De volta à cidade



Lily encontrou seu cavalinho baio ali perto, junto da carroça com os mantimentos que ela havia trazido para os Longbottom. Pobre Alice, tão querida... as senhoras da cidade ficariam chocadas quando soubessem de sua morte.

Ela voltou os poucos quilômetros que separavam o rancho de Hogsmeade City, onde viva com sua família, e parou perto da delegacia. O vulto de Black Snake se afastava naquele momento e o Xerife Dumbledore saía da construção.

- Boa tarde, Xerife – cumprimentou Lily.

- Boa tarde, senhorita Lily. Como está você?

- Oh, confesso que já estive melhor. O Sr. soube do que aconteceu no rancho dos Longbottom?

- Sim, Black Snake acabou de passar aqui e me dizer. Então era a senhorita quem estava lá, e quase foi parar na colina dos pés-juntos?

- Sim, senhor. Devo minha vida à coragem de Black Snake.

Dumbledore olhou para ela com um ar interessado e perscrutador. Cuspindo de lado, o velho e sábio Xerife comentou:

- Ele tinha muitos interesses em capturar o bandido, Lily. Mil e quinhentos interesses, para ser mais exato. Não acho que teria se metido em um tiroteio para salvar uma mocinha.

Lily pensou por um momento no que o xerife quisera dizer com aquilo. Mas ela era ligeiramente teimosa, e sentia-se grata a Black Snake. Mesmo que ele não a houvesse salvado intencionalmente, era inegável que, sem sua aparição naquela tarde, ela agora estaria deitada ao lado de Alicia, morta.

O xerife parecia ler os pensamentos da garota conforme eles passavam por sua cabeça quando comentou:

- Se você se sente agradecida, Lily, guarde esse sentimento em seu coração. Black Snake não é um cavalheiro, é um pistoleiro perigoso e um obstinado caçador de recompensas. Mas mesmo assim – ele completou, ao ver o desapontamento no rosto da mocinha – fico feliz que ele a tenha salvado.

Lily se despediu do Xerife e voltou para casa. No caminho, cruzou com os almofadinhas da cidade na rua principal. James Potter era uma espécie de líder dos filhos de militares da cidade. O posto militar era ali perto, e seu pai, o Major Potter, era a maior autoridade local. O rapaz e seus amigos agiam como se a cidade fosse deles.

- Boa tarde, senhorita Evans – disse Potter, tirando o chapéu em uma mesura floreada. Ao seu lado, os colegas sufocaram um riso ao ver a face indignada de Lily. – Quando a senhorita me dará a honra de sua companhia para um piquenique em nossa fazenda?

- No dia em que as galinhas tiverem dentes e os urubus voarem de costas.

- Oh, então ainda posso ter esperanças? – ele respondeu, zombeteiro.

Lily se afastou, ouvindo as risadas dos amigos de Potter atrás de si. As mesmas risadas que povoavam suas lembranças, vindas do dia em que vira Potter e aqueles rapazes arrogantes maltratarem um índio bêbado na frente da Mercearia Evans.

Todos sabem como os índios são suscetíveis ao álcool. Eles simplesmente não conseguem resistir à água de fogo, como chamam, e por isso é proibido vender álcool aos índios perto das reservas. Em Hogsmeade City não era diferente, e o xerife era muito consciencioso quanto a isso.

Lily suspeitava que os próprios Marauders, como eles se auto-denominavam, haviam dado álcool àquele pele-vermelha. Quando ela saiu para varrer o alpendre da mercearia viu o sujeito, bêbado como um peru em véspera do dia de Ação de Graças, sendo jogado de um lado para o outro pelos rapazes.

Eles não o estavam machucando. O homem estava tão bêbado que mal percebia o que estava acontecendo. Mas era um episódio tão indigno que marcou a mente sensível de Lily e a fez ter certeza que preferia beijar uma cascavel a sair com Potter ou qualquer um dos Marauders.

Perdida em reminiscências, a garota chegou à mercearia e foi imediatamente sufocada pelos abraços e beijos preocupados de seus pais. Até sua irmã Petúnia, que limpava o balcão, parecia exibir um ar preocupado por causa dela, embora tentasse disfarçar.

- Como você está, filhinha? – perguntou sua mãe, afagando seus cabelos carinhosamente bagunçados – O ferreiro passou por aqui voltando da delegacia e nos avisou. Ele ouviu tudo o que o tal do Black Snake disse ao xerife, mas também disse que você estava bem. Mesmo assim, ficamos muito preocupados.

