Capitulo 5



Capítulo 5


— Muito bonito! Ela ganha um sorvete e eu ganho um ser­mão — resmungou Davis, afundando numa cadeira.
— Não, vocês dois ganharam o sermão — esclareceu Mione, passando os lábios na cobertura que ficara na colher. — Parece que nós não vamos sair daqui tão cedo. Felizmente os dias são mais compridos nessa épo­ca do ano, portanto ainda temos algumas horas antes de escurecer. Mas a gente vai ficar sem ter o que fazer, e se começarmos a brigar entre nós não vai adiantar em nada, a não ser deixar todo mundo mais nervoso.
— Quero nadar um pouco naquela piscina da hora que eles têm lá dentro, mas disseram que ninguém podia — disse Davis. — Alguma coisa sobre responsabilidade.
— Isso quer dizer que se alguém aqui quebrar uma perna, a responsabilidade é da loja — explicou Mione. — Eles não podem deixar ninguém fazer alguma coisa perigosa, porque se qualquer coisa acontecer com a pessoa, eles são automaticamente responsáveis.
— Podíamos dizer que eu ia tomar cuidado — sugeriu ele.
— Davis, a palavra "cuidado" e você não são idéias compatíveis — disse Harry.
— A gente não precisa sentar com vocês, precisa? — quis saber Davis com uma careta.
— Não. Você, seu irmão e sua irmã podem sentar onde quiserem dentro deste salão — afirmou Harry.
— Tenho de ver esses dois comendo? — perguntou Lisa, horrorizada.
— Isso mesmo.
— Mas nesse caso a Mione vai ficar sozinha na mesa.
Harry acomodou-se numa cadeira.
— Bem, então acho que seu velho pai terá de fazer companhia a Mione. Tenho certeza de que en­contraremos um assunto agradável para discutir.
Ela enfiou a colher no sorvete, com um golpe certeiro.
— Quem sabe possamos discutir a taxa de as­sassinatos? Ouvi dizer que corremos esse risco o tempo todo.
Brandon olhava de um pára outro.
— Pai, ela não parece a Princesa, aquela boneca?
O rosto de Mione estava vermelho.
— Querem me dar licença? Estou comendo — re­clamou Lisa, apanhando sua taça, a colher e des­locando-se para o outro lado do salão.
Davis observou a retirada da irmã.
— Xi, pai, se ela estiver com a tal da TPM de novo, acho que vou ficar bem longe — declarou Da­vis, sem entender a atitude da irmã.
Harry fitou o filho por um instante antes de dizer em voz baixa:
— Vá até lá e se comporte como um cavalheiro, mocinho.
O menino olhou ao redor.
— Sabe, acho que vou até lá sentar com a Lisa. Vamos, Brandon, vamos pedir um mega-sundae de chocolate para cada um!
Apanhou a mão do irmão e dirigiu-se para o balcão.
Sem a menor cerimônia, Harry apanhou uma colher em outra mesa e enfiou-a no sorvete dela. Saboreou como se fosse um degustador. Fez um ar de indecisão e antes que Mione pudesse protestar, repetiu o gesto.
— Não estamos provando vinhos, aqui, meu bom homem — disse ela, com um tapa na mão da colher, que avançava outra vez. — Se quiser peça um para você. E não pense que é obrigado a sentar aqui por minha causa. Pode ficar à vontade e ir para a mesa de seus filhos.
Ele olhou na direção mencionada, enquanto Mione fazia mímica para a garçonete, pedindo outro sorvete igual.
— Eles estão onde posso vê-los. Além do mais, prefiro sentar com você.
Mione desejou de repente a penumbra do crepús­culo. O jeito como Harry olhava para ela era pertur­bador. O que a irritava mais eram os arrepios que sentia quando aquele homem a fitava. Receava que ele enxergasse mais do que deveria, e que não tivesse dito tantas verdades sobre ela. Precisava encarar seu futuro, e ele não estava ajudando nem um pouco.
Lembrou a si mesma que era comprometida e que Harry tinha três filhos e era noivo de uma advogada chamada Carolyn.
— Harry — disse ela, quando a garçonete colocou a taça sobre a mesa.
— Quer algo para beber? — indagou a moça.
— Chá gelado está ótimo — disse ele, pedindo para ambos.
A mulher assentiu e afastou-se.
— Mione...
Quando ele murmurou seu nome ela sentiu os arrepios interiores. Mione respirou profundamente para acalmar-se antes de falar.
— Por que está agindo assim?
Ele saboreou duas colheradas.
— Assim como?
— Sabe o que estou querendo dizer...
Chegaram os copos de chá. Sem gelo.
— Esse dia está se tornando um sonho bizarro, e...
— Espere um pouco! — interrompeu Harry. — Não sabia que era uma ofensa tão grave assim dizer a uma mulher que ela é atraente.
