O Rabo do Gato



Capítulo 11 - O Rabo do Gato

A
CALÇADA COMPRIMIA OS ÓCULOS de Harry contra seu rosto, eles estavam tortos. Não sabia onde se encontrava, apenas sentia frio. Com o passar dos segundos pôde ouvir um raro trãnsito de automóveis a sua frente. Abriu os olhos e eles se arregalaram: havia um rato  ao seu lado. Pudera, estava num beco, ladeado por caçambas de lixo e saídas de emergência. O poste da avenida a sua frnte piscava, projetando as sombras mais variadas no cimento.


Agora ouvia vozes, mas não sabia distinguir os donos e, muito menos, o idioma em que falavam. Arriscou levantar o pescoço, mas a dor foi tanta que dsistiu. Rolou para a esquerda e percebeu que alguém havia preparado uma cama para ele, mas ele devia ter caído dela, apesar dela estar a apenas alguns centímetros do solo, com suas tiras de papelão.


Uma sombra aos seus pés chamou sua atenção: era feminina e andava lentamente. Não teve coragem de olhar para cima e ver quem era.


- Harry – nada pôde descrever o alívio que sentiu em ouvir a voz de Hermione – se acalme – ela acrescentou ao ver que ele levantara – todos estão bem, embora não tenha certeza sobre os que ficaram na Romênia.


- Não estamos na Romênia? – agora Harry estava completamente desperto.


- Nós não – respondeu ela com a voz humilde – eu consegui desaparatar antes dela, então acho que ela também não está na Romênia, e com toda certeza não está aqui.


“Aqui?”, pensou Harry, que recuou para dar uma conferida na avenida: era larga e tinha pequenos anteparos nas calçadas dos dois lados, restaurantes com mesas nas ruas ainda atendiam os clientes, as mesas na rua coberta de luzes, “luzes”, já ouvira isso antes...


- Estamos em PARIS? – ele perguntou, incrédulo.


- Harry, VOCÊ AINDA ESTÁ DE PIJAMAS! – ela arrastou-o para dentro do beco, sem dar atenção à pergunta.


- Estamos na França? – sua voz beirou o desepero, quando ouviu um meretrizes cruzando a avenida, tagarelando no mais puro francês.


- É obvio Harry – ela retirava algumas vestes de trouxa da mala dele – foi o primeiro lugar que pensei. Minha prima tem um restaurante aqui, num duplex, mas acho que os meus tios estão no campo, onde passei as férias de verão no terceiro ano. De qualquer forma, teremos um bom tempo para pensar – ela o empurrou para trás de uma caçamba de lixo e virou de costas para que ele pudesse trocar de roupa.


- Hermione... a Capa – disse ele, tendo uma idéia melhor para sua privacidade.


- Todos nós já vimos seu corpo nu quando fizemos sua trasferência ano passado, mas já que insiste... – ela atirou a Capa da Invisibilidade nos ombros dele, e em menos de um minuto ele se vestiu.


- E quanto a Gina e Rony? – Harry notou a falta dos dois.


- Foram comprar nosso lanche – o que equivaleria a pedir a um macaco que ganhasse uma partida de xadrez.


-  Meu Deus! – Harry saiu corendo, procurando os rostos dos amigos  através das vitrines.


Felizmente, eles estavam logo na primeira confeitaria.


- Calma Harry, a Gina não é tão burra assim! – Hermione entrou no encalço de Harry, fazendo tanto ele como Gina corarem.


O atendente, que não estava entendendo muito bem a situação, perguntou se desejavam mais alguma coisa. Gina perguntou por uma mesa e pediu um bule de café forte. Em seguida conferiu o troco, e entregou para Hermione.


Sentaram na mesa, Harry teve uma estranha sensação de dèjavú. Gina havia encomendado uma porção de quiche com bolinhos açucarados.


- Não adianta a gente aparecer lá a essa hora – Hermione começou a organizar as coisas – não vai ter sentido, porque o restaurante vai estar fechado e vai parecer suspeito.


- Nós podemos passar a noite num albergue qualquer, e aparecer de manhã para uma “visita de família” – sugeriu Rony.


- Sim, mas quanto dinheiro nós temos? – perguntou Harry.