- Estou bem, mamãe, não precisa se preocupar.

Petúnia contornou o balcão e se aproximou da irmã, dizendo:

- Que bom. Porque hoje estamos atolados de serviço até o pescoço.

- Petúnia, pare de implicar com sua irmã. Ela acabou de passar por uma experiência que...

- Pode deixar, mamãe, Petúnia está certa – Lily respondeu, pegando uma vassoura. – Esse chão aqui parece que já viu dias melhores.

No fim do expediente, naquele mesmo dia, Petúnia veio dos fundos da casa e falou preguiçosamente para a irmã:

- Lily, mamãe mandou você ir até o saloon da Bella para levar essas caixas que ela encomendou. Não sei por que a Bella sempre deixa pra encomendar as coisas no fim da tarde... O céu já está quase escuro – ela reclamou – e já é hora de fechar. Entregue isso e venha jantar, sim?

A garota apanhou as caixas de mantimentos e garrafas, colocou sobre sua pequena charrete de entregas e levou até o saloon. O Green Star era um lugar esfumaçado e mal-freqüentado, onde Lily detestava fazer entregas. Mas Bellatrix, sua proprietária, consumia montanhas de artigos da Mercearia, principalmente artigos femininos que sua mãe mandava buscar em Boston especialmente para a cortesã. Além disso, ela sempre pagava na hora, o que era raro em Hogs City.

Lily parou a charrete na porta dos fundos do saloon e começou a descarregar as caixas. Ela entregou e conferiu a mercadoria com o barman do saloon e foi até a frente do bar, procurar por Bella a fim de receber o pagamento.

Quando entrava no Salão Principal do Green Star, Lily notou vozes que conversavam lá dentro. Ela parou subitamente quando ouviu as palavras:

- ... e depois desta noite, a cobra negra não vai picar mais ninguém.

Outras vozes riram, acompanhando a declaração que imediatamente ficou clara para Lily. Eles estavam preparando uma armadilha para Black Snake!

Espantada com a notícia, a garota deu um passo para trás e esbarrou em algo. Virando-se rapidamente, deparou-se com Bellatrix, a dona do saloon, parada atrás de si.

- Pois não, Lily? – perguntou ela, com um olhar frio em sua face gélida.

- Ah, er... humm... – ela gaguejou enquanto Bella a encarava com olhar compenetrado – eu trouxe as mercadorias, Srta. Bella, e gostaria de receber o pagamento, sabe?

- Ah, o pagamento, é? Está bem, siga-me.

A cortesã subiu as escadas e Lily seguiu-a, ligeiramente embaraçada. Enquanto subia, ela pôde ver que na mesa do salão principal quatro homens estavam debruçados sobre uma garrafa de bebida, cochichando.

Lily recebeu o dinheiro das mãos magras e elegantes da mulher, que a encarava com insistência, e saiu do saloon. No caminho para a casa, decidiu ir até a delegacia contar para o xerife sobre o que havia escutado. Porém,quando se aproximou do prédio, reconheceu Black Snake saindo lá de dentro, enrolando um outro cartaz de “Procurado” que havia recebido do Xerife Dumbledore.

Desistindo de avisar o xerife, a garota seguiu o pistoleiro discretamente, até uma rua secundária e sem movimento algum naquele início de noite.

- Black Snake! Ei, Sr. Black Snake!

O pistoleiro virou-se imediatamente, as mãos no coldre.

- Ah, é a senhorita... O que deseja?

- Gostaria apenas de avisá-lo que ouvi alguns homens, no Green Star, dizendo que a cobra negra não iria picar mais ninguém depois de hoje à noite.

- E eu com isso?

- Será que o Sr. é tão obtuso que não percebe que se referem a você?

Black Snake fitou o rosto preocupado da jovem e balançou levemente a cabeça. Sem dizer mais nenhuma palavra, virou as costas, como se fosse deixá-la ali. Lily também virou e ambos ficaram por um momento assim, parados no meio da viela escura, sem ver o que estava acontecendo com o outro. Então, a voz arrastada de Black Snake quebrou o silêncio.

- Obrigado.

Lily sorriu em silêncio e ambos se afastaram, seguindo seus caminhos sem perceber um par de olhos que os acompanhavam, brilhando na escuridão.

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Nota da autora: E os Marotos entram na história! De quem seriam os olhos brilhantes? E o que será que os homens do Green Star pretendem fazer?? Weee, não perca a continuação dessa empolgante aventura (q eu adoooro), e faça comentários, pq saber q vc está lendo esta fanfic me deixa mto feliz!!

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