Morte no Hotel



O Hotel Aberforth’s Goat, ou Abey, como era mais conhecido, pertencia ao irmão do xerife. Não era luxuoso nem muito limpo, mas era considerado o segundo lugar mais seguro de Hogsmeade City, perdendo apenas para a própria delegacia. Sua cozinha era um terror, o que obrigava os hóspedes a comerem no saloon ou na Mercearia, onde a Sra. Evans sempre tinha uma panela no fogo e um perfume convidativo de comida boa. Snape sempre ficava hospedado ali quando estava na cidade, e dessa vez não foi diferente.

- ‘Noite, Abey. Quero um quarto.

- Pois não, Sr. Snake. Temos o número 4, o carregador vai levar suas bagagens.

- Não tenho bagagens, só esta sacola – ele respondeu, tirando um alforje e um rifle do ombro. E não quero o 4. Quero alguma coisa no piso superior. Nada no térreo, entendeu? Bem longe daquele seu bode fedorento. E mande alguém esquentar uma tina de água para mim, pois estou com metade da areia do Mojave sobre meus ombros.

- Certamente, senhor. Temos então o quarto 12...

- Tá ótimo – interrompeu o pistoleiro, apanhando a chave que o homem colocara sobre o balcão.

Black Snake subiu para o quarto e logo uma grande tina de madeira foi levada para lá pelo empregado. Ele tirou seu chapéu negro e começou a se despir, enquanto o mesmo rapazote trazia panelas de água fervente para seu banho e levava sua roupa suja para lavar.

Entrando na tina, Snape pôde enfim relaxar, depois de um dia cansativo. A manhã inteira cavalgando pelo deserto, para depois finalmente encontrar o bastardo McNair atirando em famílias de colonos. O maldito! Fizera por merecer seu lugar no inferno... E então aquela mocinha... Evans, ela disse que se chamava. Devia ser parente daquela gente da mercearia. Tão pateticamente gentil, estendendo a mão para ele... Sem perceber, um sorriso de desdém surgiu em seu semblante endurecido. Pelo menos ela era bonitinha, não podia negar. Melhor que aquelas pulguentas sifilíticas que geralmente podem ser encontradas nos saloons.

Ele ficou relaxando na água quente até que a temperatura começou a diminuir. Então saiu do banho e se vestiu com a muda de roupas limpas. Algo dizia que, mesmo com a precaução de não dormir no térreo, essa não seria uma noite muito tranqüila. Mas Black Snake sequer se lembrava da última noite tranqüila que tivera em sua agitada vida de pistoleiro.

A lua nova não brilhava no céu e a cidade estava escura como breu. No quintal, o bode que dava nome ao estabelecimento balia de vez em quando. Aproximadamente à uma da madrugada, sombras forçaram a tranca e entraram silenciosamente pela janela do quarto de Black Snake. Seus rostos cobertos por lenços confirmavam a maldade de suas intenções. Os dois homens tiraram os colts da cintura e crivaram de balas o vulto que dormia sobre a cama. Muitos tiros foram disparados em pouco tempo, a fumaça e o cheiro da pólvora logo preencheram o aposento, e do lado de fora pessoas assustadas saíam de seus quartos fazendo barulho.

Um dos homens fez sinal para o outro levantar a coberta, enquanto acendia uma vela. Quando o homem puxou uma ponta do cobertor esburacado e não foi capaz de evitar uma exclamação de surpresa ao notar que não haviam baleado nada além de travesseiros e almofadas.

A surpresa que tomou de assalto os olhos dos bandidos ainda brilhava quando a porta do guarda roupa se escancarou e Black Snake saiu lá de dentro, atirando calma e friamente. Seus tiros não erraram os alvos, e em alguns segundos os dois homens jaziam sobre o piso encerado do hotel.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Aberforth, abrindo a porta com um pontapé. – Black Snake, você sabe que este hotel é...

- Este hotel é uma autêntica arapuca, Abey. Não está vendo que esses dois imbecis queriam me fazer virar uma peneira? – disse Snape, apanhando o cobertor do chão. – Olhe aqui.

O xerife chegou rapidamente, pois morava logo ao lado, e encarregou-se da remoção dos corpos. Antes de sair, entretanto, retirou os lenços de seus rostos ensangüentados e murmurou:

- Gibbon e Jugson... Acho que temos mais uns dólares para você na delegacia, Black Snake.



N. A.: Vamos lá, povo! Comentários deixam a autora muito feliz! E não, a história ainda não acabou!!

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