Ela ignorou a observação.
— Você tem me provocado desde que nos encontramos.
— Como você mesmo disse, hoje o dia foi bizarro. Mais do que isso, vejo uma mulher que deveria estar se casando hoje e não parece muito preocupada com isso. Alguma coisa não está certa... — Harry inter­rompeu-se e olhou para a linha da cintura dela. — A menos que...
— Não estou! Como pode pensar uma coisa dessas?
— Seria uma alternativa lógica — defendeu-se ele.
— Não no meu caso!
— Por quê? Você por acaso não dormiu com ele?
Mione ficou indecisa entre desmaiar ou acertar um tapa no rosto dele. No momento a segunda opção parecia ser a melhor.
— Se dormi ou não com Kevin não é da sua conta — afirmou ela, ofendida.
— Ah, entendi. Ele estava se preservando para a noite de núpcias. E você, resguardou a si mesma?
Mione levou os dedos das mãos às têmporas e fe­chou os olhos.
— Acho que estou ficando com dor de cabeça.
--- E eu acho que devia esperar um pouco antes de usar essa desculpa. Vamos dizer, até o quarto ou quinto aniversário de casamento — sugeriu ele, com ar inocente. — É preciso considerar também que essa desculpa da dor de cabeça é muito conhe­cida. Se fosse você eu inventaria outra.
Mione chegou a olhar para a colher cheia de sor­vete pingando cobertura e considerar a idéia de ati­rar o conteúdo no rosto dele. Depois, deixou a ima­ginação vagar, iniciando com a visão de Harry cor­rendo nu cheio de sorvete escorrendo. Em vez de sentir raiva ficou excitada.
— Está tão entediado que precisa brincar comigo?
— Talvez porque eu veja uma noiva de joelhos agradecendo ao destino por ter providenciado uma falta de energia, que vai acabar evitando que se case com o homem errado.
Mione afastou a taça e fincou os cotovelos na mesa.
— Hoje completo trinta anos de idade. Cerca de um ano atrás eu não tinha um relacionamento es­tável porque estava ocupada demais formando meu próprio negócio. Kevin não se sente ameaçado com o que faço e me trata como igual.
— Meu bem, aos trinta anos você está começando a melhorar.
— Não quando você enxerga o resto de sua vida e descobre que não há um homem ali — murmurou ela. — Um negócio não consegue manter a gente aquecida à noite, nem conversar sobre problemas comuns e muito menos abraçar a gente quando as coisas vão mal.
— Nem dar filhos a você — disse Harry, em voz baixa.
Ela permaneceu com a boca aberta, como se estivesse em estado de choque. Acabara de contar a um perfeito estranho coisas que não revelara nem ao noivo.
— Você vomitou quando acordou de manhã? — indagou ele.
— Não!
— Achou que ia desmaiar a qualquer momento?
— Não.
— Achou que se saísse do quarto ia cair?
— Claro que não, por quê?
— Se não sentiu nenhuma dessas coisas, não deve casar com esse sujeito. Se tivesse alguns desses sin­tomas, saberia que estava apaixonada.
— E assim que se sente a respeito de Carolyn? E assim que vai ser no dia do seu casamento? Para quem está noivo, você está dando em cima de outra mulher com facilidade — disse Mione. — E não sei por quê, mas acho que não costuma fazer isso.
O rosto de Harry imobilizou-se, o que era raro nele. De fato, sua reação inicial com Carolyn fora bastante fria. Talvez procurasse outra mãe para seus filhos, ou a tivesse encarado como um desafio a conquistar. Não se interessava muito pelas respostas a essas perguntas.
Estendeu seu prato na direção dela.
— Tome, li em algum lugar que chocolate é a segunda melhor coisa depois de sexo — ele sorriu e levantou-se. — Pense sobre tudo o que aconteceu, Mione. As coisas acontecem por um motivo.
Caminhou até a mesa onde estavam seus filhos. Ela ficou observando. Afinal, qual era o problema com Harry Potter? Primeiro flertava com ela, depois a analisava?
Quando terminou de pensar no assunto, reparou que o sorvete desaparecera da taça. Deixou uma gorjeta para o garçom e saiu do salão de chá.
— Existem ocasiões em que o chocolate pode ser um substituto razoável para o sexo, mas não é a mesma coisa — resmungou, dirigindo-se para a porta da frente.
No caminho percebeu que em cada caixa havia um cartaz assegurando que se a energia não retornasse após o escurecer, todos ficariam bem acomo­dados. Procurando um pouco de sossego, Mione di­rigiu-se a um canto próximo à seção de cristais.
Acomodou-se numa cadeira, esperando que nin­guém viesse ali. Não conseguiu imaginar um desen­rolar pior para o seu dia. Primeiro, as dúvidas pela manhã; depois, as afirmações de Harry. Não sabia qual impulso seguir. As coisas acontecem por algum motivo.
