Agitações no Dep. de Mistérios

Agitações no Dep. de Mistérios



Capítulo 6 - Agitações no Dep. de Mistérios

- MAS O QUÊ ESSA MALDITA CORUJA quer a essa hora do dia?! – perguntou o Sr. Wesley, para quem estivesse disposto a ouvir.


- Não a culpe, pai – pediu a Sra. Wesley – ela deve estar confusa trabalhando ao meio - dia.


Meio - dia? Pensou Harry, ele já achava um absurdo o Correio Coruja obrigar aquelas aves de hábitos noturnos a trabalhar de manhã, mas ao meio – dia era crueldade. Devia ser algo muito sério.


- Com certeza – respondeu ele a Gina, que havia verbalizado os seus últimos pensamentos.


O Sr. Wesley pôs a mala no chão e se dirigiu até a ave que pousara: ela carregava um envelope com o selo oficial do Ministério da Magia.


Molly correu em seu encalço logo que percebeu o estado de choque em que o marido se encontrava. O ocorrido se repetiu com os demais, que passaram a observar a coruja como quem observa um cadáver em decomposição. Foi Rony quem fez a autópsia:


- É uma intimação – Rony informou o fato como um cirurgião que noticia à uma família que um ente querido faleceu, e o ente querido era a viagem.


- Como assim? – Hermione interrogou.


- Simples – respondeu o Sr. Wesley – o Ministério quer nossos depoimentos documentados pra poderem sentenciar todos aqueles que colaboraram para o governo de Você-sabe-quem, não só os Comensais. Eles querem saber quem foi amaldiçoado com o Imperius ou com o Cruciatus, quem foi duplicado usando poção Polissuco, etc. Em resumo, querem arquivar todos os processos menores, e conseqüentemente mais difíceis de resolver, para irem julgando com o tempo.


- E querem que a gente vá ao Ministério depor? – perguntou Rony, temendo a resposta.


- Não só nós como também todo o Reino Unido. – respondeu o Sr. Wesley, antes que Rony fosse tomado pelo desânimo – por isso Percy está tão atarefado, ele auxilia no processo de seleção.


Tanto desânimo era plausível, já que foram novamente sugados para um problema que julgavam resolvido. Não poderiam sequer descansar, já que o interrogatório estava marcado para as duas da tarde daquele dia devido ao grande número de pessoas que estavam por ser interrogadas; o que explicava o atraso da coruja entregadora.


Cobertos com raiva guardaram suas malas na casa e rumaram para o Ministério via Flú.


 


Quando chegaram, Harry teve a visão mais bizarra da sua vida: centenas, milhares, milhões de minúsculas mesas ocupavam cada centímetro quadrado, não só do Átrio, mas também dos corredores e gabinetes. As mezinhas estavam sendo ocupadas duplas de um funcionário e um indivíduo sendo interrogado. Completamente atordoados pela cena, os recém – chegados olharam para o Sr. Wesley, que era o único que parecia entender a situação.


- A sim... – ele estava admirado com a organização – parece que o Ministério seguiu à risca as diretrizes da Carta.


- Carta? – perguntou Rony.


- É claro! – manifestou – se Hermione – A Carta assinada após a queda de Grindewald! Estabelecia as diretrizes para caso ocorresse um caso semelhante! Por isso o Ministério foi tão rápido, estão seguindo as diretrizes!


Só agora Harry podia confiar no que o Ministério havia feito na última semana, havia até um manual! A idéia era engraçada, mas pelo jeito estava funcionando, como não havia se lembrado da Carta? Tinha certeza de que havia uma passagem no seu livro de História da Magia sobre isso.


Molly consultou a mensagem, que continha as coordenadas das mesas onde cada um deveria prestar depoimento, mas nem houve necessidade, já que meia dúzia de oficiais do Ministério os abordou para consultar seus nomes numa imensa lista.


Harry consultou a ficha que o oficial lhe dera:


 


PROCEDIMENTO PARA ARMAZENAGEM DE DADOS DE SEGURANÇA


 COMISSÃO DE DIRETRIZES DE SEGURANÇA


 DEPARTAMENTO DE MISTÉRIOS


 


INTERROGANDO: POTTER, Harry Tiago


FILIAÇÃO: EVANS, Lílian; POTTER, Tiago


IDADE: 17 anos, 11 meses, 25 dias e 12 horas


COORDENADAS: QUADRA: 518


 FILA: 5


 MESA: 37


NÍVEL QUATRO


DATA: 24 de Julho de 1998


HORÁRIO: Meio – dia


INTERROGADOR: Joseph Giuliani


 


- Venha comigo Sr. Potter – pediu o mais moço dos oficiais, enquanto encolhia a barriga para passar pelo minúsculo espaço entre as mesas – Seu interrogatório será no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, só não me pergunte o porquê – completou, ao perceber a dúvida estampada no rosto de Harry – pelo visto eles organizaram os nomes por ordem alfabética.


O homem falava mais consigo mesmo do que com Harry, que percebeu Hermione em seu encalço, devido à ordem alfabética.


