O Presente do Pavão



Capítulo 7 - O Presente do Pavão


H
ARRY IMEDIATAMENTE SENTIU sua boca ser invadida por um incontrolável gosto de bile fervilhante, subindo pela sua garganta. Foi quase inconscientemente que correu em direção ao banheiro. Não podia acreditar, aquilo era muito grotesco para ser verdade, pensava que Voldemort era incapaz de amar uma outra pessoa, quanto mais de amar um filho, e de Belatrix? Não, não podia acreditar. Lavou o rosto e mirou-se no espelho por um minuto que pareceu uma eternidade. Está certo que ela amava Voldemort mais do que a ela própria, mas não havia espaço para ela na vida que ele montava para si. Já seria impossível amá-la, quanto mais ajudá-la a criar um filho.


- Mas e se... – Harry tentava, pela centésima vez encontrar uma explicação racional para aquilo, e cada uma se tornava cada vez mais improvável. Estavam naquele quarto fazia horas, Rony perambulando de um lado para o outro, Hermione agachada na cama, abraçando os joelhos imitando um pêndulo. Gina estava deitada na cama ao lado de Harry, que acariciava suavemente os seus cabelos, tentando terminar a frase, mas Hermione o interrompeu:


- Harry, não! – ela saiu subitamente da posição de pêndulo, atraindo, por alguns segundos, a atenção de Rony – Ela está jogando sujo, tentando chamar a atenção para nos distrair! E NÓS ESTAMOS FAZENDO EXATAMENTE O QUE ELA QUER!


- Hermione – ele, sussurrou – eu concordo com você, talvez isso seja realmente um jogo, mas não dela – todos prestaram atenção na voz de Harry, que a cada palavra ficava mais baixa – Talvez Voldemort a tenha transformado numa Horcrux – a teoria ia ficando inexplicável até mesmo para Harry – Lembra quando Gina ficou possuída pelo pedaço da alma de Voldemort no diário? E se está aconteceu a mesma coisa com a Belatrix, só que com o pedaço da alma ainda no Voldemort?


- Isso é impossível Harry – o tom de Hermione beirava a piedade – a alma só pode mudar de lugar quando existir uma forte ligação entre a pessoa e o objeto que a contém, e não entre duas pessoas – ela apontou para a enorme pilha de livros no canto do quarto, onde estava o “Segredo das Artes mais Tenebrosas”.


- Mas a alma do Voldemort estava muito desestruturada – Harry não conseguiu contrapor-se aos argumentos da amiga.


- HARRY, ELE MORREU E NÃO VAI VOLTAR! O CORPO DELE SE DESINTEGROU E ALÉM DISSO, VOCÊ NEM JUSTIFICOU O FATO DELA ESTAR GRÁVIDA! – ela agora implorava, aos prantos, para que ele acreditasse – HARRY, ELE MORREU E NÃO VAI VOLTAR, ELE MORREU, E NUNCA MAIS VOLTARÁ!!


E foi ouvindo essas palavras que ele adormeceu.


No sonho, ele andava pelo Átrio, com aquela imensidão de mesas desertas, tudo estava vazio àquela hora da noite. Foi então que avistou um homem parado, alguns metros na sua frente, usando pijama. A voz de Cornélio Oswaldo Fudge ecoou pelo espaço aberto, sombria: “Ele não voltou, não é Potter?” A risada zombava dele, como um menino com uma lupa maltrata uma formiga usando apenas o sol. Ele corria mas não adiantava, viu o Profº Lupim, sentado em uma das mesas, repetindo sem parar “O medo obriga as pessoas a coisas terríveis, Harry” uma Belatrix surgida das sombras acrescentou “Como o medo de eu perder o meu amor” Só agora Harry percebia que ela carregava nos braços o corpo flagelado que Voldemort tivera antes do seu retorno.


Ele acordou.


A semana passou tal qual os primeiros dias na Toca, extremamente pesados. Tanto que Harry havia se esquecido completamente do seu aniversário. Ele havia dito para a Sra. Wesley que não via necessidade de uma festa grande, seria apenas para eles, talvez convidasse Drômeda e Teddy Tonks, afinal de contas, eles estavam cuidando do seu afilhado.


Na manhã do dia trinta e um, tomaram o já habitual café com pães de mel decorados, agora Gina os fazia em diversos formatos, como elfos, fadas, gnomos, sereianos, estrelas, e em forma de raio. Harry seguiu para a casa dos pais de Tonks com Gina, Hermione e Rony. A casa era mais longe do que Harry imaginava, já que havia feito sua última viagem com a Chave de Portal.


