhá-lo nos olhos. Ele se levantou para lançar o feitiço e ela fechou os olhos.
Quando abriu-os novamente, lembrava-se apenas de seu antigo professor de poções mostrando-lhe sua memória sobre o nascimento de uma menina… Elizabeth. Notou seu irmão a sua frente, observando-a preocupado.
-Rik! Quando chegou em casa? Bem, isso não importa… Que cara é essa? Alguém morreu?
-Está tudo bem com você?
-Claro que está, por que não estaria?
Rik sorriu e desfez os feitiços da porta, retirando-se. Katherine sentiu-se curiosa em relação à conduta do irmão e deitou-se em sua cama para poderar sobre ela. Sentia que havia um buraco no tempo, porém achou que seria melhor não pensar nisso. Fechou novamente seus olhos e acabou por adormecer.
“Eu… Digo…Vim fazer-lhe uma visita de Natal, meu Lorde.”
“Você acha que eu deveria ser internada? Pense bem; quem está atrás da mulher do lorde? Oh, quem diria, é você! Agora… isso sim pode ser chamado insanidade.”
Acorde, Katherine.
Acorde Morgan.
Acordem.
Katherine acordou sobressaltada. Ainda era noite, porém não sentia sono. Ouvira alguém chamando-a…
…Katherine…
O que seria aquilo? Levantou-se e desceu de sua torre, seguindo a voz que a chamava. Parou na biblioteca e viu que havia luz no seu interior.
…Katherine…
Entrou e dirigiu-se até o fundo da sala, onde um lampião brilhava sobre a mesa. Rodeou a confortável poltrona e encontrou seu lorde nela.
-Milorde.- Disse ela, curvando-se respeitosamente.
-Não precisa dessas formalidades quando estivermos a sós, Katherine.- A garota levantou-se e ele indicou-lhe a poltrona a sua frente.- Trouxe-lhe um presente Katherine. Considere-o um “pedido de desculpas” por meu comportamento anterior.- Ele sorriu, o que deu calafrios na garota, e entregou-lhe uma grande caixa vermelha. Fez um gesto para que ela abrisse-a.
Katherine abriu a caixa lentamente, com medo de seu conteúdo. Mal havia começado a abrir a tampa quando ouviu um sibilo -uma serpente. Olhou para seu Lorde, que esperava que ela terminasse de abrir a caixa. Juntou coragem e terminou de abrir a caixa. Uma grande cobra apareceu dentro da caixa. Ela era preta com várias manchas em tons brilhantes e sibilou novamente ao ver Katherine. Para surpresa maior da garota, Voldemort sibilou de volta e a cobra saiu lentamente da caixa, enrolando-se no braço dela.
-O quê…?
-Como eu já havia dito, é um presente, Katherine. Soube que gostava de cobras. Pode se acalmar, ela não irá machucá-la. Ordenei que não o fizesse.
Os olhos de Katherine brilharam com o presente recebido. -Obrigado milorde. É muito gentil de sua parte, não era necessário…
Ele fez-lhe um gesto para que parasse de falar e em seguida fez outro para que se aproximasse dele. Katherine levantou-se de sua poltrona, deixando a serpente dentro da caixa. Voldemort segurou o rosto da garota perto de seu, observando-o atentamente.
-Sim, você é parecida com Morgan…- Disse ele, em um quase sussurro.- Porém mais… Como posso dizer?- Ele aproximou seus rostos ainda mais e beijou Katherine, que sentiu seu coração desparar. Já havia sido beijada antes pelo lorde, porém não havia sido a mesma coisa que aquela vez; as outras vezes ele havia beijado Morgan através de seus lábios, e não Katherine. Katherine viu então que Morgan, irritadíssima, tentava afastá-la do homem. Sorriu por dentro ao pensar que havia conseguido uma nova vingança…
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