Capitulo XVII
Quando voltou a Matlock Edge eram quase dez horas. Como esperava, a Sra. Gittens estava aflita.
- Onde esteve? Perguntou nervosa assim que Gina entrou. - Cedrico veio me avisar, que a moto não estava na garagem. Podia ao menos ter telefonado para avisar que chegaria tão tarde.
- Fiquei sem gasolina - explicou Gina. - Tive que empurrar a moto vários quilômetros até encontrar o posto mais próximo. Aliás, não vi nenhum telefone durante o trajeto.
- Gina, dê graças a Deus por nada de pior ter acontecido! Onde estava quando acabou a gasolina? Quantos quilômetros precisou andar?
- Uns quatro... oito quilômetros...
- Oito quilômetros! Exclamou a senhora, consternada.
- O posto ficava bem mais longe... mas peguei uma carona - acrescentou, e esperou para ver o efeito de suas palavras.
- Carona com quem? Gina, está me dizendo que um homem lhe deu carona? A mulher levou as mãos ao rosto e arregalou os olhos.
- Foi, mas não era qualquer um, não. Era Draco Malfoy!
- Draco Malfoy? Draco Malfoy... Quem é?
- O filho de sir Lucius Malfoy - explicou Gina. - Conhece os Malfoy sim, de Carron Hall...
- Malfoy... tem certeza de que o nome é esse?
- Lógico! Exclamou impaciente. - De qualquer maneira, a senhora vai conhecê-lo, se quiser. Amanhã à noite ele vai me levar par jantar fora. Passará aqui às sete e meia.
A Sra. Gittens começou a ficar impaciente.
- Vai sair com ele?
- Foi o que eu disse.
- Mas nem o conhece!
- Para quê? É um rapaz simpático, vai gostar dele. É jovem, bonito distinto, bastante agradável. - Fez uma pausa e vendo o olhar de perplexidade da governanta, acrescentou: - Harry sempre diz que preciso ter amigos da minha idade. Bom, Draco tem a minha idade, ou quase.
- Não sei, não, se o Sr. Potter vai gostar disso - observou balançando a cabeça.
- Harry não está aqui - relembrou Gina. - Ora, Sra. Gittens, nós só vamos jantar no Reli, em Starforth. Draco não vai me raptar nem me vender como escrava branca!
A reação de Cho foi bastante diferente da reação da Sra. Gittens. Se a amizade entre Gina e Draco evoluísse para onde certamente esperava, o caminho ficaria livre para ela progredir no relacionamento com Harry.
Apesar de estar determinada a agir por si mesma e aceitar o convite ao deitar-se à noite, Gina sentiu-se dividida. Durante o dia inteiro sustentara, para si própria e para os outros, que desejava muitíssimo sair com Draco Malfoy, mas no triste isolamento de seu quarto compreendeu que aquele desejo era uma meia verdade. Queria realmente encontrar-se com ele, e quanto a isso não tinha dúvida. Draco era extremamente simpático e amável, mas na verdade ela estava desabituada a encontros com rapazes principalmente porque sempre receava a oposição do tio... Ainda podia ouvir-lhe as palavras, ainda experimentava no corpo as sensações de quando o beijou... Conhecera apenas dois rapazes até aquele momento, mas nenhum deles conseguiu despertá-la para o desejo com a mesma intensidade que Harry, e dificilmente pensaria de outro modo. Se começasse a sair com Draco Malfoy, como amiga ou namorada, certamente Harry concluiria que não era mais amado por ela e a mais tênue esperança que possuía de conquistá-lo cairia por terra. Gina estava certa de que, apesar de toda a sua inexperiência, jamais deixaria de amá-lo.
No entanto, era isso o que Harry queria... Disse-lhe que não se interessava por ela como mulher, que a via exclusivamente como sobrinha. Não estaria ela perdendo o melhor período de sua juventude imaginando que ele poderia vir a amá-la quando suas próprias confissões não conseguiram amolecer o coração dele? Ela estava sob a responsabilidade dele, uma responsabilidade da qual ele parecia querer se livrar.
Apesar de apreensiva, Gina soube apreciar a companhia de Draco, que, como havia prometido, passou por Matlock Edge pontualmente na hora combinada. Antes de irem para Starforth, fez questão de se apresentar a Cho e a Sra. Gittens.