Ela permanecia a mesma: o telhado e as paredes formavam um contexto bem elegante quando em conjunto com o lago lamacento, que agora trincava seco, diante do sol daquele verão.


Bateram na porta três vezes. Quem atendeu foi Andrômeda; e Harry não pôde deixar de constatar mais uma vez a terrível semelhança das irmãs. Mas o que o deixou mais intrigado foi a presença de três pessoas muito familiares a Harry, de cuja casa custou escapar.


Não, não eram os Dursleys.


- Bom dia – cumprimentou Harry, se dirigindo muito mais às figuras em segundo plano do que à Drômeda.


- Bom dia – respondeu a senhora, e Harry ficou feliz de não ouvir a voz de Belatrix.


- Podemos voltar mais tarde – sugeriu Hermione, percebendo as visitas.


- Não há nenhum incômodo – impediu Ted – suponho que tenha vindo visitar seu afilhado, estou certo Potter?


- Sim, mas...


- Então não se acanhe, ele está lá dentro, dormindo.


As quatro visitas olharam para os três outros visitantes, mas não disseram uma só palavra. O mais próximo de uma interação foi um leve aceno de cabeça de Lúcio Malfoy.


Nem bem desapareceram da vista de quem estava na sala, e Harry já bombardeou o Sr. Tonks de perguntas:


- O que eles estão fazendo aqui? – e Ted o fitou como que repreendendo o filho por uma brincadeira de mau gosto com um coleguinha de classe:


- Perdoe-os, meu filho, Voldemort fez muito mal á família deles, eles foram mais vítimas do que vilões.


Harry acentiu. Entendia o que Ted queria dizer: já era muito difícil a vida com Voldemort no poder, quanto mais dentro da própria casa, tendo poder absoluto sobre sua própria família.


- O Sr. Tonks tem razão Harry, vamos dar uma chance a eles – afinal de contas ela deu uma chance a você, Harry completou mentalmente a frase de Gina.


- Parece-me que eles vão ser exilados na Itália, por isso resolveram fazer uma última visita.


Todos os pensamentos que Harry poderia ter desapareceram quando ele pôs os olhos no pequeno Ted Tonks Neto. Ele conservava a expressão paternal de Lupin, mas o rosto era idêntico ao de Dora. Completamente alheio ao mundo, ele se distraía com os móbiles de estrelas cintilantes pendurados acima do berço.


Quando Ted pegou-o no colo, seus cabelos mudaram instantaneamente para o rosa - chiclete que Harry gostava de ver nos cabelos de Tonks.


Ted passou-o para Hermione, e o pequeno bebê soltou uma pequena risadinha. Usava um pijama com ratinhos desenhados. Harry lembrou-se de Petigrew. Como fora capaz de fazer aquilo com seu melhor amigo? Ainda mais sabendo que ele tinha um filho para criar?


- Harry – o Sr. Tonks entregou-lhe Ted. Sua pele era macia e cheirava a talco, como qualquer bebê. Será que era assim quando bebê? Possivelmente, mas não tinha seus pais para confirmar a informação.


Nos seus braços ele adormeceu, e Ted ajeitou-o novamente no berço.


Com um aceno de varinha, ele desligou o móbile, apagou as luzes e fechou lentamente as cortinas.


Só quando cruzaram com Drômeda no corredor, é que Harry fez valer a real intenção da sua visita:


- Sra. Tonks, será que eu podia falar com a senhora um instante em particular?


- Sim, claro – ela respondeu, levemente confusa – vamos até a sala de visitas.


Eles seguiram para o cômodo pequeno no fim do corredor.


- Como posso ajudá-lo? – ela perguntou.


- Eu gostaria de saber sobre Belatrix Leastrenge.


- A sim, sabia que algum dia você viria me procurar, principalmente agora com esses rumores.


- A senhora acha possível?


- Pode sim ser possível, mas não é muito provável. Ela sempre foi obcecada por grandeza, mas não queria se desgastar para alcançá-la. Mas o discurso de Tom a hipnotizou, dizendo que o mundo estava mudando e que era necessário lutar. Ele parecia ter as chaves para a vitória, e quase me convenceu naquele dia em que veio para nossa casa. Ele a convenceu dizendo que os trouxas tentavam cada vez mais na sua ignorância, alcançar através da miscigenação um poder que deveria pertencer única e exclusivamente aos bruxos. – ela fez uma pausa – Você deve se lembrar do lema da família Black, não?


- “Sempre Puro” – Harry murmurou.