- Felizmente mamãe e papai me deram seus cartões e suas senhas do banco, por isso temos um estoque muito grande de dinheiro trouxa, vai dar pra ficar bastante tempo por aqui – garantiu Hermione – e eu duvido que ela venha a nos achar, a França por sorte é um dos países menos mágicos do mundo.


- Mas se ela me achou na Romênia... – Harry arriscou.


- É claro que ela deve ter um informante – disse Gina, e os quatro se entreolharam por um instante.


- Muita gente viu aquele seu estardalhaço no Beco Diagonal, Harry – Hermione evaporou com qualquer vestígio de suspeita entre eles.


- Vamos! – temos que procurar um bom albergue por aqui.


Harry consumiu num só gole o que restava de seu café, e saiu com os outros pela porta.


Havia muito mais carros do que Harry imaginava, por isso resolveram cortar caminho pelo Jardim das Tulliéres, que áquela hora da madrugada estava apinhado de pessoas “discretas”.


O parque era um intrincado labirinto de caminhos de saibro com árvores por todos os lados, filtrando quase que por completo o som do trânsito.


Quando finalmente, após alguns minutos, conseguiram sair do arvoredo; Hermione atravessssou a via num pulo:


- Espere um pouco! Patienter! – ela gritou para o jornaleiro, já fechando a banca.


- Je ne suis pas de fermeture – não estou fechando – Je suis d'ouverture – estou abrindo.


Ele destravou a cortina metálica e acendou a luz, foi quando os outros chegaram.


- O senhor possui algum guia da cidade? – ela perguntou – é que eu perdi o meu – piscou na direção dos outros, que imediatamente começaram a procurar revistas ou jornais, fingindo interesse.


O jornaleiro então lhe entregou um grosso livreto, em inglês, com as informações da cidade.


- Merci – respondeu ela, com um aceno tímido.


 


- Pra onde vamos agora? – perguntou Rony, após andarem cerca de cinco quarteirões.


- Acho que esse aqui é o mais em conta – ela abriu o guia numa página repleta de anúncios de hotéis e hospedarias, a pontou para um edifício escandalosamente parecido com o Largo Grinmald – fica logo ali na frente.


O prédio era um misto de Calderão Furado com o Largo, e tinha uma placa suspensa sobre a calçada: “ Hospedaria da Madame Krefta”


Ao entrarem se depararam com uma recepção absurdamente clara, sofás de couro marrom desbotados e rachados na região do assento.


- Pois não – perguntou a recepcionista, num inglês tão impecável que chegava a doer os ouvidos.


- Nós gostaríamos de locar um quarto para quatro pesssoas só por esta noite – a voz de Hermione parecia com a de um Diabrete, se comparada com a da recepcionista.


- Hum, claro – ela respondeu, reprimindo um bocejo, sua cara de sono implorava por café – temos um lá embaixo.


- Lá embaixo? – perguntou Rony.


- Esse prédio foi um hospital durante a Segunda Guerra – a moça respondeu, com a maior naturalidade.


- Quanto nos custa? – Harry perguntou, imaginando o que seria o “lá embaixo” de um hospital desativado.


- Para você não custa nada.


Harry arregalou os olhos, dando graças a Deus por Hermione ter desviado o assunto.


- Mas suponho que tenhamos que preencher uma ficha? – ela gesticulou com a mão, como quem escreve.


- Claro – a recepcionista ainda fitava Harry com uma atenção constrangedora, e sem desviar olhar, apanhou quatro fichas debaixo do balcão.


Harry e Hermione não tiveram problemas com a caneta esferográfica, mas Rony e Gina, principalmente Rony, demoraram cerca de quinze minutos para completar suas fichas.


Ela então computou um desconto “promocional” de cem por cento na diária e passou a chave para Hermione.


Desceram as escadas para  o andar indicado no chaveiro. Harry esfregando a mão na parede, recuou num estalo, ao perceber que o que calculou como tapeçaria era na verdade uma infestação de fungos.


Quando chegaram, o quarto se revelou um aposento com paredes altas e pequenas janelas no topo, que deixavam entrar uma quantidade impossível de luz.


Dispostas desigualmente pelo cômodo, haviam quatro camas de armar que deviam ter pertencido ao hospital, uma escrivaninha, uma outra mesa, e um televisor num suporte do teto. Ninguém se interessou em ligá-lo.