- A srta. Chang é bonita - comentou ele, acelerando o carro esporte. - Um pouco fria para o meu gosto, acrescentou, sorrindo para Gina, mas deve haver quem goste.
- Não precisa se justificar. Não ligo.
- Estou sendo sincero - afirmou. - Você é muito mais atraente. É calorosa, envolvente... acredite.
Gina sentiu-se satisfeita de saber que Draco não se encantara com Cho. Pelo contrário, durante todo o jantar a fez perceber que a achava a garota mais encantadora que conhecera em toda a vida, e Gina adorou ouvir isso. Agora, sem a presença de Harry, senta-se livre do peso dos laços que a ligavam a ele. E, pela primeira vez, gostou de dar vazão a toda a sua feminilidade.
- Gosto do seu vestido - disse Draco em certo momento percorrendo os ombros nus com o olhar.
Gina baixou os olhos e contemplou o vestido cor de creme que comprara com Marion.
Terminado o jantar, às nove e meia, andaram um pouco pelos jardins do hotel; Gina lamentou que a hora de ir embora finalmente tivesse chegado.
- Foi delicioso - disse a Draco, em Matlock Edge. Obrigada pelo convite. Há muito tempo não saía com alguém como você.
- Sairemos outras vezes - afirmou, o braço estendido sobre o encosto do banco, a mão brincando timidamente com o colarinho do vestido. - Nesta próxima terça poderíamos ir ao cinema em Bradford e depois comer comida chinesa. Que tal?
- Oh... Não sei o que fazer...
- Como não sabe? Acabou de dizer que gostou de termos saído.
Gina hesitou.
- Até a terça-feira Harry estará de volta - explicou. - Terei que pedir permissão...
- Então peça falou Draco com impaciência. - Só estou convidando você para ir ao cinema comigo...
- Vou ver o que posso fazer - comentou Gina. - Posso liga quando eu resolver?
- Não, eu ligo. Assim garanto que não irá esquecer. - Fez uma pausa. - Boa noite, Gina. Você é uma garota genial.
Beijou-a levemente nos lábios e então a envolveu nos braços. Seus lábios eram firmes e quentes, mas não como os de Cedrico, não como os Harry também. Embora Gina tentasse se acalmar, sentiu o impulso de recuar.
- É melhor eu entrar - disse ofegante, procurando a maçaneta.
- Até terça - disse ele, beijando-a delicadamente no rosto, e Gina assentiu com um sinal de cabeça antes de descer.
Quando entrou, a Sra. Gittens, que estava no hall, abordou-a com uma mistura de censura e de alívio.
- Ótimo, já está de volta - observou num tom indiferente escondendo a afeição que tinha por Gina. - Seu tio ficou decepcionado quando lhe disse que você tinha saído.
- Tio... Harry? Ele já chegou? Quis saber, olhando ansiosa para a escada. - Não sabia que ele ia chegar hoje.
- Não, ainda não chegou. Telefonou - a Sra. Gittens acrescentou, lançando um olhar para o grande relógio ao pé da escada.
- Que pena!
- Como você não estava, ele conversou com a srta. Chang.
- O que ele queria? O que ele disse? Onde está Cho? Vou falar com ela.
- Não hoje... Ela se recolheu há meia hora. Mas não se preocupe, porque o telefonema foi breve. Acho que queria apenas se certificar de que tudo corria bem por aqui. Esperava voltar na sexta-feira.
- Sexta! Repetiu. – Ele não ia passar só uma semana?
- Deve ter acontecido alguma coisa que exige a presença dele por mais tempo. Bem, vá dormir. Não gostaria que a srta. Chang contasse ao seu tio que eu a estimulei a ficar acordada até tarde da noite.
- Não é tarde - disse Gina, olhando para o relógio. - São apenas dez e meia.
- Tarde para uma garota da sua idade - insistiu a Sra. Gittens. - Comporte-se exatamente como se o Sr. Potter estivesse aqui. Da próxima vez que beijar um rapaz dentro de um carro, lembre-se de passar a escova nos cabelos antes de entrar!
Gina não se esqueceu disso, quando, minutos mais tarde, examinou-se no espelho da penteadeira. Os cabelos estavam desalinhados e o batom, um pouco borrado. De fato, pensou, qualquer um concluiria que tinha sido beijada! Adorara as carícias de Draco e percebia agora que apenas o telefonema de Harry a deixara entristecida.
Continua....
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