- Ela já em Hogwarts costumava andar com aqueles que viriam a se tornar os mais cruéis Comensais da Morte, então quando Tom apareceu na nossa casa para o alistamento definitivo, houve apenas a confirmação. Não de Comensal, mas de amor. Como você deve saber, ele nunca foi correspondido, até porque ela acabou se casando com o Rodolfo.


Era verdade que a relação entre Belatrix e Voldemort era exclusivamente profissional, mas Harry começava a desconfiar da reação de Voldemort ao vê-la ser estuporada no coração pela Sra. Wesley, o que, ao contrário do que muitos pensaram não a matou.


Todas aquelas informações estavam deixando Harry tonto. Sabia que o Lorde era cruel, mas não ao ponto de se aproveitar da causa, mesmo que injusta, da família Black, para alcançar seus objetivos doentios.


- Agora, se deixaria a coisa chegar a esse ponto... – Andrômeda continuou – é loucura demais.


A tontura começava a virar enjôo quando Harry deu a conversa por encerrada, agradeceu a Sra. Tonks e saiu da sala. Ele encontrou com Rony, Gina e Hermione, que haviam ficado ao léu no corredor, durante a conversa.


- Tem certeza de que não querem ficar para o almoço? – perguntou Ted, enquanto secava a louça do café.


- Não, obrigado, mas gostaria de convidá-los para o meu aniversário, não será muita coisa, mas a Sra. Wesley deve estar co saudades do pequeno Ted.


- Claro, será um prazer – respondeu Drômeda, com um sorriso envergonhado, enquanto os quatro saíam pela porta. Os Malfoy já tinham ido embora.


 


Mais tarde, naquele dia, a Sra. Wesley corria de um lado para o outro na cozinha, enquanto preparava um bolo-torta-mousse de chocolate com amêndoas para o aniversário de dezoito anos de Harry Tiago Potter, enquanto este insistia que tamanho esmero não era necessário.


- É necessário sim, afinal de contas você já salvou a vida de metade dos membros desta família! – Harry duvidava de que houvesse chegado perto de conviver com menos de um décimo das dezenas de ramificações da árvore genealógica da família Wesley, mas achou melhor dar a conversa por encerrada.


Tentou dar uma mãozinha á Rony, que estava desgnomizando o jardim, tarefa da qual fora obrigado mesmo depois de Harry argumentar que o preferia repleto de gnomos.


As meninas trabalhavam na decoração, que por sinal era muito semelhante à do ano anterior, e mesmo recorrendo ás “Doze Maneiras Infalíveis de se Encantar Bruxas” elas não o deixaram ajudar.


Só restou a ele arrumar o quarto, que ia gradativamente perdendo o cheiro de vampiro acumulado no último ano. Com os lençóis trocados e o chão limpo, só restavam as roupas.


Esvaziou a sua mala com todo o cuidado em cima da cama de armar, a bolsa de couro de briba, o caco do espelho de Sirius, e foi quando notou a falta do medalhão que se lembrou de Monstro. O bilhete de R.A.B. , como a mala, estavam cobertos com uma fina camada de lama, assim também estavam  a meia foto e a carta de sua mãe, vestígios do assalto ao Gringotes e do dragão cego.


Foi retirando as mudas de roupa uma a uma, cada qual gerava um turbilhão de lembranças, como uma retrospectiva dum ano que com certeza fora decisivo em sua vida. A roupa que usara na Batalha de Hogwarts ainda não havia sido lavada, talvez nunca fosse, embora precisasse muito. Ela era como um único sobrevivente de um grande naufrágio.


Resolveu, curioso se havia mais alguma lembrança, procurar nos bolsos. Neles haviam apenas alguns trocados de dinheiro trouxa, alguns sicles, e um galeão - por sinal muito gasto.


Será que? Harry pensou, e tomado pelo impulso daquela descoberta, pôs-se a procurar no criado-mudo ao lado da sua cama outro galeão, para que pudesse diferenciar. Quando achou uma última moeda dourada no fundo da sua carteira, colocou-a em sua mão direita, e a que estava em seu bolso na mão direita. Imediatamente percebeu a gritante diferença entre elas, apesar de uma estar desbotada (o que também indicava que era falsa), esta possuía o fundo diferente da verdadeira, indicando que era um dos galeões enfeitiçados usados na Armada de Dumbledore. Mas será que ainda possuía um Feitiço de Proteu forte o suficiente para permitir a comunicação? Era impossível saber.