Percebeu que uma pessoa entrava no departamen­to, e desejou que ela fosse embora.
— Está admirando a porcelana que escolheu? — indagou Sônia, aproximando-se. — O calor está ter­rível, não? — Apanhou duas taças de cristal. — Não são lindas? Eric diz que brilham como meus olhos.
Mione sorriu. Não conseguiria jamais ser rude com a mulher mais velha, apesar de desejar ficar só.
— A senhora parece uma propaganda viva da ins­tituição do casamento. Não quer sentar?
— Obrigada. Descobri que já não posso ficar em pé tanto tempo quanto antes. Acho que estou con­tente com a pessoa que escolhi e com meu casa­mento. Como se costuma dizer, deixei que Eric me perseguisse até que chegou a hora de fisgá-lo. Até hoje ele pensa que a iniciativa foi dele, coitado. Os homens são assim, precisam acreditar nessas pe­quenas ilusões para se sentirem bem.
— Acho que foi uma decisão sábia.
— E quanto ao seu noivo? Ele acredita que foi ele quem pescou você?
— Acho que não foi bem assim. Kevin achou que era hora de casar e acredito estar pronta, portanto...
— Mas e o amor? — perguntou Sônia, diminuindo o sorriso.
— Estamos muito apaixonados — respondeu Mione, num tom que não convenceu nem a si mesma. — De­pois, os tempos são outros, e os casamentos eram mais sólidos porque envolviam outras idéias e conceitos.
— Exatamente por isso temos hoje tantos divór­cios. O casamento não pode sobreviver como um ar­ranjo comercial. Precisa de muito trabalho e sacri­fício para sobreviver. E são necessárias duas pessoas para isso — disse a senhora, estendendo a mão e dando tapinhas sobre a dela. — Imagine você mesmo daqui a cinqüenta anos com o homem com quem quer casar. É um exercício importante para quem pretende dividir a vida com outro...
A velha senhora levantou-se e olhou ao redor.
— O salão de chá está aberto — informou Mione, pensativa.
— É mesmo? Então acho que vou procurar meu Eric e dar um pulo até lá para tomar um chá. Ele deve estar na seção de pesca, experimentando um novo molinete. Tem um armário cheio de equipamento mas sempre acha que está precisando mais. Até logo.
— Até logo — murmurou Mione mecanicamente. Acomodou-se na poltrona, ainda pensando no que Sônia dissera e estava quase dormindo quando es­cutou uma briga entre mãe e filho.
— Não me importa o que seu pai tenha dito, eu não vou comprar isso para você — dizia a mãe em tom agressivo. — Se não parar de ficar pedindo e choramingando vai ficar de castigo uma semana inteira.
— Agora entendo por que meu pai diz que você é ruim — reclamou o menino, arrastado pelo corredor.
— Ele também não é nenhuma flor que se cheire — resmungou a mulher.
Mione encolheu-se mais na poltrona, relaxando e tentando adivinhar o que seria o futuro com Kevin.
“... Mantinha os cabelos curto por necessidade, e por ser mais fácil de cuidar. Agora, com o reumatismo no om­bro, já não levantava os braços com facilidade. E com todas as viagens que costumava fazer quando estava em campanha com Kevin, não tinha tempo a perder. Ainda assim, gostava de dizer a si mesma que estava muito bem para alguém com sessenta anos. Sua saúde era excelente, com exceção do reumatismo, fazia exercícios três vezes por semana e podia afirmar com or­gulho que pesava o mesmo que em seu casamento.
As coisas haviam corrido bem para Kevin, mas não podia dizer que estivesse feliz naquela vida de viagens e banquetes políticos cheios de maionese e sorrisos. Queria ver os netos crescendo. A única época em que ouvia falar dos filhos era quando telefona­vam mensalmente para prestar conta das agências que dirigiam. Em lugar de passar suas agências para os filhos, ele os fazia trabalhar duro, prome­tendo a doação para o futuro.
Parou para observar o homem com o qual estivera casada nos últimos trinta anos. Ele mantivera o porte físico, e melhorara a simpatia, disparando seu sorriso rápido, capaz de conquistar votos femininos. Por que não tinha prazer com isso?, perguntou a si mesma.
— Qual é a dessa mulher tendo chiliques na te­levisão? Esses idiotas acham que podem colocar uma mulher na Casa Branca, mas você só vai ver como funciona. Nada melhor do que os hormônios agindo para provar que tenho razão. Sim, senhor.
Ela rolou os olhos, pensando em quantas discussões já tivera com ele por causa disso. Ele sempre achava que vencia. Mione já não se incomodava em corrigi-lo.
— Existem muitas pessoas que acreditam nela — afirmou, observando-o dar o nó em sua gravata de seda.
