Paris



O ano letivo na Academia Beauxbaton já tinha acabado e Morgan estava morando em um apartamento num bairro bruxo Parisiense.


Desde que saira se Hogwarts só recebera uma única carta de Tom, porém não se deixara abalar por isso pois conhecia muito bem esse lado dele. Estava trabalhando em uma filial da empresa de seus pais, e realmente odiava seu emprego, porém seu salário pagava as contas, então não se sentia no direito de reclamar.


 


Era noite, e Morgan voltava da empresa para sua casa a pé. Podia ter aparatado, podia ter viajado com pó de flu, porém não queria chegar tão rápido na sua casa naquela noite, então se decidira pelo método da caminhada. As noites ainda não estavam frias, era começo de outono, e Morgan andava pelas calçadas vazias pensando no vazio, admirando as pontas de seus sapatos de salto alto pontudos. O vento brincava com suas madeixas, teimando em tirá-las de seu posto usual.


“Precisa de um lugar para se acomodar?”


Era o que o vento sussurava em seus ouvidos. Sim, precisava de um lugar para se acomodar.


-Quem sabe eu poderia oferecer algumas opções.


Morgan se virou para a fonte da voz e se deparou com seu velho conhecido sorriso-derretedor-de-calotas. Sorriu de volta, tentando conter a felicidade que estava sentindo.


-Quem sabe eu poderia aceitar. Há quanto tempo, Tom.


-Exato, muito tempo. E essa é toda a recepção que você me dá?


O sorriso da garota aumentou e ela simplesmente desistiu de conter a felicidade, pulando no pescoço do garoto, que a abraçou e beijou.


-Agora sim, está muito melhor. Que tal irmos para algum lugar menos público para conversarmos?


-Sim, claro! Eu moro logo ali.


Tom concordou com um aceno da cabeça e Morgan o guiou até seu apartamento. Não conversaram pelo caminho, simplesmente andaram um ao lado do outro até o prédio antigo, porém bem conservado, em que Morgan morava. Subiram as escadas até o segundo andar e entraram no apartamento da garota. Se sentaram no sofá que dava diretamente para uma janela que mostrava a imagem da torre Eiffel.


-Mas e então, o que você tem feito da vida? Estou vendo que você está bem.- Perguntou Tom, observando o apartamento da garota.


-Estou trabalhando na empresa dos meus pais. E você? O que está fazendo?


-Estou trabalhando para uma loja do Beco Diagonal. Borgin e Bukes.


-Você está trabalhando lá? Que estranho.- Riu Morgan. Tom deu de ombros.- O que você faz lá?


-Consigo mercadorias para eles venderem. Não é nada muito extraordinário, mas serve para meus propósitos.


-Mas será possível que eu esteja a um passo de ouvir seus grandes planos?


Esta foi a vez de Tom rir. Ele puxou Morgan para mais perto dele e beijou seus lábios suavemente. -Ainda não. Mas saberá. Não vim aqui para discutir meus planos, vim aqui para te ver.


-E agora que já viu, vai ficar aqui por um longo tempo para continuar vendo?


-Infelizmente eu não posso ficar muito tempo, porém vou ficar todo o tempo que puder.


Morgan abriu um grande sorriso. Tom respondeu ao sorriso com outro. A lua apareceu no céu noturno por trás da torre, iluminando a noite com seu brilho.


 


Tom partiu três dias depois, com a promessa de que voltariam a se ver em breve. Durante os três dias em que ele estivera na cidade, Morgan faltara no trabalho com a desculpa de estar doente. Passaram os dias percorrendo os cafés da cidade, andando pelas ruas mais antigas, ou então simplesmente abraçados no apartamento de Morgan, e ela podia dizer com convicção que aqueles haviam sido os melhores dias que tivera desde que se mudara para a França. Com a partida do garoto, Morgan acabou por voltar a rotina, contando os dias para o regresso de Tom. E como esse dia demorava para chegar, acabou se decidindo por ir atrás dele na Inglaterra. Aparatara para o Beco Diagonal apenas para descobrir que ele já não trabalhava mais para Borgin e Bukes. Voltou para Paris, com a certeza de que ele não voltaria. Surgiu então a oportunidade para ela ir trabalhar em uma filial alemã da empresa, ocupando uma posição bem mais alta do que a anterior. Se mudou para Berlim, onde morou com o irmão, que já terminara a escola e trabalhava em sua própria empresa. E foi somente então que voltou a ter notícias de Tom.

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