Era perto de sete horas quando ele terminou a faxina e começou a se arrumar para o aniversário. Quando ele saiu, uma espécie de lona estava estendida em diagonal, da Macieira Brava até um conjunto de postes abaixo, o que deu a Harry a curiosa impressão de que a árvore estivesse vestida para casar. Abaixo daquele toldo foram armadas algumas cadeiras e uma mesa, que a Sra. Wesley estava acabando de arrumar, distribuindo pratos e copos de papel com diversos acenos de varinha.


- Olá Harry, Ted acabou de me enviar um patrono confirmando a presença, e Minerva lhe enviou os parabéns, e desculpas, já que todos estão muito ocupados com a reconstrução da escola.


- Não tem problema, eu entendo – a Sra. Wesley deu um pequeno sorriso, enquanto ajeitava a gola da camisa de Harry.


- Rony, Hermione e Gina estão lá dentro se arrumando, e Artur já deve estar chegando com Percy.


Dito isso, Harry subiu para o quarto de Rony, que havia entrado pelas portas dos fundos. Lá encontrou não só Rony, como também Hermione e Gina, que pareciam estar polindo um enorme galho de árvore.


- O que vocês têm aí atrás? – perguntou Harry, espionando entre os ombros dos três amigos.


- Eu disse que era pra fazer isso enquanto ele estivesse na festa! – Hermione protestou contra Rony, que estava com as orelhas na cor escarlate, enquanto virava na direção de Harry.


- Bem, hum, hum – Gina pigarreou.


- FELIZ ANIVERSÁRIO HARRY! – disseram as três vozes em uníssono, enquanto se afastavam para deixar Harry ver o que estava em sua cama.


- Uma Firebolt! – Harry exclamou completamente agradecido. Sabia que uma vassoura de porte internacional daquelas deveria ter custado todas as economias dos Wesleys dos últimos sete anos.


- SUA Firebolt – corrigiu Hermione.


- Mas a minha... – Harry estava de queixo caído.


- Explodiu em bilhões de pedacinhos? – Rony completou.


- Descobrimos que as folhas de bétula da cauda de uma Firebolt não são só aerodinamicamente perfeitas, são indestrutíveis! – Gina explicou.


- Portanto, foi só uma questão de tempo até recuperarmos grande parte da cauda e do cabo, e enviarmos para o conserto no Beco Diagonal. É claro que MUITAS partes não são as originais, mas... – Harry interrompeu Hermione com um abraço que abarcou os três, Harry se sentia imensamente grato.


- Não foi nada, só um feitiço convocatório muito bem aplicado – Hermione quis ser modesta.


- E o pessoal da “Artigos de Qualidade para Quadribol” quase nos carregou no colo quando soube que aquela vassoura era para você! – Rony riu.


Harry deixou os três respirarem, achava a idéia toda uma loucura, mas tinha certeza de que a vassoura que estava ali, em cima da sua cama, era de fato a Firebolt que Sirius um dia lhe dera. Estava louco para sair dali correndo para experimentar a vassoura naquele instante, mas essa vontade foi rapidamente ancorada pela voz da Sra. Wesley cumprimentando o Sr. Tonks sete andares abaixo.


Ao ouvir aquilo, os quatro saíram do quarto para fazer o mesmo que Molly.


- Harry! Feliz aniversário! – Ted Tonks lhe deu um abraço comprimido, trazia nas mãos um embrulho laranja excepcionalmente brilhante. Pelos ângulos retos Harry pensou se tratar de um livro, e estava certo “O Manual do Auror para Aprendizes em Potencial”.


- Era de Dora – disse Ted, e Harry imediatamente notou no verso da contracapa do livro, a sutil assinatura da amiga, com um pequeno borrão sobre a “Ninfa” de “Ninfadora”. Muito provavelmente era a única rasura em todo o livro.


- Muito obrigado – disse Harry, pois sabia como era difícil se desfazer dos objetos de quem se ama – apertou a mão de Ted e deu um abraço em Dromeda, que carregava nos braços o pequeno Ted. Seu afilhado vestia um terninho verde e tinha o cabelo penteado para trás com gel.


- Espero que seja útil para você – disse Dromeda.


- Como se precisasse – brincou Hermione, e todos caíram na gargalhada.


Dali uns minutos, chegaram Artur, Percy e Jorge, também carregando embrulhos.


- Oi Harry – disse Jorge, e seus olhos brilhavam numa felicidade vazia – feliz aniversário – e lhe entregou uma caixa enorme, contendo as últimas Gemialidades Wesley, incluindo uma versão menor da pedra vocálica, em diversos sabores.