Passaram por diversas quadras e fileiras até Harry perceber o silêncio absoluto que reinava no Átrio, quebrado apenas por seus passos. O fato era aparentemente devido às bolhas que envolviam cada uma das mesas. Ao perguntar a Hermione do que se tratava, ela respondeu com apenas uma palavra:


- Abaffiato – o som não passara despercebido ao oficial, que, como sempre, complementou:


- Na verdade é uma espécie de união entre o Abaffiato e o Protego, para garantir sigilo e segurança. Entrem – convidou-os a entrar no elevador assim como uma senhora convida criancinhas para ir á sua casa comer biscoitos. Quando a porta se fechou, Harry perguntou ao oficial:


- Isso vai demorar muito? – Hermione o encarou como quem diz “É claro!”


- Receio deverá terminar por volta das quatro da tarde. E isso ainda é rápido, visto que estamos neste processo desde ontem à tarde – disse ao perceber as faces espantadas.


Finalmente a voz metálica anunciou:


- Nível Quatro, Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões de Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas.


- É aqui – disse o oficial, que permitiu a saída dos dois. Harry esperou que ele os guiasse até suas respectivas mesas, mas ele permaneceu parado no elevador quando as grades se fecharam e o elevador subiu.


Harry despediu-se de Hermione e pôs-se a procurar a quadra 518. O Departamento de Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas havia sido precariamente organizado, sendo que na frente dês janelas falsas, repousava um emaranhado de escrivaninhas semi-carbonizadas, gaiolas enferrujadas e arquivos e mais arquivos cobertos de cinzas: era o “Escritório para Regulamentação de Quimeras, Salamandras e Dragões”, com o anexo “Quadra 515”


Mais adiante havia uma placa de latão que anunciava em letras enferrujadas cobertas de líquen: “Escritório para Regulamentação de Seres Aquáticos: Sereianos e Grindlows” que indicava a quadra 517.


Ao lado da placa, havia outra, indicando: “Escritório de Orientação sobre Pragas – Tronquilhos, Gnomos e Fadas Mordentes”, “Quadra 518”


- Bóa tarde – um homem que aparentava estar com cerca de quarenta anos cumprimentou Harry do meio daquele mar de mesas – Seu depoimento é aqui Sr. Potter


Harry consultou sua ficha: Quadra 518, Fila 5, Mesa 37; era onde se encontrava o homem, Joseph Giuliani. Ele era italiano, Harry percebeu o seu sotaque logo que se sentou. Giuliani estava acabando de preencher algumas fichas, elas estavam sendo passadas a limpo com tinta permanente.


- Náo tem motívo para ficar preócupado, sáo só algumas perguntas – Joseph tentou acalmá-lo, presumindo que Harry estava nervoso.


- Obrigado, mas eu estou completamente calmo – Harry até que tentou, mas não conseguiu.


- Óra, não séja tímido, não há pórque esconder o nervosismo.


Muito esperto, pensou Harry, ele está insinuando que eu estou muito preocupado, e não acredita em nada do que eu digo, esperando assim extrair alguma informação produtiva da minha cabeça, como se eu quisesse lhe esconder algo.


O bruxo italiano agora terminava de passar a última linha da ficha a limpo, enquanto pegava uma nova em sua gaveta.


- Muito bém, vamos parar de brincadeiras e coméçar o assunto sério.


Ele então lacrou a bolha com um aceno de varinha, e Harry imediatamente sentiu como se alguém pressionasse a boca de um copo contra seu ouvido. Quando a pressão se estabilizou, Joseph começou:


- Sr. Harry Tiago Potter, você está aqui com plena consciência de que deverá prestar seu depoimento da forma mais clara, concisa e livre de qualquer paradigma social, racial ou religioso; para assegurar a veracidade das informações apresentadas? – o sotaque desapareceu, talvez pelo hábito de ler este trecho.


- Aceito – disse Harry, com clareza. Aparentemente, deveria considerar qualquer ser humano igual, para evitar que suas possíveis opiniões sobre um grupo de trouxas, por exemplo, pudesse afetar o depoimento.


Giuliani começou o preenchimento da ficha, perguntando se Harry já havia visto; duelado ou até mesmo coagido com um Comensal, se já havia realizado determinados feitiços, se já havia tomado determinadas poções, ou entrado em contato com artefatos mágicos suspeitos. Obviamente, a maioria das respostas foi “sim”.


A partir dali, começava a meticulosa seção do “por que”. Harry respondia todas as perguntas com extrema cautela, de modo que esse processo levou umas duas horas. Ele não tinha receio, sabia que todos esses atos já haviam sido perdoados, como o assalto ao Gringotes, e recompensados.


Quando deram quatro horas, o interrogador o liberou.


- Harry, como foi de interrogatório? – Hermione surgiu ofegante.


- Bem, e você?


- A minha interrogadora era um tanto surda, e tinha que ficar repetindo cada vez mais alto, tanto que aquela bolha quase estourou.


Quando a grade do elevador se abriu, Percy surgiu vindo do alto.


