Revelações
Duas semanas depois, Morgan partiu com Tom para a Inglaterra. Se demitiu da empresa de seus pais, se despediu de seu irmão, pegou suas coisas e aparatou junto com Tom para um lugar indefinido. Sentiu o cheiro do mar e uma brisa passando por seu rosto. Quando abriu os olhos, se encontrou em uma casa de madeira isolada na ponta de uma praia. A casa era branca, de dois andares, com uma grande varanda na parte da frente. A garota ficou boquiaberta. Tom a abraçou por trás.
-O que acha?
-Ela é…
-…Magnífica.- Completou Tom. Morgan se virou para ele e entrelaçou seus braços por seu pescoço.
-Exato. Como você conseguiu ela?
-Isso é segredo. Poderemos morar aqui, se você não se importar de ficar longe do povoamento, é claro. Ela é segura, trouxas não conseguem vê-la.
-Eu já disse uma vez e repito: é claro que sim.
-Então está feito. Você não precisa trabalhar, terá tudo o que quiser aqui.
Morgan sorriu e beijou-o. -Mas e então, posso ver por dentro?
-Fique à vontade.
Ele abriu a porta para ela, que entrou para explorar a casa. No andar de baixo havia uma cozinha, uma sala de jantar, uma sala e um escritório, todos mobiliados com móveis de mogno. No andar de cima haviam três quartos, duas suítes, e um banheiro. Tom a guiou até a suíte principal, onde havia uma cama dossel. Morgan convocou suas malas com um feitiço.
-A casa não é muito grande só para nós dois?
-Mas não precisamos ser só nós dois.
Tom exibiu seu sorriso mais sedutor para Morgan, cujo coração disparou. Ele abraçou-a e beijou-a, guiando-a lentamente para a cama. Porém antes de chegarem até lá, Morgan sentiu algo se arrastando perto de seus pés, e olhou para baixo. Se separou na hora de Tom, dando um pulo para trás.
-Uma cobra!
Tom riu com o susto da outra, enquanto a cobra escalava por suas pernas até seus ombros. Morgan se afastou mais.
-Não tenha medo, ela não vai machucá-la. Não, é, Nagini?- Ele sibilou então. A cobra pareceu compreender, pois moveu sua cabeça para cima e para baixo.- Se você se incomodar muito, posso mandá-la para fora.
-Eu não ficaria muito triste.- Tom falou novamente por sibilos com a cobra, que desceu até o chão e saiu do quarto.- Desde quando você tem uma cobra de estimação, e desde quando você fala com cobras?
-Talvez seja hora de eu te dar algumas respostas.
-Sim, talvez seja.
-Vamos conversar lá embaixo então. Venha.- Ele ofereceu a mão para Morgan, que a recusou educadamente, mantendo os braços cruzados no peito. Desceram até a sala de estar, onde ela se acomodou em uma poltrona mais isolada. Ele se sentou de frente para ela. -Creio que você já sabia que ofidioglismo é um dom hereditário.- Morgan concordou com um aceno de cabeça.- Eu sou herdeiro de Salazar Slytherin, que era ofidioglota.
-Quando você descobriu isso?
-Alguns anos depois de entrar em Hogwarts. Eu encontrei Nagini enquanto vagava pela europa, e acabei ficando com ela.
-Claro, muito comum ter uma cobra de estimação.
Tom lançou-lhe um olhar severo, de fazer parar o coração.- Nem todos conseguem falar com elas.
Morgan retribuiu o olhar com outro extremamente frio. Relaxou um pouco na poltrona.- Você não cresceu em um orfanato? E seus pais?
-Meus pais morreram.- Respondeu, endurecendo as feiçôes.- Como você soube disso?
-Também tenho direito a ter meus próprios segredos.
Morgan bloqueou sua mente. Sabia que ele tentaria lê-la, e não o deixaria. Não revelaria mais nada para ele até obter todas suas respostas. Ele se levantou, enfurecido, apertando as mãos com força. Morgan manteve o olhar frio, até que ele simplesmente se retirou. Ela se soltou na poltrona.
“Onde eu vim parar?”
Tom desaparecera pelo resto da semana. Morgan se perguntava se seria melhor voltar para a Alemanha ou ficar ali e conversar com ele, sem saber qual dos dois seria pior. Se resolvera por ir para a Rússia quando Tom finalmente reapareceu. Ele estava ainda mais pálido e algo indefinivel começara a acontecer com seu nariz, que parecia estar se juntado ao rosto, próximo de se tornar duas fendas.
Morgan estava sentada próxima a janela de seu quarto quando ele apareceu na porta deste com um estalo. Ela virou o rosto para ele, que se dirigiu para ela em passos largos, sua capa esvoaçando logo atrás. Olharam por um longo instante um no olho do outro, sabendo que não precisariam trocar palavras. Morgan se levantou lentamente, e Tom enlaçou sua cintura, beijando-lhe calorosamente. Ela se deixou levar por seus carinhos e por seus beijos, esquecendo a Rússia.
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