A Grande Viagem

Capítulo 5 - A Grande Viagem

- O QUÊ?” – PERGUNTOU RONY, incrédulo.

- Não podemos perder tempo – disse o pai

- Por quê? – perguntou Hermione

- Não eram vocês estavam reclamando do tédio? – perguntou Molly

Aquilo era muito esquisito, pensou Harry com seus botões, por que a pressa? Suas respostas surgiram de Arthur, que agora se punha a explicar a situação:

- O Ministério acabou de publicar o relatório oficial dos países “limpos”, ou seja, sem qualquer atividade nefasta – ele exibiu um pergaminho com o selo oficial do Ministério, que aparentemente continha a listagem completa dos países limpos, e dos Comensais detidos em seus territórios.

- E a Romênia está limpa? – perguntou Harry, mais para ter certeza do que por dúvida, já que ele achava muito estranho as coisas progredirem tão rápido. Por outro lado, nunca vivera situações em que pudesse avaliar as habilidades do Ministério com catástrofes; ao que sabia, ele era muito bom em escondê-las ou até mesmo preveni-las, mas nunca em resolvê-las.

- Está sim – respondeu sorridente o Sr. Wesley, que estava subindo as escadas, indo arrumar as malas.

- Mas por que a Romênia? – perguntou Hermione, que consultava a lista deixada em cima da mesa pelo Sr. Wesley.

- Carlinhos. – Gina surgiu do andar superior, carregando o seu malão de escola, cujos livros e uniformes haviam sido substituídos por roupas de verão.

- Então nós vamos visitar o Carlinhos? – Harry estava tentando entender.

- Sim – o Sr. Wesley descia as escadas carregando nas costas uma descomunal mala de couro marrom em formato cilíndrico – Ele tem tido muito trabalho ultimamente, com todos aqueles comensais tentando assaltar a colônia, e com todos esses anos de pesquisa os dados precisam ser organizados. Enfim, estamos unindo o útil ao agradável.

- Não acham um pouco cedo para dar as coisas por terminadas? – a voz de Belatrix Lestrange surgiu pela porta, fazendo com que a temperatura do ambiente caísse uns dez graus. Seis pares de olhos fuzilaram a porta de onde, para alívio geral, surgiu a figura de Jorge.

- Não teve graça – afirmou uma Gina desgostosa.

- Essa é a minha mais nova invenção – disse Jorge sorrindo maliciosamente, cuspindo na mão o que parecia ser uma pedra sanitária. – se chama pedra vocálica, e obviamente imita a voz das pessoas – e olhando para o objeto desproporcional em sua mão, acrescentou – só preciso melhorar o tamanho.

Só naquele momento Harry lembrou-se das “Gemialidades Wesley”, e riu-se ao lembrar-se de como Jorge havia sugerido anexar uma orelha extensível á cavidade que a maldição de Snape havia formado em Fred. Em segundos, o riso contagiou os presentes.

Daquele ponto em diante todos pareciam cientes de que iriam viajar, deixar aquela casa e se Deus quisesse, suas lembranças ruins.

Harry subiu com Rony para o quarto e começou a arrumar as suas coisas, quando Rony o abordou:

- E sobre Xenófilo?

- Parece que a visita foi desnecessária. Mas talvez possamos voltar amanhã visitar a Luna, como prometemos. – respondeu Harry. Sua atitude não fora mesmo das mais cordiais, mais não estava muito afim de “dar mole” para um interrogatório com Xenófilo, e havia deixado aquilo bem claro: ele precisava de tempo para respirar, afinal de contas, ninguém derrota um dos homens mais poderosos da história, e logo em seguida pode encarar um assalto verbal. Já fora um enorme sacrifício aquele discurso no Ministério.

- É verdade – concordou o amigo, puxando discretamente sua leitura secreta escondida debaixo do colchão – uma conversa com Luna iria mesmo distraí-los – podemos ir nos despedir amanhã.

- Aham – resmungou Harry, enquanto puxava seu malão guardado debaixo da cama de armar.

Seus pensamentos voavam longe. Nunca imaginara cuidar, ou mesmo ajudar alguém a cuidar de dragões na vida; por isso, estava arrependido de ter deixados seu exemplar de “Animais Fantásticos & Onde Habitam” no número quatro da Rua dos Alfeneiros. De qualquer forma, Carlinhos era especialista em dragões, e Hermione tinha o seu exemplar do livro em sua bolsinha de contas, que parecia ter sumido de vista:

- GINA! VOCÊ VIU A MINHA BOLSINHA DE CONTAS? – perguntou Hermione, no andar debaixo.

- NÃO!!!! – respondeu Gina, de um local que parecia ser a cozinha.

- PAI, O SENHOR VIU A BOLSA DE CONTAS DA HERMIONE? – perguntou Rony ao teto. O Sr. Wesley estava no sótão, mandando uma correspondência para o filho, avisando que iriam partir na tarde do dia seguinte.