Percy lhe deu um pequeno embrulho, fino e comprido, onde havia, para sua surpresa, uma pena de escrita completamente dourada. Quando Hermione pôs os olhos no objeto disse;


- Pomorim – e Harry vasculhou as suas memórias em busca daquele termo – tem uma descrição dele em “Animais Fantásticos & Onde Habitam”. Era um pássaro usado antigamente no lugar do Pomo de Ouro...


- Por ser excepcionalmente rápido – completou Percy – hoje vivem em reservas e são extremamente ameaçados. Por isso mesmo, essa pena-de-repetição-rápida é a mais rápida do mercado.


- Valeu Percy! – Harry agradeceu, mas sabia que quem estava realmente grato era Percy, afinal de contas, ele havia ajudado o seu pai a se reerguer no Ministério e, mesmo que indiretamente, contribuiu para a reconciliação.


Mal teve tempo para agradecer, e o Sr. Wesley surgiu com um embrulho ligeiramente menor e mais largo que o anterior:


- Olá Harry – Artur parecia estar com uma “peruca solar”, pois estava de costas para o poente, dando-lhe um aspecto engaçado, o que dificultou a Harry fazer a identificação.


- Olá... – Harry franziu a testa para fugir da forte luminosidade – olá Sr. Wesley


- Feliz aniversário – desejou ele, enquanto passava o embrulho a Harry.


O que Harry encontrou ali dentro foi uma carteira original em couro de dragão negro, com repartições para galeões, sicles e nuques; espaços para crachás, e até para dinheiro e cartões de crédito trouxas.


- Eu sei que é apenas uma lembrancinha, mas... – foi interrompido por um forte abraço de Harry. Ele não estava cansado de agradecer a tudo o que faziam para ele, muito pelo contrário: se sentia imensamente grato por ter a quem agradecer.


Algumas horas depois, estando os “Parabéns” cantados e o bolo-torta-mousse semi consumido, Percy se levantou para dizer algumas palavras:


- Hum, hum – será que toda vez que alguém pigarreasse, Harry iria se lembrar da Profª Umbridge? – tenho uma notícia para dar a vocês – imediatamente todos se calaram – o trabalho tem ficado cada vez mis cansativo para mim, e chegou um ponto em que o meu quarto está quase  explodindo com tanta papelada – Harry temeu o que houviria em seguida – Por isso – Molly se esticava cada vez mais sobre a mesa para ouvir melhor – eu vou me mudar para um apartamento em Londres.


- Oh, Percy! – a Sra. Wesley ignorou os pratos, os copos, e até o bolo semi consumido quando saltou na direção de Percy e lhe deu um forte abraço, como se nunca mais quisesse soltar.


- Molly, por favor! Deixe o homem respirar! – o Sr. Wesley tentava, em vão, fazer com que Moly soltasse.


- NÃO!!! – ela berrava – JÁ PERDI UM FILHO POR CAUSA DESSE MALDITO MINISTÉRIO!! NÃO VOU DEIXAR QUE OUTRO VÁ!!


O Sr. Wesley pareceu indignado diante do uso daquele adjetivo para se referir aoi seu local de trabalho.


- Pelo amor de Deus mulher, para alguém que tem sete filhos, menos um não vai fazer diiferença alguma! – Jorge foi fitado incisivamente por Gina após esse comentário.


E assim, Harry atingiu a maioridade trouxa.


 


Na manhã seguinte, enquanto Harry mastigava o último pedaço de pão de mel, que agora Gina preparava em forma de algarismos, contandoos dias para seu retorno à Hogwarts, Molly Wesley ainda não havia se conformado com a idéia de Percy sair de casa. Rony e Hermione ajudavam ele a arrumar as coisas, enquanto Gina acabava de lavar a louça.


Quando  Harry saiu para apanhar o jornal, foi surpreendido com a presença de um pequeno embrulho de papel verde, com um laço vermelho e um cartão:


 


Harry,


Quero que saiba que acho muito injusto você não ter uma foto dos seus pais em tamanho reduzido para que possa levar consigo.


Snape deixou isso em seu quarto, na minha casa antes de partir, mas creio que sempre pertenceu à você.


 


De seu eterno devedor,


Lúcio Malfoy


 
 Dentro daquele pequeno embrulho havia, para surpresa de Harry, um medalhão dourado com um pequeno fecho de prata, contendo de um lado, uma foto de Snape moço e cheio de espinhas, do outro, uma foto de Lílian aparentemente tirada às pressas, com um Tiago sorridente, babuciando ao fundo.


Harry apenas esboçou um leve sorriso quando absorveu a cena e pendurou o medalhão no pescoço.

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