- Olá – cumprimentou-os, automático – Vocês não deveriam estar na Romênia?


Hermione, que parecia indignada pela falta de respeito, avisou:


- Nós viemos para o interrogatório.


- É claro, esqueci de avisá-los – pudera, Percy ficou tanto tempo enfiado naquele quarto que nem soube da “quase viagem”.


- Quando poderemos ir viajar? – Harry perguntou; esperançoso.


- Receio que só no Natal – Hermione pareceu assustada, e o fitou, pedindo explicações – Papai – Harry imaginou que Percy iria dizer Papai Noel – está muito ocupado, assim como todos os funcionários. Mas ele está muito mais ocupado por estar interrogando o pessoal enviado ao Departamento de Mistérios, obviamente que ele é só o escrivão, mas mesmo assim está bem atarefado.


- Nenhuma chance de adiantar o serviço? – desta vez foi Hermione que perguntou.


- Não, os casos lá são delicados demais, e os interrogatórios deverão acabar lá pelo dia quinze.


- E Gina precisa concluir Hogwarts – Harry completou.


- Por hora vocês podem aguardar na cafeteria, mas acho que Rony já voltou para casa, então podem ir para lá também.


A voz metálica anunciou “Átrio” e eles se despediram de Percy, que desceu em direção ao Departamento de Mistérios.


Como tanto Harry como Hermione haviam deixado todo seu dinheiro nos malões, não havia como tomarem café, então, voltaram para o conforto e o sossego da Toca.


A Sra. Wesley deu as boas-vindas aos dois com seu costumeiro “Harry, que bom que está bem!”. Ao que parecia, ela preparava um jantar para um Rony preguiçoso deitado no sofá, apesar do Sr. Wesley só retornar para casa tarde da noite.


- Pensei que houvesse acontecido alguma coisa com vocês, pela demora. Nós cruzamos com aquela vaca da Belatrix quando estávamos no Átrio, ela estava cercada de aurores, toda metida a besta.


- A senhora está exagerando um pouco mamãe – Gina sempre surge descendo as escadas – estamos aqui a menos de dez minutos, Harry.


À menção do nome “Harry”, Rony se levantou, olhou para os lados e tombou novamente no sofá.


Sem ter nada o que fazer, já que não poderia ajudar a Sra. Wesley com o jantar, subiu para desfazer a sua mala.


Repôs todas as vestes nos seus lugares originais, trocou a roupa de cama e lustrou os sapatos, tudo com um aceno de varinha, varinha, pensou, se toda aquela confusão pudesse ser resolvida apenas com um aceno de varinha. Harry lembrou-se da Varinha das Varinhas, era impressionante que algo tão pequeno pudesse causar tanto rebuliço. Começou a sentir-se inseguro, será que, mesmo em Hogwarts, ela estaria segura? Está certo que uma varinha só obedece totalmente seu senhor por direito, mas e se fosse diferente com a Varinha? Não, concluiu: se fosse assim os planos de Dumbledore teriam ido por água abaixo. Lembrou-se então das palavras de Olivaras “A varinha aprende com o bruxo assim como ele aprende com ela” Então, seria possível que a Varinha começasse a obedecer ao bruxo que bem entendesse? Não, concluiu novamente, se fosse assim, ela teria aprendido da primeira vez que encontrou um bruxo indigno.


Passou mais alguns instantes de reflexão, era a primeira vez que pensava a respeito da sua mais recente aventura, deixando-se de lado o discurso no Ministério. O corpo de Voldemort havia sido deixado de lado no Salão Comunal, pelas pessoas que festejavam; de fato ninguém se importou com ele, e quando deram pelo fardo do que seria feito com o corpo, ele havia desaparecido. Alguns dizem que se desintegrou no ar, hipótese que fora endossada pela Profª Minerva, baseando-se no fato do último fragmento de sua alma estar completamente debilitado e instável, mas foi logo comprovada pelo cheiro de podridão que tomou conta do ambiente.


Cheiro, o cheiro agora vinha da cozinha, e era de costeletas de porco com molho de hortelã. O próprio cheiro já anunciava a hora do jantar, mas não julgando suficiente, a Sra. Wesley mandou Rony chamar Harry, muito a contragosto.


Aparentemente, ela havia preparado um jantar assim para diminuir a frustração geral. Mas quando o Sr. Wesley surgiu na lareira, algumas horas mais tarde, tudo mudou:


         - Boa noite – disse ele cansado, e obteve resposta – o Ministério está uma verdadeira anarquia, no bom sentido – ele prosseguiu, relatando cada depoimento de cada Comensal, mas ninguém o culpava, pois pensavam que nada poderia ser pior do que o fato de não estarem na Romênia, e afinal de contas eles tinham o direito de saber. Mas Harry mudou de idéia quando o Sr. Wesley o abordou
 
- Harry
 
- Hum.


 - Você acha que pode ser plausível o fato de Belatrix estar grávida?


- Perfeitamente normal, por quê?


- Porque, ao que tudo indica – ele diminuiu o tom da voz – ela está grávida do Lord Voldemort.

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