Capitulo XIII
- Muito bem, o que tem para me dizer? Não receia que os hospedes desconfiem dessa sua visita secreta?
- Um deles sabe que estou aqui - retrucou. - Cho. Mas você sabe por que estou aqui. É uma garota esperta.
- Obrigada, mas desta vez errou. Não tenho a menor idéia dos motivos que tanto o aborrecem.
- Gina, não estou aborrecido... Estou irritado e exijo uma explicação.
Gina caminhou até a penteadeira e pegou a escova de cabelos.
- Quis conversar com você hoje, mas não foi possível. Lembra-se?
- Diabos! Exclamou, e tirou-lhe a escova da mão. Tenho que adivinhar o que se passa na sua cabeça?
- Não seria preciso nem adivinhar. Bastava me dar atenção. E o que preferiu fazer? Bater a porta na minha cara!
- Naquele momento eu estava ocupado...
- A culpa não é minha, então.
- Não podia ter esperado um pouco?
- Onde? Na porta do seu escritório? Queria que eu dormisse lá enquanto o esperava? Você só sabe pedir para eu esperar.
- não é verdade! Ontem à noite devia ter me dito que as roupas que estava usando não eram novas!
- Eram novas para mim! Contra-argumentou.
- Cho não as escolheu!
- Cho as achou deselegantes! Retrucou. - Por que explicar uma coisa dessas?
- Porque as vestiu?
- Ora, por que!
- Por que recusou vestir as roupas escolhidas por Cho?
Gina baixou a cabeça.
- Não caem bem em mim.
- Como assim?
- São sérias demais.
- Sérias? Harry olhou-a incrédulo.
- Sim, sérias, comportadas demais.
- E isso é jovem? Apontou para a roupa que ela estava usando. Gina vacilou.
- Sim...
- Pois por que não a usou ontem?
- Por que ontem não a tinha. Eu e Marion fizemos compras hoje.
- Compreendo... disse Harry, batendo as costas da escova contra a palma da mão. - O que Marion acha das roupas que Cho comprou?
- Concorda comigo.
- Decerto contou a Marion alguma história sobre Cho... por exemplo, que ela discorda do seu estilo de vida... Gina, você tem despeito de Cho porque ela é tudo o que você não é!
- Mentira! Isso é ridículo!
- Mas falou a Marion sobre Cho, não?
- Pouca coisa.
- Duvido!
- Harry... Tenho coisa melhor a fazer que pensar o tempo todo em Cho Chang! Explodiu Gina. - E depois, se você acredita nela, não sou obrigada a acreditar. A propósito, ela gosta de mim tanto quanto eu dela!
- Gina!
- Falo a verdade. E se pensa em transformá-la na senhora de Matlock Edge, terá antes de livrar-se de mim!
- Olhe, até que a idéia não é má! Comentou sarcasticamente. - Desde que pôs os pés aqui, você só me deu dor de cabeça.
- Oh! Como tem coragem de dizer isso?
- Quem fala a verdade não merece castigo... Você não passa de uma menina mimada e já é tempo de crescer!
- É mesmo?!
Aquilo a feriu no corpo e na alma. Mas ainda lutaria contra ele... Talvez mais tarde se arrependesse, mas colocaria em prática um plano que sem dúvida a levaria à vitória. Era importante vencer, senão a guerra, pelo menos aquela batalha.
Pondo de lado toda a sua inibição, aproximou-se de Harry e colheu o rosto dele entre as duas mãos. O calor da ira aos poucos se transformou em perplexidade: Gina beijou-o docemente nos lábios, os dedos infiltrando-se nos cabelos enquanto pressionava o próprio corpo contra o dele.
- Gina - balbuciou Harry, ainda desarmado.
Ela não recuou, nem poderia. Harry atraiu-a fortemente contra si aprisionando-a.
- Sua provocadora desavergonhada! Blasfemou com ardor, e a colocou sobre a cama, prendendo-a em seguida entre os joelhos.
- Não ouse, Harry. Não ai! Ela disse, fitando os fuzilantes olhos de Harry. - Não, por favor! -implorou, mas ele não escutou. Com mãos ágeis, desfez o laço da fita que lhe prendia a calça pondo-a de bruços, submeteu-a num instante. Quando menos esperava Gina viu-se sobre os joelhos dele, Harry apanhou a escova de cabelo e começou a surrá-la como se ela fosse uma criança. Batia como um louco enquanto ela chorava copiosamente. O temor de que Cho ouvisse alguma coisa foi o motivo que a impediu de gritar.
Quando ele parou de bater, Gina ficou prostrada, chorando em silêncio. Era humilhação demais! Cambaleando, se pôs de pé e puxou a calça até a cintura.
Ah, como queria que ele fosse logo embora dali! Aquela surra fora a gota d’água para destruí-la moralmente.
Durante longos, intermináveis minutos reinou um silêncio que foi quebrado apenas pela respiração cansada e pesada de Gina. Finalmente ele sussurrou:
- Meu Deus! Ele se levantou bruscamente.
Gina ficou paralisada, certa de que ele prosseguiria naquele acesso de loucura, resolvido a humilhá-la ainda mais. Contudo, Harry não disse nada, nem esboçou qualquer gesto violento. Ao contrário, a passos arrastados caminhou na direção da porta. Gina não se voltou, apenas ouviu a porta fechar-se ruidosamente.
Sozinha, pôde deixar escapar as emoções violentas que vinha reprimindo. Aos soluços, foi até o banheiro e enxaguou o rosto com água fria. Como era cruel tudo aquilo! pensou angustiada. Como sofria sua alma, seu corpo!
As lágrimas continuaram a correr, misturando-se às gotas de suor que brotavam no rosto agora desfigurado pelas marcas do sofrimento.
Continua...
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