Gostaria de saber o que diriam os eleitores se fos­sem informados que ele se recusava a comprar uma gravata que custasse menos de cem dólares. Princi­palmente quando se punha em cruzada para valo­rizar o dinheiro do contribuinte.
— Os meninos vêm esta noite?
— Sheila telefonou e disse que Timmy está com dor de ouvido.
— E daí? É só dar remédio para o menino e ele vai poder sentar quietinho.
— Kevin, o menino só tem quatro anos. Está doen­te, e precisa ficar na cama.
— Nesse caso Craig e Sheila podem muito bem contratar uma babá — respondeu ele. — Preciso da minha família a meu lado.
Mione pensou por quantas vezes mordera os lábios para não responder o que deveria.
— Eu disse a eles para não se preocuparem e fi­cassem com Timmy. Virão na próxima oportunidade.
Ele xingou baixinho.
— Esse é o problema com você. Sempre mimou demais esses meninos. Eles teriam crescido como ma­ricas se eu não tivesse forçado um pouco. Fui eu quem escolheu os grupos e os amigos certos para eles. O mínimo que podem fazer é estar aqui quando mais preciso deles.
Mione sentiu vontade de perguntar onde estivera ele quando os filhos precisaram. Mas não era uma pergunta difícil de responder. Logo depois de eleito vereador, Kevin se candidatou a prefeito. Enquanto realizava as ambições locais, fez os contatos neces­sários e acabou eleito senador por seu Estado. Agora preparava-se para as eleições presidenciais.
— Kevin, lembrou que em julho faremos trinta anos de casados?
— Você não pretende usar isso no discurso, pretende?
— O que tem de errado com o meu vestido?
— Essa cor não aparece bem nas câmeras. Seria melhor o terninho azul.
— Odeio o terninho azul!
— Ponha de qualquer forma.
Mione olhou para o marido, compreendendo de uma vez que não tinha nada a dizer que valesse a pena. Há muitos anos não escutava nada decente por parte dele, sempre tratada como acessório. Voltou as costas e dirigiu-se para a porta.
— Aonde pensa que vai?
— Para algum lugar onde eu seja apreciada, seu velho insensível. Acabei de decidir que o pior lugar para mim agora é aqui com você.
— Do que você está falando? Temos um comício para fazer. Você precisa ficar ao meu lado.
— Para quê? Depois que você liga seu charme de candidato, nem percebe que estou ali — reclamou ela. — A única razão para você fazer questão da família a seu lado é porque vende bem a imagem. Quer mostrar aos outros como é familiar, como seus filhos são bonitos, prósperos e saudáveis!
Kevin deixou pender o queixo perante a explosão nunca presenciada.
— Sabe, eu pensei muitas vezes numa coisa que aconteceu há muitos anos. Tive muito tempo para pensar e devia ter seguido os conselhos daquela mu­lher. Ela me disse para pensar no homem com quem ia casar dali a cinqüenta anos. Agora vejo como eu estava errada.
— Do que está falando, mulher?
— Estou falando sobre nós. Estou dizendo que se pudesse fazer as coisas outra vez, não teria voado com você para Las Vegas no dia seguinte — afirmou Mione, colocando o casaco e sentindo uma pontada de dor nas juntas. — Estou dizendo que não teria casado com o homem errado só porque estava completando trinta anos. Não posso mais continuar com essa farsa, Kevin.
O rosto dele ficou rubro de raiva, e ele avançou na direção dela, agarrando-a pelo braço.
— Você não vai emporcalhar tudo agora. Traba­lhei muito para chegar aonde cheguei e não pretendo ver uma mulher ganhar a presidência porque você está para ficar menstruada ou algo parecido.
Ela recusou-se a demonstrar qualquer alteração.
— Nesse caso podemos fazer um trato. Vou fazer minha parte e bancar a esposa perfeita do candidato, faço palestras em associações femininas e tudo o mais; depois das eleições quero o divórcio, seja qual for o resultado.
— Não ia ficar bem para a primeira dama pular fora assim, logo de cara — argumentou ele.
Mione libertou o braço com um puxão:
— Tenho certeza de que você vai pensar numa explicação perfeita.
Saiu do quarto de hotel batendo a porta. O ombro doeu um pouco, mas valeu a pena. Sentia-se aliviada e bem consigo mesma, o que não ocorrera nos últimos anos...”
— Meu Deus! — resmungou ela, sentindo-se como se acabasse de acordar de um pesadelo.
Permaneceu imóvel, de olhos abertos, tentando de­finir se aquela visão horrível fora sonho ou não. A simples perspectiva de viver uma realidade como aque­la e descobrir que desperdiçara sua vida a deixava apavorada. Decidiu que não fazia a menor diferença.
— Isso é pior que a morte.

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