- Até que não é dos piores – disse Gina, provavelmente ela teve a mesma idéia inicial, e macabra, que Harry.


- Também pensei que fosse um necrotério – acrrescentou Hermione, ligando o aquecedor.


Cada um escolheu uma cama, e em dez minutos já estavam dormindo.


 


Harry não conseguia dormir, apesar de Hermione ter renovado a roupa de cama com um aceno de varinha. Aquele dia, ou melhor, aquela noite havia sido muito preocupante, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.


Ele encontrou conforto no medalhão que Lúcio lhe dera de aniversário. Lílian estava rindo, ele tinha esquecido de como sua mãe era bonita. Tiago carregava a malícia estampada no rosto, talvez esperando uma oportunidade para interceptá-la após aquela final de quadribol. Ambos sorriam para ele,e até Snape, no lado oposto do medalhão trasmitia serenidade.


Potter sabia que Belatrix estava apta a terminar o que Voldemort começou. E ele também estava pronto para lutar.


 


Pela manhão no outro dia, os quatro deixaram o quarto do albergue tal qual o encontraram, e saíram.


Fizeram o itnerário oposto ao da noite anterior, chagando na larga avenida do início. Atravessaram a via e seguiram por mais algumas quadras. Quando já estavam chegando perto, Hermione sugeriu:


- Façam cara de viagem. Temos que parecer recém chegados - ela acrescentou ao notar os rostos confusos dos amigos.


- Que tipo de restaurante tem a sua prima? – Harry perguntou.


- Hum... – ela hesitou – digamos que ela é uma aspirante a Rosmerta.


- Desculpe? – Gina estava de queixo caído.


- É claro que ela não sabe que eu sou bruxa, mas desconfia, e como ela quer ter tudo o que eu tenho...


A dúvida ainda imperava.


- E como ela é tão estudiosa quanto um gambá, teve que se contentar com seus dotes culinários.


Hermione não precisou dizer mais nada, ao atravessarem a rua, se depararam com o letreiro mais bizarro das suas vidas: o desenho de um gato com pêlos arrepiados e uma cauda descomunal. Letras em verde pulsante anunciavam “O Rabo do Gato”.


- Será que ela pensa que os restaurantes bruxos têm sempre nomes sugestivos? – Hermione protestou.


Os quatro entraram e uma sineta na porta tocou.


- PRIMA!!!! – uma versão com cabelos lisos de Hermione surgiu detrás do balcão – o que faz por aqui? – seu inglês era impecável, e seus olhos se detiveram por um bom tempo em Rony, cujas orelhas já estavam lívidas.


- Acabei de chegar de viagem e gostaria de saber se posso ficar hospedada aqui por uns dias – ela claramente estava contando com a sorte.


Os olhos da cozinheira se detiveram em Rony, e depois pularam para Harry:  dois pretendentes em potencial.


- Claro! – ela simplismente disse e se afastou.


- Hem, hem – Hermione pigarreou – estes são Rony e Harry, e esta é minha amiga Gina.


- Eu me chamo Marília – ela retrocedeu – muito prazer – seu olhar era ambicioso – querem ajuda com as malas?


- NÃO! – as meninas responderam em uníssono.


- O segundo andar do duplex está vago, a chave está debaixo do capacho – e saiu para a cozinha.


 


Quando entraram, o apartamento impressionou pela claridade: as paredes brancas, os móveis em tons de creme, as cortinas amarelas e as janelas imensas faziam um belo composto.


- Podem escolher os quartos – disse Hermione – são todos idênticos.


Harry se encaminhava para o seu quando uma coruja na janela chamou a sua atenção.


- É mesmo impressionante como o serviço de entrega do Profeta melhora a cada dia.


- Isso faz parte da assinatura completa – disse Hermione.


Harry depositou uma moeda na pata da coruja, que saiu logo em seguida; deixou-se respirar do ar matinal,e até se sentiu um  pouco tranqüilo.


Mas sua tranqüilidade logo se esvaiu quando leu a manchete que encabeçava a página:


 


BELATRIX LEASTRENGE SEQÜESTRA HARRY POTTER

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