- Não, filho, não vi. - responderam as tábuas da forração.

Com um estalo, Harry se lembrou: Hermione havia deixado a bolsa no Cabeça de Javali, para onde voltaram após a Batalha, agradecer Abefforth pela ajuda, quando ela pediu para Harry guardá-la em sua mochila. Aparentemente, ela se esqueceu completamente de devolvê-la a amiga.

- HERMIONE!! – gritou Harry – ESTÁ AQUI.

Ela surgiu pela porta com uma expressão ofegante, e tomou a bolsa de Harry como se aquilo fosse uma parte de seu corpo que fora abusada pelo garoto. Murmurou uma “obrigada” e desceu as escadas.

Logo após, Percy, que havia caído de cabeça no trabalho nas últimas semanas, chegou e foi avisado da viagem. Ele carregava três malas de couro marrons cheias de relatórios para serem entregues no dia seguinte. Como a tarefa era inadiável, ficou decidido que ele não viajaria.

Harry o flagrou subindo as escadas em direção ao seu quarto: seu aspecto transmitia exaustão. Pudera, até o Sr. Wesley, acostumado com a rotina agitada do Ministério estava muito cansado, apesar de sua seção estar sendo gradativamente reduzida.

- Não entendo como vocês têm cabeça para viajar – ele disse, antes de bater a porta do quarto, não por violência, mas porque suas mãos estavam ocupadas demais para impedi-la de bater.

Já estava escurecendo, a casa estava sendo lacrada com feitiços protetores especiais para longas viagens. A lareira foi selada, as janelas lacradas. Só a porta da frente permaneceu normal.

Era a hora de jantar, a Sra. Wesley foi entregar o prato de Percy (era essa a idéia, mas ela foi mais para tentar convencer o filho a ir à viagem do que para alimentá-lo)

Quando Harry e Gina terminaram de pôr a mesa e todos se sentaram, o Sr. Wesley decidiu que aquela história deveria ser explicada melhor:

- Carlinhos vem me convidado para passarmos um tempo com ele lá na Romênia, para refrescarmos a cabeça, mas eu disse a ele que ainda era muito perigoso – Harry, Rony, Hermione e Gina trocaram olhares – então, quando o Ministério publicou essa lista – ele indicou o pergaminho sobre a mesa – resolvi avisá-lo de que viajaríamos.

- Lembre-se de que a pressa é inimiga da perfeição – avisou Molly.

- Quando o Ministério foi equivocado? – perguntou o marido.

Arthur sabia que era ele quem fora equivocado: o Ministério não acertava uma nos últimos anos, mas ele trabalhava lá, e sabia que as coisas corriam bem.

- Papai trabalha lá, mamãe. Ele deve estar sabendo o que faz – Gina tinha um dom especial para apartar as discussões, e era isso que Harry admirava nela.

Dando o jantar por encerrado, todos foram dormir.

Dormir é modo de dizer, porque ninguém conseguiu conter a expectativa, que parecia transbordar por cada janela da Toca, no dia seguinte, quando todos tomaram café e fizeram os últimos preparativos.

Como combinado na noite anterior, Harry, Hermione, Rony e Gina iriam visitar Luna. Era sorte seu pai não estar em casa:

- Bom dia – respondeu ela, retirando seu avental de pelúcia, algo inconveniente para a estação – sentem-se.

Todos se sentaram ao redor da mesa, que estava sendo esvaziada dos restos do café anterior.

- É mesmo uma pena meu pai não estar aqui, ele quer muito falar com você, Harry, sobre as Relíquias – contou-lhe Luna.

- Presumi – respondeu Harry, no tom mais amigável possível.

- Ele está preparando uma viagem para nós observarmos os Bufadores de Chifre Enrugado, e foi ao Beco Diagonal comprar algumas coisas para a viagem. Neville vai conosco, querem ir também?

- Nós temos uma viagem para a Romênia, partimos hoje, depois do almoço, por aparatação – informou Hermione, no mesmo tom.

- Meu pai é contra esse tipo de transporte – disse Luna, num tom choroso – por isso nunca me deixou aprendê-lo. Quando viu vocês fugirem daquele jeito, ficou furioso.

- Desculpe Luna, mas tínhamos de ir rápido, papai nos chamou para avisar da viagem, com aqueles galeões que usávamos na AD, mas eu pensei que fosse coisa pior – inventou Rony, todos queriam evitar um diálogo com Xenófilo.

- Não tem problema – aceitou ela – tudo anda muito confuso ultimamente, nós precisamos mesmo descansar.

- Não há nada que possamos fazer? – perguntou Gina, tentando se redimir de um crime que ela não cometera.

- Não, obrigada - Luna se despediu quase melancólica.

Quando saíram, Harry desejou que apenas aquela viagem fosse necessária para pôr suas idéias no lugar.

O almoço daquele dia foi tão rápido quanto o café, despediram-se de Percy, trancaram a porta da frente, rogaram os últimos feitiços de proteção e saíram da casa.

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